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DESENVOLVENDO O BRINCAR
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Sumário
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NOSSA HISTÓRIA
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1. O BRINCAR DE FAZ DE CONTA NA ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO: UMA ANÁLISE PRELIMINAR
Figura: 01
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Uma falha neste comportamento pode produzir consequências
importantes em longo prazo, uma vez que o brincar de faz de conta tem sido
correlacionado ao desenvolvimento de outras habilidades mais complexas da
linguagem e interação social (Toth, Munson, Meltzoff e Dawson, 2006),
estabelece a ocasião para a interação e comunicação com os pares
(McConnell, 2002), diminui a estigmatização, promove a inclusão social em
qualquer ambiente, possibilita a escolha e iniciação por parte da criança, etc.
Figura: 02
• Modelagem,
• Modelação por vídeos,
• Scripts visuais (fotos sequenciais das ações a serem reproduzidas) com
ou sem o uso de dicas físicas para o desenvolvimento das ações
descritas nos estudos.
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No entanto, em uma revisão de literatura, Barton e Wolery (2008)
identificaram 16 estudos que visavam desenvolver estratégias efetivas para
ensinar o brincar em crianças pré-escolares com desenvolvimento atípico. Em
uma cuidadosa análise, os autores concluíram que, até então, a literatura
mostrou-se falha no rigor científico dos estudos relatados: Observou-se, por
exemplo, uma imprecisão na descrição e na medição dos comportamentos-
alvo.
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pretensão e/ou substituição. Por exemplo: alimentar a boneca com uma colher
e depois colocá-la para arrotar. E, outra característica relacionada, foi a
presença da vocalização (descrita em metade dos estudos analisados) que tem
a função de identificar o papel da criança/par/objeto na brincadeira ou de
atribuir características a si mesmo/par/objeto ou planejar, mapear ou confirmar
a brincadeira.
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No segundo caso, teríamos uma relação entre estímulos e respostas
mais complexas e de um tipo especial, caracterizando tal comportamento
simbólico. Primeiramente porque na substituição estamos, necessariamente,
trabalhando com ações e com o comportamento verbal. Conforme Skinner
(1957), a especificidade do comportamento verbal está na consequência que é
sempre mediada por um ouvinte, especialmente treinada pela comunidade
verbal para desempenhar esse papel. Trata-se de ações emitidas
conjuntamente com tatos (nomeações de itens, descrições das ações), mandos
(solicitações, pedidos para que determinadas ações sejam executadas),
autocríticos (ênfases, organizações gramaticais) e, possivelmente, outros
operantes verbais. Ainda, no caso do brincar de faz de conta, o ouvinte pode
ser um adulto, um par ou a própria criança que brinca. Neste último caso,
falante e ouvinte são a mesma pessoa e, por fim, o comportamento verbal pode
ser emitido de maneira aberta (em voz alta, audível por outros) ou encoberta
(audível apenas para ele mesmo – pensamento). Quando o comportamento
verbal é emitido de maneira inaudível pelo público presente, inferimos a
emissão do mesmo pelos correlatos públicos que o acompanha, ou seja, pela
manipulação dos brinquedos. Por fim, o brincar de faz de conta é mantido por
consequências de reforçamento automático e por consequências mediadas, ou
seja, é um comportamento social.
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2. BRINCAR E O AUTISMO
Figura: 03
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da construção cognitiva das crianças, é uma fase necessária para o
aprendizado e elaboração de recursos cognitivos – funções executivas e
linguagem – no entanto, essas crianças têm a maior dificuldade de “quebrar
rotinas” e de “criar” brincadeiras livres e desprendidas dos propósitos dos
brinquedos e brincadeiras.
Figura: 04
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Ajude o pequeno a se organizar
Figura: 05
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sendo assim, teremos algumas alterações e consequências que podem ser
identificadas e trabalhadas em terapia.
Figura: 06
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de esse brincar, e as possibilidades de criação. Previsibilidade e Imaginação
são questões fundamentais nesse processo.
Figura: 07
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Seguindo com dicas e orientações para estimular a criança com TEA nas
brincadeiras em casa - vale lembrar que os PAIS não são os TERAPEUTAS de
seus filhos. Precisam permanecer em seus papéis de “educadores”, de
transmissores do amor incondicional, de criadores e de referências de seus
filhos. Acredite a boa vontade, intuição e o bom senso podem ser grandes
aliados para a brincadeira espontânea e criativa. A orientação assertiva de
profissionais, quando incorporadas nas atividades de vida cotidiana,
permeadas de amor, respeito, limite e leveza, garantem o melhor processo de
aprendizado e inclusão dessas crianças.
3. A ESCOLHA DO BRINQUEDO
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autismo podem ser confeccionados e devem em casa e improvisados com
diversos materiais simples, baratos e naturais.
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• Material para colorir, desenhar, pintar e escrever (papel, cartolina, giz de
cera, canetinhas, tinta, tesoura sem ponta, fita crepe, cola, lousa, etc)
• Instrumentos musicais simples (tambor, pandeiro, gaita, flauta, sino,
xilofone, chocalho, violão, teclado, etc.)
• Acessórios para fantasias (ex: tapa-olho de pirata, avental, máscaras de
animais, capas, chapéus, óculos de plástico, etc.),
• Caixa sensorial (ex: lenços, penas, luvas de borracha, escovas, objetos
com formatos diferentes e tecidos com texturas variadas, massinha, etc.)
• Bichos de pelúcia/personagens favoritos/bonecos;
• Fantoches de mão e dedo;
• Pintura facial;
• Cobertor, lençol, tecido de lycra, colchonete, almofadas;
• Tablet com câmera de vídeo e microfone.
Você não precisa ter todos os brinquedos para crianças com autismo
mencionadas. Escolha os brinquedos e objetos que você acha que a pessoa
com autismo poderia se interessar e que não representam nenhum perigo para
a saúde e segurança dela. Lembramos que o importante é prover brinquedos e
objetos que sejam do interesse dela. Se ela gostar de retalhos coloridos,
providencie retalhos coloridos, se gostar de dinossauros, ofereça dinossauros,
se ela gostar de mapas geográficos, ofereça mapas para ela, etc.
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objeto sem que precisemos tirar da criança o que ela tem em sua mão. Se a
criança não mostrar-se disponível para interagir, podemos usar o nosso próprio
brinquedo para brincar em paralelo a ela, e gradativamente tentar transformar
a atividade solitária com o objeto em uma atividade interativa que atenda às
preferências sensoriais da criança.
Figura: 08
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aos direitos humanos e não às características das pessoas, que inerentemente
são diferentes e devem ser compreendidas (Baptista, 2006).
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expansão dos repertórios sociais, reduzindo, assim, a probabilidade para
desenvolverem amizades. Consequentemente, essas crianças demonstrarão
certa inadequação em seus comportamentos, o que leva a uma menor
aceitação por parte dos colegas, reforçando, assim, as diferenças existentes.
Figura: 09
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espectro autista, bem como para delinear e avaliar intervenções com fins de
facilitar o desenvolvimento dessas competências (McConnell, 2002). Alguns
dos resultados nessa área demonstram avanços na competência social dessas
crianças, em termos de ganhos no que se refere à capacidade de sustentar a
interação social com pares e de reduzir o isolamento e a rigidez
comportamental (LeGoff, 2004). Há evidências, também, no sentido de
aumentar as iniciativas para brincar, o tempo de envolvimento das crianças com
grupos, assim como o nível de sofisticação das brincadeiras, em contexto de
inclusão (Nelson, Nelson, McDonnell, Johnston, & Crompton, 2007).
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pares entre si. Em especial, destaca-se que os achados demonstraram também
um aumento no número de iniciativas sociais das crianças com autismo, uma
vez que esse aspecto é o mais comprometido nessas crianças, em detrimento
às respostas sociais. Contudo, não foi avaliada a efetividade desse tipo de
intervenção em casos mais severos de autismo.
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jogos (Kok et al., 2002). Esses resultados decorreram muito mais da brincadeira
facilitada, uma vez que na dirigida houve maior frequência de brincadeira
inapropriada e ausência de iniciações comunicativas.
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encontraram em sessões semanais, totalizando 20 semanas, destinadas a
promover o jogo compartilhado e a comunicação. Jogo compartilhado foi
definido como o tempo gasto com proximidade física com outra criança,
atenção no jogo e brincar/jogar com os mesmos materiais durante a codificação
de intervalos de gravação de 10 segundos. De acordo com Whitaker (2004), os
resultados foram encorajadores.
Figura: 10
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interrupção dessas atividades com o término da intervenção, uma vez que as
oito crianças que não apresentaram regressão (algumas delas inclusive
melhoraram) foram atendidas em uma creche em que a estimulação dessas
atividades era diária. Diante de tais resultados, o autor propôs um segundo
programa de estimulação continuada, seguindo a mesma linha de
desenvolvimento do primeiro programa (Toy-Play), mas com maior ênfase no
jogo relacional e funcional e, se possível, no jogo simbólico. O objetivo era
programar habilidades recém-desenvolvidas no jogo, em situações da vida
diária, e que envolveria um instrutor e pequenos grupos de crianças que já
haviam participado da intervenção anterior. Para o autor, o desenvolvimento
desse segundo programa reflete a necessidade de estimular continuamente o
jogo de crianças com autismo, especialmente quando este envolve outras
crianças, já que para elas o interesse natural para explorar o mundo e as
relações encontra-se comprometido.
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Figura: 11
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A presença constante da “sombra” de um adulto impede que as crianças
brinquem mais livremente, uma vez que ele está atento para impedir atividades
que possam ser consideradas “perigosas”. Esse papel de “vigia” que o adulto
assume faz com que as crianças com DT mantenham-se longe dele e,
consequentemente, das crianças com autismo, de quem ele está encarregado
de cuidar.
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interações das crianças com DT. Pelas próprias características do autismo,
dificuldades também são observadas e, conforme o esperado, no estudo de
Macintosh e Dissanayake (2006), os grupos clínicos (autismo e síndrome de
Asperger) foram significativamente menos hábeis do que o grupo com DT para
interagir socialmente com seus pares, para manter uma interação social de
caráter mais contínuo, ou para estar em interação com três ou mais pares ao
mesmo tempo. De qualquer forma, o estudo contesta a noção caricaturizada
de uma criança com autismo não interativa, conforme alguns autores têm
enfatizado (ver Bosa, 2002).
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suscite um processo real de mudança nas crianças com autismo, com
habilidades sociais mais duradouras. Por outro lado, as pesquisas que
investigam as interações sociais das crianças com autismo, no contexto de
inclusão escolar, em ambientes naturais, têm apresentado resultados mais
encorajadores a esse respeito, mas estes ainda são escassos e, portanto,
longe de serem conclusivos.
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5. REFERÊNCIAS:
BARON-Cohen, S., & Bolton, P. (1993). Autism: The facts. New York:
Oxford University Press.
BELLINI, S., Peters, J. K., Benner, L., & Hopf, A. (2007). A metaanalysis
of school-based social skills interventions for children with autism spectrum
disorders. Remedial & Special Education, 28, 153-162.
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BRUNER, J. (1972). The nature and uses of immaturity. American
Psychologist, 27, 687–708.
FULLER, R., & Jill, E. (2006). Age-related changes in the social inclusion
of children with autism in general education classrooms. Dissertation Abstracts
International Section A: Humanities and Social Sciences, 66(7-A), 2493.
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