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Aula I - Introdução: as bases moleculares da vida

● Bioquímica = Entender os processos moleculares que mantêm os seres vivos

● Bioquímica = Química dos seres vivos

● Como surge a vida a partir de moléculas sem vida? Inanimadas?

● Adaptação metabólica

● Seres vivos = Capacidade e transformação de energia a partir do meio externo

● Todas as moléculas importantes para o funcionamento das células são chamadas


de metabólitos

● Mitocôndrias = Centrais energéticas das nossas células, onde é produzida a maior


quantidade de energia metabólica que mantém a célula viva. Consumo de oxigênio,
produção de energia

● Princípio de solubilidade = Soluto (menor quantidade) e solvente (maior quantidade)


precisam ter as mesmas propriedades químicas = Solução

● Dentro do corpo humano, o solvente é a água, que é polar

● Para uma substância ser solúvel em água ela tem que estabelecer pontes de
hidrogênio (interação fraca que permite que dois átomos eletronegativos, como por
exemplo, dois oxigênios, interajam entre si através de um átomo eletropositivo, que
é o hidrogênio) ou interações eletrostáticas com a água

● Nas moléculas orgânicas, as pontes de hidrogênio acontecem geralmente entre


átomos de oxigênio, oxigênio e nitrogênio ou átomos de nitrogênio

● Dentro das células e no meio extracelular, a água se mantém organizada através de


pontes de hidrogênio. Para uma molécula se solubilizar, ela precisa quebrar essas
pontes de hidrogênio e interagir com a molécula de água

● Interações eletrostáticas = A água é uma molécula polar (tem íons positivos e


negativos), toda molécula que tiver pólos positivos e negativos vai poder interagir
eletrostaticamente com ela e, portanto, ser solúvel nela = Solubilidade dos sais em
água (ligações iônicas). Moléculas orgânicas (ligações covalentes), embora não tão
eletrostáticas quanto os sais, também podem fazer interações eletrostáticas com a
água

● As moléculas orgânicas contêm carbonos ligados a outros elementos por ligações


covalentes (compartilhamento de elétrons) que podem ser simples, duplas ou triplas
● Em uma ligação iônica, a diferença de eletronegatividade entre os átomos é tão
grande que os elétrons são roubados da órbita do átomo menos eletronegativo e se
transfere para a órbita do mais eletronegativo.
● b
● Funções orgânicas = As ligações covalentes entre os átomos das moléculas
orgânicas formam as funções orgânicas com propriedades químicas próprias

● Funções orgânicas = Conferem a propriedade química da molécula


❏ Funções orgânicas envolvendo a ligação carbono-hidrogênio
❏ Funções orgânicas envolvendo a ligação carbono-oxigênio
❏ Funções orgânicas envolvendo a ligação carbono-nitrogênio
❏ Funções orgânicas envolvendo a ligação fósforo-oxigênio
❏ Funções orgânicas envolvendo a ligação carbono-enxofre

● Todos os seres vivos são capazes de extrair energia do meio ambiente, transformá-
la e utilizá-la para sua sobrevivência.

● Os seres vivos precisam alimentar-se com nutrientes orgânicos (açúcares, lipídios,


proteínas, nucleotídeos, etc.) que são fontes de energia para os processos vitais e
fonte de carbono para a sínteses de suas próprias moléculas orgânicas.

● A forma de energia utilizável por um ser vivo é a energia química obtida da molécula
orgânica de ATP (Adenosina Trifosfato)

● ATP = Nucleotídeo trifosfatado, possui ligações de fosfoanidrido. Centro de todos os


processos vitais = Alimentação → Nutrientes são canalizados para a síntese de ATP → ATP é
distribuída como fonte de energia para toda a célula

● O ATP é produzida no interior das mitocôndrias a partir do que nós ingerimos

● Dentro do organismo, os nutrientes sofrem transformações químicas gerando todos


os compostos orgânicos necessários e energia para os processos vitais

● Metabolismo = Conjunto de transformações químicas que ocorrem em um


organismo. Divide-se em duas etapas:
❏ Catabolismo (Produz ATP): Conjunto das transformações químicas que
produzem energia a partir dos nutrientes ingeridos ou das nossas reservas
energéticas
❏ Anabolismo (Consome ATP): Conjunto das vias metabólicas de síntese de
grandes moléculas orgânicas a partir dos carbonos liberados e da energia do
ATP produzida no catabolismo

● As transformações químicas acontecem em sequência, formando as rotas


metabólicas = Etapas que transformam uma substância em outra = Cada etapa é
catalisada por uma enzima (proteínas com função catalítica), garantem a velocidade
das vias metabólicas = O produto de uma reação passa a ser o substrato da reação
seguinte
● Os nutrientes orgânicos pertencem a quatro grandes famílias:
❏ Açúcares
❏ Aminoácidos
❏ Lipídios
❏ Nucleotídeos

Aula II - Moléculas Orgânicas e Classificação de Aminoácidos

● Açúcares/Glicídios/Carboidratos
❏ Moléculas polares = solúveis em água
❏ Formadas por carbonos, hidrogênios e oxigênios
❏ Diferentes complexidades
❏ OSES/AÇÚCARES SIMPLES: Aldeídos ou cetonas polihidroxilados + outros
carbonos carregam hidroxila alcoólica. Classificam-se em dois critérios:
★ Número de carbonos
★ Presença da função aldeído no último carbono (aldoses) ou cetona
no carbono 2 (cetoses) de sua estrutura. Em ambas, o número de
carbonos varia de 3 a 6.
★ Glicose = Aldose com 6 carbonos. Açúcar metabolicamente mais
importante em nosso organismo.
★ Frutose = Cetose de 6 carbonos
★ Os números de carbonos não são aleatórios, cada um representa um
açúcar conhecido.
★ As diferenças estruturais entre as moléculas de açúcar com o mesmo
número de átomos de carbono estão na posição das hidroxilas dos
carbonos assimétricos.
★ Na natureza, as oses existem em equilíbrio entre a forma acíclica e a
forma cíclica.
❏ DISSACARÍDEOS: Açúcares formados pela ligação covalente de duas oses.
★ Sacarose = 1 Glicose + 1 Frutose = Açúcar de cozinha
★ Lactose = 1 Glicose + Galactose
★ Maltose = 2 Glicoses
★ Isomaltose = 2 Glicoses
★ O que diferencia os dissacarídeos acima é o carbono diferente que as
liga.
❏ OLIGOSSACARÍDEOS: Açúcares formados pela ligação covalente de várias
oses.
❏ POLISSACARÍDEOS: Grandes moléculas orgânicas de açúcares formadas
pela ligação covalente de milhares de oses entre si.
★ Homopolissacarídeos = ligações de oses iguais.
★ Heteropolissacarídeos = ligações de oses diferentes.
★ Ambos acima podem ser lineares ou ramificados.
★ Glicogênio = homopolissacarídeo de cadeia ramificada = açúcar de
reserva formado por cadeias de glicose ligadas entre si por ligações
do tipo maltose

● Lipídeos
❏ Grupo heterogêneo de moléculas orgânicas em que predomina o caráter de
baixa polaridade
❏ São pouco solúveis em água
❏ ÁCIDOS GRAXOS: Ácidos carboxílicos de cadeia longa
★ Apesar de o ácido carboxílico na extremidade da cadeia ser muito
polar, a molécula como um todo se apresenta como apolar.
★ Número variável de carbonos
★ Ligações simples = Saturados
★ Ligações duplas = Insaturados
★ Ácido Palmítico = 16 carbonos, nenhuma ligação dupla = saturado →
matabolicamente muito importante
★ Ácidos graxos insaturados trans = gordura trans = não naturais =
alimentos hidrogenados industrialmente = modificação configuracional
= associados a doenças cardiovasculares
★ Ácidos graxos saturados = mais resistentes ao processo de
rancificação

❏ TRIGLICERÍDEOS: Lipídios de reserva, que se acumulam no tecido adiposo.


★ Glicerol (álcool) com três carbonos + ácido graxo
★ Hidroxila do glicerol + carboxila ácido graxo = ligação covalente que
forma éster

❏ COLESTEROL: Lipídio complexo com 27 carbonos, bastante apolar.


★ Colesterol livre = possui uma hidroxila
★ Colesterol esterificado = perde a hidroxila e fica ainda mais apolar

● Nucleotídeos
❏ Moléculas formadas por um anel de caráter básico que tem afinidade com
prótons [base púrica (adenina e guanina) ou pirimídica (timina, citosina e
uracila)] + Ribose (açúcar) + Grupamento Fosfato (derivado do ácido
fosfórico). Podem ser:
❏ Monofosfatados: 1 grupamento fosfato
❏ Difosfatado: 2 grupamentos fosfato
❏ Trifosfatado: 3 grupamentos fosfato
❏ A cauda carregada negativamente é fundamental nos processos metabólicos
de utilização de energia, porque um dos nucleotídeos trifosfatados, o
nucleotídeo de adenina, cuja sigla é ATP, é o nosso combustível energético.
❏ ATP = nucleotídeo trifosfatado responsável pelos processos de energia
❏ Os ânions fosfatos carregam esses oxigênios que são ionizados, dissociados,
perderam uma hidroxila e ficaram com uma carga negativa. A hidroxila é
dissociada porque os grupamentos são muito ácidos, os hidrogênios saem e
deixam os elétrons, portanto os grupamentos fosfatos são carregados
negativamente.
❏ Os grupamentos fosfato unem-se covalentemente uns aos outros. Cada um
desses grupamentos fosfatos, por ter um caráter ácido, perdem prótons e
ficam com os elétrons, ou seja, um oxigênio negativo. Essa cauda, carregada
negativamente, é fundamental nos processos metabólicos de utilização de
energia. Um dos nucleotídeos fosfatados, que é o nucleotídeo de adenina, cuja
sigla é ATP, é nosso combustível energético. Cargas de mesmo sinal se
repelem, então para a célula conseguir sintetizar um nucleotídeo trifosfatado,
especificamente o ATP, exige muito, pois os oxigênios do grupamento fosfato
se repelem. Dessa forma, é necessária muita energia para sintetizar uma
molécula de ATP e formar as ligações covalentes que unem os três
grupamentos fosfatos entre si. Por outro lado, essas ligações fosfoanidritas,
quando se rompem, liberam a mesma quantidade de energia que foi
necessária para que se juntassem. Essa grande energia liberada é utilizada
pelas células em todos seus processos que necessitam de energia, energia de
hidrólise do ATP, quando a água rompe as ligações entre os fosfatos.
★ Nucleotídeos cíclicos e derivados de nucleotídeos: AMP → AMP
cíclico → Sinalizador importante
★ Dinucleotídeos:
- Nicotinamida adenina → União de dois nucleotídeos com base nem
púrica nem pirimídica → Capta (redução) e libera elétrons
(oxidação) → Sua função é transportar elétrons
- Flavina Adenina → União de dois nucleotídeos com base nem
púrica nem pirimídica → Capta (redução) e libera elétrons
(oxidação) → Sua função é transportar elétrons
★ Derivado de nucleotídeo: Molécula que tem uma parte que é um
nucleotídeo e uma parte que não é → Coenzima A, por exemplo →
Transporta radicais acila dentro das células
★ Polinucleotídeos: DNA e RNA

● Aminoácidos
❏ Pequenas moléculas orgânicas que tem um carbono central, o carbono alfa,
que se liga a uma carboxila, a um grupamento amino, a um hidrogênio e a um
radical variável.
❏ O que diferencia um aminoácido do outro é a natureza da cadeia lateral:
★ Não polar, alifático (cadeia aberta): Glicina, Alanina, Prolina (exceção,
cadeia cíclica), Valina, Metionina, Isoleucina, Leucina.
★ Polar, não ionizado [não perde prótons (H+)]: Serina, Treonina,
Cisteína, Glutamina, Asparagina
★ Aromáticos, anel apolar e volumoso: Fenilalanina, Tirosina, Triptofano
★ Grupamentos carregados positivamente, básico, [cápita prótons (H+)]
na cadeia lateral: Lisina, Arginina, Histidina.
★ Grupamentos carregados negativamente na cadeia lateral, possuem
uma carboxila ácida que se ioniza em PH fisiológico e fica com a
carga negativa: Aspartato, Glutamato.
★ 20 aminoácidos que constituem todas as proteínas dos seres vivos.

Aula III - Proteínas

● São polímeros (grande molécula formada pela associação de subunidades)


formados por aminoácidos, têm as mais variadas funções dentro de uma célula viva:
são catalisadores biológicos, hormônios, podem ser proteínas estruturais, contráteis,
de sinalização, receptores, etc.
● Todas as funções biológicas são mediadas por proteínas
● A principal função dos aminoácidos é fazer parte das estruturas das proteínas
● As proteínas apresentam dobramentos em três dimensões, são tridimensionais. A
estrutura de uma proteína é organizada hierarquicamente a partir da estrutura
primária até a estrutura quaternária.
● As proteínas apresentam uma estrutura muito complexa. Existe um conjunto de
ligações e interações que estabilizam o formato tridimensional dessas moléculas,
que podem ser globulares, alongadas, etc. Para que essa sequência de aminoácidos
mantenha o formato da molécula em sua condição inativa, forma na qual vai exercer
sua função biológica, é necessária a participação de um conjunto de forças e
interações fracas para estabilizar este dobramento. Para analisar esse conjunto de
forças, precisamos entender os diferentes níveis de organização de uma proteína,
que são quatro: primária, secundária, terciária e quaternária. A estrutura primária diz
respeito à cadeia linear formada a partir da união dos aminoácidos entre si por
ligações covalentes, formando, assim, uma cadeia polipeptídica, que é determinada
geneticamente. À medida em que essa cadeia vai se dobrando sobre ela mesma,
vão surgindo novas forças que estabilizam dobramentos localizados, surgindo assim
a estrutura secundária. A estrutura terciária é constituída pelo conjunto de interações
que acontece entre as cadeias laterais dos aminoácidos, que vão se estabilizando,
de modo que mantém a forma espacial da molécula. A estrutura quaternária foca
nas interações que mantém as diferentes cadeias polipeptídicas unidas, o que as
une e forma uma proteína complexa em seu formato nativo.

Aula IV - Estrutura e função de proteínas e caso clínico

● Relação entre a estrutura da proteína e sua função biológica


● As proteínas desempenham muitas funções dentro de uma célula e sua
conformação espacial é adaptada a sua função biológica
● A conformação espacial de uma proteína é exata mas não é rígida. As proteínas são
flexíveis e esta flexibilidade é fundamental para sua função na célula.
● O dobramento de uma cadeia polipeptídica é um processo dinâmico e extremamente
rápido. A cadeia polipeptídica é formada a nível dos ribossomos, que leem uma
molécula de RNA.
● O dobramento de uma proteína busca sempre a) conformação de menor energia e
b) adaptação ao meio fisiológico onde ela vai exercer sua função biológica.
Uma cadeia polipeptídica, quando está desdobrada, tem um nível de energia muito
alto e uma estabilidade muito baixa. Nessa condição, estará expondo ao meio
aquoso as cadeias laterais de baixa polaridade, que não interagem com a água e
criam uma desestabilização na molécula, que é a força que impulsiona o
dobramento dessa cadeia polipeptídica, que passa por estágios de dobramento até
chegar na conformação nativa da proteína, com menor energia e máxima
estabilidade, pronta para desempenhar sua função biológica. Dessa maneira, as
cadeias laterais hidrofóbicas ficam escondidas no interior das proteínas e as cadeias
laterais hidrofílicas na superfície dela, interagindo com a água através de pontes de
hidrogênio ou interações eletrostáticas, adaptada, dessa forma, ao meio aquoso.
Uma proteína designada para exercer sua função em meio apolar, por sua vez, fará
o movimento de dobramento oposto, escondendo os aminoácidos polares em seu
interior e mantendo a superfícies apolares.
● Quanto à conformação, uma proteína pode ser:
❏ Globular
❏ Fibrosa
❏ Todos os fatores que levam à modificação estrutural de uma proteína
modificam sua atividade biológica. Todas as proteínas são flexíveis, mas se
há alguma modificação que vai além dos limites dessa flexibilidade, a
proteína perde sua função biológica.
❏ Chaperonas = pequenas proteínas que participam do processo de
dobramento de uma cadeia polipeptídica logo após sua síntese. Aumentam a
eficiência do dobramento e diminuem a chance de dobramentos errados.
● Uma proteína pode perder a sua conformação nativa quando submetida a variações
de temperatura, pH, pressão, força iônica ou solubilidade. A perda da estrutura
tridimensional de uma proteína é chamada de desnaturação e é consequência do
rompimento das forças da estrutura terciária e/ou secundária. A desnaturação pode
ser reversível ou irreversível.
● Toda proteína tem um turnover, ou seja, é sintetizada, exerce sua função biológica,
perde sua conformação tridimensional e é degradada.
● Formação da proteína → Exerce sua função biológica → Desnatura (dentro do lisossomo) →
É degradada → Libera aminoácidos → → → Aminoácidos → Formação da proteína…
● Uma mutação na cadeia polipeptídica (um aminoácido trocado), em uma chaperona
ou em alguma enzima responsável pelo processamento de uma proteína, pode fazer
com as que cadeia não consiga atingir sua conformação nativa. Essa proteína busca
uma nova situação de estabilidade energética: a agregação proteica. A agregação
proteica pode dar origem a agregados amorfos (menos comuns, mais energéticos,
menos estáveis) ou à formação de fibrilas amiloides (mais comuns, menos
energéticas, mais estáveis). O processo de agregação proteica inicia em segmentos
da molécula ricos em aminoácidos hidrofóbicos e com tendência de formar
conformações β.
● Esse processo pode acontecer em proteínas intracelulares, do sangue ou
extracelulares. As proteínas mal dobradas que escapam da degradação da célula
(as células detectam proteínas mal dobradas e as descartam) formam fibrilas
amiloides que se acumulam e causam danos celulares, levando a condições
patológicas. Exemplos de doenças neurodegenerativas causadas por amiloides:
Alzheimer, Parkinson, demência dos corpos de Lewy, Huntington, encefalopatias
espongiformes.
● Peptídeo = pequena proteína
● A anemia falciforme é uma doença genética na qual a pessoa nasce com uma
mutação na cadeia polipeptídica que forma a molécula de hemoglobina, proteína
que transporta oxigênio no interior das hemácias. Quando o sangue passa pelos
pulmões, o oxigênio que nós captamos do ar pela respiração entra nas hemácias e
liga-se às hemoglobinas, que o conduz através da circulação sanguínea por todos
os tecidos do corpo humano. Nos tecidos, a hemoglobina captura CO2 e o leva até
os pulmões, onde será expirado para a atmosfera. Na anemia falciforme, uma das
subunidades que formam a hemoglobina, que é tetramérica, sofre uma mutação. Na
hemoglobina há duas subunidades chamadas de α e duas subunidades chamadas de
ß. Cada subunidade é uma cadeia polipeptídica que tem estrutura primária, secundária e
terciária, as quatro subunidades se mantêm juntas, através das interações das cadeias
laterais dos aminoácidos e formam a molécula quaternária de hemoglobina. Quem
possui anemia falciforme, possui uma mutação que atinge as cadeias ß, há uma troca
em um único aminoácido na posição 6 da cadeia, que ao invés de receber um glutamato
(grupamento carboxila ácido na cadeia lateral, que em pH fisiológico encontra-se
ionizado), recebe uma valina (aminoácido hidrofóbico). Essa troca de aminoácidos
possibilita a alteração da conformação tridimensional da subunidade ß, que adota uma
forma de “foice”. Esse formato faz com que as moléculas de hemoglobina falciforme
tendam a agregar-se entre si, formando fibrilas de hemoglobina, insolúveis, que se
acumulam no citoplasma das hemácias. Nesse caso, as hemácias deixam de ser células
flexíveis e passam a ser células rígidas. As hemácias precisam ser flexíveis, pois
precisam deformar-se para entrar em capilares com diâmetros menores que os seus. A
hemácia falciforme não permite a chegada de oxigênio e de nutrientes para todas as
células. Essa deformação que se dá na molécula de hemoglobina, acontece quando a
hemoglobina já entregou o oxigênio para os tecidos, ao captar o oxigênio nos pulmões
ela ainda mantém seu formato. À medida que atinge os tecidos e vai liberando oxigênio,
tornando-se oxigenada, sua conformação muda e torna-se anormal. As hemácias
falciformes são sequestradas e destruídas pelos fagócitos, principalmente do baço. Isso
resulta em anemia, pois o número de hemácias circulantes diminui. A hemoglobina, de
cor avermelhada, é degradada e forma a bilirrubina, amarelada, que aumenta no sangue
e se acumula na pele, deixando a pessoa com uma coloração amarelada.

Aula V - Enzimas

● Enzimas são proteínas, com todas as suas características.


● A vida depende de catalisadores poderosos: as enzimas. Quase todas as reações
bioquímicas são catalisadas por enzimas que aumentam a velocidade de uma reação.
As enzimas aumentam a velocidade das reações fornecendo um caminho de reação
alternativo, com energia de ativação mais baixa. Participam da reação, mas não sofrem
alterações permanentes, mantendo sua estrutura inalterada ao final do processo.
● Muitas enzimas consistem de uma proteína + um cofator (não protéico), que pode ser
❏ Grupos orgânicos permanentemente ligados às enzimas (grupos prostéticos)
❏ Cátions (íons metálicos carregados positivamente, se ligam temporariamente ao
sítio ativo da enzima, fornecendo carga positiva importante para a ação
catalítica.
❏ Molécula orgânicas [vitaminas ou derivados (coenzimas), que não são
permanentemente ligados à enzima, mas participam da reação química no
momento em que acontece)
❏ As enzimas são flexíveis e respondem a sinais = são geralmente globulares e
fatores intra e extra celulares que alteram as interações, mantém sua estrutura
tridimensional e afetam a atividade enzimática. As enzimas têm sua atividade
regulada por mecanismos que alteram a sua conformação espacial.
❏ São classificadas de acordo com o tipo de reação que catalisam. Todas as
enzimas têm nomes e número formais e muitas têm nomes triviais.
❏ Sufixo “ase”
❏ Substrato da enzima = substância que vai se transformar dando origem ao
produto da reação. A enzima permanece igual.
❏ As enzimas interagem com o substrato pelo sítio catalítico.
❏ Existe uma enzima para cada reação química
❏ Enzima + Substrato ←→ Complexo Enzima-Substrato ←→ Complexo Enzima-Produto
←→ Enzima + Produto
❏ O mecanismo de ação de uma enzima baseia-se na diminuição da energia de
ativação necessária para que uma reação ocorra.
❏ A diminuição da energia de ativação é devida à formação de interações fracas entre o
substrato e as cadeias laterais dos aminoácidos presentes no sítio ativo da enzima. Cada
sítio ativo é especialista em um tipo de substrato. Essas interações liberam a energia que é
utilizada para que a reação ocorra → A enzima diminui a barreira energética
❏ NAD+ = Coenzima
❏ Classificam-se em 6 famílias, conforme a reação que catalisam:
★ Oxidoreductases: transferência de elétrons de uma molécula para outra
★ Transferases: transferem grupamentos químicos de uma molécula para
outra
★ Hidrolases: Rompem ligações covalentes pela entrada de água
★ Liases: Removem grupamentos químicos de moléculas sem a entrada de
água
★ Isomerases: Transformam os substratos em seus isômeros
★ Ligases: Ligam duas moléculas, sempre necessitam da energia de uma
molécula de ATP
❏ Regulação da atividade enzimática: por mecanismos que flexibilizam a
estrutura tridimensional da enzima.
➢ Efeito alostérico: Liga-se ao sítios regulatório (alostéricos)
mudando a conformação da enzima e modificando sua atividade
(maior explicação na gravação da aula).
➢ Modificação covalente: A atividade da enzima é regulada pela
ligação covalente de grupos químicos como fosfato, acetil, etc,
em cadeias laterais de aminoácidos (maior explicação na
gravação da aula).
❏ Inibidores enzimáticos: São substâncias exógenas que reduzem ou bloqueiam
completamente a atividade do sítio catalítico. Estão entre os mais importantes
agentes farmacêuticos conhecidos.
➢ Competitivos: Ligam-se ao sítio catalítico. São reversíveis,
porque podem ser deslocados por excesso de substrato.
➢ Não-competitivos: Ligam-se em sítios diferentes do sítio
catalítico. São irreversíveis, pois estabelecem uma ligação
covalente com uma cadeia lateral de aminoácidos do sítio
catalítico. Não podem ser deslocados pelo excesso de substrato.
Muitos venenos agem por inibição irreversível.
➢ Ex: O ácido acetil salicílico é um inibidor enzimático. Ele inibe a
enzima que catalisa a primeira etapa da síntese das
prostaglandinas, compostos envolvidos em muitos processos,
incluindo alguns que produzem dor.

Aula VI - Introdução ao Metabolismo - Glicólise Anaeróbica

● Metabolismo = conjunto das reações químicas de um organismo


● Nos organismos vivos, as reações metabólicas ocorrem de forma gradual, em etapas,
nas quais os intermediários são rearranjados até a formação do produto final. Cada
reação requer uma enzima específica. Uma sequência de reações químicas dentro de
uma célula se chama via metabólica.
● Via metabólica é uma sequência de reações encadeadas que geram um produto
final.
● As vias metabólicas podem ser sequências de reações lineares ou cíclicas.
● Metabolismo energético se divide em:
❏ CATABOLISMO: Oxida os nutrientes gerando nucleotídeos reduzidos e ATP
★ Os principais nutrientes energéticos são: aminoácidos, lipídeos e
açúcares
★ É o conjunto de vias metabólicas destinadas à produção de energia
metabólica (ATP) e de precursores para a síntese de moléculas
necessárias ao funcionamento do organismo
★ Grande moléculas orgânicas reduzidas + NAD+ e FAD+ são quebradas
em pequenas moléculas orgânicas oxidadas + NADH e FADAH2
★ NADH e FADH2 são usados para sintetizar ATP com consumo de
oxigênio
★ A glicose é o único nutriente energético capaz de produzir ATP sem
consumo de oxigênio = acontece em células sem mitocôndrias
★ Acontece dentro da mitocôndria (produz 90% da energia metabólica)

❏ ANABOLISMO: Utiliza a energia produzida pelo catabolismo para realizar


trabalho e sintetizar as moléculas orgânicas necessárias.
● Importância do Acetil-Coenzima A (intermediário metabólico derivado de nucleotídeos)
como produto do catabolismo de nutrientes e precursor para a síntese de vários
combustíveis e outros metabólitos. Função de transportar radicais orgânicos. Situa-se
em uma encruzilhada entre o catabolismo e o anabolismo. Pode ser o ponto de
convergência do catabolismo ou ponto de partida do anabolismo.
● Glicólise ou Via Glicolítica Anaeróbica/Fermentação = Acontece no citoplasma =
Produz ATP sem consumir oxigênio = Via anaeróbica = Ocorre nos eritrócitos e em
músculos esqueléticos em exercício intenso, nesse últimos porque os mecanismos
aeróbicos não suprem a necessidade de energia que as células necessitam
❏ É uma via metabólica que acontece no citoplasma de todas as células
❏ Permite a produção de energia sem consumo de oxigênio
❏ Produz 2 ATPs a partir de uma molécula de glicose
❏ A glicose anaeróbica termina em ácido lático
❏ Produção de lactato: a transformação de piruvato em lactose reoxida o NADH
para NAD, garantindo a continuidade da glicólise anaeróbica.
❏ O produto final da glicólise anaeróbica é o lactato

● Na maioria das nossas células, a glicólise não é uma via isolada. Ela está associada ao
metabolismo aeróbico e é chamada de glicólise aeróbica. Na glicólise aeróbica o
piruvato formado no citoplasma entra na mitocôndria e alimenta outras vias de produção
de energia, as quais produzem uma grande quantidade de moléculas de ATP com
consumo de oxigênio. Na glicólise anaeróbica, o piruvato não é o produto final, mas sim
o lactato, pois há a necessidade de reoxidação do NAD+, o piruvato precisa se reduzir
com os elétrons do NAD+ reduzido para liberar um NAD+ oxidado, que é importante
para a via glicolítica continuar. A função dos nucleotídeos NAD e FAD é oscilar entre as
formas reduzida e oxidada, sendo assim capazes de captar elétrons de um doador, se
reduzindo e, em seguida, entregando esses elétrons, se oxidando. Funcionam como
intermediários no processo de oxido-redução.

● Pode acoplar-se à respiração mitocondrial ou não.

Aula VII - Ciclo de Krebs e caso clínico

● Via metabólica cíclica


● O ciclo de Krebs é uma rota central no metabolismo energético e faz parte da respiração
celular
● Respiração celular: são os processos mitocondriais que ocorrem em várias etapas,
liberando energia de maneira gradual, em processos de oxido-redução, que geram
nucleotídeos reduzidos que alimentam outro processo, a cadeia de transporte de
elétrons, onde eles irão se reoxidar gerando energia para a formação de ATP com
consumo de oxigênio (aeróbico). Inclui Ciclo de Krebs, Cadeia Respiratória e Síntese de
ATP.
● O piruvato formado na glicólise anaeróbica, entra na mitocôndria. Dentro dela, agora em
glicólise aeróbica, ele se transforma em Acetil CoA, alimenta o Ciclo de Krebs, que em
sequência gera reações que geram nucleotídeos reduzidos que dão sequência à Cadeia
Respiratória que vai seguir alimentando a cadeia respiratória e a síntese de ATP.

● Morfologicamente, a mitocôndria é circundada por duas membranas, a membrana


mitocondrial externa e a membrana mitocondrial interna. No interior da mitocôndria, há a
matriz mitocondrial, rica em metabólitos. A membrana mitocondrial interna é cheia de
dobras, as cristas mitocondriais, que tem objetivo aumentar ao máximo a superfície da
membrana mitocondrial interna, pois é aí que se dá a produção de energia. O espaço
intermembranal também é fundamental na síntese de ATP.

● O Ciclo de Krebs é uma via de produção de nucleotídeos reduzidos, etapa intermediária


na produção de ATP. Quanto mais ativado o Ciclo de Krebs, mais nucleotídeos
reduzidos e mais ATP é produzido. Nas células humanas, não existe reserva de ATP,
isto é, é produzido conforme a necessidade da célula. Por essa razão, este nível flutua
conforme a necessidade da célula: se precisa de mais energia, a produção de ATP é
estimulada, se precisa de menos, inibida. Essa regulação se dá através das enzimas do
Ciclo de Krebs, as chamadas enzimas alostéricas, que são reguladas por efetores
alostéricos, que sinalizam os níveis energéticos da célula, tornando as enzimas mais ou
menos ativas.

● Em uma célula que faz glicólise anaeróbica, o reequilíbrio entre o NAD reduzido e o NAD
reoxidado se dá através da transferência de elétrons do NAD reduzido para o piruvato,
que vai se reduzir ao lactato e liberar o NAD em sua forma oxidada. Na via glicolítica
aeróbica, todavia, o piruvato que se gera no citoplasma ali não permanece para
transformar-se em lactato e manter os níveis de NAD. Uma vez que é gerado, entra para
a mitocôndria. Para manter a via glicolítica funcionando, o NAD reduzido, para voltar à
forma oxidada, entrega seu elétrons para outro substrato, o oxalacetato, no citoplasma
da célula, e se reduz a malato, liberando NAD oxidado no citoplasma da célula. O malato
carrega elétrons e entra na mitocôndria, entrando dessa forma no Ciclo de Krebs, se
oxida em oxalcetato e libera elétrons para um Nad oxidado de dentro da mitocôndria e
gera um NAD reduzido ali dentro. Esse mecanismo é chamado de “Lançadeira de
Elétrons” quando os elétrons do citoplasma são lançados para dentro da mitocôndria na
molécula do malato.

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