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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

FACULDADE DE PSICOLOGIA

THAINÁ CARDOZO ARANTES DE OLIVEIRA RA 423107263

REFLEXÃO: DOCUMENTÁRIO CRIP CAMP RELACIONADO A


DISCUSSÕES FEITAS SOBRE HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA

UNINOVE

São Paulo

2023
ATIVIDADE: REFLEXÃO SOBRE O DOCUMENTÁRIO CRIP CAMP EM
RELAÇÃO A DISCUSSÕES FEITAS SOBRE HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA

O documentário “Crip Camp: Revolução pela Inclusão” retrata um acampamento que aconteceu
em um verão na década de 60, no estado de Nova York, no qual participavam diversas crianças
e jovens com deficiências. O acampamento se chamava “Camp Jened”.

Esse documentário mostra o relato de algumas pessoas portadoras de deficiência (PCDs), entre
eles James LeBretch, que na época do acampamento possuía 15 anos. Ele possui uma
deformação na coluna vertebral que o impede de utilizar as pernas, mas sempre foi muito ativo
e gostava muito de brincar. No documentário, ele conta que entendeu o verdadeiro significado
de inclusão em Camp Jened.

Não apenas James LeBretch, mas também Judith Heumann e muitos outros jovens se sentiam
verdadeiramente incluídos em Jened, realmente se divertiam e se livraram momentaneamente
do peso de serem PCD’s numa sociedade capacitista que os exclui, como contam do
documentário. Naquela época não se dava muita importância ao conceito de inclusão; não havia
rampas de acessibilidade nas ruas e não havia Braille nos botões dos elevadores, por exemplo.

No artigo “A história da deficiência, da marginalização à inclusão social: uma mudança de


paradigma”, de Kátia Monteiro De Benedetto Pacheco e Vera Lucia Rodrigues Alves, há o
seguinte trecho:

“A associação da deficiência física a valores morais e de punição ainda pode ser vista
atualmente, mesmo que de forma implícita, quando a pessoa com deficiência se pergunta o que
fez para merecer tal destino, ou quando se exclui do contato social com vergonha da marca de
seus ‘erros’ e ‘pecados’. Esta postura expressa, muitas vezes, a autoexclusão da pessoa que por
ser socializada com tais valores culturais, pode perceber-se como impura ou digna de
punição/castigo.”

Assim, podemos perceber que há até mesmo um sentimento de auto culpabilização por parte
dos PCDs pela exclusão que sofrem, e por isso acabam se excluindo mais ainda da sociedade,
por não se sentirem “dignos” de ocuparem o mesmo espaço de pessoas sem deficiência. O
documentário Crip Camp é interessante porque mostra como os jovens se sentiram incluídos
em Camp Jened, conseguindo deixar de lado por alguns instantes o peso que a rejeição social
traz a eles. Havia tanta inclusão que alguns jovens do acampamento até associaram-se a outros
movimentos sociais, como o dos negros e homossexuais, para a defesa dos direitos coletivos.
Judy Heumann, portadora de poliomielite que era uma das frequentadoras de Camp Jened, se
tornou uma figura pública pelos direitos dos PCDs. Em 1977, ela liderou cerca de 150 pessoas
na Ocupação 504, protesto que gerou mudanças nas leis de reabilitação nos Estados Unidos.

Heumann e os protestantes ocuparam o Departamento de Saúde, Educação e Bem-Estar de San


Francisco por 25 longos dias, até que fossem aprovadas leis pelos direitos iguais. Até mesmo o
grupo dos Panteras Negras auxiliaram para que os manifestantes pudessem ocupar o prédio
público por tanto tempo.

A motivação de Heumann e os outros jovens com deficiência para realizarem o protesto ffoi
principalmente uma lei não sancionada de 1974. Nesse ano, a Lei de Reabilitação, que regulava
os serviços para pessoas com deficiências graves, foi aprovada. A Seção 504 da lei afirmava
que nenhuma organização que recebesse recursos federais poderia discriminar alguém por
causa de uma deficiência. Mas só pôde ser implementada depois que o secretário de Saúde,
Educação e Bem-Estar Social dos EUA regulamentou sua aplicação. Como os legisladores
solicitaram estudos sobre o impacto da implementação da Seção 504 e propuseram novo texto
para as regulamentações a fim de deixá-las menos abrangentes, houve falta de decisão final por
três anos. Mesmo tendo sido nomeado um novo secretário de Saúde, Educação e Bem-Estar
Social, não havia sido feita a implementação da seção 504; isso apenas aconteceu após a
ocupação de 1977.

Duas semanas depois do início da ocupação, alguns manifestantes se reuniram com deputados
no Congresso, e conseguiram finalmente a regulamentação da seção 504 sem nenhuma
alteração em 28 de abril de 1977.

O documentário Crip Camp tem uma passagem interessante, que fala sobre a ativista PCD
Denise Scherer Jacobson, que frequentava o acampamento e possui Paralisia Cerebral. Em um
dia que sentia uma terrível dor abdominal, Denise foi encaminhada ao hospital e o médico
decidiu que seria feita uma cirurgia, pois o problema da jovem era apendicite. Mas então, ao
realizarem a cirurgia, foi constatado que o apêndice estava perfeitamente normal, e o médico
passou a considerar a hipótese de gonorreia. Denise conta que por um momento se sentiu
orgulhosa de si mesma, mas depois percebeu que a equipe médica apenas considerou que ela
não poderia ter uma vida sexual ativa por possuir deficiência. Se sentindo extremamente mal
pelo preconceito, a jovem voltou a estudar e realizou mestrado em sexualidade humana.

Com esse acontecimento, podemos ver um exemplo claro de como as pessoas PCD têm sua
individualidade ignorada muitas vezes, não tendo suas necessidades que vão além das básicas
sendo respeitadas. Necessidades estas que vão desde o lazer até mesmo o direito a ter uma vida
afetiva e sexual digna.

Entre os textos estudados na disciplina de Psicologia e Educação Inclusiva, está o artigo “Breve
História da Deficiência Intelectual”, de Francine Cristine Garghetti, José Gonçalves Medeiros
e Adriano Henrique Nuernberg. Nele, é abordado o fato de a deficiência intelectual ter sido
tratada por muito tempo como doença. É comentado que a deficiência intelectual,
principalmente Paralisia Cerebral, era confundida com doença mental e tratada de forma bruta,
retirando as pessoas com deficiência de suas comunidades de origem e mantendo-as isoladas
do resto da sociedade. Foi só a partir do século XIX que a Psicologia e a Pedagogia contribuíram
para as primeiras intervenções educacionais com PCDs, principalmente em países da Europa.
A partir de então, começou-se a perceber aos poucos que essas pessoas possuem potencialidades
e que devem ser inseridas na sociedade e não isoladas.

Porém, somente na década de 1960 foi “proposto um paradigma sustentado na integração das
pessoas com deficiência”. Começou a ganhar espaço o conceito de educação inclusiva nas
escolas, visando a adaptação dos alunos com deficiência no ensino regular. Porém, o problema
da exclusão perdurou por muito tempo (e perdura até hoje), pois a escola educava apenas o
aluno com deficiência que possuía condições de acompanhar as atividades, sem preocupação
com as necessidades individuais.

Até hoje as pessoas PCDs não são plenamente integradas na sociedade como deveriam, mas a
luta pela inclusão segue ativa. De toda forma, sabe-se que a deficiência intelectual não é um
transtorno médico nem mental, e também não é uma condição permanente.

Em suma, é importante que a luta pelo direito das pessoas com deficiência tenha visibilidade e
a comunidade se agregue, pois ainda há muito o que conquistar para que essas pessoas em
termos de dignidade de vida e integração no meio social.

REFERÊNCIAS

Microsoft Word - 06-Art_Reid10.docx (ufsc.br)

268364263.pdf (core.ac.uk)

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