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História - Introdução ao Ensino de História

Unidade 4
Análise crítica das competências
do ensino de história
4.1 Introdução
Esta unidade objetiva fazer uma análise crítica das competências do ensino de História no
âmbito escolar e científico.
Dessa forma, propomos conversar sobre as seguintes questões:
4.2 O ensino e aprendizagem de história;
4.2.1 Tempo: dimensão da análise da história;
4.2.2 Fato histórico;
4.2.3 Sujeito da história;
4.2.4 Tempo, fato e sujeito histórico: concepções para a construção do saber histórico escolar;
4.3 A história e a historiografia no Brasil;
4.3.1 Possibilidades de atuação profissional dos estudantes de história;
4.3.2 Breve histórico do ensino e/ou da disciplina de história no Brasil;
4.4 Concepção de história e de historiografia;
4.4.1 História tradicional;
4.4.2 História nova;
4.4.3 Importância das concepções da história nova.
Refletir todas essas problemáticas nos faz perceber as competências do ensino de história e
o papel do historiador.

4.2 O ensino e a aprendizagem de


história
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, para compreender o ensino de Histó-
ria e a aprendizagem de História é necessário distinguir dois conceitos:
Saber histórico:
Esse termo já foi discutido anteriormente; porém, objetivando reforçar, define-se "saber his-
tórico" como o campo de pesquisa e produção de conhecimento do domínio de especialista, no
caso específico, o historiador.
• Saber histórico escolar:
Consiste no conhecimento produzido no espaço escolar. O saber escolar reelabora o conhe-
cimento produzido no campo das pesquisas realizadas pelos historiadores, profissionais especia-
lizados para execução desse trabalho, seleciona temas e conteúdos para articular com as vivên-
cias dos alunos e professores. O saber histórico escolar relaciona-se com o saber histórico a partir
de três conceitos essenciais para o trabalho historiográfico, conforme descrição abaixo:

4.2.1 Tempo: dimensão da análise da história

O tempo histórico é diferente do tempo cronológico, ou seja, do tempo pensado na pers-


pectiva do relógio e do calendário. Conforme abordagem anterior, o tempo da história está di-
mensionado como ideia de PROCESSO. Consiste na caminhada do homem e nas relações que ele
estabelece ao longo da sua existência.

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UAB/Unimontes - 1º Período

Os acontecimentos identificados pelas datas assumem a ideia de regularidade, uniformida-


DICA de, sucessão crescente, cumulativa e uma sequência de acontecimentos, perpassando o pensa-
BRAUDEL, Ferand. O mento de povo “atrasado” e “civilizado”. O tempo, então, deve ser apreendido a partir das vivên-
Mediterrâneo e o Mun- cias das pessoas, pois consiste como objeto da cultura social de um povo.
do Mediterrâneo na O tempo, na história, possui níveis e ritmos de durações. Os níveis de durações estão relacio-
Época de Felipe II.
nados à percepção das mudanças ou permanências nas vivências humanas.
Dessa forma, observam-se mudanças ou acontecimentos pontuais que ocorrem em um
tempo curto, como o atentado de 11 de setembro, em Nova York, nos Estados Unidos da Améri-
ca. Esse acontecimento caracteriza-se como pontual porque os meios de comunicação noticiam
o fato, inclusive em tempo real. A implantação de uma lei que vem mudar os costumes das pes-
soas, bem como a queda de um governo trazendo transformações para o cotidiano do homem,
são também exemplos desse tempo.
ATIVIDADE O tempo é trabalhado, também, na perspectiva das transformações lentas, que remetem à
Veja os vídeos nos ideia de permanências, com durações mais longas e acontecimentos que geram mudanças de
sites: http://www. caráter estrutural. É necessário muitos anos para que as mudanças possam acontecer. Cita-se,
youtube.com/
como exemplo, a passagem da sociedade feudal para a sociedade capitalista que durou, de acor-
watch?v=t9bYadYgm
MU e http://www.you- do com Pierre Vilar, do século XI ao século XVIII. Para que possam acontecer mudanças, é neces-
tubecom/watch?v=- sário transformar as estruturas.
7MyIJHpE-E e partilhe, Os ritmos de durações do tempo histórico permitem identificar a velocidade com que as
no fórum, sua compre- mudanças ocorrem. Nesse sentido, os ritmos de tempo podem ser identificados como:
ensão com os colegas,
• O tempo do acontecimento breve:
tutor e professor
formador. Esse tempo representa a duração de um acontecimento de dimensão breve, ou seja, que
corresponde a um momento preciso, marcado por uma determinada data. O nascimento de uma
pessoa, uma greve, o fim ou início de uma guerra e a independência de um país são exemplos de
acontecimentos que configuram esse ritmo de tempo.
• O tempo da conjuntura:
Consiste no tempo que se prolonga e pode ser apreendido durante uma vida. O período
de uma crise econômica de um país, a duração de uma guerra e os efeitos de uma epidemia são
exemplos de acontecimentos que configuram esse ritmo de tempo.
• O tempo da estrutura:
Esse tempo parece imutável. As mudanças são imperceptíveis nas vivências contemporâne-
Figura 69: Dia as das pessoas. Os hábitos religiosos e de mentalidade, assim como a duração de um regime de
Internacional da trabalho como a servidão ou escravidão são exemplos de acontecimentos que configuram esse
Mulher ritmo de tempo.
Fonte: Blog Folha de
Oliveira. Disponível
em:<http://folhadeoli-
veira.blogspot.com.br/>. 4.2.2 Fato histórico
Acesso em: 31 mai. 2013.

Os fatos históricos também foram abor-
dados anteriormente, porém a ideia agora é
remeter ao saber histórico escolar.
Nesse sentido, o fato histórico apresenta-
-se além de eventos políticos, festas cívicas e
ações de heróis nacionais desvinculados do
seu contexto. Fatos históricos, então, consis-
tem em ações significativas selecionadas, tanto
por professores como estudantes, para serem
analisados e estudados a partir da concepção
de mundo em que vivem, levando em conta o
contexto histórico, bem como as teorias e con-
ceitos referentes ao tema.
O dia Internacional da Mulher, por exem-
plo, consiste em um acontecimento pontu-
al – o dia 8 de março de 1857. No entanto, a
mulher vem desafiando as normas vigentes e
conquistando espaços que antes nem eram
imaginados. Tudo isso é resultado de lutas, em-
bates e conflitos que culminam em um aconte-
cimento marcante.

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História - Introdução ao Ensino de História

Dessa forma, alunos e professores são mais livres para compreender e apreender os aconte- ATIVIDADE
cimentos à sua volta, fazendo sempre a aliança "passado-presente". Nessa perspectiva, podem-se Pesquise na internet
escolher temas para estudar, como comportamentos de mulheres e crianças, formas de desenho sobre os motivos que
ou a independência política de um povo. levaram ao dia Interna-
cional das Mulheres e
poste no fórum deba-
tendo sobre o assunto
4.2.3 Sujeito da história com o tutor, colegas
e professor formador,
numa perspectiva do
Assim como os fatos históricos, o sujeito histórico pode ser apresentado como personagens campo do ensino de
que desempenham ações isoladas ou heróicas, como reis, príncipes ou generais. Essa aborda- história.
gem histórica coloca o destino dos homens nas mãos daqueles poucos que têm poder de deci-
são, sobretudo política.

◄ Figura 70: Quem são


sujeitos históricos?
Fonte: Portal do Professor.
Disponível em:<http://
portaldoprofessor.mec.
gov.br/fichaTecnicaAula>.
Acesso em: 31 mai. 2013.

Outra concepção de sujeito histórico consiste nos homens como agentes sociais, ou seja, in-
divíduos, grupos ou classes sociais inseridos em contextos históricos que produzem para si, mas
também para a coletividade. Nessa perspectiva, sujeitos históricos são trabalhadores, patrões, es-
cravos, crianças, mulheres, políticos, velhos, prisioneiros, enfim, todos os homens.

4.2.4 Tempo, fato e sujeito histórico: concepções para a construção


do saber histórico escolar

A forma como o professor e aluno concebem o tempo, o fato e o sujeito histórico resultará
em trabalhos e apreensões diferentes de história.
Atentar para os conceitos de tempo, de fato e de sujeito histórico possibilitará aos alunos,
com o auxílio do professor, estabelecer relações, comparações relativizar sua própria atuação no
tempo e no espaço em que se encontram inseridos. Enfim, a partir dessas concepções, o aluno
poderá ler e compreender a realidade e se posicionar, fazendo escolhas e tomando partido para
agir de forma criteriosa no mundo em que vive.

◄ Figura 71: (Re)


construção do saber
histórico
Fonte: Sitio da Unimontes.
Disponível em <http://
www.unimontes.br/index.
php/todas-as-noticias>.
Acesso em 31 mai. 2013.

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