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Assistência

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Enfermagem Aqui
Paciente Crítico I
Assistência de Enfermagem a Pacientes
Críticos com Patologias Clínicas Renais

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dra. Raquel Josefina de Oliveira Lima

Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Selma Aparecida Cesarin

Revisão Técnica:
Prof.ª Dra. Raquel Josefina de Oliveira Lima
Assistência de Enfermagem a Pacientes
Críticos com Patologias Clínicas Renais

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:

Fonte: Getty Images


• Avaliação do Sistema Renal;
• Cuidados de Enfermagem aos
Pacientes com Comprometimento Renal;
• Sistematização da Assistência de Enfermagem ao
Portador de Patologia Relacionada ao Sistema Renal.

Objetivos
• Demonstrar a aplicação do conhecimento teórico na Prática Assistencial de Enfermagem;
• Incentivar o raciocínio sistematizado do Processo de Enfermagem;
• Conhecer os cuidados de Enfermagem do portador de doenças renais.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Assistência de Enfermagem a Pacientes Críticos com Patologias Clínicas Renais

Contextualização
A assistência de Enfermagem aos pacientes com comprometimento renal em Uni-
dades de Terapia Intensiva acontece de forma mais abrangente, pois o paciente requer
cuidados não só voltados para a questão renal, mas também envolvendo toda a situação
de complexidade do quadro clínico.

Diante disso, os cuidados de Enfermagem são mais rigorosos e sistematizados. A atu-


ação da Enfermagem é primordial nessa assistência, pois monitora as complicações
relacionadas ao tratamento, tais como o distúrbio hidroeletrolítico, avalia a evolução do
paciente, acompanha a função renal e fornece, também, suporte físico e emocional para
o paciente e para a família.

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Avaliação do Sistema Renal
O primeiro passo para a adequada implementação da Assistência de Enfermagem
é a realização da avaliação do sistema renal e, nesse sentido, busca-se identificar se os
rins estão realizando de forma adequada e eficiente suas múltiplas funções (MORTON;
FONTAINE, 2019).
Dessa forma, o Enfermeiro deve utilizar da Sistematização da Assistência de Enfer-
magem para que possa avaliar o indivíduo na sua totalidade ou seja, céfalo podálico,
vez que ter informações sobres os demais Sistemas será fundamental para a avaliação
da função renal.

Assim, fico atento(a) para realizar com excelência:


• Exame físico cuidadoso e detalhado;
• História clínica;
• Interpretação dos exames laboratoriais: identificar desequilíbrios hidroeletrolíticos;
• Avaliar o desequilíbrio da água e do volume;
• Presença de outras complicações da disfunção renal no paciente grave (MORTON;
FONTAINE, 2019).
Alguns fatores a serem observados tanto na história clínica como no exame físico
estão presentes no Quadro a seguir:

Quadro 1 – Fatores da avaliação renal

• Sinais e sintomas;
História • Tratamentos e respostas apresentadas;
• Histórica clínica, familiar e medicamentosa.

• Avaliar turgor da pele, temperatura, presença de lesões e arranhaduras;


• Avaliar as mucosas;
• Verificar presença de edema (realizar Teste de Godet) e ascite (realizar
Teste de Piparote);
• Avaliar Sistema Respiratório. Ficar atento(a) os sons pulmonares e FR;
Exame Físico • Avaliar PA. Ficar atento(a) à ausculta cardíaca, avaliando ritmo e fre-
quência cardíaca;
• Observar presença de alterações de comportamento e estado mental;
• Realizar Teste pata tetania: Sinal de Chvostek e Sinal de Trousseau;
• Avaliar presença de parestesias, dormência e fraqueza (tremores
dos membros).

Fonte: Adaptado de MORTON; FONATINE, 2019

A seguir, vamos detalhar alguns aspectos a serem observados no exame físico com
foco em obter dados objetivos que darão subsídios para esclarecer a história clínica.
Nas situações em que o paciente está em risco para excesso de volume vascular, é
necessário pesquisar: hipertensão e presença de estertores que podem se indicativos de
edema de pulmão, presença de estase jugular, congestão e hepatomegalia, insuficiência
cardíaca congestiva e dispneia. Já o excesso de volume de líquido extravascular poderá
determinar a presença de edema nos pés, tornozelos, mãos e dedos, periorbitário, sacral
e ascite (MORTON; FONTAINE, 2019).

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Antes de iniciar o exame físico, reveja o prontuário e fique atento(a) aos resultados
dos Exames Laboratoriais que poderão auxiliar a identificar dados que precisam ser
acompanhados no exame físico.
Vamos ao exame físico??

Quadro 2 – Exame físico com foco na avaliação renal

Avalie: expressão facial, posição no leito, higiene pessoal, autocuidado,


Aparência geral sinais de angústia. Esteja atento(a) à responsividade: positiva, negativa ou
incomum, cognição e interação do paciente com as pessoas.

Avalie estado volumétrico por todo o exame. Pese diariamente sem-


pre no mesmo horário (acompanhar ganho de peso súbito – Edema?
Anasarca?);
Realize Teste de Godet – Presença de cacifo positivo para acúmulo de
líquido no interstício.

Figura 1
Fonte: Reprodução

Avalie o grau de edema e o classifique:

Equilíbrio
hidroeletrolítico

Figura 2
Fonte: SEIDEL, 2007

Avalie a hidratação da pele. Faça o teste de turgor cutâneo:

Figura 3
Fonte: revistaeletronicafunvic.org

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Avalie a hidratação, inspecionando a língua e as mucosas na boca,
observando a presença/diminuição de saliva.
Na avaliação do pescoço, observe o quadro de estase jugular, colo-
cando o paciente quase sentado, em ângulo de 30⁰ a 45°, e o ingurgi-
tamento da veia da jugular externa pode ser indicativa de sobrecarga
de líquidos.

Equilíbrio
hidroeletrolítico

Figura 4
Fonte: Getty Images

A sobrecarga hídrica pode determinar a presença da 3ª ou 4ª bulha


Avaliação cardiaca cardíaca. Assim, avalie a região precordial, prestando atenção para
observar e palpar elevações, pulsações e frêmitos.

Avalie frequência, ritmo, profundidade e esforço respiratório e in-


vestigue se há presença de abaulamento dos espaços intercostais
Avaliação durante a expiração.
respiratória Avalie a presença de murmúrios vesiculares e ou de ruídos adventí-
cios, tanto em região anterior quanto posterior do tórax.

Avalie a presença de edema em região posterior em quadrantes


superiores.
Realize a palpação renal elevando o flanco (na imagem, é o E.) com
a mão esquerda e palpe profundamente com a mão direita. Normal-
mente, o rim E não é palpável.

Avaliação parte
posterior do tórax

Figura 5
Fonte: JARVIS, 2012

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Investigue a sensibilidade renal, realizando a percussão (pode ser reali-


zada a percussão direta ou indireta, conforme observado na imagem a
seguir) no ângulo costovertebral, localizado na 12ª costela.

Avaliação parte
posterior do tórax

Figura 6
Fonte: MORTON; FONTAINE, 2019

Fique atento(a) à ausculta dos sons das artérias renais para investigar
a presença de sopros que se assemelham a um ruído de assopro ou
esguicho, como no sopor cardíaco.
A presença de sopro renal pode indicar estenose renal, o que pode
levar a fluxo sanguíneo diminuído para o Rim, podendo desencadear
uma lesão renal aguda ou crônica:

Avaliação
Abdominal

Figura 7
Fonte: JARVIS, 2012

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Avalie a presença de ascite. Meça a circunferência abdominal e faça o
Teste de Piparote para confirmar presença de líquido abdominal:

Avaliação
Abdominal
Figura 8
Fonte: JARVIS, 2012
Palpar aborda hepática para investigar aumento do fígado:

Figura 9
Fonte: JARVIS, 2012

Avalie pulsos periféricos e observe a presença de: tremores, dormên-


Avaliação dos MM cia e fraqueza. Teste a presença de parestesias. Avalie o enchimento
capilar tanto no leito ungueal das mãos quanto dos pés.

Avaliação de FAV e Na presença da FAV, avalie a permeabilidade palpando o frêmito e


ou local de inserção auscultando o sopro. Avalie a circulação periférica do membro.
de cateter para Na presença de cateter para Diálise peritoneal, avalie o local de inser-
Diálise peritoneal ção na busca por sinais flogísticos.

Fonte: Adaptado de MORTON; FONATINE, 2019

Outro aspecto importante na avaliação renal é a análise dos Exames Laboratoriais.

Nesse sentido, saber como estava a função renal do paciente antes da internação é
um dado de grande relevância, não só para o diagnóstico da LRA, mas também para a
prevenção da lesão.

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Assim, é necessária a dosagem periódica de:


• Creatinina: É o mais importante indicador da TFG;
• Ureia: Apesar de ser utilizado há muitos anos como um dos indicadores de LRA,
a Ureia sofre alterações por muitos outros fatores (MORTON; FONTAINE, 2019);
• Eletrólitos: Alguns tendem a se acumular nessa condição, trazendo consequências
desastrosas, como é o caso do potássio. Um indicador que possibilita diferenciar
LRA pré-renal de renal é o sódio urinário e a fração de excreção de sódio;
• Gasometria: Possibilita avaliar presença de acidose em decorrência da LRA;
• Exames de urina possibilitam acompanhar evidências de inflamação renal na pre-
sença de leucocitúria e ou de hematúria;
• Proteinúria: Pode ser indicativo de lesão renal prévia e a eosinofilúria – Indica ne-
frite intersticial aguda (YU et al., 2018).

Além, dos Exames Laboratoriais, os Exames de Imagem podem contribuir para a


avaliação de anormalidades, conforme apresentado a seguir:

Tabela 1 – Exames de imagem na avaliação renal


Exames Radiológicos Finalidade
Radiografia
Radiografia simples do abdome Avaliar o tamanho renal e identificar calcificações.
Tomografia Avalia os contornos renais e identifica as anormalidades.
Pielografia intravenosa (IV) Detecta anormalidades anatômicas dos rins e ureteres.

Pielografia retrógada Possibilita diferencias os cistos da hidronefrose.

Identifica possível estenose da artéria renal, trombose


Arteriografia e Venografia renal de veia renal e ainda pode identificar massas renais e
extensão de carcinoma de células renais.
Angiografia com subtração digital Visualiza as principais artérias.
Possibilita: ver contornos renais, verificar as dimensões
Ultrassonografia longitudinais e transversal, avaliar lesões de massa, exa-
mina áreas periféricas e determina o grau de hidronefrose.
Cintilografia renal
Avalia localização, tamanho e contornos do tecido renal
Imageamento estático funcional é possível identificar áreas de falta de homo-
geneidade ou defeitos de enchimento
Neste exame um radiofármaco é monitorado enquanto
Imageamento dinâmico passa pelos compartimentos vasculares, parênquima
renal e trato urinário.
Ressonância magnética Identifica anormalidades anatômicas.
Fonte: Adaptada de MORTON, P. G.; FONATINE, D. K., 2019

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Cuidados de Enfermagem aos
Pacientes com Comprometimento Renal
Vamos abordar os Cuidados de Enfermagem direcionados ao paciente em uma Uni-
dade de Terapia Intensiva e, também, em um Serviço de Terapia Renal Substitutiva
(TRS) Ambulatorial.

A Enfermagem atuante nos serviços de TRS ambulatorial, ou seja, nas Clínicas de


Hemodiálise, executa as seguintes atividades e cuidados:

Preparo de máquina extracorpórea Instalação do paciente (FAV e CVC)


montagem e romoção do agente monitoramento no trans-HD
esterelizante do sistema dialisador finalização do tratamento

Hemodiálise

Desinfecção da maquina extracorpórea Educação para a saúdecontrole de infecção


registro de enfermagem segurança do paciente, controle
reprocessamento do dialisador SAE de qualidade avaliação dos indicadores

Figura 10 – Atividades de Enfermagem na Hemodiálise

A Assistência de Enfermagem aos pacientes com comprometimento renal em Uni-


dades de Terapia Intensiva acontece de forma mais abrangente, pois o paciente requer
cuidados não só voltados para a questão renal, mas também envolvendo toda a situação
de complexidade da vida.

Diante disso, os cuidados de Enfermagem são mais rigorosos e sistematizados e a


atuação da enfermeira é primordial nessa Assistência, pois ela monitora as complica-
ções relacionadas ao tratamento, tais como o distúrbio hidroeletrolítico, avalia a evolu-
ção do paciente e fornece também suporte físico e emocional para o paciente e a família
(VIANA, 2020).

A seguir, vejamos os principais cuidados relacionados à Assistência ao portador de


lesão renal aguda:

Cuidados de Enfermagem ao portador de LRA


Redução da taxa metabólica
Manter repouso no leito é importante para minimizar esforço e reduzir a taxa metabó-
lica, fazendo parte, também, o monitoramento e a prevenção da elevação de temperatura

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Assistência de Enfermagem a Pacientes Críticos com Patologias Clínicas Renais

corporal e infecção, pois tais situações aumentam o catabolismo e a taxa metabólica,


devendo ser tratadas imediatamente, caso ocorram;

Monitoramento do Equilíbrio Hidroeletrolítico


O objetivo é prevenir o desequilíbrio hidroeletrolítico. Para isso, a Enfermeira deve
monitorar os níveis séricos dos eletrólitos do paciente e os indicadores físicos dessa
complicação. Conforme sugere Riella (2018), são dois os pontos mais importantes desse
monitoramento: o controle do nível de potássio e o controle hídrico.

Assim:
• Hipercalemia: é a elevação do potássio no sangue, que é silenciosa, mas poten-
cialmente fatal. Portanto, todos os medicamentos e líquidos ministrados a esse
paciente devem ser verificados quanto à presença de potássio. Deve-se, também,
monitorar a função cardíaca e a condição hidroeletrolítica desse paciente;
• Controle hídrico: deve ser monitorado com rigor o aporte de líquidos ministrados
(usar o mínimo de diluente nos medicamentos), edemas, débito urinário, balanço
estase jugular, alterações nas bulhas cardíacas, sons respiratórios e dificuldade para
respirar. Importante pesar diariamente e o registro adequado do balanço hídrico.
a) Cuidado com a pele: Preste atenção ao cuidado com a pele do paciente.
Devido ao edema, ela pode estar seca ou sofrer lesão, o que pode se agravar
devido ao prurido decorrente do depósito de toxinas irritantes nos tecidos. Os
cuidados devem estar relacionados a manter a higiene corporal, a pele hidra-
tada, mudança de decúbito, medidas de conforto e unhas curtas e limpas para
prevenir escoriações (devido ao prurido);
b) Promoção da função pulmonar: Monitorar a função pulmonar, estimular ou
realizar mudança de decúbito frequente, estimular tosse e respiração profunda
para prevenir a atelectasia e infecções de trato respiratório;
c) Apoio psicossocial: O apoio e a Assistência ao paciente e a família devem
ser considerados. Suas necessidades psicossociais não podem ser esquecidas
diante de tantas atribuições que o enfermeiro tem em uma Unidade de Terapia
Intensiva. Esse paciente está vivenciando um momento muito crítico em sua
vida. Talvez seja necessário ser submetido à terapia dialítica, que pode aconte-
cer mais de uma vez. Portanto, ele e a família necessitam de orientação sobre
sua situação. O médico faz a orientação sobre o tratamento, porém, devido ao
medo e à ansiedade, podem precisar de uma nova orientação e de esclareci-
mentos por parte do enfermeiro;
d) Prevenção de infecção: Monitorar sinais e sintomas de infecção faz parte da
função da Enfermagem. Esse controle é de suma importância devido ao risco
de aumento do metabolismo, que pode agravar ainda mais o quadro desse
paciente. Portanto, todos os procedimentos devem ser realizados com rigor
técnico a respeito dos preceitos de assepsia, principalmente, no manejo de
cateteres e sondas.

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Sistematização da Assistência de
Enfermagem ao Portador de Patologia
Relacionada ao Sistema Renal
A Assistência ao Portador de Doença Renal segue o mesmo padrão de elaboração e
implementação da SAE para qualquer outro tipo de agravo à saúde.

Para que a SAE não ficasse repetitiva, optamos por elaborar a sistematização voltada
ao doente renal independente da etiologia.

Dessa forma, veremos, a seguir, os principais problemas, diagnósticos, metas e inter-


venções voltadas a esse doente.

Histórico de Enfermagem
Faz parte do histórico a avaliação das alterações urinárias e dos exames complemen-
tares (de imagem e laboratoriais) e observar o volume urinário, a hematúria, a baixa den-
sidade urinária e a redução de sódio na urina. Importante monitorar a creatinina e a
ureia para determinar a função renal, bem como a progressão da perda da função renal.
Prestar atenção ao nível do potássio sanguíneo, pois o estado de oligúria ou anúria au-
menta o risco de hipercalemia, bem como à monitoração cardíaca, pois a hipercalemia
pode provocar arritmias e taquicardia ventricular, levando à parada cardíaca (BRUNNER;
SUDDARTH, 2020)

O Enfermeiro deve estar atento e monitorar as seguintes fontes de potássio, que podem
estar no consumo nutricional, catabolismo tecidual normal, determinados medicamentos,
sangramento no trato gastrointestinal ou transfusão sanguínea.

Verificar, também, a concentração de fosfato, já que ele poderá aumentar e, em con-


trapartida, haverá a diminuição de cálcio como resposta compensatória a essa situação.

Sendo assim, será necessário observar a redução ou as alterações renais nos exames
de imagens.

O Enfermeiro pode perceber, também, a presença de anemia e acidose. A ocorrência


da anemia é devido à baixa produção de eritropoetina, lesões urêmicas no trato gas-
trointestinal (sangramentos) e pela redução do tempo de sobrevida dos eritrócitos. E a
acidose metabólica acontece devido ao acúmulo de substâncias ácidas procedentes dos
processos metabólicos fisiológicos do organismo e pela falha do mecanismo normal e
tamponamento renal. A acidose é observada pela diminuição do CO2 sérico e do pH do
sangue (MORTON; FONTAINE, 2019).

Deve observar, também, alteração do nível de consciência ou da responsividade devido


à uremia, avaliar o balanço hidroeletrolítico e a presença de edemas e sangramentos.

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Diagnóstico de Enfermagem (DE)


Tendo o histórico como base, destacamos os DEs listados a seguir como os principais
para a Assistência ao portador de DR:
• Excesso de volume de líquidos relacionados ao débito urinário diminuído, excessos
na dieta e retenção de sódio e água;
• Nutrição alterada, inferior às necessidades corporais, relacionada à anorexia, a náu-
seas, vômitos, a restrições nutricionais e a alterações das mucosas orais;
• Risco de desequilíbrio eletrolítico, relacionado à disfunção renal, a mecanismos
reguladores prejudicados e ao volume de líquido deficiente;
• Déficit de conhecimento relacionado à condição e ao tratamento;
• Mobilidade física prejudicada, relacionada à intolerância à atividade, ao metabolismo
celular alterado e a restrições prescritas de movimento;
• Risco de infecção, defesas primárias inadequadas devido à pele rompida (cateter
venoso central e procedimentos invasivos) (NANDA, 2018).

Metas
Traçar metas mensuráveis e viáveis conforme o histórico e a evolução do quadro
clínico do paciente:
• Manutenção do peso corporal ideal, sem excesso de líquidos;
• Manutenção de um aporte nutricional adequado;
• Conhecimento aumentado sobre a condição e o tratamento relacionado;
• Ausência de complicações;
• Melhora na mobilidade física;
• Preservação da integridade da pele e mucosas (NOC, 2020).

Prescrição/Intervenção de Enfermagem
As intervenções de Enfermagem devem estar compatíveis com os DEs e as metas.
Destacamos, a seguir, algumas das intervenções:
• Avaliar o estado hídrico;
• Pesar diariamente;
• Observar turgor da pele e presença de edema;
• Realizar balanço hídrico;
• Observar distensão das veias jugulares;
• Monitorar pressão arterial e frequência cardíaca;
• Limitar o aporte de líquidos para o volume prescrito;
• Manter a cabeceira elevada em ângulo de 45º;
• Verificar a posição da sonda gástrica ou enteral antes de ministrar a dieta;

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• Observar, anotar e comunicar presença de sinais flogísticos no local de inserção
do CVC;
• Avaliar o padrão miccional;
• Proteger proeminências ósseas;
• Monitorar a contagem de hematócrito e hemoglobina, quando indicado;
• Monitorar os níveis séricos de potássio, notificar se o valor for superior a 5,5 mEq/l;
• Avaliar o paciente quanto à fraqueza muscular e diarreia;
• Monitorar alterações do ECG (ondas T altas e em tenda e QRS alargado) (NIC, 2020).

Encerramos nosso aprendizado desta Unidade. Nela, você aprendeu como avaliar o pa-
ciente com foco em pontos importantes do exame físico que lhe possibilitarão identi-
ficar possíveis danos à função renal, bem como os exames mais comumente utilizados
nesta avaliação.
Foram destacadas, ainda, as Terapias Renais Substitutivas e a Assistência de Enfermagem
voltada ao paciente portador de doença renal em Unidade de Terapia Intensiva.
Como se pode observar, a Enfermagem tem papel preponderante na recuperação da saúde
desse paciente e o Enfermeiro Intensivista é fundamental no que diz respeito à identifi-
cação de sinais e sintomas sugestivos de LRA de forma a identificar a alteração ainda no
início do processo, o que possibilitará maior sucesso no tratamento e na recuperação renal.
O uso da Sistematização da Assistência é ferramenta fundamental nesse processo que,
associada às Taxonomias NIC e NOC, irão nos possibilitar cuidar com base e evidências cien-
tíficas, contribuindo, assim, para um cuidado seguro, padronizado e de qualidade.
Espero que possa aplicar seus novos conhecimentos na Assistência a esses pacientes.

Um abraço!

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Assistência de Enfermagem a Pacientes Críticos com Patologias Clínicas Renais

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Princípios de nefrologia e distúrbios hidreletrolíticos
RIELLA, M. C. Princípios de nefrologia e distúrbios hidreletrolíticos. 6.ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2018. 1136 p.: il.

Vídeos
Desafios da Enfermagem em Nefrologia durante a Pandemia
https://youtu.be/mptxSW1nKes

Leitura
Portaria Nº 1.168, de 15 de Junho de 2004
https://bit.ly/3AckfjH
Insuficiência Renal Crônica e os Principais Diagnósticos e
Intervenções de Enfermagem: Revisão Bibliográfica
https://bit.ly/3lt9e9y

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Referências
BRUNNER; SUDDARTH. Tratado de Enfermagem médico-cirúrgica. Traduzido por
José Eduardo Ferreira de Figueiredo. 14.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020.

JARVIS, C. Exame físico e Avaliação de Saúde para Enfermagem. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2012

MORTON, P. G.; FONATINE, D. K. Cuidados Críticos de Enfermagem: uma aborda-


gem holística. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.

NANDA. Diagnósticos de Enfermagem da M=NANDA I: definições e classificações


2018-2020/ [NANDA International]. Tradução de Regina Machado Garcez. 11. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2018.

NIC. Classificação das Intervenções de Enfermagem. HAWARD, K. et al. (ed.) 7.ed.


Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020.

NOC. Classificação dos Resultados de Enfermagem: mensuração dos resultados em


saúde. MOORHEAD, S. et al. (ed.) Tradução de Maria Inês Corrêa Nascimento. 6.ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020.

RIELLA, M. C. Princípios de nefrologia e distúrbios hidreletrolíticos. 6. ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. 1136p.il.

SEIDEL, M. et al. Mosby Guia de exame físico. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

VIANA, R. A. P. P.; WHITAKER, I. Y.; ZANEI, S. S. V. Enfermagem em Terapia


Intensiva: práticas e vivências [recurso eletrônico] 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2020.

YU, L. et al. Nefrologia intensiva. Rio de Janeiro: Roca, 2018. 392 p. il.

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