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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR

PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO


ESTADO DE GOIÁS

LARISSA GONÇALVES CANINDE, brasileira,


menor impúbere, portadora da Carteira de Identidade de número 6291185, órgão
expedidor de número SSP/GO e inscrita no Ministério da Fazenda no Cadastro de
Pessoa Física sob o número 703.595.211-00, representada por sua genitora, LUCIANA
GONÇALVES DA CUNHA SILVA, brasileira, casada, do lar, portadora da Carteira
de Identidade de número 3272944– 3452042, órgão expedidor SSP/GO e inscrita no
Ministério da Fazenda no Cadastro de Pessoa Física, sob o número 958.183.081-20,
ambas residentes e domiciliadas na Rodovia GO 462, Km 12, Zona Rural, CEP: 75375-
000, Santo Antônio de Goiás – Goiás, vem respeitosamente à digna presença de Vossa
Excelência, por intermédio de sua Advogada devidamente constituída (procuração em
anexo), com escritório profissional situado na Avenida João Candido de Oliveira,
número 115, Cidade Jardim, CEP: 74423-115, Goiânia – Goiás, onde recebem as
comunicações judiciais de estilo, impetrar o presente

MANDADO DE SEGURANÇA REPRESSIVO – COM PEDIDO DE


LIMINAR

contra ato ilegal do Ilustríssimo Senhor Secretário Estadual da Fazenda do Estado de


Goiás. JOSÉ TAVEIRA ROCHA, que exerce suas funções no Secretaria de Estado da
Fazenda do Estado de Goiás, situado na Avenida Vereador José Monteiro, número
2233, Setor Vila Nova, CEP: 74.653-900, Goiânia - Goiás, onde deve ser citado, com
fulcro no art. 5º, LXIX e LXX da CF/88, na Lei nº 12.016/09 e nos demais dispositivos
legais aplicáveis à espécie, pelos fundamentos fáticos e jurídicos a seguir transcritos:

I- DOS FATOS
A Impetrante, atualmente representada por sua
Progenitora, devidamente identificada, é portadora de necessidades especiais,
apresentando deficiência em uma das pernas, resultante de uma cirurgia de separação de
gêmeas siamesas realizada em 1999, conforme documentos em anexo.
A Impetrante não dispõe de qualquer tipo de prótese que
facilite sua locomoção no desempenho de suas atividades cotidianas, demandando,
assim, a presença constante de sua Progenitora em sua rotina escolar, consultas médicas,
sessões de fisioterapia, entre outras atividades essenciais, conforme documentos em
anexo.
Em virtude das complicações decorrentes de sua limitação
física, a Impetrante, atualmente representada por sua Progenitora, efetuou a aquisição de
um veículo zero-quilômetro da marca/modelo RENAULT/DUSTER em seu nome, de
acordo com os documentos em anexo. O veículo adquirido pela Impetrante é conduzido
por seus Progenitores, uma vez que a Requerente não possui os requisitos necessários
para operá-lo, seja devido à sua restrição física decorrente da cirurgia ou por ser menor
de idade, conforme documentos em anexo.
Devido à condição de portadora de necessidades especiais,
a Impetrante solicitou a isenção legal dos seguintes benefícios fiscais: ICMS, IPI e
IPVA, conforme documentos em anexo.
A Impetrante, representada por sua Progenitora, obteve
êxito apenas na concessão dos benefícios relativos aos impostos ICMS e IPI, conforme
documentos em anexo. Ao buscar a isenção do imposto IPVA junto à Secretaria de
Estado da Fazenda do Estado de Goiás, a Impetrante teve seu pedido indeferido pelo
Impetrado em 26 de março de 2014, por meio da Ouvidoria da Fazenda, que alegou, de
forma equivocada, que a Requerente não seria a condutora do veículo, citando uma
suposta proibição da legislação estadual de conceder o benefício a portadores não
condutores, conforme evidenciado nos documentos de solicitação e recusa em anexo.
A Impetrante não exerce a função de condutora do veículo
devido às suas limitações físicas e por ser menor de idade, impossibilitando-a de
conduzir o automóvel utilizado para atender às suas necessidades diárias, conforme
documentação em anexo. A cuidadora da Impetrante, sua Progenitora, é responsável por
auxiliar a Requerente em sua rotina diária e assume a condução do veículo na maior
parte do tempo, conforme documentos em anexo.
A Impetrante enfrentaria significativos prejuízos se
dependesse do transporte público ou de serviços de saúde para sua locomoção essencial
no prosseguimento do tratamento, tornando a aquisição do veículo uma necessidade
premente para aprimorar sua qualidade de vida e facilitar sua mobilidade, conforme
documentação em anexo.
Diante da evidente violação do direito líquido e certo da
Impetrante, esta se viu compelida a impetrar o presente mandado de segurança,
buscando que Vossa Excelência conceda a segurança almejada pela Requerente, em
conformidade com os termos legais.
II-DA TEMPESTIVIDADE

Conforme mencionado na exposição dos fatos, o


Impetrante teve conhecimento claro do ato ilegal do Impetrado por meio do Portal da
Ouvidoria da Secretaria de Estado da Fazenda do Estado de Goiás, que indeferiu o
requerimento da Requerente, ocorrido em 26/03/2014.

No que diz respeito ao prazo para impetrar o mandado de


segurança, observemos o que determina o art. 23 da Lei nº 12.016/09:

Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-


se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência,
pelo interessado, do ato impugnado.

Dessa forma, considerando que ainda não transcorreram os


cento e vinte dias legalmente estabelecidos para impetrar o mandado de segurança, está
inequivocamente evidenciado nos autos que a presente demanda é totalmente oportuna,
razão pela qual a mesma deve ser devidamente processada e julgada, conforme
solicitado.

III- DO CABIMENTO DO PRESENTE MANDADO DE


SEGURANÇA

Conforme mencionado anteriormente, o atual mandado de


segurança repressivo visa impugnar ato ilegal praticado pelo Eminente Secretário da
Fazenda do Estado de Goiás.
Não obstante, o art. 5º, LXIX, da Constituição da
República Federativa do Brasil, determina que "será concedido mandado de segurança
para proteger direito líquido e certo, não amparado por 'habeas-corpus' ou 'habeas-data',
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
No mesmo contexto, o texto legal estabelecido pelo art. 1º
da Lei nº 12.096 de 2009 assegura que:

será concedido mandado de segurança para proteger direito


líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer
pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio
de sofrê-la por parte de autoridade

Diante disso, restou claramente demonstrada a


admissibilidade do presente mandamus, motivo pelo qual solicita o devido
processamento e julgamento do feito.
IV- DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

O ato ilegal da autoridade coatora foi o indeferimento do


pedido de isenção do imposto IPVA concedidos aos portadores de deficiência física,
visual, mental ou autista, requerido pela Impetrante, ato coator este que é verdadeira
afronta ao que determina a legislação vigente aplicável à espécie:

Sobre o tema, dispõe o Código Tributário Estadual:

“Art. 94. É isenta do IPVA a propriedade de veículos:

IV - fabricados especialmente para uso de deficientes


físicos, ou para tal finalidade adaptados.”

No mesmo sentido estabelece o art. 401, inciso IV, do


Decreto nº 4.852/97, que regulamenta o Código Tributário Estadual, senão vejamos:

“Art. 401. É isenta do IPVA a propriedade dos seguintes


veículos:

IV – fabricado especialmente para uso de deficiente físico


ou para tal finalidade adaptado, limitada a isenção a 1
veículo por proprietário, devedor fiduciário ou
arrendatário.

E para que não haja dúvidas quanto ao direito ora


invocado, vejamos o que vem decidindo este Egrégio Tribunal de Justiça:
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA.
BENEFÍCIO FISCAL. ISENÇÃO DE ICMS E IPVA.
DEFICIENTE FÍSICO. VEÍCULO AUTOMOTOR
DIRIGIDO POR TERCEIRO. POSSIBILIDADE. 1. Para
a concessão do benefício fiscal é irrelevante o fato de que
o portador de deficiência física não seja o condutor do
veículo. 2. Numa interpretação sistemática das normas
constitucionais de proteção e integração social dos
portadores de deficiência e da legislação tributária, é
preciso admitir a ampliação do alcance da isenção do
pagamento de IPVA incidente sobre a aquisição de veículo
automotor destinado ao uso do portador de deficiência a
ser dirigido por terceiro, desde que o bem não ultrapasse o
limite de R$ 70.000,00 (setenta mil reais). SEGURANÇA
CONCEDIDA. (TJGO, MANDADO DE SEGURANCA
258843-94.2013.8.09.0000, Rel. DES. NORIVAL
SANTOME, 6A CAMARA CIVEL, julgado em
01/10/2013, DJe 1406 de 11/10/2013).

Note Sábio Desembargador, que o ato ilegal do Impetrado


é clara afronta aos dispositivos legais anteriormente mencionados, o que não se pode
tolerar.

Ante o exposto, outra decisão não seria mais acertada do


que a concessão da segurança ora pleiteada, o que se requer desde logo, como medida
de inteira justiça.

DO PEDIDO LIMINAR
Conforme estabelece o art. 7º, III da Lei 12.016/09, ao
despachar a inicial, o juiz ordenará que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido,
quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da
medida, caso seja finalmente deferida.

Diante do exposto, vê-se que o fundamento da presente


impetração é extremamente relevante, encontrando amparo legal no texto da
Constituição Federal, fato este que já é um claro sinal de bom direito, caracterizando de
maneira inequívoca a presença do fumus boni iuris.

De igual modo, há risco na demora da prestação


jurisdicional. Observa-se que do ato impugnado pode resultar a ineficácia da medida,
caso seja deferida somente ao final, pois, se não for deferida a medida liminar, a
Impetrante será impedida de obter o certificado de registro do veículo adquirido para
seu transporte, o que lhe prejudicaria por demais, haja vista que tal veículo é utilizado
para levar a Requerente para a escola, para a realização de tratamento médico, dentre
outras atividades fundamentais, fato este que, sem nenhuma dúvida, caracteriza o
periculum in mora.

Assim, presentes os requisitos legais para a concessão da


segurança ora pleiteada em caráter liminar, requer a V. Exa. que, LIMINARMENTE,
assegure ao Impetrante o direito de obter a isenção do IPVA do veículo adquirido, nos
termos legais.

DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, com fulcro nos fundamentos fáticos e
jurídicos anteriormente expostos, o Impetrante requer:

a) Seja concedida, LIMINAR inaudita altera pars, para determinar


a isenção do IPVA à Impetrante, em relação ao veículo marca/modelo
RENAULT/DUSTER já qualificado nesta exordial, sob pena de
imposição de multa diária e prisão por crime de desobediência à
ordem judicial;

b) Seja notificada a autoridade coatora a fim de que, no prazo de 10


(dez) dias, preste as informações que entender necessárias;

c) Requer ainda, a intimação do Ilustre Representante do Ministério


Público, a fim de que se manifeste nos atos e termos do
presente mandamus;

d) Sejam concedidos os benefícios da assistência judiciária gratuita à


Impetrante, na medida em que a mesma não tem condições de acorrer
ao judiciário sem o comprometimento do sustento próprio e o de sua
família, como se prova na declaração de insuficiência financeira
anexa, nos termos do art. 5°, LXXIV da CF/88 e da Lei n° 1.060/50;

e) Ao final, prestadas ou não as informações, sejam os presentes


pedidos julgados procedentes, e, ao final seja concedida em definitivo
a segurança e mantida a decisão liminar anteriormente pleiteada, com
a consequente condenação do Impetrado aos ônus processuais
cabíveis.
DAS PROVAS

As provas a serem produzidas são documentais, as quais


seguem anexas, e as demais provas em direito admitidas, nos termos legais.

Dá-se à presente causa, o valor de R$ 100,00 (CEM


REAIS), nos termos legalmente estabelecidos.

Nestes termos,

Pede e Espera deferimento.

Goiânia (GO), 03 de Abril de 2014.


SARA MARIA RAMOS YERXA PINHEIRO
(OAB – GO XXXXX)

JOICE ROSA FLORES


(OAB – GO XXXXX)

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