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Centro Universitário Leonardo da Vinci

Curso Bacharelado em Serviço Social

MARIA DO SOCORRO SOARES DA SILVA

(TURMA SES0735)

O SERVIÇO SOCIAL E A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES


ESPECIAIS NO AMBIENTE ESCOLAR: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

SÃO GONÇALO DO AMARANTE-CEARÁ


2022
MARIA DO SOCORRO SOARES DA SILVA

O SERVIÇO SOCIAL E A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS


NO AMBIENTE ESCOLAR: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


disciplina de TCC – do Curso de Serviço Social – do
Centro Universitário Leonardo da Vinci –
UNIASSELVI, como exigência parcial para a
obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Nome do Tutor – Orientador Local


Antônia Cecília Rodrigues de Abreu

SÃO GONÇALO DO AMARANTE-CEARÁ


2022
O SERVIÇO SOCIAL E A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS
NO AMBIENTE ESCOLAR

MARIA DO SOCORRO SOARES DA SILVA

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado do grau de


Bacharel em Serviço Social, sendo-lhe atribuída à
nota “______” (_____________________________),
pela banca examinadora formada por:

___________________________________________
Presidente: Prof. Antônia Cecília Rodrigues De Abreu – Orientador Local

____________________________________________
Membro: XXXXXXXXXXXXX - Supervisor de Campo

____________________________________________
Membro: XXXXXXXXXXXXX - Profissional da área

SÃO GONÇALO DO AMARANTE-CEARÁ


Data da Realização da Banca
DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a Deus, autor e consumador da minha fé, que me presenteia todos
os dias com sua presença, que me concede forças e coragem para atingir meus objetivos. A
Ele, toda honra e toda glória.
AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.


A minha orientadora Cecília Abreu, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pela
sua orientação e incentivos.
E a todos que diretamente ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu
muito obrigada.
“Educação não transforma o mundo. Educação muda as
pessoas. Pessoas mudam o mundo”.
(Paulo Freire)
RESUMO
O presente trabalho busca discutir acerca do processo de inclusão de alunos com necessidades
educacionais especiais, proporcionando aos profissionais da educação, uma reflexão sobre a
inclusão escolar. O objetivo geral do estudo delimitou-se em analisar a metodologia aplicada
com o objetivo de incluir alunos com necessidades educacionais especiais no ensino regular.
E assim, os objetivos específicos delimitaram-se em: refletir sobre como fazer a inclusão de
alunos com necessidades especiais nas salas de aula de ensino básico; identificar os avanços e
dificuldades de realizar na prática, a inclusão escolar e analisar as políticas de inclusão e a
relação com a formação de professores. A metodologia aplicada se deu através de uma
abordagem qualitativa, visando que é a que melhor se encaixa nesse tipo de estudo. Além
disso, houve uma pesquisa bibliográfica, que foi realizada entre os meses de setembro a
novembro de 2021. A coleta de dados se deu através de livros, trabalhos e artigos publicados
em revistas disponíveis na Internet. Quanto aos resultados obtidos, observou-se que o
Assistente Social se faz de bastante importância Política de Educação, pois o profissional atua
como um mediador nas relações de aluno, escola, família e sociedade. Além disso, também
foi possível compreender que se faz necessário que os profissionais que atuam com alunos
com necessidades especiais se qualifiquem continuamente, pois estes alunos precisam de mais
cuidados e atenção, principalmente quando se trata da inclusão social, para que estes
consigam participar das atividades e se sentirem incluídos como os demais estudantes. Logo,
conclui-se que o Atendimento Educacional Especializado tem sido uma ferramenta
fundamental no processo de ensino-aprendizagem de alunos com necessidades educacionais
especiais e assim reduzindo a exclusão social de estudantes com necessidades especiais.

Palavras-chave: Educação Inclusiva. Inclusão Escolar. Necessidades Educacionais Especiais.


Serviço Social.
ABSTRACT
This work seeks to discuss the process of inclusion of students with special educational needs,
providing education professionals with a reflection on school inclusion. The general objective
of the study was delimited in the analysis of the methodology applied in order to include
students with special educational needs in regular education. And so, the specific objectives
were limited to: reflecting on how to include students with special needs in basic education
classrooms; identify the advances and difficulties in realizing school inclusion in practice and
analyze how inclusion policies and the relationship with teacher education. The methodology
applied was through a qualitative approach, which is the best fit for this type of study. In
addition, there was a bibliographic research, which was carried out between the months of
September and November 2021. Data collection took place through books, works and articles
published in journals available on the Internet. As for the results obtained, it is observed that
the Social Worker is of great importance in Education Policy, as the professional acts as a
mediator in the relationships of students, school, family and society. In addition, it was also
possible to understand that it is necessary for professionals who work with students with
special needs to continually qualify, as these students need more care and attention, especially
when it comes to social inclusion, so that they can participate in the activities and feel
included like other students. Therefore, it can be concluded that the Specialized Educational
Service has been a fundamental tool in the teaching-learning process of students with special
educational needs, thus excluding the social exclusion of students with special needs.

Keywords: Inclusive Education. School inclusion. Special Educational Needs. Social Service.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 10

2 PROBLEMATIZAÇÃO E RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL .......................... 11

3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 17

4 OBJETIVOS ......................................................................................................................... 18

5 METODOLOGIA ................................................................................................................ 19

6 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 20

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 37

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 39
10

1 INTRODUÇÃO

No presente trabalho apresentamos a questão da inclusão de alunos com necessidades


especiais no âmbito escolar, sendo assim, busca-se nesse estudo discutir sobre o processo de
inclusão, iniciando já na educação infantil. Essa pesquisa também discute acerca do processo
de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, proporcionando aos
profissionais da educação, uma reflexão sobre a inclusão escolar. Através de estudos e
discussões sobre o assunto, procuramos abordar uma visão geral da educação especial e
inclusiva.
Considerando que os fundamentos teóricos-metodológicos da Educação Inclusiva se
baseiam na concepção de uma educação de qualidade para todos e no respeito à diversidade,
se faz necessário uma participação mais aprofundada, investindo na qualificação dos
professores e demais profissionais da educação para a obtenção de melhores resultados,
visando o atendimento das necessidades educativas de todos os alunos, com ou sem
deficiências. É um grande desafio fazer com que a inclusão propriamente dita ocorra, porém é
necessário garantir o avanço na aprendizagem, bem como, o desenvolvimento integral do
indivíduo com ou sem necessidades especiais.
Diante do exposto, o objetivo geral do estudo delimitou-se em Analisar a metodologia
aplicada com o objetivo de incluir alunos com necessidades educacionais especiais no ensino
regular. E assim, os objetivos específicos delimitaram-se em: refletir sobre como fazer a
inclusão de alunos com necessidades especiais nas salas de aula de ensino básico; identificar
os avanços e dificuldades de realizar na prática, a inclusão escolar e analisar as políticas de
inclusão e a relação com a formação de professores.
Quanto a metodologia do estudo, considera-se que houve uma abordagem qualitativa.
Quanto ao tipo de pesquisa, houve uma pesquisa bibliográfica, que foi realizada entre os
meses de setembro a novembro de 2021. A coleta de dados se deu através de livros, trabalhos
e artigos publicados em revistas disponíveis na Internet.
Quanto aos aspectos éticos da pesquisa, garante-se que todos os dados coletados foram
manuseados cautelosamente e que estão devidamente sem incidências de plágio. A seguir
evidencia acerca da Problematização do tema e a relação com a Questão Social.
11

2 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA E RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL

A escola pode ser considerada como uma das principais instituições sociais, onde esta
é desafiada continuamente em apresentar o conhecimento que é trabalhado no contexto
educacional com o contexto social do aluno, ou seja, as questões sociais. No entanto, se torna
imprescindível que a escola conheça a realidade social dos alunos, encurtando a distância que
a separa do âmbito familiar.
A escola também pode desempenhar um papel político, onde pode desenvolver o
senso crítico do aluno, de acordo com a realidade que ele se encontra inserido na sociedade,
entendendo a realidade cultura, social e econômica do aluno e propiciar a interação familiar
no processo sócio pedagógico educacional.
No entanto, introduzir o Serviço Social na educação, contribui com ações que
transformem a educação com práticas de formação da cidadania, emancipação dos sujeitos
sociais e inclusão social, com oportunidade de orientar o indivíduo que se torne consciente de
empoderamento da sua própria história.
Amaro (1997) reflete que Educadores e Assistentes Sociais compartilham desafios
semelhantes, e tem na escola como ponto de encontro para enfrentá-los. Tem-se a necessidade
de fazer algo em torno dos problemas sociais que repercutem e implicam de forma negativa
no desempenho do aluno e leva o educador pedagógico a recorrer ao Assistente Social.
É extremamente importante frisar, que a inserção do Serviço social na educação por si
só não resolve conflitos existentes e nem substitui profissionais da educação. Sua participação
é útil no sentido interdisciplinar, e serve para subsidiar os demais autores escolares no
enfrentamento de questões sociais sobre as quais, geralmente a escola não sabe de que
maneira agir e intervir.
O Serviço Social é uma profissão que trabalha no sentido educativo de revolucionar
consciências, de proporcionar novas discussões, de trabalhar as relações interpessoais e
grupais. Assim, a intervenção do assistente social é uma atividade veiculadora de
informações, trabalhando em consciências, com a linguagem que é a relação social
(MARTINELLI, 1998), que estando frente às mudanças sociais, pode desenvolver um
trabalho de articulação e operacionalização, de interação de equipe, de busca de estratégias de
proposição e intervenção, resgatando-se a visão de integralidade e coletividade humana e o
real sentido da apreensão e participação do saber, do conhecimento. Desta forma, pode-se
afirmar:
O campo educacional torna-se para o assistente social hoje não apenas um futuro
campo de trabalho, mas sim um componente concreto do seu trabalho em diferentes
12

áreas de atuação que precisa ser desvelado, visto que encerra a possibilidade de uma
ampliação teórica, política, instrumental da sua própria atuação profissional e de sua
vinculação às lutas sociais que expressam na esfera da cultura e do trabalho, centrais
nesta passagem de milênio (ALMEIDA, 2000, p.74).

No entanto, a contribuição do Assistente Social se dá também atuando em equipes


interdisciplinares, nas áreas das quais, os diferentes saberes, aliado a diferentes formações
profissionais possibilitam cooperação e uma visão ampla em volta das questões sociais.
Então, o Assistente Social pode propor ideias efetivas e resgatar a integridade do indivíduo.
Além disso, para Amaro (1997), a interdisciplinaridade, no contexto escolar,
representa estágios de superação do pensar fragmentado e disciplinar, resultando-se na ideia
de complementaridade recíproca entre as áreas e seus respectivos saberes. Ademais, entende-
se que é na escola, no dia-a-dia dos alunos e familiares, que se originam as expressões das
questões sociais, como fome, desemprego, problemas de saúde, habitação inadequada,
trabalho-infantil, drogas, pedofilia, baixa-renda, desnutrição, extrema pobreza, abandono,
violência doméstica, negligencia, problemas familiares, desigualdade e exclusão social, etc.
Logo, o que justifica a inserção do Assistente Social na educação são as demandas
emergentes das questões sociais, que entra nessa área com a intenção de atender tais
demandas. Neste sentido, Iamamoto (1998, p. 75) afirma:

O desafio é redescobrir alternativas e possibilidades para o trabalho profissional no


cenário atual; traçar horizontes para a formulação de propostas que façam frente à
questão social e que sejam solidárias com o modo de vida daqueles que a vivenciam,
não só como vítimas, mas como sujeitos que lutam pela preservação e conquista da
sua vida, da sua humanidade. Essa discussão é parte dos rumos perseguidos pelo
trabalho profissional contemporâneo.

Nesse sentido, faz-se importante indagar a respeito do que se trata a Questão Social,
onde na visão de Iamamoto (1998, p. 27):
A Questão Social é apreendida como um conjunto das expressões das desigualdades
da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção social é cada
vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a
apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da
sociedade.

Ademais, Iamamoto (2000, p. 114) também afirma que:


A questão social é expressão do processo de produção e reprodução da vida social
na sociedade burguesa, da totalidade histórica concreta. A perspectiva de análise da
questão social aqui assumida recusa quaisquer reducionismos econômicos, políticos
ou ideológicos. Ao contrário, o esforço orienta-se no sentido de captar as dimensões
econômicas, políticas e ideológicas dos fenômenos que expressam a questão social,
resguardando a fidelidade à história

Além disso, Guerra et al., (2007, p. 252) afirma quanto à Questão Social que:
Cabe observar que entendemos “questão social” não como uma categoria no sentido
marxiano do termo, qual seja, como modo de ser, determinação de existência, mas
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como um termo, uma expressão que mais esconde do que permite elucidar seu
conteúdo concreto como expressão da luta de classe, de resistência e organização
dos trabalhadores.

Nesse contexto, observa-se que existem diversos conceitos para o que se trata a
Questão Social, entretanto, nota-se que comumente é associada com o avanço do capitalismo.
Assim, segundo Iamamoto (1998) o Assistente Social exerce funções educativo-
organizativas sobre as classes trabalhadoras. E, não poderia ser diferente, na escola, pois seu
trabalho se insere sobre o modo de viver da comunidade educacional, a partir de situações
vivenciadas em seu cotidiano, justamente pelo seu trabalho diretamente com ideologia.
No livro “O Serviço Social na Educação”, elaborado pelo Conselho Federal de Serviço
Social - CFESS (2001), encontram-se dados estatísticos, os quais revelam que cerca de 36
milhões de pessoas vivem nas cidades abaixo da linha de pobreza absoluta, e que o nosso país
ocupa o último lugar nos relatórios da ONU, o qual enfoca a questão social. Tudo isso,
consequentemente, se reflete em uma quantia de aproximadamente 60% de alunos, que em
determinadas regiões do Brasil, iniciam seus estudos e não chegam a concluir a 8ª série do
ensino fundamental (CFESS, 2001).
Com o intuito de incluir aqueles que se encontram em exclusão social, a escola
incentiva aos alunos a participarem da sociedade em que vivem. A escola, sendo instituição
social, deve estar atenta para as manifestações da exclusão social incluindo violência,
discriminações, de gêneros, etnia, sexo, classe social, física e mental, reprovações, evasão
escolar e etc. É nessa questão que origina a falha escolar, pois ela deve estar atenta a realidade
social do aluno. Nesse contexto, observa-se que a exclusão social perpassa as questões éticas
e culturais, quando comparados à pobreza, conforme as considerações de Sposati (1999).
Segundo Almeida (2000), as demandas provenientes do setor educacional, no que se
refere a sua ação ou ao fazer profissional do Serviço Social, recaem em diversas situações.
Tem-se assim necessidade do trabalho com crianças e adolescentes, através de projetos como
o Apoio Socioeducativo em Meio Aberto - ASEMA, como prevê o Estatuto da Criança e do
Adolescente – ECA (BRASIL, 1990).
Inclui-se, também neste contexto a importância na participação das famílias, por meio
do desenvolvimento de ações, como trabalho de grupo e, muitas vezes, com os próprios
professores da Unidade de Ensino, podendo ainda promover reuniões interdisciplinares para
decisões e conhecimento a respeito de determinadas problemáticas enfrentadas pela
comunidade escolar. Isso tudo, sem deixar de lado a ação junto ao campo educacional,
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mediada pelos programas e ações assistenciais que tem marcado o trabalho dos profissionais
do Serviço Social.
Além disso, conforme o CFESS (2001) relata, existem problemas sociais a serem
combatidos pelo assistente social na área da educação, dentre os quais, pode-se destacar a
evasão escolar, desinteresse pelo aprendizado, problemas com disciplinas, vulnerabilidade ao
uso de drogas etc. Assim, se faz necessário visualizar os objetivos da prática profissional do
Serviço Social no setor educacional, para evitar que esses problemas sociais sejam
recorrentes, e assim, Martins (1999, p. 60) pontua que:

- Contribuir para o ingresso, regresso, permanência e sucesso da criança e


adolescente na escola;
- Favorecer a relação família-escola-comunidade ampliando o espaço de
participação destas na escola, incluindo a mesma no processo educativo;
- Ampliar a visão social dos sujeitos envolvidos com a educação, decodificando as
questões sociais;
- Proporcionar articulação entre educação e as demais políticas sociais e
organizações do terceiro setor, estabelecendo parcerias, facilitando o acesso da
comunidade escolar aos seus direitos.

Assim, é importante que o Assistente Social quando atua na política de educação saiba
introduzir programas visando a prevenção dos conflitos do meio social. Ademais, na
educação, o profissional deve promover o encontro e mediar as relações existentes do aluno,
escola, família e sociedade.
Além disso, o Assistente Social na educação deverá proporcionar ações e não apenas
sanar problemas, e assim, deverá prever os problemas e se antecipar a eles, compreendendo
que a política social de educação necessariamente deve garantir os direitos sociais, podendo
aumentar o conceito educacional na sociedade atualmente. Assim, a contribuição do Serviço
social no âmbito educacional se dá nas seguintes atribuições, conforme pontua Martins (1999,
p. 70)
-Melhorar a convivência entre escola, família e aluno;
-Beneficiar a abertura de canais nos processos decisórios da escola;
-Favorecer o aprendizado do processo democrático;
-Incentivar as ações coletivas;
-Efetuar pesquisas para analisar a realidade social dos alunos;
-Contribuir com a formação profissional de novos assistentes sociais,
disponibilizando campo de estágio adequado às novas exigências do perfil
profissional (MARTINS, 1999, p.70).

Nesse viés, observa-se que o Assistente Social que atua na educação se mostra com o
poder de contribuir com as questões sociais que são vivenciadas no dia-a-dia da instituição
escolar – professores, pais e alunos, e assim podem contribuir através de orientações, projetos,
visitas domiciliares, encaminhamentos e informações de cunho educativo, que possibilitem
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cidadania e ações voltadas para a sociedade. Entretanto, compreende-se que para alcançar o
aluno de forma eficiente, é importante participar do âmbito familiar com ações
socioeducativas e de cidadania (SILVA, s.d.)
Um outro ponto relevante para discutir, volta-se para a inclusão de alunos com
deficiência nas escolas de ensino regular, assim sendo uma obrigação ética do Estado em
promover assistência aos cidadãos. Entretanto, esse processo de criação de políticas públicas
direcionadas aos alunos com deficiência, implica no enfrentamento de algumas barreiras,
tornando-se necessário pensar em algumas estratégias para o desenvolvimento destas,
considerando os avanços alcançados, porém não se limitando a eles.
Na atualidade houve uma reformulação do pensamento a respeito das necessidades
educacionais dos alunos, visto como era de direitos. Com o rompimento da ideia de exclusão,
foi criada a política de inclusão que tem estado em evidência no Brasil. Hoje, a lei vigente em
nosso país estabelece que o atendimento dos alunos com deficiência, seja preferencialmente
em classes comuns da escola como explicita a Lei 9,394/96, a qual estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional (BRASIL, 1996).
A Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
orienta o sistema de ensino a se transformar em sistema educacional inclusivo, em sintonia
com os princípios da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
da Organização das Nações Unidas - ONU. De acordo com a referida convenção, a inclusão
educacional das pessoas com deficiência é assegurada em todos os níveis de escolaridade
(BRASIL, 2008).
A Política Nacional da Educação Especial define as funções do atendimento
educacional especializado-AEE especificando que o atendimento educacional especializado
tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade
que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas
necessidades específicas (BRASIL, 2020).
A oferta desse atendimento é obrigatória para auxílio ao desenvolvimento dos alunos
com deficiência, constituindo assim o seu direito, cabendo à escola deixar claro e orientar os
familiares quanto à importância do atendimento. Nesse sentido, o Decreto n º 6.571/08 dispõe
sobre o atendimento educacional especializado.
Nessa perspectiva, percebe-se avanços quanto às legislações para pessoas com
deficiência em nosso País, porém é certo informar que essas conquistas não são apena
advindas de interesses dos nossos governantes, mas da mobilização civil em prol da clientela
educacional. Dessa forma, a intervenção do serviço social no Centro de Apoio
16

Psicopedagógico da Educação Inclusiva se efetiva através do enfrentamento das múltiplas


expressões da questão social, tanto dos usuários como em toda a equipe de trabalho.
Portanto, a pesquisa tenta responder as seguintes indagações: Será que as escolas estão
preparadas para práticas desafiadoras que contribuam para a inclusão de crianças com
necessidades especiais? O que é inclusão? Será que se deve iniciar a inclusão já na educação
infantil?
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3 JUSTIFICATIVA

A escolha do tema foi pautada na necessidade de um olhar mais cuidadoso para o


ensino aplicado nas salas de aula de ensino regular das escolas do nosso país e justifica-se
pela importância e preocupação com o desenvolvimento social e educacional dos alunos, para
que não sejam somente matriculados mas inseridos e incluídos no ambiente escolar, levando
em consideração a diversidade e construção de uma educação inclusiva, pois as escolas
estariam presas a conceitos que necessitam mudanças, uma vez que os professores necessitam
capacitação, uma formação especializada para trabalhar com as diferenças e a inclusão de
crianças com necessidades especiais a fim de melhor atendê-las.
Além disso, um outro fator que influenciou a escolha pelo tema, foi pelo fato de atuar
há mais de 10 anos na educação, mais especificamente, com o público infantil. Assim, durante
o tempo de atuação, diversas vezes era possível identificar que as crianças com necessidades
especiais apenas frequentavam o ambiente escolar, mas não fortaleciam laços com os colegas
de classe, não eram incluídos em atividades etc.
Por esse viés, visualizando este fato, a escolha por essa temática se faz de bastante
relevância, pois, sabe-se que não adianta apenas frequentar a sala de aula, mas sim se faz
essencial, participar, fortalecer vínculos, para que assim, possam se sentir acolhidos.
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4 OBJETIVOS

4.1 Objetivo Geral

Analisar a metodologia aplicada com o objetivo de incluir alunos com necessidades


educacionais especiais no ensino regular.

4.2 Objetivos Específicos

4.2.1 Refletir sobre como fazer a inclusão de alunos com necessidades especiais nas salas de
aula de ensino básico.

4.2.2 Identificar os avanços e dificuldades de realizar na prática, a inclusão escolar

4.3.3 Analisar as políticas de inclusão e a relação com a formação de professores.


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5 METODOLOGIA

Para a realização desse trabalho foi utilizada uma abordagem qualitativa pois é a
melhor técnica para esse tipo de pesquisa.Conforme afirma Minayo (2000) a abordagem
qualitativa trabalha com múltiplos significados e em uma realidade que não pode ser
quantificada.
Além disso, foi utilizada uma pesquisa bibliográfica, pautada em descritivo e
aprofundamento dos estudos analisados. Assim, Gil (2002) afirma que a pesquisa
bibliográfica é uma pesquisa baseada em publicações pré-existentes em livros e artigos
científicos. Esse tipo de estudo possibilita o aumento do conhecimento e melhor interação dos
alunos com deficiência, bem como a busca de estratégias e capacitação por partes dos
profissionais da educação para contribuição com respostas ao problema apresentado.
Sendo assim, foram realizadas pesquisas em livros de alguns renomados autores sobre
o assunto em discussão, além de pesquisas em sites na internet, bem como estudo de materiais
já publicados como artigos e revistas especializadas sobre o assunto. Segundo Gil (2007,
p.17) pesquisa é definida como:
(...) procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar
respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa desenvolve-se por um
processo constituídos de várias fases, desde a formulação do problema até a
apresentação e discussão dos resultados (GIL, 2007, p. 17).

A pesquisa bibliográfica foi realizada entre os meses de setembro a novembro de


2021, através de livros, trabalhos e artigos publicados em revistas.
Quanto aos aspectos éticos, garante-se que todos os dados coletados estão
referenciados e citando os referidos autores, assim, evitando o plágio. A seguir será
apresentado o capítulo de revisão bibliográfica.
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6 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O tema escolhido para esse trabalho foi a inclusão escolar de alunos com necessidades
especiais iniciando já na educação infantil. É dever da escola ofertar acessibilidade e inclusão
a estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação, matriculados na rede de ensino regular, assegurando-lhes o direito
de compartilharem os espaços comuns de aprendizagem, por meio da acessibilidade ao
ambiente físico, aos recursos didáticos e pedagógicos e às comunicações e informações.
Para que realmente a educação inclusiva aconteça na prática, faz-se necessário uma
reestruturação geral, visto que a escola deverá tornar-se aberta à criação de novas
possibilidades de conhecimento (MANTOAN, 2003).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB, representada pela Lei 9.394/96
recomenda que crianças com necessidades especiais sejam matriculadas na rede regular de
ensino. A Educação Especial tem o amparo da Lei 9.394,20 de dezembro de 1996 em seu
capítulo V da educação especial, art.58 (BRASIL, 1996).
No Brasil, o Ministério de Educação divulga o Plano Decenal de Educação Para Todos
para o período de 1993 a 2003, onde foi elaborado um cumprimento às resoluções da
Conferência. Além disso, o Brasil é também signatário, de um tratado de declaração
internacional que selou o compromisso de garantir acesso à educação inclusiva, até 2020.

6.1 Inclusão

Ouve-se com frequência falar de inclusão. Afinal, o que significa incluir? Incluir
significa inserir algo em algum lugar. Consiste em um processo de inserção. Desta forma,
nesse contexto faz menção a inserir, incluir pessoas em algum lugar. Desse modo podemos
considerar o lugar onde se aprende formalmente a ler e escrever, ou seja, a escola.
Para compreender a educação inclusiva, faz-se necessário, primeiro, entender o que é
inclusão. Nesse contexto faz-se menção a inclusão social e escolar de crianças com
necessidades especiais. No ensino básico. Desse modo, podemos falar da escola, lugar onde se
aprende formalmente a ler e a escrever.
No entanto, em pleno século XXI, ainda se questiona se nas escolas já superaram as
metodologias e práticas vivenciadas interiormente na educação tudo indica que ainda a
despeito de apregoar mudanças, a escola ainda continua ressaltando determinada resistência
21

em ter que em não priorizar uma prática que como uma linguagem mais abrangente alcançaria
resultados que oportunizassem o processo de ensino e aprendizagem. Respaldamos essa visão
de inclusão de crianças nas palavras de Mittler (2000, p. 252).
Incluir é integrar, abranger a todos, sem exceção. Uma educação inclusiva integra os
alunos com necessidades especiais, em escolas regulares, por meio de uma abordagem
humanística. Essa visão entende que cada aluno tem suas particularidades e que elas devem
ser consideradas como diversidade e não como problema. Portanto, os alunos com
necessidades educacionais especiais (NEE) fazem parte da rotina das escolas. Inclusive, é
considerado crime não os aceitar ou mesmo atendê-los em uma sala de aula ou escola
separada. Assim, “Incluir, trata-se de trazer o indivíduo para o convívio em grupo, de forma
participativa”, conforme afirma o Centro Nacional de Reestruturação e Inclusão Educacional
(1994) apud Sasaki (1999).
Assim, Mitler (2000. p. 25) afirma que:
(...) no campo da educação, a inclusão envolve um processo de reforma e
reestruturação das escolas como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os
alunos possam ter acesso as camas de oportunidades educacionais e sociais
oferecidas pela escola (MITTLER, 2000, p.25).

Nesse viés, observa-se principalmente, que a inclusão é essencial nas relações sociais,
principalmente, em âmbito escolar, para que assim as oportunidades possam ser realizadas de
formas equitativas e que também todos possam ter acesso à educação.

6.2 A inclusão de alunos com Necessidades Educacionais Especiais

A inclusão de alunos com deficiência é um desafio enorme para professores e gestores.


Tirando as exceções aqui e ali, a maior parte dos docentes concorda que todos os meninos e
meninas têm direito à Educação. A divisão só começa quando o assunto vai para o “como
fazer”. Nesse momento, até os corações mais generosos travam. É difícil fazer algo para o
qual você não foi preparado. Diante da falta de conhecimento e da diversidade de
características físicas e mentais, a questão viaja do polo das boas intenções para o do
pragmatismo duro. Como avaliar? Pode reprovar? Está tudo bem mandar para a sala de
recursos.
De antemão, é importante deixar ressaltado que não quero 1 discutir o “como fazer”,
mas falar de algo anterior: qual deve ser o papel da escola para um aluno com deficiência? A
resposta é simples e vale, no final das contas, para todos os estudantes. A escola deve garantir
que uma pessoa, por meio do conhecimento organizado, tenha um lugar no mundo. Por isso,
1
Pedimos licença aos leitores para em alguns momentos trazer falas em 1° pessoa.
22

inclusão não é um favor feito a um aluno coitadinho. É direito do estudante e dever da


instituição.
Quando o Estado assume uma responsabilidade, ele se compromete tanto com os
beneficiários da medida quanto com quem permite que ela seja possível. No caso da
Educação, ele se compromete com o aluno e com você.
Sem educadores preparados, a inclusão vira um direito vazio. Portanto, cobre
formação e boas condições de trabalho. Coloque seus alunos com deficiência nos projetos da
escola. Dê visibilidade aos desafios nas redes sociais. Faça barulho. Afinal, professores não
são apenas as pessoas que transmitem conhecimento, mas que criam condições para que o
aprendizado aconteça. E nenhuma tecnologia será capaz de oferecer isso a seres humanos.
Essa é a razão pela qual propus a pergunta sobre o papel da escola. Muitas vezes, com
as tarefas da rotina, nos esquecemos de pensar sobre o que fazemos. Sem pensar nos porquês
da inclusão, nunca chegaremos em “como fazer”. Estou convencido que, mais do que nunca,
lutar por formação e boas condições de trabalho são tarefas essenciais dos Educadores com E
maiúsculo. Afinal, no Brasil de hoje, lutar pelo básico é revolucionário.
Quanto a Educação Inclusiva, pode-se dizer que significa, de acordo com Pletsch e
Fontes (2006) apud Glat e Blanco (2007):

Educação Inclusiva significa pensar uma escola em que é possível o acesso e a


permanência de todos os alunos, e onde os mecanismos de seleção e discriminação,
até então utilizados, são substituídos por procedimentos de identificação e remoção
das barreiras para a aprendizagem (PLETSCH e FONTES, 2006; GLAT e
BLANCO, 2007).

Assim, observa-se que a educação inclusiva faz com que seja possível abranger o
acesso e a permanência de todos os alunos, de forma que não seja discriminatória, pois sabe-
se que não adianta apenas oferecer o acesso, mas se faz primordial buscar meios para que
fortaleça a permanência e assim, evitar a evasão escolar.

6.3 A trajetória da Educação Especial no Brasil

Partindo desta perspectiva, apresenta-se a seguir, uma breve trajetória histórica da


Educação Especial no Brasil, considerando os paradigmas vigentes, bem como a política
educacional da época. Porém, conforme Glat e Fernandes (2005) alertam, essa visão linear
não significa que um modelo se esgote com a introdução de outro; na prática, todas essas
alternativas coexistem, em diferentes configurações, nas redes educacionais de nosso país.
A Educação Especial se constituiu originalmente a partir de um modelo médico ou
clínico. Embora esta abordagem seja hoje bastante criticada, é preciso resgatar que os médicos
23

foram os primeiros a despertar para a necessidade de escolarização de indivíduos com


deficiência que se encontravam misturados na população dos hospitais psiquiátricos, sem
distinção de patologia ou de idade, principalmente no caso da deficiência mental.
Sob esse enfoque o olhar médico tinha precedência: a deficiência era entendida como
uma doença crônica e todo o atendimento prestado a essa clientela, mesmo quando envolvia a
área educacional, era considerado pelo viés terapêutico. A avaliação e identificação eram
pautadas em exames médicos e psicológicos com ênfase nos testes projetivos e de
inteligência, e rígida classificação etiológica (GLAT e FERNANDES, 2005).
Na maioria das instituições especializadas o trabalho era organizado com base em um
conjunto de terapias individuais coordenadas pela Medicina: Fisioterapia, Fonoaudiologia,
Psicologia, Psicopedagogia, Terapia Ocupacional, entre outras. Pouca ênfase era dada à
atividade acadêmica, que não ocupava mais do que uma pequena fração do horário dos
alunos. A educação escolar não era considerada prioritária, ou mesmo possível,
principalmente para aqueles com deficiências cognitivas, múltiplas, ou distúrbios emocionais
severos. O trabalho educacional era voltado para a autonomia nas Atividades de Vida Diária
(AVD) e relegado a um interminável processo de ‘prontidão para a alfabetização’, sem
maiores perspectivas, já que não havia expectativas de que esses indivíduos ingressassem na
cultura letrada formal (GLAT e FERNANDES, 2005; GLAT e BLANCO, 2007).
Foi a partir da década de 1990, depois de um longo período para consolidar a inclusão
em benefício de todos na sociedade, que realizou a Conferência Mundial de Educação para
Todos (1990) e com a Declaração de Salamanca de Princípios, Política e Prática para as
Necessidades Educativas Especiais (1994), passou a vigorar a “era da inclusão”, em que as
exigências não se referem apenas ao direito da pessoa com deficiência à integração social,
mas sim, ao dever da sociedade, com um todo, de se adaptar às diferenças individuais
(BRASIL, 1994a; SASSAKI, 1998; SANTOS, 2000).
De acordo com Sassaki (1998, p. 09), “{...} a sociedade inclusiva começou a ser
construída a partir de algumas experiências de inserção social das pessoas com deficiência,
ainda na década de oitenta”.

6.4 Documentos, Marcos e Legislações


A Declaração de Jomtien (1990) é um documento elaborado durante a Conferência
Mundial sobre Educação para Todos, realizada na cidade de Jomtien, na Tailândia. Esse
documento fornece definições e novas abordagens sobre as necessidades básicas de
aprendizagem. Essa declaração é considerada um dos principais eventos mundiais de onde
24

resultou um documento que priorizou a educação, ao lado da Convenção de Direitos da


Criança (1988) e da Declaração de Salamanca de 1994 (MENEZES, 2001).
Dentre os principais marcos podemos citar: a Declaração mundial de Educação para
todos, a Declaração de Salamanca, a Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com
Deficiência e a Lei Brasileira de Inclusão.
A Educação Especial passou por várias legislações no Brasil desde o século XIX até o
século XXI nos dias atuais, leis, decretos, ementas e normatizações e outra atribuições. A
LDB, a Constituição Federal (CF) de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) de
1990 e os Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação (PCNE), tiveram um grande papel
para amenizar a exclusão daqueles que não tinha o perfil exigido pela sociedade capitalista e
excludente que entra em contrassensos com escola inclusiva é tão combatida, vamos
responder com sentido pleno que damos à escola que queremos para todos os brasileiros –
uma escola que reconhece e valoriza as diferenças (MANTOAN, 2006).

6.5 Políticas de Inclusão

A expressão Políticas Públicas denota a existência de um conjunto de ações planejada


e executada pelo poder público com a intenção de atender as demandas setoriais de uma dada
população (BRAMANTE, 1999).
Essas políticas visam, primordialmente, devolver à população, na forma de serviços
públicos, parte dos impostos e taxas arrecada junto a esta mesma população, como têm
também o objetivo de atender à legislação e, principalmente, atender as necessidades
fundamentais dos indivíduos, conhecidas como direitos sociais e previstos na Lei Maior II,
Artigo 6º, conforme visualiza-se abaixo:

São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o


lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (EC n° 26/2000 e EC n°
64/2010).

Como se vê, a Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de


1988, coloca a educação como direito de todos os cidadãos da Federação. Por isso
compreendo que esses são direitos que devem ser assegurados, a todos os brasileiros, de
maneira igualitária e sem distinção de qualquer tipo. A educação é um direito de todos e dever
do Estado e da família, com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o mercado de
trabalho.
25

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva


(2008) foi elaborada segundo os preceitos de uma escola em que cada aluno tem a
possibilidade de aprender, a partir de suas aptidões e capacidades, e em que o conhecimento
se constrói sem resistência ou submissão ao que é selecionada o para compor o currículo,
resultando na promoção de alguns alunos e na marginalização de outros do processo escolar
(ROPOLI, p. 02, 2010).
O movimento foi mundial para a inserção da educação inclusiva, uma ação política,
cultural, social e pedagógica que desencadeou a defesa dos direitos de todos os alunos de
estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação. (ROPOLI,
2010).

6.6 A Política de Educação Especial


A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva de
2008, acompanha os avanços do conhecimento e das lutas sociais, visando constituir políticas
públicas promotoras de uma educação de qualidade para todos os alunos. As Diretrizes
ampliam o caráter da educação especial para realizar o atendimento educacional especializado
complementar ou suplementar a escolarização, porém, ao admitir a possibilidade de substituir
o ensino regular, não potencializa a adoção de uma política de educação inclusiva na rede
pública de ensino prevista no seu artigo 2º.
Em 2003, o Ministério da Educação cria o Programa Educação Inclusiva: direito à
diversidade, visando transformar os sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos,
que promove um amplo processo de formação de gestores e educadores nos municípios
brasileiros para a garantia do direito de acesso de todos à escolarização, a organização do
atendimento educacional especializado e a promoção da acessibilidade através de Seminários
Regionais de Formação de Gestores e Educadores visando disseminar a política de inclusão
para os municípios de abrangência de cada município-pólo. Campinas é Pólo do Programa
desde 2004 e conta com 69 municípios de abrangência e estará realizando no mês de
Novembro o V Seminário Regional do referido programa." (BRASIL, 2008).
A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva tem
como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para
garantir: acesso ao ensino regular, com participação, aprendizagem e continuidade nos níveis
mais elevados do ensino; transversalidade da modalidade de educação especial desde a
educação infantil até a educação superior; oferta do atendimento educacional especializado;
26

formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais


da educação para a inclusão; participação da família e da comunidade; acessibilidade
arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informação; e articulação
intersetorial na implementação das políticas públicas (BRASIL, 2008).
Na perspectiva da educação inclusiva, a educação especial passa a constituir a
proposta pedagógica da escola, definindo como seu público-alvo os alunos com deficiência,
transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Nestes casos e
outros, que implicam em transtornos funcionais específicos, a educação especial atua de
forma articulada com o ensino comum, orientando para o atendimento às necessidades
educacionais especiais desses alunos.
Consideram-se alunos com deficiência àqueles que têm impedimentos de longo prazo,
de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que em interação com diversas barreiras
podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade. Os alunos
com transtornos globais do desenvolvimento são aqueles que apresentam alterações
qualitativas das interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e
atividades restrito, estereotipado e repetitivo.
Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndromes do espectro do autismo e
psicose infantil. Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado
em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica,
liderança, psicomotricidade e artes. Também apresentam elevada criatividade, grande
envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse (BRASIL,
2008).
Identificar as necessidades educacionais de um aluno como sendo especiais implica
considerar que estas dificuldades são maiores que o restante de seus colegas, depois de todos
os esforços a escola para superá-los através de recursos e procedimentos adotados por ela. O
especial está vinculado ao critério de diferença significativa do que se oferece normalmente
para a maioria dos alunos da turma no cotidiano da escola. Não podemos confundir
necessidades educacionais especiais com o fracasso escolar. São inesgotáveis as discussões no
âmbito cientifico sobre o fracasso escolar, todo conhecimento e estudos obtidos não tem
levado respostas eficientes para as soluções. O fracasso escolar é um fenômeno internacional
marcado por influencias sócio culturais, políticas econômicas e pedagógicas.

6.7 Práticas Inclusivas


27

A Educação Inclusiva deve fazer parte do dia a dia escolar. A educação inclusiva
deixou de ser uma prática paralela há algum tempo, mas ainda hoje enfrenta desafios para ser
implementada nas instituições de ensino do país. Isso acontece porque o assunto ainda se
apresenta como um tabu social, o que deve ser desmistificado. É necessário que toda a
comunidade esteja engajada em alcançar e implantar a educação inclusiva no seio escolar. E
para isso, não se pode, nem se deve medir esforços.
O diálogo é a chave central, já que como a implementação de uma educação inclusiva
ainda é algo novo. Todos: diretores e diretoras, coordenadores e coordenadoras, professores e
professoras e estudantes devem participar de reuniões sobre o assunto e se inteirar sobre o seu
papel dentro dessa nova lógica educacional.
Nesse viés, Diniz (2020, s.p) afirma que:
O educador e a educadora serão os mediadores de uma prática inclusiva em sala de
aula. É esse profissional que deverá orientar e guiar os alunos, sejam eles especiais
ou não, pelo caminho do conhecimento. E para que isso seja alcançado, os
educadores deverão saber respeitar os diferentes ritmos de aprendizagem. Isso
significa, na prática, pegar a mão dos alunos e com muita paciência, baseados em
estratégias pedagógicas, e ainda com muito cuidado ensinar aquilo que alguns dos
alunos não conseguiram dominar na primeira explicação.

Assim, conforme aponta Diniz (2020, s.p):


Em uma sala de aula inclusiva, os conteúdos das aulas são considerados objetos de
aprendizagem. A cada um dos alunos cabe atribuir, significar e construir
conhecimentos de maneira autônoma, como prega a BNCC. Aos professores cabe
mediar o caminho entre os objetos de aprendizagem e o desenvolvimento do
conhecimento autônomo.

O professor não estará eternamente ao lado dos alunos, assim, é seu dever entender
que cada um se desenvolve em seu ritmo, sem se esquecer de trabalhar a independência de
todos os alunos, inclusive os que possuem algum tipo de limitação. E assim, Diniz (2020, s.p)
também afirma que:
O educador, então, deve passar ao estudante toda a confiança que ele precisa para se
sentir capaz de resolver qualquer problema ou questão. É através desse caminho que
será possível ao educador compartilhar, confrontar e resolver conflitos cognitivos
dentro da sala de aula inclusiva.

Uma outra prática inclusiva que deve ser adotada volta-se para a capacitação de
educadores e coordenadores escolares. É dever da escola que se propõe a adotar uma
educação inclusiva fornecer meios de capacitação profissional nesta área. Para isso, há redes
de apoio de que podem ser acessadas. Afinal, não é obrigação saber ensinar e lidar com
alunos com necessidades educacionais especiais sem nenhuma capacitação anterior, mas é
obrigação procurar meios para se aprender. Portanto, confira a seguir quais são essas redes de
apoio que a escola pode procurar para capacitar seus colaboradores: Atendimento Educacional
28

Especializado (AEE); Profissionais da educação especial — intérpretes, professores de Braille


etc. — da saúde e da família.
Além dessas redes, a escola pode também levar à instituição educadores
especializados em educação inclusiva para dar palestras aos alunos e colaboradores, para que
cada vez mais a educação inclusiva seja de fato alcançada.
Os educadores que se propõem a ser inclusivo deverá focar nas competências e não
nas dificuldades ou limitações dos estudantes que possuem Necessidades Educacionais
Especiais – NEE. Assim, os professores e professoras deverão conhecer individualmente cada
aluno que têm para, assim, conseguir identificar suas competências e trabalhá-las com carinho
e atenção. Para isso, o tempo é o seu melhor amigo. Ninguém aprende a ensinar alunos com
algum tipo de deficiência ou limitação do dia para noite, é necessário tempo, disciplina,
empatia e capacitação.
E assim, o professor inclusivo deverá pensar em práticas educacionais que consigam
atingir diferentes alunos, apesar de suas limitações. O ideal não é buscar atividades distintas
para alunos surdos ou cegos, por exemplo, mas procurar por atividades que de fato incluam
alunos com necessidades especiais e os demais.
A educação inclusiva ainda é um desafio. E desafios só são vencidos por meio de
debates. Após a implantação de medidas e práticas inclusivas, é normal que problemas
apareçam, afinal, esta é uma prática nova dentro da educação. Para solucionar possíveis
questões e desafios, toda a comunidade escolar deve participar de debates para que essas
dificuldades sejam superadas. E quando nos referimos a toda a comunidade, estamos dizendo
que diretores, pais, alunos sem necessidades especiais, alunos com necessidades especiais,
educadores e coordenadores, todos esses devem partilhar suas experiências. Somente assim a
educação será realmente inclusiva, quando todos forem ouvidos e devidamente atendidos em
suas necessidades (DINIZ, 2020).
Como mencionamos ao decorrer do estudo monográfico, é dever da escola, como
instituição que se propõe a oferecer uma educação inclusiva, oferecer capacitação
profissional. Porém, é também dever do educador e educadora procurar por essa capacitação
de maneira autônoma. A educação inclusiva é uma área do mercado de trabalho educacional
que ainda apresenta déficit de especialistas. Portanto, procurando por uma formação
continuada nessa área, caminhos profissionais serão abertos e, além disso, a empatia será
desenvolvida de maneira ainda mais profunda.
29

6.8 A importância da Educação Inclusiva

A escola quase sempre representa o primeiro contato social das crianças depois da
família. As diferenças de opiniões, crenças e valores encontradas lá são bastante ricas para
formar o caráter de cada um desde cedo e ao incluir alunos com necessidades distintas, esses
pilares serão ainda mais trabalhados no dia a dia das crianças. Cada uma perceberá aos poucos
algo que está muito alta hoje em dia: a singularidade do ser humano.
Por isso, no contexto atual, esse tipo de abordagem é fundamental para incentivar as
competências interpessoais e socioemocionais, ou seja, saber lidar com o outro, com sua
diversidade, ser mais adaptável e flexível às situações. Desenvolver um autogerenciamento de
suas emoções, utilizando-as a seu favor. Tudo isso contribui para formar jovens e adultos
mais bem resolvidos e, provavelmente, mais empáticos em relação aos outros.
A questão da diversidade e singularidade quando incorporadas nas escolas, reflete na
educação inclusiva, oferecendo uma visão de mundo diferenciada, fazendo com que o aluno
saia de sua bolha e passe a ter mais consciência de quem o cerca.
A diversidade de experiências, habilidades, contextos e capacidades entre estudantes é
uma realidade que deve ser celebrada através de práticas educacionais inclusivas. Nas últimas
décadas, a insistência em modelos pedagógicos padronizados demonstrou ser pouco eficiente,
de modo que o presente e o futuro da educação consistem na promoção da diversidade como
um valor inegociável. Quanto mais respeitados em suas diferenças, mais os estudantes e
educadores avançam, sejam eles pessoas com ou sem deficiência.
Assim, a Educação Inclusiva é um processo que se amplia a participação de todos os
estudantes nos estabelecimentos de ensino regular. Trata-se de uma reestruturação da cultura,
da prática e das políticas vivenciadas nas escolas de modo que estas possam responder à
diversidade de alunos.
A Educação Inclusiva é uma prática muito importante para o desenvolvimento de
todos e está aos poucos, sendo cada vez mais adotada nas escolas. O objetivo é favorecer a
diversidade e integrar todos os alunos no mesmo ambiente de aprendizagem, respeitando suas
necessidades especiais e evitando separá-los dos demais.

6.9 Educação Inclusiva: Função da escola e dos educadores


30

A educação inclusiva é uma proposta que procura trazer às escolas regulares alunos
especiais. Nesse sentido, é dever da escola transformar e adequar o ambiente aos alunos que
possuem qualquer tipo de atendimento especializado, com o objetivo de desenvolver estes
alunos completamente.
Para isso, é necessário conhecer o contexto de desafios que essa nova proposta
educacional tem enfrentado e assim pensar junto aos colabores da escola práticas inclusivas
que sanem os problemas e alcancem uma educação, de fato, inclusiva.

6.9.1 Quais os pilares que sustentam a educação inclusiva?

Existem 05 pilares fundamentais que sustentam a educação inclusiva, conforme aponta


Diniz (2020, s.p):

1. Toda pessoa tem o direito de acesso à educação


2. Toda pessoa aprende
3. O processo de aprendizagem de cada pessoa é singular
4. O convívio no ambiente escolar comum beneficia a todos
5. A educação inclusiva diz respeito a todos

Além disso, Diniz (2020, s.p) também aponta que a educação inclusiva abrange três
grupos de estudantes. São eles:
 alunos com deficiência;
 alunos com transtornos globais de desenvolvimento ou transtorno do espectro
autista;
 alunos com altas habilidades ou superdotação

Assim, se faz necessário também discutir acerca das práticas inclusivas para superar os
desafios e fazer com alunos que possuam algum tipo de limitação consigam se desenvolver
completamente.
A Constituição Federal (BRASIL, 1988) garante o direito à educação às pessoas com
necessidade especiais, preferencialmente, no ensino regular. Tal processo de democratização
da educação, que parecia inalcançável há alguns anos, vem ganhando cada vez mais
espaço. Contudo, para que as escolas sejam verdadeiramente inclusivas é preciso que vários
desafios sejam superados. Desde problemas relacionados a infraestrutura da instituição até a
melhor preparação dos professores para desempenhar a inclusão dos alunos.
Nos últimos anos, o apelo para a inclusão social tem crescido e diversas medidas
foram criadas a fim de incluir as pessoas com necessidade especiais. O objetivo é dar para
31

todos os indivíduos as mesmas oportunidades, criando condições de adaptação em sistema


sociais comuns.

6.9.2 Como o professor atua na educação inclusiva?

O papel do professor na educação inclusiva é imprescindível. Isso porque esse


profissional é o responsável por direcionar o processo pedagógico, desenvolvendo caminhos
para que o aluno adquira o conhecimento.
Portanto, o professor tem o papel de auxiliar o estudante com necessidades
educacionais especiais para que ele avance tanto intelectualmente quanto socialmente. Dessa
forma, esse aluno pode superar as expectativas e barreiras que lhe são criadas, podendo
usufruir de seus direitos.
Além disso, um dos principais objetivos da inclusão é que o professor exclua a visão
de incapacidade das pessoas com necessidades especiais e que promova atividades que
valorizem o respeito às diferenças e às inteligências múltiplas. Para isso, muitas vezes o
planejamento das aulas incluirá jogos, músicas, atividades em grupo, desenhos, entre outros
exemplos. É importante lembrar que a escola também tem um papel fundamental na inclusão
do aluno. Sendo preciso uma reestruturação do Projeto Político Pedagógico que deve
contemplar a diversidade da comunidade escolar.

6.10 Os principais desafios da Educação Inclusiva

Infelizmente, ainda existem muitos obstáculos no processo de plena inclusão dos


alunos com necessidades educacionais especiais. Para começar, a escola inclusiva precisa de
adaptações em diferentes âmbitos. Desde órgãos federais, estaduais e municipais de educação
até dos professores, que precisam buscar constantemente por especializações a fim de inserir
os alunos de forma eficaz.
A partir disso, desafios como falta de recursos materiais, infraestrutura insuficiente,
superlotação das salas de aulas, entre outros, são muito comuns. Além disso, muitos
professores ainda se sentem inseguros ao receberem um aluno com necessidades especiais.

6.11 Necessidades Educacionais Especiais


32

A expressão “necessidades especiais” tornou-se bastante conhecida no meio


acadêmico, no sistema escolar, nos discursos oficiais e mesmo no senso comum. Surgiu da
intenção de atenuar ou neutralizar a acepção negativa da terminologia adotada para se
distinguir os indivíduos em suas singularidades por apresentarem limitações físicas, motoras,
sensoriais, cognitivas, linguísticas ou ainda síndromes variadas, altas habilidades, condutas
desviantes etc.
São necessidades relacionadas aos alunos que apresentam elevada capacidade ou
dificuldades de aprendizagem. Esses alunos não são, necessariamente, portadores de
deficiências, mas são aqueles que passam a ser especiais quando exigem respostas específicas
adequadas.
A noção de necessidades educacionais especiais entrou em evidência a partir das
discussões do chamado “movimento pela inclusão” e dos reflexos provocados pela
Conferência Mundial sobre Educação Especial, realizada em Salamanca, na Espanha, em
1994. Nesse evento, foi elaborado um documento mundialmente significativo denominado
“Declaração de Salamanca” e na qual foram levantados aspectos inovadores para a reforma de
políticas e sistemas educacionais.
Desta maneira, o conceito de “necessidades educacionais especiais” passará a incluir,
além das crianças portadoras de deficiências, aquelas que estejam experimentando
dificuldades temporárias ou permanentes na escola, as que estejam repetindo continuamente
os anos escolares, as que sejam forçadas a trabalhar, as que vivem nas ruas, as que moram
distantes de quaisquer escolas, as que vivem em condições de extrema pobreza ou que sejam
desnutridas, as que sejam vítimas de guerra ou conflitos armados, as que sofrem de abusos
contínuos físicos, emocionais e sexuais, ou as que simplesmente estão fora da escola, por
qualquer motivo que seja.”

A Declaração de Salamanca, portanto, estabeleceu uma nova concepção,


extremamente abrangente, de “necessidades educacionais especiais” que provoca a
aproximação dos dois tipos de ensino, o regular e o especial, na medida em que esta nova
definição implica que todos possuem ou podem possuir, temporária ou permanentemente,
“necessidades educacionais especiais”.
Dessa forma, orienta para a existência de um sistema único, que seja capaz de prover
educação para todos os alunos, por mais especial que este possa ser ou estar. Os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs), elaborados com base na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB), de 1996, orientam a respeito de estratégias para a educação de alunos com
33

necessidades especiais. Para isso, estabeleceu um material didático-pedagógico intitulado


“Adaptações Curriculares” que se insere na concepção da escola inclusiva defendida na
Declaração de Salamanca.

6.12 Atendimento Educacional Especializado

O Atendimento Educacional Especializado, também conhecido pela sigla AEE, é um


direito de todos que estudam no Brasil, da educação infantil ao ensino de nível superior,
público e privado. Essa determinação nasce, primeiramente, da necessidade de uma atenção
particular aos estudantes com algum tipo de deficiência. É um serviço de educação especial
regulamentado por lei. Ele é responsável pelo planejamento e pela execução de recursos
pedagógicos e de acessibilidade capazes de eliminar obstáculos para a participação efetiva de
alunos, considerando suas necessidades específicas.
De maneira geral, o AEE se destina a alunos com os seguintes aspectos (REDAÇÃO
LYCEUM,2021, s.p):
 Deficiência física:
 Deficiência visual
 Deficiência auditiva;
 Deficiência intelectual;
 Deficiências múltiplas;
 Transtorno do Espectro Autista (TDA);
 Superdotação.

As aulas oferecidas pelo professor especialista em AEE são diferentes do ensino


tradicional e não podem ser caracterizadas como reforço ou complementação das atividades
escolares. Alguns exemplos são o ensino em Braille e na Língua Brasileira de Sinais - Libras.
As aulas do AEE acontecem uma ou duas vezes por semana, geralmente no contraturno (turno
extra) da escola, para garantir a plena participação dos alunos que precisam de
acompanhamento.
No caso das escolas públicas, o espaço físico onde é realizado o Atendimento
Educacional Especializado é chamado de Sala de Recursos Multifuncionais (SRMF). Trata-se
de uma sala que oferece materiais didáticos, equipamentos específicos e recursos de
acessibilidade.

6.13 Funções do Atendimento Educacional Especializado


34

A Legislação que regulamenta a AEE no Brasil se dá através do Decreto n° 7611, de


novembro de 2011. No seu Art. 3°, são definidos os 04 (quatro) objetivos do Atendimento
Educacional Especializado:

I – Prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular e


garantir serviços de apoio especializados de acordo com as necessidades individuais
dos estudantes.
II – Garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular.
III – fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem
as barreiras no processo de ensino e aprendizagem.
IV – Assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis, etapas e
modalidades de ensino (BRASIL, 2011, s.p).

6.13 As atribuições do professor de AEE


A aplicação do Atendimento Educacional Especializado envolve vários desafios,
apesar de o acompanhamento estar determinado no Decreto n° 7.611/2011 (BRASIL, 2011).
A situação pode ser mais fácil quando a equipe de gestão escolar está disposta a cooperar com
o AEE e os professores estão conscientes da responsabilidade de colaborar com os alunos que
precisam do apoio.
O especialista em AEE é quem faz a ponte entre os professores e os alunos para
garantir a troca de experiências, a realização de atividades, trabalhos e, de maneira mais geral,
o cumprimento das necessidades pedagógicas envolvidas no ensino-aprendizado. O professor
que atua no Atendimento Educacional Especializado deve ter uma formação especializada na
área, prevista na Resolução CNE /CEB nº 2, de setembro de 2001.
O Decreto anterior informa que o professor deve comprovar, na sua formação de nível
médio e/ou superior, que entrou em contato com conteúdo e discussões sobre a educação
inclusiva. Além disso, é preciso comprovar a formação em licenciatura de Educação Especial
ou a realização de uma pós-graduação em área específica da educação inclusiva.
Trata-se de uma profissão com uma série de atribuições. O especialista que realiza o
AEE precisa identificar as necessidades do aluno com deficiência, elaborar planos de ação,
produzir materiais didáticos e pedagógicos acessíveis, acompanhar de perto o uso dos
materiais, orientar os professores do ensino regular e a comunidade acadêmica ou escolar.
Isso significa que, além do trabalho realizado diretamente com o aluno, o professor do
Atendimento Educacional Especializado deve promover encontros com pais e/ou responsáveis
pelos alunos, incentivar estratégias de flexibilização do currículo e propor medidas de impacto
mais abrangente na escola onde vai atuar.
6.14 A Educação Inclusiva como objeto de intervenção do Assistente Social
35

A educação inclusiva como objeto de intervenção do Serviço Social tem sido exigida
das escolas não apenas como uma educação de qualidade, mas também para que seja um
espaço que responda às necessidades de cada ser humano, tendo como princípio a inclusão
social. Busca-se uma escola para todos, independente de classe social, cor, sexo, etnia, idade.
Dessa forma, a educação inclusiva propõe que pessoas com deficiência se efetivem enquanto
ser de direitos e deveres, assim como todos nesse cotidiano escolar regular. Por sua vez, a
escola deixaria de ser aquele suposto espaço homogêneo, para ser o espaço da inclusão da
diversidade social, nas suas mais diferentes concepções étnicas, culturais e sociais
(ALMEIDA, 2000).
A dimensão social encontrada no âmbito escolar, assim como as diversas expressões
da questão social promove o reconhecimento da necessidade de ações profissionais
interdisciplinares que por sua vez culminam na presença de profissionais que não fazem parte,
tradicionalmente, da escola, dentre esses o assistente social. Alguns elementos subsidiam o
debate acerca da inserção do assistente social como profissional importante da equipe
multidisciplinar, no processo de inclusão de pessoas com deficiência na escola, dentre essas: a
dimensão pedagógica da Profissão; a interdisciplinaridade entre a política de educação e da
assistência; a organização do conjunto CFESS-CRESS na constituição de Grupos de Trabalho
formando espaços de discussão e encaminhamentos em torno do Serviço Social na Educação
e da inserção do assistente social nessa área.
De acordo com Lopes (2005) a atuação interdisciplinar dos profissionais de Serviço
Social vem se constituindo uma efetiva maneira de resolver problemas socioeducacionais. O
assistente social tem na escola um papel de articulador das diversas políticas sociais, visando
minimizar os efeitos das desigualdades. Além disso, tem a tarefa de elaborar e executar ações
preventivas e de enfrentamento às situações emergentes que expressam violência, dificuldades
interpessoais entre alunos, familiares e funcionários da escola e também dos problemas
socioeconômicos que afetam os estudantes.
Assim, conforme salientam Lima e Gomes (s.d., p. 188):
Permeado por contradições, diferenças, e desigualdades sociais, a escola se
apresenta como um espaço de atuação para o assistente social. Assim sendo, o
Serviço Social pode contribuir com a inclusão da pessoa com deficiência na escola,
primeiro por ser competência deste profissional, elaborar, implementar, executar e
avaliar políticas sociais, encaminhar providências e prestar orientação social a
indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar
recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e defesa de seus direitos.
Segundo, porque este profissional se configura como agente mediador das políticas
sociais e da cidadania, encontrando no espaço escolar inúmeras possibilidades de
atuação no enfrentamento da questão social. Além de que a atuação do Serviço
Social na educação é assegurada pela proposta ético-político-profissional sendo
36

garantido em suas atribuições profissionais ações de cunho educacional (LIMA;


GOMES, s.d., p. 188).

Além disso, conforme Lima e Gomes (s.d.) o Serviço Social na educação também
pode atuar na realização de projetos de pesquisas e intervenções no meio social que
interferem no processo de ensino – aprendizado. Ademais, também se observa que o Serviço
Social pode contribuir para sanar dificuldades enfrentadas pela comunidade escolar,
orientando assim, tanto a escola como a família, ou seja, sendo um mediador. Assim, as
atividades que podem ser desempenhadas pelo assistente social voltam-se para o sentido de
possibilitar a inclusão do aluno com deficiência no âmbito escolar. A seguir, estarão expostas
as considerações finais do estudo.
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inclusão escolar a cada dia vem evoluindo dentro do sistema educacional brasileiro,
uma vez que as políticas educacionais e de inclusão vem sendo trabalhadas com dedicação
pela comunidade escolar e principalmente pelos gestores escolares e professores
especializados. O Atendimento Educacional Especializado tem sido uma ferramenta
fundamental no processo de ensino-aprendizagem de alunos com necessidades educacionais
especiais.
Logo, foi possível observar que a inclusão vai além de apenas aceitar alunos com
deficiência, mas sim, percebe-se que está voltada para o fato de realmente incluir e de
fortalecer vínculos, para que estes alunos não se sintam diferentes frente aos outros
estudantes. Assim, percebe-se que a participação de profissionais qualificados para atuar com
o publico com necessidades especiais, se faz de suma importância, pois é essencial que se
tenha um manejo e cuidado no ensino de forma diferenciada, para que todos possam aprender.
Além disso, a família tem um papel de bastante relevância para a formação de crianças
com necessidades especiais, pois, observa-se que através das relações familiares, o aluno pode
chegar na escola com outras deficiências, ou até mesmo, com estresses quando as relações são
estremecidas. Assim, se faz necessário que a família saiba lidar com a situação, buscando
assim, compreender as formas de cuidado e de convivência.
Logo, se faz até mesmo necessário que os familiares ao descobrir que a criança possui
algum tipo de deficiência busquem um apoio profissional, para que saiba lidar com seus
sentimentos e para que também saiba lidar na relação com o indivíduo que possui
necessidades especiais.
Nesse contexto, também se faz importante indagar quanto ao papel da sociedade frente
às pessoas com necessidades especiais, considerando que todos são seres iguais, e buscando
sempre agir de forma que não tenha discriminação. Assim, cabe a toda a população, buscar
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meios de incluir pessoas com deficiência na sociedade, tratando-os de forma humana e


principalmente não discriminatória.
Ademais, também se observa que o Estado criou Leis que regulamentam e protegem
as pessoas com deficiência, e que além disso, também criou Leis que abordassem quanto a
isso na Política de Educação, contribuindo e dando um passo de cada vez na inclusão social.
Assim, cabe a todos nós acreditar na inclusão e no quanto ela é essencial para a nossa
sociedade.
Além disso, quando se volta para o Serviço Social na educação, visualiza-se que o
profissional deve atuar mediando a relação aluno – escola – família – sociedade, e assim, se
faz um profissional fundamental, para que possa, principalmente, atuar frente às expressões da
Questão Social, o principal objeto de trabalho da profissão. Assim, se faz importante que haja
uma ampliação de Assistentes Sociais na Política de Educação, para que estes profissionais
possam intervir em uma melhoria de vida e de ensino com os alunos com necessidades
especiais.
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