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ANTEVERSÃO FEMORAL
Alteração rotacional mais comum
35°/30° - 1 ano/25° - 5 anos/15°
Regressão espontânea
Incidência familiar / frouxidão ligamentar
“Posição em W”
Patelas para linha media
Marcha com MMII rodados medialmente
RI > RE
80 % correção espontânea ate os 8 anos, mas pode ainda ter correção ate
os 16 anos.
Sentar com as pernas cruzadas (Não sentar por cima dos pés! Corrigir a
posição desde pequeno)
Denis Browne que é uma haste com sapatos rodados em 70 graus e a
criança vai dormir com aquilo
Correção cirúrgica é raríssima (anteversão > 50º/ RI do quadril > 80º,
sem torção externa tibial compensatória, porque às vezes a anteversão aumentada e a
tíbia acaba rodando pra compensar). Muito rara.
A criança, quando nasce, não possui a angulação do colo do fêmur que os adultos
têm, uma anteversão femoral. Quando nasce tem 35°/30°. Com 1 ano de idade, conforme a
criança vai crescendo, depois de se libertar daquele espaço contido do útero, diminui para 25°.
Aos 5 anos, pode possuir anteversão de aproximadamente 15° (que é o que prevalece
fisiologicamente no adulto normal). Caso os pais procurem atendimento médico, preocupados
com a versão femoral de seus filhos, o médico tem que avaliar essa angulação e instruir os pais
de que esse processo é normal, que sofrerá regressão naturalmente. Em
alguns casos, presença de casos de frouxidão ligamentar na família pode
predispor que a criança tenha uma anterversão mais pronunciada e/ou
uma correção mais demorada. Muitas vezes uma criança que demora
para corrigir essa anteversão femoral, por exemplo, uma criança de 7
anos que ainda está andando com os pés para dentro/marcha com
intraversão; a gente tem que acalmar a mãe, pois não precisa fazer nada,
até os 14 ou 15 anos isso vai corrigir. Então não tratar o que é fisiológico.
Geralmente a patela “olha” pra frente, mas nas pessoas que tem uma anteversão
femoral acentuada o fêmur está tão rodado internamente que quando a pessoa fica em pé as
patelas ficam rotadas para a linha média, uma de frente pra outra. Por isso essas pessoas
marcham com os pés pra dentro. Outra característica é que a rotação interna do quadril é maior
que a rotação externa, pois a anteversão femoral favorece mais que a rotação interna seja maior
que a externa. É por isso que o médico tem que registrar sempre o ângulo de progressão da
marcha, o ângulo coxa-pé e a rotação dos quadris.
Na medida em que o paciente vai crescendo, essa anteversão vai diminuindo
naturalmente, de tal forma que 80% corrigem até os 8 anos, porém até os 16 anos ela pode
continuar corrigindo naturalmente, ou seja, não precisa se preocupar em tratar de imediato, pode
conduzir com observação, além de orientar a criança sentar com as pernas cruzadas, no lugar
de sentar na posição em W.
O Denis Browne é uma órtese que tem uma barra de ferro e
botas nas extremidades dessa barra. Você regula a rotação externa dessa
criança e geralmente coloca 70º e usa durante o sono. É algo muito
polêmico e o professor não concorda muito. No entanto, às vezes quando a criança tem 8/9
anos, ainda não corrigiu e os pais são muito ansiosos você acaba prescrevendo, mais para tratar
o medo dos pais do que a própria criança.
A correção cirúrgica é muito rara: quando você tem uma anteversão maior que 50°
ou um ângulo de rotação interna maior que 80° sem correção com rotação externa tibial (quando
não tem essa compensação e a criança fica com uma anteversão muito grande aí você pode
indicar a cirurgia; então para evitar problemas no futuro, se a criança já tiver 12-13 anos e ainda
está muito acentuado, você pode indicar a cirurgia). A cirurgia é uma cirurgia grande, você vai
fazer uma osteotomia a nível de fêmur para tentar rodar a perna e corrigir (osteotomia femoral
proximal derrotatória – no google: osteotomia femoral proximal derrotativa). Então, casos com
RI maior que 80° sem compensação tibial é um quadro problemático porque se essa criança
persistir com as patelas tão rodadas assim, à medida que ela for crescendo vai havendo um
desgaste muito grande da região, podendo resultar numa condromalácia, fibrilação da
cartilagem e uma artrose. Por isso, nesses casos raros, tem que tomar uma medida cirúrgica.
PÉ METATARSO ADUTO
O paciente apresenta o 1° metatarso aduzido; é a alteração postural mais comum do
pé, também decorre da posição intrauterina. É mais evidente dos 6 meses até 1 ano, quando o
antepé fica aduzido e o retropé permanece neutro ou com valgo leve.
Geralmente esse metartarso é flexível, nesse caso, tem um bom
prognóstico sem qualquer tratamento, com 86% dos casos corrigindo
espontaneamente. Nas formas menos flexíveis, coloca gesso e fica
trocando até a correção. Quando não tem correção após 3 anos de
idade, você libera o músculo abdutor do hálux.
São ainda mais comuns que as deformidades rotacionais. São o genu varo e o genu
valgo e podem ser um estágio normal e fisiológico do desenvolvimento dos MMII a depender
da idade e NÃO há necessidade de realização de exames de imagem (RX). A maioria dos
homens é genu varo, assim como os japoneses também são quase todos genu varo, “cambotas”.
Os genu valgos são os “zambetas”. É mais uma vez desnecessário o uso de radiografias. Nesse
caso, ao invés de radiografia, deve-se lançar mão do cálculo da distância intercondilar (DIC) e
da distância intermaleolar (DIM). A criança deve ser posicionada em decúbito dorsal, com os
membros alinhados, a partir de então o médico deve medir a distância entre os côndilos tibiais
para avaliar o genu varo e, no caso de genu valgo, medir a distância entre os maléolos. Os
pacientes devem ser acompanhados (de 6-6meses e depois 1x ao ano) tal como devem ser
registrados a idade e o grau de progressão/resolução das deformidades (gráfico de
acompanhamento). Geralmente tem bom prognóstico e correção espontânea.
Pergunta: se a criança não nasce com a deformidade, mas o pai tem e ela tende a
andar da forma que ele anda, ela pode adquirir? Professor: só fala da tendência genética e não
da possibilidade de obtenção da deformidade
GENU VARO:
Presente em todos recém-nascidos até os 18 meses.
Genu varo com DIC > 5cm em qualquer idade pode
indicar raquitismo, já não é mais fisiológico, pode ser patológico,
demanda maior investigação.
Genu varo após 18 a 24 meses (2 anos), deve-se
realizar um RX para pesquisar se é raquitismo ou doença de Blount
(problema na parte medial da cartilagem de crescimento proximal
da tíbia. Doença complicada, difícil de tratar pois recidiva
bastante).
Ângulo metafísio-diafisário > 16° avaliado pelo RX (angulo entre a metáfise e a
diáfise) sugere Blount.
Maior risco: raça negra, peso excessivo e marcha precoce (competição das mães
para ver qual filho vai caminhar mais cedo pode ser prejudicial). A criança deve começar a
andar por volta dos 12 meses, porém os “anda-jás”, na tentativa de antecipar esse processo,
podem prejudicar, porque você coloca para a criança sustentar o corpo/peso antes dela estar
preparada para a marcha, aquilo pode de repente forçar demais aquele osso cartilaginoso e
provocar o genu varo. Então assim, quando vocês tiverem os seus filhos, vocês guardem e não
coloquem na criança antes dela ter a idade na qual ela deveria começar a andar. Claro que se a
criança já tiver com 12 meses e ainda não andou, já vai andar daqui a algumas semanas, então
você já pode colocar. Mas crianças pequenas, com 6 meses, por exemplo, não devem usar o
“anda-já”, pois esse tempo de mais 6 meses sustentando o peso do corpo pode provocar o
genuvaro).
Pergunta: A partir de quantos centímetros de alteração anatômica já é considerado
genu valgo e varo? Em um adulto o ideal é que a distância intermaleolar fique menor do que
5cm. A pessoa que já tem 7 cm de alteração já é considerada "zambeta". Então menor do que
5cm seria considerado normal. E a distância intercondilar tem que ser um valor pequeno, não
pode ser, como eu disse, maior ou igual a 5cm, que já é considerado raquitismo. E
principalmente, você tem que ficar atento se for assimétrico, pois essas coisas fisiológicas são
sempre simétricas. O que é de um lado é igual ao do outro. O ângulo metafisio-diafisário de um
lado é igual ao do outro. Se você vê que há diferença entre as duas pernas, deve investigar.
Essa é uma classificação que existe para a doença de Blount. Ele vai de I ate VI.
Quanto maior o grau, maior comprometido da parte medial da cartilagem de crescimento, então
pior prognostico. Nesse caso, como um lado está crescendo mais que o outro, devem ser feitas
as osteotomias, da tíbia, às vezes do fêmur também. A angulação alinha, mas à medida que a
criança vai crescendo isso pode recidivar e você vai ter que fazer de novo. Essas crianças vão
ficar com baixa estatura por conta da terapêutica usada. Então você tem que ter um contato
muito estreito com a família para fazer um acompanhamento. Para a prova deve-se saber avaliar
um paciente com genu varo, saber quais exames pedir e o que fazer de tratamento.
GENU VALGO:
O mais comum no consultório é o genu valgo. Ele geralmente é fisiológico e as
formas patológicas acontecem quando ele é assimétrico, quando a criança tem baixa estatura,
sendo necessário ficar atento na diferenciação do fisiológico para o patológico. Pode ser
decorrente por problemas na cartilagem de crescimento, da formação do osso, das chamadas
displasias metafisárias, no raquitismo, fratura da metáfise proximal da tíbia. As vezes uma
fratura pode comprometer uma parte da cartilagem de crescimento, fazendo o contrário do
Blount, crescendo na parte medial e bloqueando na parte lateral. Esses casos geralmente são
assimétricos, devem ser acompanhados pelo médico, que deve, desde o início, informar pros
pais que a criança pode vir a apresentar valgismo. O fisiológico é sempre simétrico. É muito
importante fazer uma diferenciação no genu valgo infantil e do genu valgo pré-adolescente. O
infantil corrige espontaneamente até os 6, 7 anos de idade. Agora no genu valgo pré-adolescente
(após 10 anos de idade), se a distância intermaleolar for mais que 7,5 cm, isso não corrige mais
espontaneamente, você tem que fazer cirurgia. Essa é a regra.
Esse estudo mostra que quando a criança nasce geralmente ela possui genu varo.
Mais ou menos aos 18 meses, dois anos, ele corrige. O genu varo fica alinhado. Dos dois anos
até os quatro, normalmente, é quase uma regra, a criança cresce e vai se tornando “zambeta”,
isso é normal, é um genu valgo simétrico, que alcança o pico aos 4 anos. A partir daí vai ocorrer
aquele primeiro estirão da infância e a tendência é de corrigir até os 6 anos.
Falando sobre o gráfico:
Coloca a idade, a
distância intermaleolar e vai
analisando. Observa-se que vai
aumentar e depois dos 6 anos
diminui e fica um platô
Antigamente a
criança chegava com 3 anos de
idade, genu valgo e o
ortopedista falava que tinha
que corrigir, usar aquelas botas
pesadas, a criança virava alvo
de bullying. Chegava aos 6
anos, corrigia e se achava que
era devido a bota. Mas não, a gente sabe que não tem necessidade de corrigir nessa idade. Então
esse genu valgo infantil, ele corrige espontaneamente, e só fazer o seguimento. O seguimento
você coloca a idade, a distância intermaleolar aqui e vai vendo. Até os quatro anos vai aumentar
e depois dos seis anos diminui.
Agora se chega numa certa idade (maior que dez anos) e está muito grande, por
exemplo: essa menina, 12 anos e a distância intermaleolar está 17cm (valgo de adolescente),
não vai deixar a menina ficar desse jeito, quando ela envelhecer e aumentar o peso, os vetores
de força que estão no joelho vão passar para o compartimento medial, os ligamentos vão ficando
frouxos, então vai ter uma artrose precoce nessa região. Esse é um caso de genu valgo pré-
adolescente.
A cirurgia é uma epifisiodese de fêmur distal temporária, muito simples, muito fácil
de fazer e eficaz, faz uma incisão oblíqua, pequena e medial, dos dois lados, depois identifica
a cartilagem de crescimento e coloca os grampos de Blount que vão bloquear temporariamente
o crescimento da parte medial. Em média com até 1 ano já está alinhado, podendo ser realizado
a retirada desses grampos. Mas atençao essa cirurgia só pode ser feita enquanto a criança estiver
em potencial de crescimento. E principalmente tem que orientar insistentemente a família que
tem que ficar voltando no consultório, se deixar esses grampos tempo demais vai produzir uma
deformidade inversa – varismo. Não se sabe exatamente o tempo, algumas pessoas com 6 meses
já estão alinhadas, por exemplo, se tem um estirão de crescimento de repente.
A técnica: esse grampo é um grampo muito antigo e, muito eficaz, muito barato,
pode ser usado à vontade (em convênios particulares e tudo) é muito simples e eficiente. Ele
bloqueia o crescimento no local onde foi instalado, enquanto que o lado livre continua
crescendo, reestruturando a angulação do membro inferior. Mas a indústria acaba inventando
coisas muito mais modernas, caríssimas, que não tem necessidade nenhuma usar.
Esses aqui são sempre usados. Um problema que eu já tive uma vez foi quando eu
usei, o menino foi jogar bola e conseguiu sacar um grampo, eu tive que operar de novo e
empurrar o grampo no lugar. É uma cirurgia que não dá problema. O problema é passar do
tempo, e outra coisa: fazer a cirurgia depois que já fechou a cartilagem de crescimento não tem
sentido.
Essa menina tinha um genu valgo que não era tão acentuado quanto a outra, mas se
deixar essa menina desse jeito, ela vai ter artrose futuramente. Na segunda foto percebe-se que
em pouco tempo após a cirurgia já se obtém um resultado bem diferente e normal.
Você localiza a cartilagem de
crescimento, coloca esses 3 grampos, aí espera
ela crescer. Espera a menarca, faz uma
radiografia, vê se as cartilagens de crescimento
ainda estão presentes. Se antes do diagnóstico já
tiver fechado, é uma cirurgia imensa, osteotomia
no fêmur e não tem indicação (não faz), pode dar
complicações.
A deformidade do genu valgo é mais
no fêmur e nessa parte aqui, é uma parte responsável muito responsável pelo crescimento do
MMII. Às vezes acontece de ser tão acentuado que coloca grampo nos dois, eu nunca precisei,
geralmente grampos apenas no fêmur, vai crescendo e vai alinhando.
Pergunta: Limitações da cirurgia? Coloca o grampo e pode mandar jogar bola no
outro dia se quiser, só esperar cicatrizar, não imobiliza e não faz nada.
Pergunta (não dá para ouvir, ele responde:) A doença de Blount é mais complicado,
porque geralmente o que a gente faz é osteotomia mesmo, as deformidades são muito grandes,
e a criança já tende a ficar com baixa estatura. No tratamento pode até associar isso aqui, mas
no caso lá é genu varo, aí tem que colocar contralateral à deformidade. Mas no Blount, como
são deformidades mais grosseiras, temos tendência a usar mesmo a osteotomia, mas você pode
associar, o importante é entender o que é o Blount, que é algo necessário para fazer o
diagnóstico precoce para ter um acompanhamento mais de perto e saber a hora certa de atuar.
DISCREPÂNCIAS DO MEMBRO INFERIOR
Fala acerca da historia do alongamento ósseo, sobre o médico que inventou. Fala
que ele descobriu a velocidade de alongamento como sendo de 1mm por dia. No inicio era
muito primitivo, mas funcionava muito bem. Para alongar ele cortava o osso e colocava um
sistema de parafusos, onde rodando esse parafuso, faz-se a distração do osso e ele alonga. Na
medida que o osso vai afastando, forma mais osso entre os fragmentos afastados. Quando chega
na meta desejada, deixa passar um certo tempo para deixar consistente a ossificação, e depois
você tira o sistema de parafusos.