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ANO LETIVO 2013/2014

1º Ciclo – Licenciatura

Direito Administrativo II
(Exame – Época Especial)
10.09.2014

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO

1. Vantagens: apreciação das questões de legalidade e de mérito; o poder de anular


ou declarar a nulidade, de revogar, de modificar ou substituir os atos
administrativos; simplicidade, informalidade e quase gratuitidade.

Inconvenientes: a previsão do recurso hierárquico necessário; privilegiar o


interesse público em prejuízo da legalidade das decisões; permitir à Administração
uma segunda oportunidade de apreciar a legalidade dos seus atos, em desfavor da
tutela judicial efetiva.

2. As aprovações são atos administrativos que, no âmbito de um controlo preventivo,


visam desencadear a produção de efeitos do ato aprovado. A falta de aprovação
não gera, portanto, a invalidade do ato (como acontece com a autorização) mas
apenas a sua ineficácia. Enquanto categoria de ato integrativo da eficácia (de
outros atos) são atos de 2.º grau. Assim, porque posteriores à decisão, enquanto
requisitos de eficácia, deverão ser colocadas na fase complementar do
procedimento administrativo (para os autores que admitam a existência de uma
tal fase).

3. Regulamentos delegados ou autorizados são aqueles em que a Administração,


autorizada pelo poder legislativo, atua em vez dele, ou seja, a lei, pelas razões
mais diversas, confere à Administração competência para, através de normas
regulamentares, ser ela própria a fixar a disciplina normativa de certas relações

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sociais. Este tipo de regulamentos suscita questões delicadas do ponto de vista
constitucional (reserva de lei formal), pelo que a Lei Fundamental proíbe estes
regulamentos quando sejam modificativos, suspensivos e revogatórios de leis
(artigo 112.º da CRP). Sobre o princípio da reserva de lei há todo um debate
doutrinal, optando-se por uma compreensão elástica do referido princípio, no
sentido de admitir algumas compressões (a fim de se adaptar à diversidade dos
tipos de intervenção);

Quanto aos regulamentos independentes, caracterizam-se pelo facto de não terem


por detrás de si uma lei específica, consistindo, por isso, numa regulação primária
ou inicial de certas relações sociais. Impõe-se, por outro lado, distinguir os
regulamentos (independentes) autónomos dos regulamentos independentes do
Governo (editados sem referência imediata a uma lei).

A questão principal que este tipo de regulamentos suscita é a da sua


compatibilidade com o subprincípio da precedência da lei (artigo 112.º/6/7 da CRP).
Esta última disposição constitucional é objeto de controvérsia doutrinal, estando
com aqueles que defendem que só é possível dar cumprimento à exigência
constitucional da indicação da lei que fixa a competência objetiva e subjetiva no
caso dos regulamentos das Autarquias Locais e das Regiões Autónomas. Isto não
significa, no entanto, a proibição dos regulamentos independentes do Governo,
como resulta do n.º 6 do artigo 112.º da CRP. Para nós, o fundamento destes
regulamentos decorre do artigo 119.º/c) da CRP, assumindo a forma mais solene
(decreto regulamentar).

4. a) Temos atos primários (de primeiro grau, isto é, atos que incidem diretamente
sobre determinadas situações da vida) e atos administrativos secundários (de
segundo grau, ou seja, atos que têm por objeto atos administrativos anterior-
mente praticados – atos sobre atos – como acontece com a revogação).

No primeiro caso, concluir-se-á pela deficiente fundamentação do ato se se


entender que do relatório não resultam razões de facto e de direito que sustentem

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o sentido da proposta de decisão (artigo 124.º e ss do CPA, em particular o n.º 1 do
artigo 125.º e ainda o artigo 268.º/3 da CRP).

Vendo-se na decisão final um ato de homologação, decai, inclusive, a ideia de


fundamentação por remissão (remissão implícita, artigo 124.º/2 do CPA), na
medida em que na homologação se verifica uma apropriação dos fundamentos e
conclusões da proposta, sendo, por isso, um ato primário (admite-se, no entanto, a
tese de outros autores, que veem aí um ato secundário).

Em tese, somos de parecer que alguma doutrina e jurisprudência são demasiado


permissivas quanto a esta questão, vital, aliás, para a defesa dos direitos e
interesses legalmente protegidos dos particulares.

Pelo menos, o sentido do ato administrativo deve exigir mais do que o lacónico
“Concordo” (defiro, indefiro, autorizo, etc.)

Embora haja que atender ao tipo de atividade administrativa e à natureza e


densidade axiológico-normativa dos direitos e interesses em presença, bem como
à gravidade da lesão (artigo 132.º/2/d) da CRP), o vício de forma (preterição
de formalidades essenciais), a que corresponde, no entendimento dominante
(doutrinal e jurisprudencial), a consequência jurídica da anulabilidade do ato.
Todavia, pode defender-se a consequência jurídica mais gravosa (a nulidade),
sustentando, nomeadamente, que a fundamentação constitucionalmente prevista,
constitui, ela própria, um direito fundamental dos administrados de natureza
análoga aos direitos, liberdades e garantias, pelo que a sua violação preencheria a
previsão da alínea d) do n.º 2 do artigo 133.º do CPA.

4. b) Estão em causa os princípios da concorrência (um único concorrente), da


transparência (deficiente fundamentação) e da boa-fé.

Cfr. os artigos 1.º/4, 38.º, 49.º, 315.º, 76.º, 79.º e 105.º, todos do Código dos
Contratos Públicos (CCP).

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