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BOLETIM 005/2019

FALHA REPETITIVA DA EMBREAGEM “E”

A transmissão ZF 6HP21 tem estado presente já nas oficinas por algum tempo. Se ainda não
topamos com alguma em nossa oficina, com certeza encontraremos alguma no futuro próximo.
Esta transmissão utiliza outros nomes tais como 6R60, bem como outras variações. Qualquer
que seja o nome usado, todas trabalham da mesma maneira e possuem um ponto de falha em
comum; a embreagem “E”, que controla a 5ª marcha. Alguns pontos de falha já são conhecidos de
nossos reparadores, tal como a bucha que alimenta a embreagem “E” e que, devido à desgaste,
gera código de falha de patinação após certo tempo de uso na estrada. Neste boletim tratamos
de áreas problemáticas no corpo de válvulas.

Para isto, vamos mapear o corpo de válvulas, seguindo o caminho do fluido e que envolve o
circuito de aplicação da embreagem. Fazemos isto de maneira que a examinar todas as áreas
que possam gerar vazamentos e causar uma falha. O lixamento de certas áreas do corpo fundido
pode ajudar a indicar pontos baixos que podem ser a causa da falha. Assim, vamos inspecionar
cada caminho do fluido de maneira a que a falha não se repita.

1 | Técnico responsável: Carlos Napoletano Neto contato@apttabrasil.com.br


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Figura 1

A figura 1 mostra o solenoide EDS4, que alimenta e controla circuitos e também a válvula da
embreagem “E”, que controla a embreagem.

A figura 2 mostra a válvula de redução de pressão, que alimenta TODOS os solenoides. Vamos
começar com esta válvula porém é muito importante reconhecer que se tivermos um problema
aqui, poderemos ter outras falhas também. Desde que estamos tratando somente da embreagem
“E”, vamos em frente.

A pressão proveniente do solenoide se encaminha para três válvulas, e para o acumulador do


solenoide. A pressão é aplicada entre a válvula da embreagem “E” e o tampão e luva (figura
1), e então entre as válvulas de seleção na extremidade da válvula de manutenção de pressão
“E” (figura 3). Os alojamentos e válvulas devem ser inspecionados quanto a danos e molas
quebradas. Temos de gastar algum tempo também testando estas válvulas com o equipamento
de vácuo, pois muitas vezes seu desgaste não é notado somente com a inspeção visual.

2 | Técnico responsável: Carlos Napoletano Neto contato@apttabrasil.com.br


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Figura 2

Seguindo o fluxo de fluido desde a pressão principal (linha) até a porta “E” na carcaça, a válvula
de seleção ‘3’ abre um caminho desde a pressão de linha principal até a válvula de manutenção
de pressão ‘E’ (figura 4) e a válvula da embreagem ‘E’ (figura 5). Em algumas aplicações da
ZF, a válvula de seleção em sua posição de descanso permite que o fluido passe por ela, e o
solenoide não movimenta a válvula. Ao seguir o caminho de alimentação do solenoide, isto
nos leva a descobrir algo que talvez não tenhamos percebido ainda quando se olha para o
diagrama hidráulico.

Figura 3

3 | Técnico responsável: Carlos Napoletano Neto contato@apttabrasil.com.br


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Figura 4

A válvula da embreagem ‘E’ abre o caminho desde a válvula de seleção até o circuito de aplicação
da embreagem ‘E’ enquanto que a válvula de manutenção ‘E’ bloqueia a pressão de fluido para
a exaustão, impedindo que ela escoe.

As válvulas da transmissão ZF são conhecidas por perder a camada de anodização (figura 6),
portanto é uma boa ideia desmontar todo o corpo de válvulas para inspeção, mesmo que não
tenhamos problemas adicionais com esta transmissão.

A seguir, queremos testar na bancada o solenoide EDS4 (figura 7). Utilizando um pequeno
pedaço de mangueira de borracha, para bloquear a área de alimentação do solenoide e a seguir
aplicar uma pressão de 30 psi (2 bar) de ar comprimido através da extremidade do solenoide
que alimenta as válvulas. O ar deverá passar através do solenoide livremente. Agora, aplique
uma tensão no solenoide e verifique se ele veda a área de escoamento.

4 | Técnico responsável: Carlos Napoletano Neto contato@apttabrasil.com.br


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Figura 5

Figura 6


Figura 7

5 | Técnico responsável: Carlos Napoletano Neto contato@apttabrasil.com.br


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Se o solenoide passar no teste e tudo o mais estiver OK, podemos concluir que está havendo um
problema de comando do módulo da mecatrônica, contudo, é muito mais provável encontrar
vazamentos nas áreas que foram detalhados neste artigo, ou nos componentes internos da
transmissão tais como buchas, anéis de vedação, etc.

Todos estes procedimentos podem parecer tediosos e que gastam tempo, porém encontramos
várias oficinas que tem lutado com estas falhas, mesmo após a reforma da caixa, e após várias
remoções e colocações da caixa, perceber que as falhas apresentadas e repetitivas eram
provenientes destas áreas que foram negligenciadas. Não se faz necessário testar desta maneira
cada transmissão que aparecer em nossa oficina, porém sempre que tivermos uma falha da
embreagem ‘E’, vale a penas gastar tempo nesta avaliação mais profundamente.

O mapeamento do corpo de válvulas toma tempo, mas ficará mais fácil à medida que formos
pegando prática nesta tarefa. Ficaremos surpresos de ver o quanto melhoramos em nosso
trabalho e na satisfação de nosso cliente quanto nos atentamos aos detalhes.

6 | Técnico responsável: Carlos Napoletano Neto contato@apttabrasil.com.br

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