Caso n.º 1 Analise e comente o seguinte Acórdão do Tribunal da Relação de Évora de 16.01.2020:
“I - Incumbindo ao autor alegar os factos essenciais que constituem a causa de pedir e
formular o pedido, de harmonia com o disposto no artigo 552.º, n.º 1, alíneas d) e e), do CPC, não tendo este alegado factos tendentes a apurar a responsabilidade pela ocorrência do acidente, cuja determinação fundou no acordo de repartição firmado entre a seguradora e o FGA, e tendo concretamente restringido o pedido formulado contra a ré seguradora a metade do valor das despesas que suportasse, não podia a Senhora Juíza, com base no apuramento da responsabilidade pela ocorrência do acidente, na sequência de outra relação material controvertida conexa, ter condenado a Ré ora Recorrente ao pagamento da indicada quantia global à autora, com base em fundamento não alegado pela parte sobre a qual tal ónus recaía, nos termos também definidos no artigo 342.º, n.º 1, do Código Civil, e em pretensão que pela mesma não foi integralmente deduzida contra esta parte.
II - Consequentemente, a sentença recorrida é nula, por violação do princípio dispositivo,
concretamente dos limites da condenação definidos no artigo 609.º, n.º 1, do CPC, segundo o qual a sentença não pode exceder os limites quantitativos do pedido, condenando em quantidade superior à pretensão deduzida pelo Autor contra a ora Apelante, e incorrendo na nulidade prevenida no artigo 615.º, n.º 1, alínea e), do CPC, o que impõe a sua alteração em sede do presente recurso, nos termos previstos no artigo 665.º, n.º 1, da codificação processual civil.” Caso n.º 2 “Fotografias e casamentos...”
Anabela portuguesa, residente em Lisboa, e casados no regime de comunhão de
adquiridos, decidiu contratar os serviços de Carol, americana, reputada fotógrafa da empresa “Photos”, com sede em Chicago e sucursal em Lisboa, para assegurar a reportagem fotográfica da festa de celebração do seu primeiro ano de casamento, a qual teve lugar no dia 29 de julho de 2017, numa quinta situada em Cascais. No contrato de prestação de serviços celebrado entre Anabela e o gerente da sucursal de Lisboa da sociedade “Photos” ficou acordado que o preço da reportagem fotográfica, no valor de € 15.000,00 (quinze mil euros), seria pago através de transferência bancária. Em agosto de 2017, Anabela recebe um email da sucursal em Lisboa da empresa “Photos” a informar que não seria possível entregar as fotografias, porquanto os respetivos suportes digitais tinham ficado danificados num ataque informático terrorista que a empresa sofrera. Inconformada, no dia 15.09.2017, Anabela instaura ação judicial contra a empresa “Photos”, no tribunal de comércio de Cascais, pedindo a condenação da Ré no pagamento de uma indemnização pelos danos causados pelo incumprimento do contrato de prestação de serviços, no montante € 20.000,00 (vinte mil euros).
Imagine, que o Tribunal Judicial condena a Photos no pagamento da quantia de €
20.000,00 a Anabela, acrescido de valor a título de indemnização por danos morais por entender que o incumprimento era particularmente grave. Fê-lo igualmente sem ouvir nenhuma das partes no processo. Como qualifica esta decisão?