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Segundo Vigotski, o homem, sendo um ser essencialmente social e historicamente constituído

nas relações com o outro, em atividades práticas comuns, intermediadas pela linguagem, se
constitui e se desenvolve enquanto sujeito, internalizando a cultura local, seu modo de
pensar, agir, enfim, relacionar-se com os outros e consigo mesmo. A escola, como formadora
de sentidos para os alunos, sente-se responsável pela formação de cidadãos que, ao fazerem
parte da sociedade, contribuam significativamente para a mesma e, para tanto, provê
práticas voltadas para o desenvolvimento de todo o seu potencial, buscando incentivar nos
alunos a autonomia e a busca do conhecimento. Porém, existem barreiras que impedem o
total desenvolvimento do aprendiz, caracterizando os problemas de aprendizagem.
Considerando os problemas de aprendizagem como aqueles que se superpõem ao baixo nível
intelectual, não permitindo ao sujeito aproveitar suas potencialidades. Apresentamos o
processo de aprendizagem humana, na fala de Bossa, como um procedimento que pode
seguir padrões normais ou patológicos, e que recebe influências de várias instâncias, tais
como da família, da escola e da sociedade. Isto significa levar em conta as questões internas
e externas da vida do indivíduo envolvido na aprendizagem. Segundo Fernández, o problema
de aprendizagem, obedece fundamentalmente a duas grandes ordens de estruturas causais,
que são os fatores situados no sujeito que aprende e seu grupo familiar ou na instituição
socioeducativa e seu entorno social

aluno do ensino fundamental I, de uma escola particular, em Ouro Branco, que intrigava-nos
por seu baixo rendimento escolar, mesmo gozando de boa saúde física e mental e tendo
ambos os pais com nível educacional superior. O aluno apresentava bom potencial cognitivo,
ficando claro que fatores alheios a ele estavam interferindo em sua aprendizagem. Com isto,
tenho como objetivo, neste relato de experiência, avaliar as repercussões das influências do
meio no fator aprendizagem. Procuro chamar a atenção dessa influência na própria instituição
socioeducativa e como poderemos, como instituição educacional, intervir nessa situação.
Identificado o problema, formamos uma equipe interdisciplinar que se propôs a observar e
entender as vivências e os relacionamentos do aluno. Essa observação e busca de
entendimento abrangeu questões nos níveis individuais, como saúde, processos psicológicos,
emocionais e acadêmicos, bem como as questões voltadas para o relacionamento com seu
grupo de pares e com seus familiares. A equipe composta de uma psicopedagoga, uma
orientadora educacional, uma coordenadora pedagógica, o pessoal do núcleo operacional
(zeladoras, pessoal da cantina, monitores), o coordenador de disciplina e da diretora da
escola, realizou, após as devidas observações e entrevistas com colegas de classe do aluno e
com os pais e professores, uma reflexão inicial sobre quais fatores estariam interferindo nas
questões de aprendizagem do aluno. Ao analisar todos os relatos coletados, concluímos que
esse aluno estava sofrendo bullying dos colegas. Elucidado o problema, buscamos realizar
uma intervenção junto aos colegas, à família e ao próprio aluno, com proposta de
atendimento individual e psicológico para o aluno e seus pais, bem como conscientização dos
colegas quanto ao bullying. A compreensão das condições em que se dá o processo de
aprendizagem nos permitirá uma reflexão crítica mais atenta à pluralidade de sentidos,
proporcionando condições da escola desenvolver práticas mais abrangentes em todas as
dimensões educacionais.

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