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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA ELEITORAL DA 8ª ZONA

ELEITORAL DO MARANHÃO.

Processo nº 251-50.2016.6.10.0008

IDALGO DA SILVEIRA LACERDA, brasileiro, solteiro, jornalista, inscrito no


C.P.F nº 648.696.953-91, RG nº 000114314999-0, por seus advogados subfirmados
(procuração em anexo), vêm, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com
supedâneo nos incisos XXXIV, “a”, XXXV, LIV, LV e LVI do artigo 5º da
Constituição Federal e artigo 96, § 5º, da Lei 9.504/97, apresentar

DEFESA

aos termos da Representação em face de Conduta Ofensiva c/c Pedido de Tutela


Provisória de Urgência Inaudita Altera Pars ajuizada pela COLIGAÇÃO
“COROATA QUER MUDANÇA”, aduzindo, para tanto, o que se segue:

I- DAS ALEGAÇÕES DO REPRESENTANTE:

A Requerente alega que o representado estampou em seu sitio eletrônico


(http://idalgolacerda.blogspot.com.br), inúmeras matérias de acusações levianas contra
os principais integrantes da coligação representante. E alega também, que o ora
Representado, vem, de maneira reiterada, se utilizando de artifícios criminosos, de
ofensas diretas aos líderes da representante, cujo desígnio escuso desprezível é tão
somente beneficiar ainda que se utilizando de conduta criminosas , a candidata da
coligação adversa.

II- DA REALIDADE FÁTICA:


Inicialmente, insta destacar a esse respeitável Juízo que as pessoas mencionadas
na referida postagem, FLÁVIO DINO E MÁRCIO JERRY, NÃO CONCORREM
AO PLEITO ELEITORAL DE 2016.

Onde, o primeiro é atual governador do Estado do Maranhão e o segundo é


secretário de Comunicação e Assuntos Políticos.

Portanto, o Representado está em plena legitimidade do direito constitucional de


crítica a figuras públicas ou notórias, e se deu no seu exercício de opinião jornalística.

Assim sendo, Excelência, a referida postagem, não tem em seu escopo


potencialidade lesiva para desequilibrar o pleito Eleitoral de 2016, porque os mesmo
NÃO SÃO CANDIDATOS.

Cumpre, esclarecer, Exª, que o Requerido em nenhum momento proferiu


qualquer ofensa que maculasse a honra objetiva ou subjetiva do verdadeiro Candidato
da Coligação Luís da Amovelar FILHO, ao passo que também em nenhum momento
proferiu elogios à Candidata Teresa Murad, ou seja, não há nenhuma manifestação que
possa ser considerada ofensiva, injuriosa ou que tenha nítida intenção de prejudicar ou
beneficiar os Candidatos e/ou Coligações concorrentes.

Em assim sendo, tanto a Justiça Eleitoral é incompetente para processar e julgar


questões pertinentes a pessoas que não são sujeitos do processo eleitoral, o que será
comprovado no Direito.

III- DO DIREITO

1. PRELIMINARMENTE:

Da Ilegitimidade Ativa Ad causaum

Para caracterizar ainda mais o indeferimento da inicial, vejamos o


que dispõe o artigo 300 do NCPC:

Art. 300 A petição inicial será indeferida quando:


(...)
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
Pois bem.

Quando a Coligação requerente, ingressa com um pedido de


Representação em face a Conduta supostamente Ofensiva, supõe-se ao menos
inicialmente, a viabilidade da Ação. Porém, claramente se constata a Ilegitimidade da
parte, uma vez que as pessoas indicadas na peça inicial, não compõe a Coligação retro
mencionada.
Como pode Excelência, uma coligação ser a Autora da
presente representação que trata de um litígio de pessoas que não
pertencem a ela? Que tipo de Legitimidade ad causaum detém a
Coligação? Quem são os candidatos e representantes dos quais a Autora
se refere? Flávio Dino? Marcio Jerry ou Luís da Amovelar?

Isso é um absurdo!

Mas é claro que podemos responder facilmente o


questionamento feito a Vossa Excelência. A resposta é que eles agem de
má-fé e tentam de todas as formas ludibriar o judiciário, sendo que este,
não pode de forma alguma se manter inerte quanto as condutas
reiteradas praticas pelos representantes.

Diante disso, requer o Requerido que seja acatada a presente


preliminar, para que seja indeferida a petição inicial por apresentar parte
manifestamente ilegal.
Portanto, Excelência, caso não seja acolhida a Ilegitimidade de
Parte Ad causaum, a possibilidade de procedência da ação, mesmo fundamentada na
probabilidade de ter havido conduta ofensiva, esquivar-se de apurar a Incompetência da
Justiça Eleitoral, como reclama a natureza da causa.

A aludida Ação não poderá ser procedente, sob pena de ser


inadvertidamente, relutante no entendimento de que subsiste em todo ordenamento
Jurídico porque não vamos ignorar a evidência, que a competência para julgar atos
contra o Governador do Estado e Secretários, é da Justiça Comum, tendo o primeiro,
inclusive foro privilegiado.
Ainda assim, mesmo entendendo a presença de matéria de
natureza, de Legitimidade Ativa, estaremos recaindo no erro de levar embato judicial ao
foro eleitoral, para processar e julgar matéria relativa a Justiça Comum e ainda de
Competência de fora privilegiado .

Nesse ponto, como se vê, não podemos recair em duplo equívoco


no decisum, na medida em que consideramos extirpada a ILEGITIMIDADE DE
PARTE E A INCOMPETENCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL, dessa forma, mesmo
que Vossa Excelência, em uma eventualidade de acatar a primeira preliminar,
requeremos desde já que seja admita que douto juízo é incompetente para processar e
julgar tal conflito , na seara eleitoral.

INÉPCIA DA INICIAL

Antes de adentrar ao mérito, necessário se faz arguir a presente


preliminar, a qual certamente será totalmente acatada por V. Exa, cabe ressaltar que a
Resolução TSE 23.462, ao disciplinar sobre Representações, Reclamações e Pedido de
Resposta, estabelece mais um caso de indeferimento da inicial, em seu art. 24, c, e
cumulativamente o Art. 330, do CPC, dispõe sobre o indeferimento da petição inicial,
quando a mesma apresentar defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento
do mérito, senão vejamos:

Art. 24. Ao despachar a inicial, o Juiz Eleitoral adotará as seguintes


providências:

(...)

c) indeferirá desde logo a inicial, quando não for caso de


representação ou lhe faltar algum requisito essencial (Lei
Complementar nº 64/1990, art. 22, inciso I, alínea c).

Art. 300 A petição inicial será indeferida quando:


I - for inepta;
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais
em que se permite o pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a
conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

Prefacialmente verifica-se Exa. , que a requerente faz os seguintes


pedidos elencados na exordial: Pedido de retirada imediata das referidas postagens em
seu blog contra AOS REPRESENTANTES DA COLIGAÇOES, LÍDERES E
CANDICATOS.

Contudo, o Requerente não demonstra claramente suas alegaçõe e


muito menos provas de seu direito, uma vez que, as pessoas citadas nas postagens não
são candidatos ao pleito Eleitoral de 2016, torna a inicial defeituosa e eivada de
irregularidades, prejudicando de sobremaneira a defesa e o julgamento da lide.

Simplesmente, a Requerente “lança” um pedido infundado onde o


nexo causal entre realidade fática apresentada e o pedido, distanciam da realidade
fazendo com que o acervo probatório seja inválido para servir de prova capaz de
sustentar suas alegações.

DA CARÊNCIA DA AÇÃO

A Requerente é carecedora da ação por falta de interesse de agir,


uma vez que estava ciente, que tanto o Governador do Estado Flávio Dino e o Senhor
Secretário Márcio Jerry quanto o pai do candidato Luís da Amovelar., não fazem parte
da Coligação, e ainda, como se não bastasse, a Requerente parece ignorar a licitude da
ação, e consequentemente, as regras do Direito Eleitoral.
No entanto, em comportamento que beira a má fé, pretende
desvirtuar as regras processuais, pois de nada a conduta do Requerido caracteriza como
fundamento para ferir a Isonomia do pleito Eleitoral de 2016.

A falta interesse da autora nasce do fato de não apresentar em sua


Coligação as pessoas Governador do Estado Flávio Dino e o Senhor Secretário
Márcio Jerry quanto o Sr. Luís da Amovelar , querendo dessa forma alterar a visão
de Vossa Excelência, com fundamento em legislação não mais aplicável ao caso.

Assim também, coaduna do entendimento nosso Tribunal Superior


Eleitoral:

“[...]. I. A conduta tida por criminosa foi praticada por alguém


que não era - e não foi - candidato contra outrem que também
não era - e não foi - candidato; ademais, ocorreu fora do
período legal de propaganda eleitoral. II. Ordem concedida
para anular o processo desde a denúncia.”(Ac. de 26.5.2009 no
HC nº 642, rel. Min. Joaquim Barbosa.)

“Ação penal. Crimes contra a honra. Decisão regional.


Procedência parcial. Recurso especial. Alegação. Violação. Art.
324 do Código Eleitoral. Calúnia. Não-configuração.
Imputação. Ausência. Fato determinado. 1. A ofensa de caráter
genérico, sem indicação de circunstâncias a mostrar fato
específico e determinado, não caracteriza o crime de calúnia
previsto no art. 324 do Código Eleitoral. [...]”

(Ac. de 31.10.2006 no AgRgREspe nº 25.583, rel. Min. Caputo


Bastos.)

Assim, a pouca argumentação utilizada pela a Requerente


apresenta-se demasiadamente capenga e retrograda.

Como exaustivamente demonstrado, a Justiça Eleitoral é


incompetente para processar e julgar questões pertinentes ao Governador do Estado do
Maranhão e seu Secretário, eis que se trata de Justiça Comum e Foro Privilegiado.

Assim posto, deve ser julgado extinto o processo sem resolução do


mérito.
Pelo exposto, diante da relevante argumentação despendida de
modo a despertar a carência da ação ante a comprovada ausência do legítimo interesse
de agir “ad causam”, Incompetência da Justiça Eleitoral e com consequente ausência
dos pressupostos de constituição válida e regular do processo pugna o Requerido pelo
decreto de extinção da ação sem julgamento de mérito, da lei processual civil, com as
condenações de estilo.
IV- NO MÉRITO:

Da liberdade de Expressão e imprensa:

As liberdades de expressão e imprensa possuem assento


constitucional, em seu art. 5º, incisos IV e IX, conforme a seguinte transcrição:

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o


anonimato;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística,


científica e de comunicação, independentemente de censura
ou licença;

A Constituição de 1988 reservou um capítulo específico para a


comunicação social (arts. 220 a 224). Ele trata de temas relevantes para a sociedade, ao
disciplinar a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, a censura, a propriedade
das empresas jornalísticas e a livre concorrência.

Nesse contexto, a Constituição assegurou a mais ampla liberdade


de manifestação do pensamento (arts. 5º, inciso IV e 220). No que tange
especificamente à liberdade de imprensa, a Constituição é expressa:

“nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir


embaraço à plena liberdade de informação jornalística em
qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto
no art. 5º, incisos IV, V, X, XIII e XIV” (art. 220, § 1º).

Registre-se que a liberdade de imprensa e a Democracia


encontram-se em posição de reciprocidade. Onde houver liberdade de imprensa, haverá
espaço favorável para o exercício e a consolidação do regime democrático. Ao reverso,
onde estiver estabelecido um regime democrático, ali a imprensa encontrará campo
propício para sua atuação. Nutrem-se, portanto, uma da outra, fortalecendo-se ambas em
um processo contínuo, cujos benefícios serão colhidos pelo povo.

A Constituição de 1988 distingue censura de controle.

Pensar o contrário é censurar a livre manifestação de pensamento


assegurada aos eleitores durante no período eleitoral, uma vez que a própria Resolução
23.457/2015, faz uma ressalva em seu art. 21, §2º, in fine, que assim dispõe:

Art. 21. É permitida a propaganda eleitoral na Internet a


partir do dia 16 de agosto de 2016 (Lei nº 9.504/1997, art. 57A).

§ 1º A livre manifestação do pensamento do eleitor identificado


na Internet somente é passível de limitação quando ocorrer
ofensa à honra de terceiros ou divulgação de fatos sabidamente
inverídicos.
Não há no fato de exibir notícia acerca do que é de conhecimento
de toda a população Coroataense qualquer potencial ou intuito de promover
candidaturas, já que, conforme relatado nos fatos, foram esclarecidas na referida
postagem somente uma indignação com ex- gestores municipais, o que é fato comum e
corriqueiro em nosso Município, principalmente considerando o período que aqui
estamos, onde a população politizada se envolve no afã de manifestar sua opinião a
respeito de fatos verídicos e visíveis de toda a população. Tal como colacionamos, em
noticiários informativos abaixo:

Insta destacar, Exª. conforme documentos colacionados aos autos,


vê-se que, o blogueiro referiu-se ao Senhor Luís da Amovelar, Márcio Jerry e o
Governador Flávio Dino, como Profissional da Imprensa tem proteção constitucional
pois esta compreende na liberdade constitucional de manifestação do pensamento com
plena legitimidade do direito constitucional de crítica a figuras públicas ou notórias,
ainda que de seu exercício resulte opinião jornalística extremamente dura e contundente.

Como, vê-se , em momento algum, o Representado ultrapassou os


limites da liberdade de imprensa, extrapolando o animus narrandi atingindo a honra
subjetiva do autor, gerando dano moral, que tem que ser indenizado.

Liberdade de expressão. Profissional de imprensa e empresa de


comunicação social. Proteção constitucional. Direito de crítica:
prerrogativa fundamental que se compreende na liberdade
constitucional de manifestação do pensamento. Magistério da
doutrina. Precedentes do Supremo Tribunal Federal (ADPF
130/DF, Rel. Min. AYRES BRITTO – AI 505.595-AgR/RJ, Rel.
Min. CELSO DE MELLO – Pet 3.486/DF, Rel. Min. CELSO
DE MELLO, v.g.). Jurisprudência comparada (Tribunal
Europeu de Direitos Humanos e Tribunal Constitucional
Espanhol). O significado político e a importância jurídica da
Declaração de Chapultepec (11/03/1994). Matéria jornalística e
responsabilidade civil. Excludentes anímicas e direito de
crítica. Precedentes. Plena legitimidade do direito
constitucional de crítica a figuras públicas ou notórias, ainda
que de seu exercício resulte opinião jornalística extremamente
dura e contundente. Recurso extraordinário provido.
Consequente improcedência da ação de reparação civil por
danos morais. O recurso extraordinário a que se refere o
presente agravo foi interposto contra acórdão que, confirmado,
em sede de embargos de declaração, pelo E. Tribunal de
Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, está assim
ementado: “DANOS MORAIS – IMPRENSA –
PUBLICAÇÃO OFENSIVA – EXCESSO NO DIREITO DE
INFORMAR – DANO MORAL CONFIGURADO –
‘QUANTUM’ – PESSOA PÚBLICA – VALOR REDUZIDO –
JUROS E CORREÇÃO INICIAL – TERMO INICIAL –
SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.

(...) (STF - ARE: 722744 DF, Relator: Min. CELSO DE


MELLO, Data de Julgamento: 19/02/2014, Data de
Publicação: DJe-049 DIVULG 12/03/2014 PUBLIC 13/03/2014)

Ementa do Julgado em Anexo

Por outro giro, em nenhum momento se mencionou o nome da


candidata Maria Teresa Murad, nem mesmo o do candidato Luís da Amovelar FILHO.

Nesse sentido é a seguinte jurisprudência do Supremo Tribunal


Federal:

Ação penal. Condenação. Calúnia. Art. 324 do Código


Eleitoral. Nota. Jornal. Fato. Afirmação genérica. Não-
caracterização. Divulgação de fato inverídico ou difamação.
Enquadramento. Impossibilidade. Prescrição da pena em
abstrato. 1. A afirmação genérica não é apta a configurar o
crime de calúnia, previsto no art. 324 do Código Eleitoral,
sendo exigida, para a caracterização desse tipo penal, a
imputação de um fato determinado que possa ser definido
como crime. 2. Impossibilidade de se enquadrar o fato nos tipos
previstos nos arts. 323 do Código Eleitoral, que se refere à
divulgação de fato inverídico, ou art. 325 do mesmo diploma,
que diz respeito ao crime de difamação, em face da ocorrência
da prescrição pela pena em abstrato para esses delitos. Recurso
especial provido a fim de declarar extinta a punibilidade.”
(Ac. nº 21.396, de 19.2.2004, rel. Min. Peçanha Martins, red.
designado Fernando Neves.)

Ademais, críticas ou elogios e indignação e ainda repetição do que


se lê, não implicam, obrigatoriamente, em Conduta Ofensiva.

Perfilhando de tal entendimento também já se manifestaram os


Tribunais:

DECISÃO: ACORDAM os integrantes da Segunda Câmara


Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por
unanimidade de votos, em conhecer e negar provimento ao
recurso, nos termos do voto. EMENTA: APELAÇÃO
CRIME. CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA. ARTS.
138, 139 E 140, DO CÓDIGO PENAL.ABSOLVIÇÃO.
RECURSO DOS QUERELANTES.PRETENSÃO DE
CONDENAÇÃO. AFASTAMENTO.QUERELADO QUE
NO EXERCÍCIO DE SUA LIBERDADE DE EXPRESSÃO
ASSEGURADA CONSTITUCIONALMENTE FEZ
QUESTIONAMENTOS EM REDE SOCIAL SOBRE
POSSÍVEIS IRREGULARIDADES OCORRIDAS EM
ENTE SINDICAL. FATOS NARRADOS QUE NÃO
DEMONSTRAM SEQUER A INDIVIDUALIZAÇÃO E
PERSONIFICAÇÃO DOS EVENTUAIS ENVOLVIDOS
NAS SUPOSTAS IRREGULARIDADES. AUSÊNCIA DE
DOLO E DE ESPECIAL FINALIDADE DA PRÁTICA DE
CRIME CONTRA A HONRA. INDÍCIOS CLAROS DO
ANIMUS DEFENDENDI E NARRANDI POR PARTE DO
QUERELADO, QUE SUPUNHA A EXISTÊNCIA DE
POSSÍVEIS IRREGULARIDADES SEM NO ENTANTO
SEQUER INDIVIDUALIZÁ-LAS. POSSÍVEL
CARACTERIZAÇÃO DE ERRO DE TIPO PERMISSIVO,
ACASO CONSTATADO QUE AS IRREGULARIDADES 2
INEXISTIAM, O QUE SEQUER SE INDICIOU NOS
AUTOS. EXCLUSÃO DO DOLO, DE QUALQUER
FORMA, INAFASTÁVEL. TESES DOS QUERELANTES
QUE NÃO PODEM SER ACOLHIDAS. ABSOLVIÇÃO
QUE SE MANTÉM. RECURSO DESPROVIDO. I - No
pertinente aos crimes contra a honra exige-se o dolo direto
ou eventual, ou seja, não há crime com a ausência de dolo.
Portanto, se a conduta foi praticada com animus jocandi,
animus narrandi, animus corrigendi, animus defendendi,
animus consulendi, não haverá crime por ausência de dolo
específico de atingir a honra da vítima. Não bastasse isso, o
mero desejo de externar divergências, ante discussões de
cunho profissional, ou de promover a investigação de fatos,
assim como o ânimo de promover um questionamento
acerca de fatos, ainda que de forma contundente, afoita ou
agressiva, mas sem a concreta comprovação de ter havido a
intenção de provocar ofensa moral, e sem ainda sequer
individualizar/personificar escorreitamente os supostos
envolvidos, com absoluta certeza não configura nenhum
crime contra a honra. II - Se não fosse isto, ainda que se
acolha a alegação da defesa de que as supostas
irregularidades inexistiam (o que sequer ficou indiciado nos
autos, haja vista o exame atento dos depoimentos
testemunhais), ainda assim, seria possível se concluir que o
querelado incorreu em erro de tipo permissivo, por supor
erroneamente - mediante falsa representação da realidade -
que estava agindo de modo justificado, o que de qualquer
modo impõe entender a ausência de dolo na conduta por ele
perpetrada. (TJPR - 2ª C.Criminal - AC - 1440104-4 -
Curitiba - Rel.: Laertes Ferreira Gomes - Unânime - - J.
03.03.2016)

Após esse aparato de fundamentos expostos acima, conclui-se que


em nenhum momento houve conduta ofensiva, e muito menos imputação política em
relação a determinado candidato em detrimento de outros, não subsistindo motivos para
o andamento da presente cautelar, que visa apurar uma Conduta Lesiva que nem existiu.
Da Litigância de Má-Fé

O Código de Processo Civil de 2015 em seu artigo 80 disciplina


que:

“Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:


I – deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou
fato incontroverso;
II – alterar a verdade dos fatos;
III – usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV – opuser resistência injustificada ao andamento do
processo;
V – proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato
do processo;
VI – provocar incidente manifestamente infundado;
VII – interpuser recurso com o intuito manifestamente
protelatório.

Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o


litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a um
por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da
causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta
sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as
despesas que efetuou.”

Entende-se, em linhas gerais, que a litigância de má-fé no exercício


abusivo de faculdades processuais, da própria garantia da ampla defesa e do
contraditório, pois, a atuação da parte não tem a finalidade de fazer prevalecer um
direito que se acredita existente, apesar da dificuldade em demonstrá-lo em juízo, nem
se cuida de construção de teses sobre assuntos em relação aos quais reina discórdia nos
tribunais, a exemplo de uma matéria de direito, de interpretação jurídica, complexa e de
alta indagação.

Nada disso. O verdadeiro propósito do litigante é dissimulado,


pois, sob aparência de exercício regular das faculdades processuais, deseja um resultado
ilícito ou reprovável moral e eticamente, procrastinando a tramitação dos feitos e
causando prejuízos á parte que tem razão, além de colaborar para a morosidade
processual, aumentando a carga de trabalho dos órgãos judiciários e consumindo
recursos públicos com a prática de atos processuais que, sabidamente, jamais produzirão
os efeitos (supostamente lícitos) desejados pelo litigante assediador.

In casu, o Representante demanda uma ação sem a menor


fundamentação jurídica e lastro probatório. O que se percebe é a tentativa do
Representante em buscar – através do Poder Judiciário – dissimular como se ilícito
fosse, uma conduta que é amplamente permitida pela legislação eleitoral vigente, que é
a propaganda eleitoral.

DO CUMPRIMENTO DA LIMINAR
Com supedâneo, na Decisão Liminar exarada por essa Magistrada,
colacionamos a essa o Anexo da Colagem do Cumprimento da determinação de Vossa
Excelência.

DO PEDIDO

Diante do exposto, e devidamente ponderado, requer que Vossa


Excelência:

Preliminarmente, se manifeste pela extinção do processo sem


julgamento do mérito, haja vista a falta de requisito essencial a sua propositura, de
acordo com os fundamentos aqui colacionados, bem como a inépcia da inicial,
ilegitimidade de parte, Incompetência da Justiça Eleitoral e Carência da Ação.

E, ainda assim, caso Vossa Excelência, não acolha as preliminares,


requeremos a Extinção do Processo e o imediato arquivamento, tendo em vista que, as
pessoas mencionadas não integram a Coligação requerente.
Superada o pedido de Cumprimento de Liminar supra, requer a
Improcedência total da Ação, considerando de que não houve ofensividade para
proporcionar desequilíbrio entre os candidatos,

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Coroatá (MA), 27 de Setembro de 2016.

Elias Gomes de Moura Neto Maykon Veiga V. dos Santos


OAB/MA – 9394 OAB/MA 10.885

Nayana Galdino da Conceição


OAB/MA 10.894

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