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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências de Saúde

Mestrado em Saúde Pública

Cadeira: Introdução a Saúde Publica

Oportunidades de Prevenção de Mortes Maternas em Moçambique

Discentes: Docentes:
Edi Rafael António Fulai Prof Dr Victor Sitão
Dra. Arlinda Zango
Dr. Manuel Napua

Beira, Junho de 2023


Edi Rafael António Fulai

Oportunidades de Prevenção de Mortes Maternas em Moçambique

Trabalho individual, a ser entregue na


Universidade Católica de Moçambique,
Faculdade de Ciências de Saúde,
Departamento de Mestrado, com fins
avaliativos do módulo de Introdução a
Saúde Pública.

A coordenadora:
Dra. Arlinda Zango

Beira, Junho de 2023


Índice
1. Introdução...........................................................................................................................1

1.1. Problematização..............................................................................................................1

1.3.1 Objectivos Específicos................................................................................................2

2. Métodos e Matérias.............................................................................................................4

3. Resultados...........................................................................................................................5

3.1. Classificação das Principais Causas da Mortalidade Materna............................................5

3.2. Fatores que contribuíram para a morte materna em Moçambique......................................6

3.3 Oportunidades de Prevenção da Morte Materna em Moçambique.................................7

4. Discussão............................................................................................................................8

5. Referencias. Bibliográficas.................................................................................................9
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1. Introdução

A mortalidade materna é um indicador do acesso à atenção obstétrica de qualidade e das


condições de vida das mulheres. A mortalidade materna, definida como a morte durante a
gravidez ou no prazo de 42 dias após o final da gestação, é um problema de saúde pública
global. A taxa de mortalidade materna nos países em desenvolvimento é alarmante,
observando-se que na África subsaariana, situava-se em 500 mortes / 100.000 nascidos vivos
em 2012 (OMS, 2018).

De acordo com o relatório da UNFPA, 2004, a mortalidade materna é o indicador de saúde


que apresenta maiores disparidades entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento.
Na África Subsaariana, a mulher durante a sua vida corre risco de 1 em 16 de morrer durante
a gravidez e o parto, comparado com o risco de 1 em 2800 nos países desenvolvidos.
Segundo Isabel Nhatave; 2006, apenas 4% das mortes maternas ocorrem na América Latina e
Caraíbas e menos de 1% nas regiões mais desenvolvidas do mundo. As principais causas de
mortalidade materna, em países subdesenvolvidos, são hemorragias pós-parto, distúrbios
hipertensivos, sepse, partos obstruídos e complicações relacionadas ao aborto inseguro.

Em Moçambique, a mortalidade materna constitui um grave problema de saúde. Os dados do


IDS (2003), demostram que a taxa de mortalidade materna no país é estimada em 408 por
100.000 nascimentos vivos. A redução da taxa de mortalidade materna tem uma estreita
relação com a redução do índice da pobreza absoluta, e este por sua vez, com resolução dos
problemas socioeconómicos que afetam os países em vias de desenvolvimento dos quais
Moçambique faz parte (Granja, Ana Carla L, 2002).

1.1. Problematização

Estima-se que, todos os anos mais de 500.000 mulheres morram de complicações


gestacionais e do parto a nível mundial. Pelo menos sete milhões de mulheres que
sobrevivem a essas complicações sofrem sérios problemas de saúde e quase 50 milhões
sofrem eventos adversos à saúde consequentes ao parto (OMS, 2019). A maioria dessas
doenças e complicações ocorre nos países em desenvolvimento. Um dos desafios para a
redução da mortalidade materna é conhecer sua real magnitude, mascarada pelos elevados
níveis de sub-registo de óbitos e/ou subnotificação das causas de morte, principalmente nos
países em desenvolvimento, onde também acontecem cerca de três quartos dos nascimentos
mundiais (OMS, 2020; MISAU, 2019).
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Em Moçambique, as principais causas de mortalidade materna, são hemorragias uterinas,


malária, HIV/SIDA, hipertensão induzida pela gravidez, eclâmpsia, sépsis puerperal, e aborto
séptico. A falta de transporte e baixa qualidade dos cuidados ante-natais e intrapartos nas
unidades sanitárias periféricas são determinantes da mortalidade materna (Granja, Ana Carla
L, 2002). Perante a este paradigma fica a seguinte questão, quais são as oportunidades de
prevenção das mortes maternas em Moçambique?

1.2. Justificativa

A mortalidade materna é inaceitavelmente alta. Cerca de 830 mulheres morrem todos os dias
por complicações relacionadas à gravidez ou ao parto em todo o mundo. Estima-se que, em
2015, cerca de 303 mil mulheres morreram durante e após a gravidez e o parto. Quase todas
essas mortes ocorreram em ambientes com poucos recursos; a maioria delas poderia ter sido
evitada (OMS, 2020)

Desde 1990, vários países subsaarianos têm reduzido pela metade a mortalidade materna. Em
outras regiões, como a Ásia e o Norte da África, os progressos têm sido ainda maiores. Entre
1990 e 2015, a taxa de mortalidade materna global (número de mortes maternas por cada 100
mil nascidos vivos) diminuiu apenas 2,3% ao ano (OPA, 2020)

No entanto, a partir de 2000, observou-se uma aceleração nessa redução. Em alguns países, as
reduções anuais de mortalidade materna entre 2000 e 2010 foram superiores a 5,5%. A
mortalidade materna a OMS, considera um problema de saúde publica e as Nações Unidas
consideram um dos objetivos do desenvolvimento sustentável até 2030 (OMS, 2020).

1.3. Objectivo Geral

 Analisar as oportunidades de prevenção de mortes maternas em Moçambique

1.3.1 Objectivos Específicos

 Classificar as principais causas da mortalidade materna em Moçambique;


 Identificar os fatores que contribuíram para a morte materna em Moçambique no
período de revisão;
 Identificar as oportunidades de prevenção da Morte Materna em Moçambique no
período de revisão.
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2. Métodos e Matérias

Trata-se de uma revisão da literatura, em que a questão de partida foi? quais são as
oportunidades de prevenção de mortes maternas em Moçambique? Trata-se de um estudo
descritivo, analítico, crítico e reflexivo, sobre a mortalidade Materna em Moçambique. A
busca da literatura utilizada para compor a revisão foi feita no período de 23 de Maio a 11 de
junho de 2023 nas fontes de dados eletrônicas, Scielo e Google acadêmico utilizando a
combinação dos descritores: “Mortes Maternas, Prevenção de Mortes Maternas,
Moçambique”.

Foram incluídos todos os estudos de coorte, transversal, multicêntricos e revisões


sistemáticas com meta-análise encontrados nas bases de dados. Os critérios de inclusão
foram: artigos e documentos em Português inglês, publicados nos últimos 10 anos (2013 –
2023), que atendiam a temática do presente artigo e com disponibilidade de texto completo
em suporte eletrônico. Foi incluído neste documentos e protocolos nacionais sobre a
mortalidade materna anterior ao período de analise para efeito de contextualização. Foram
excluídos os estudos duplicados, artigos que tratavam doutras causas de mortes das mulheres
não relacionada a gravidez, artigos publicados antes de 2013, artigos em inglês, e outras
línguas.

O google académico encontrou 2800 artigos em 0,02 segundos, deste fizeram parte da
seleção 12 artigos e o navegador de busca foi usado para encontrar documentos e protocolos
de assistência obstétrica em Moçambique 3 documentos selecionados.

Dos artigos disponíveis foram selecionados 8 (6 Google acadêmico e 2 de navegador de


buscas de Google) após a leitura inicial dos títulos e consequente exclusão daqueles cuja
temática não era pertinente ao objetivo desse estudo e, portanto, não preenchiam os critérios
de inclusão/exclusão acima descritos. Ao final 8 compuseram a presente revisão. Além disso,
foram extraídas as seguintes características dos estudos: título, autores, desenho de estudo e
principais achados.
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3. Resultados

De acordo com o relatório da UNFPA, 2004, a mortalidade materna é o indicador de saúde


que apresenta maiores disparidades entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento.
A morte materna é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), na 10ª revisão da
Classificação Internacional de Doenças (CID-10), como: morte de uma mulher durante a
gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da gravidez, independentemente
da duração ou da localização da gravidez, devida a qualquer causa relacionada ou agravada
pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais
ou incidentais.

3.1. Classificação das Principais Causas da Mortalidade Materna

Causas obstétricas diretas: São resultantes de complicações da gravidez, parto ou puerpério


devidas a intervenções, omissões, tratamento incorreto ou à cadeia de eventos resultante de
qualquer uma dessas causas mencionadas. As causas mais frequentes são as doenças
hipertensivas (incluindo eclâmpsia, síndrome HELLP), hemorragias e infecção puerperal
(CID-10); (OMS, 2020).

Causas obstétricas indiretas: São as que resultam de doença prévia da mãe ou desenvolvida
durante a gravidez, não devidas a causas obstétricas diretas, mas agravadas pelos efeitos
fisiológicos da gravidez. As causas mais frequentes são: diabetes, hipertensão e doenças
cardiovasculares (CID-10); (OPA, 2020; OMS, 2020).
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Em Moçambique, as principais causas de mortalidade materna, são hemorragias uterinas,


malária, HIV/SIDA, hipertensão induzida pela gravidez, eclâmpsia, sepses puerperais, e
aborto séptico (INE, 2013). A falta de transporte e baixa qualidade dos cuidados antes do
parto e intrapartos nas unidades sanitárias periféricas são determinantes da mortalidade
materna (Granja, Ana Carla L, 2002).

3.2. Fatores que contribuíram para a morte materna em Moçambique

Autor e Título Resultados


ano

MISAU, Relatório Anual de Atraso na comunidade;


2019 Auditoria de Mortes Diagnostico tardio de HIV na mulher gravida;
Maternas e Neonatais - Falta de Transporte e vias de acesso em mau
2017 estado;
Atraso na oferta aso cuidados no sistema de
saúde, erro de diagnostico, conduta e
tratamento.

Segundo MISAU, 2019, outos fatores estão associados a mortes maternas em Moçambique,
que se destacam o manejo incorreto de complicações (falta de capacidade de provisão de CO,
de diagnostico e tratamento adequado), solicitação tardia e ou chegada tardia dos clínicos de
urgência e da sala de operações, não realização de consultas de ARO ao nível da US, erro
técnico, e fraco seguimento pós-operatório de casos de Choque ou Eclampsia.

Autor e Título Resultados


ano

Isabel Saúde Materna em Apresenta 3 níveis de determinantes socio económicos da


Nhatave, Moçambique mortalidade materna, nomeadamente:
2006
1. Individual: inerentes a saúde individual que podem
contribuir para a morte da mulher;
2. Familiar: influenciado por vários fatores, dentre
eles o marido, membros da família, nível
educacional, gravidade da doença e oportunidades
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financeiras.

Comunitário: aspetos socio culturais e acesso aos


cuidados e tratamentos.

3.3 Oportunidades de Prevenção da Morte Materna em Moçambique

O governo de Moçambique, no âmbito da protecção dos direitos da saúde materna e neonatal


o Governo concebeu e aprovou a Política do Sector da Saúde para 1995/1999 e inscreveu a
sua execução no Programa Quinquenal para 1995/1999, inscrevendo numa das prioridades a
preservação e melhoria da saúde da mulher e da criança, através dos programas de Saúde
Materno Infantil e Planeamento Familiar, o Programa Alargado de Vacinação, a Saúde,
Escolar e do Adolescente (Isabel Nhatave, 2006).

Segundo MISAU, 2016 foram as recomendações do de boas praticas de forma a reduzir as


mortes maternas, a implementação novas intervenções comunitárias que visam a redução da
mortalidade materna e neonatal. Dentre elas, está a oferta de Misoprostol para prevenção da
Hemorragia Pós-parto para os partos que ocasionalmente possam ocorrer na comunidade.

Também a oferta de Planeamento Familiar incluindo Depo-provera pelos Agentes


Polivalentes Elementares (APE) e Clorexidina em gel para prevenção da Sépsis Neonatal por
infecção do coto umbilical no recém-nascido (MISAU, 2016).

De acordo com Isabel Nhatave. 2006, outras estratégias estão sendo implementadas de forma
a reduzir a mortalidade Materna em Moçambique, desde o âmbito individual, familiar,
comunitário e hospitalar. Responsabilizando a unidade sanitária a notificar e a discutir
atempadamente as mortes maternas, em 72 horas, criação de comités de mortes maternas com
envolvimento da comunidade, líderes locais, gestores das unidades sanitária,
responsabilização em casos de verificada a má conduta de profissionais de saúde.
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4. Discussão

O conceito de morte materna, definida como a morte durante a gravidez ou no prazo de 42


dias após o final da gestação, é consensual por diversos autores e pela OMS, e esta
organização considera a morte materna como um problema de saúde pública global, e as
políticas de saúde de cada país devem ser viradas para diminuir ou mitigar este mal, e
constitui uma meta de desenvolvimento sustentável 2023.

A mortes materna, se classificam de acordo com as causas de morte, as que as causas


estiverem diretamente as condições clínicas e patológicas, relacionadas a gravidez, parto e
pós-parto, são consideradas mortes obstétricas diretas, e este tipo em particular leva a morte
de mais que a metade das mulheres em Moçambique. E as mortes em que as causas não estão
ligadas as condições especificas são consideradas as de causas indiretas e levam cerca de
menos que um terço das mortes maternas em Moçambique.

Por se tratar de um problema de saúde publica a nível global e particularmente em


Moçambique, as metas de saúde no ODS 2023, e os planos e decretos de diferentes países,
incluindo o nosso país, foram traçadas medidas de prevenção em cada nível de exposição da
mulher gravida, desde o individual, familiar, comunitário e hospitalar, destacando-se a
criação de comités locais de discussão de óbitos, reportes das mortes, início precoce das
profilaxias, abertura da ficha pré-natal precocemente, etc.

Foi identificado alguns fatores que contribuem para a morte materna, dentre elas se destacam
o atraso da mulher na comunidade; diagnostico tardio de HIV na mulher gravida; falta de
Transporte e vias de acesso em mau estado; atraso na oferta aso cuidados no sistema de
saúde, erro de diagnostico, conduta e tratamento e falta de seguimento pós-operatório e de
complicações pós-parto.

Analisando os diversos fatores de forma a diminuir a mortalidade materna e o impacto do


mesmo na comunidade, devera ser reforçada as leis nacionais dos direitos das mulheres,
melhorias dos sistemas de saúde, envolvimento da comunidade em programas de saúde da
mulher, e melhorias de acesso aos cuidados de saúde.
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5. Referencias. Bibliográficas

 INE. Moçambique: Inquérito Demográfico e de Saúde 2011. Maputo: Instituto


Nacional de Estatística, Ministério da Saúde e MEASURE IDS/ICF International
(USA), 2013
 MISAU – DSC (2000). Estratégia para a Redução da Mortalidade materna e Perinatal
Ano 2000.
 MISAU – DSC (2001). Reduction of Maternal and Perinatal mortality 2002-2005.
 MISAU (2004). Plano estratégico de combate às ITA/HIV/SIDA, Sector de Saúde
 MISAU, 2005, PTV, Manual do Participante.
 MISAU, Avaliacao dos Cuidados Obstetricos, 2000 – 2001
 MISAU, DNS, DSC. Avaliação das Necessidades para uma Maternidade Segura em
Moçambique, Abril /1999. Resumo do Relatório.
 MISAU. República de Moçambique Ministério da Saúde. Plano Estratégico do Sector
da Sade 2014-2019. Maputo; 2013. WALKER N.,YENOKYAN G., FRIBERG I.K.,
BRYCE J. (2013). Patterns in coverageof maternal, neonatal, and child health
interventions: projections of neonatal and under-5 mortality to 2035. The Lancet.
DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(13)61748-1
 https://youtu.be/oWjbxH8iV64
 https://www.paho.org/pt/node/63100

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