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-aprofundamento
-extensão
Na dinâmica da integração dos saberes locais na sala de aula os professores seguem dois
métodos sugeridos no PCEB. Um diz respeito ao aprofundamento e o outro à extensão. O
primeiro método consiste em alargar os conteúdos definidos centralmente, incorporando novos
conteúdos (conteúdos locais) em forma de exemplo para facilitar aprendizagem. O segundo
consiste em fazer visitas de estudo organizadas pela escola aos locais de interesse histórico
para recolha de conteúdos culturais locais que poderão ser integrados em diferentes
disciplinas. Este último é difícil, pois, exige uma planificação e o conhecimento das épocas do
ano em que se realizam algumas cerimônias importantes na região. Embora seja difícil, o
método de extensão facilita uma articulação integrada e uma interdisciplinaridade.
Avaliando o processo de integração dos saberes locais conclui-se que os 20% do currículo
local são explorados apenas através dos exemplos. Os professores partem dos objectos locais
da vida quotidiana para introduzir os temas programados. Um exemplo prático, para
fundamentar a afirmação exposta acima, é a aula de Ciências Naturais, com o tema: a função
de diferentes tipos de alimentos, dada pela professora da 3a
Não se pretende afirmar categoricamente que os alunos aprenderam mais naquela aula, mas
pressupõe-se que estiveram mais em contacto com a realidade local. Pois, os alimentos
mostrados são conhecidos por eles e são de relevância para zona. Esta forma de integração não
é inteiramente nova, a escola já vinha fazendo, mas de forma não institucionalizada.
Para os professores de ofícios essa integração é muito facilitada porque obrigam aos alunos a
trazerem de casa o material a ser usado. E para introduzirem os temas de Tecelagem e Olaria,
da 2a a 7a classes, usam também exemplos concretos, como: peneiras, chapéus de palhas,
esteiras de fabrico local, panelas de barro e outros objectos. Partindo destes, ensinam como se
fazem cestos, pastas, bolsas de mulher, bordado, textura e tecidos. A utilização das técnicas de
entrelaçamento simples (usada para fazer tapetes), de enrolamento (usada para fazer chapéus)
e de tafetá 24 facilita apreensão de conteúdos nas aulas de Ofícios.
Uma aula de Ofícios assistida no Monapo-Sede, organizada por professor Zacarias M. mostrou
uma outra dinâmica. Este professor contratou uma oleira, Wamonela A., para ensinar às
crianças a fazerem panelas de barro. O método usado nessa aula foi tipicamente tradicional
enraizado na prática sob forma de aproximar a vida local dos alunos permitindo integrá-lo na
sua comunidade.
Para além desse método, descreve-se o procedimento que deveria se seguir para a integração
por extensão. A sua descrição obedece à propo sta do PCEB. Na integração por extensão
constariam os temas culturais, econômicos e políticos que não estão programados no currículo.
Ela visaria a realização de visitas de estudo aos locais importantes ou às cerimônias
planificadas na zona para explorar os saberes locais. Esta integração pressupõe, naturalmente,
uma planificação e o reajusto do calendário escolar com as actividades culturais da
comunidade. Os professores deveriam consultar o programa do ensino para observar se dentro
de uma unidade didáctica está definido algum conteúdo de aprendizagem local que exige uma
visita de estudo. Ou seja, se o programa das Ciências Sociais contempla um conteúdo que diz
respeito ao culto dos antepassados ou a cerimônia de pedido de chuvas como um conteúdo
cultural local. Se estiver previsto, reservar-se-ia uma aula para se discutir tal conteúdo com os
alunos e se não for previsto efectuar-se-ia uma visita de estudo ao local onde decorrerão as
cerimônias (pedido de chuva ou culto de antepassados). Os temas a serem tratados nesta
segunda forma de integração se caracterizariam pela sua transversalidade podendo perpassar a
grade curricular. Para a sua execução, sem entrar em conflito com o programa, a escola
disponibilizaria um dia lectivo por mês ou por trimestre, pois a abordagem dos conteúdos
locais é coberta por 20% do tempo previsto. Uma boa administração dos 20% corresponde a
um dia lectivo. Nas aulas normais introduzir-se-iam os saberes locais, mas reservando-se uma
6ª Feira para execução da visita de estudo com vista a aproximar mais a realidade do aluno.