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em Foco
Indaial – 2016
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2016
Elaboração:
Prof.ª Clara Aniele Schley
Prof. Jean Carlos Morell
Prof.ª Patrícia Cesário Pereira Offial
370
S339l Schley; Clara Aniele
Licenciaturas em foco/ Clara Aniele Schley; Jean Carlos Morell;
Patrícia Cesário Pereira Offial : UNIASSELVI, 2016.
199 p. : il.
ISBN 978-85-7830-997-8
1.Educação.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Pesquisas atuais destacam a relevância da educação como fator da diversidade,
da inclusão, da paz, e da solidariedade. Sabemos que muitos dos nossos alunos provêm
de situações sociais e familiares adversas e caóticas, e que acabam por reproduzir na
escola aquilo que vivem em seus lares. Na grande maioria das vezes, os pais estão
distantes da vida escolar de seus filhos e a escola se vê só e incapaz de resolver todos
os conflitos que a assolam.
Uma educação que valoriza a diversidade surge como uma alternativa para que
possamos buscar respostas para as problemáticas existentes no cotidiano escolar. Muito
embora a Declaração dos Direitos Humanos tenha sido aprovada em 1948, os estudos
acerca dos seus encaminhamentos continuam mais atuais do que nunca, tendo em
vista a premência de provocar discussões e estudos sobre a temática. Principalmente
no que diz respeito ao preconceito em seus mais variados contextos.
Boa leitura!
GIO
Você lembra dos UNIs?
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo
interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta,
acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa
facilidade para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é
uma dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal
de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a
participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos
a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples
e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE.
Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
EDUCAÇÃO E
DIVERSIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoati-
vidades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
DIVERSIDADE E OS DESAFIOS
ATUAIS
1 INTRODUÇÃO
No trabalho intelectual sério e crítico não existem “inícios absolutos”
e poucas são as continuidades inquebrantáveis. Não basta o
interminável desdobramento da tradição, tão caro à história das
ideias, tampouco o absolutismo da “ruptura epistemológica” (...) O
que importa são as rupturas significativas - em que velhas correstes
de pensamento são rompidas, velhas constelações deslocadas, e
elementos novos e velhos são reagrupados ao redor de uma nova
gama de premissas e temas (HALL, 2003, p. 123).
3
A individualidade expressa por cada um, ou seja, a sua forma de ser,
de aprender, de representar e utilizar o conhecimento, resulta de sua
história e dos valores culturais nos quais o indivíduo está imerso. A
cultura e o contexto oferecem os símbolos, os produtos simbólicos,
os diferentes sistemas simbólicos que se conectam com o sistema
nervoso do indivíduo no momento da aprendizagem. Assim, cada
palavra, frase ou história, vistas como entidades simbólicas, são
interpretadas e reconhecidas de acordo com seus significados
existentes na cultura (MORAES, 2010, p. 178).
FIGURA 1 - DIVERSIDADE
4
Outro exemplo da constituição das multiculturas vem ocorrendo na Alemanha.
O país concedeu a entrada de imigrantes da Síria, África e Oriente Médio, refugiados
da guerra, que de um lado abrigou as pessoas vítimas desse sofrimento e, de outro,
causou problemas, aumentando a violência no seu próprio país, pois não se pensou
numa política para essa integração.
5
Como, então, pensar numa educação centrada apenas no indivíduo
sem levar em consideração as relações e as interconexões recíprocas
que ocorrem entre os diferentes sujeitos? (...) Piaget, Paulo Freire,
Gardner e Papert são unânimes em reconhecer que o conhecimento
decorre das interações produzidas entre o sujeito e o objeto, de
uma interação solidária entre ambos, que se constrói por força da
ação do sujeito sobre o meio físico e social e pela repercussão dessa
ação sobre o sujeito. Reconhecem a existência de uma dimensão
individual e, ao mesmo tempo, coletiva, dinâmica, sistêmica e aberta
entre sujeito e objeto e sujeitos entre si (MORAES, 2010, p. 161).
Essa complexidade que envolve cultura e educação vem sendo debatida por Hall
(2003, p. 43), quando afirma que a cultura não apenas é herança, mas uma construção
coletiva em processo.
6
Conforme o pensamento do autor, podemos dizer que a diversidade cultural
no contexto escolar deve ser compreendida pelo mesmo viés, vinculado a tradições,
porém, em processo de transformação na ação coletiva, ou seja, o aprendiz deve ser
respeitado pela bagagem cultural que traz, mas no contato com o outro haverá novas
formas de entender o mundo, criando laços culturais, ampliando significados de vida.
E é esse o grande desafio do educador ao estar à frente das diferentes identidades,
lidando com sua coletividade.
Quando Habermas (1983, p. 22) discute que “ninguém pode edificar a sua
própria identidade independentemente das identificações que os outros fazem dele”,
nos reforça que somos construídos por uma coletividade, e com isso devemos cuidar
para que essa coletividade não sufoque ou discrimine um específico indivíduo.
É isso que acontece quando entra num grupo “homogêneo” alguém com
características - sejam elas físicas ou culturais - diferentes. No caso de ser em
ambiente escolar, deve o educador saber lidar com essa situação, não permitindo que
rótulos ou discriminações façam parte de um grupo em formação. Os valores como a
ética e o respeito ao próximo devem ser eixo norteador no sentido de combater ações
discriminatórias, bem como colaborar para a formação cidadã do sujeito. Eis que surge
aqui outro desafio da diversidade, o de educar para a cidadania num ambiente plural
que é a escola. Como formar cidadãos que zelam pelos seus direitos e deveres, que
contribuem para uma sociedade justa e equilibrada, num mundo globalizado?
Para você entender melhor o que quer dizer essa projeção de imagem e os
danos que ela poderá causar a alguém ou a um grupo, analise a seguir o que expressa
a pesquisa desenvolvida pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), no
ano de 2009, apontando o percentual de respondentes com algum nível de preconceito:
7
GRÁFICO 1 - ABRANGÊNCIA DA ATITUDE PRECONCEITUOSA
8
GRÁFICO 2 - ÍNDICE DE CONHECIMENTO DE PRÁTICAS DISCRIMINATÓRIAS COM PROFESSORES (ESCALA
VARIA ENTRE 0 E 100)
Como você pode analisar, as pessoas dentro da própria escola acabam julgando,
ou nivelando o grau de conhecimento do professor de acordo com sua cor, etnia, poder
aquisitivo, sexualidade, gênero, condição física e de moradia. O preconceito maior se
expressa no professor negro, pobre ou homossexual. Não consideram seu grau de
estudo, formação, empenho, leituras, entre outros, mas julgam pelas características, na
maior parte, física.
9
Neste caso, o gráfico aponta para maior índice de preconceito e práticas
discriminatórias com idosos, homossexuais e mulheres. No entanto, não é tão simples
compreendermos as razões pelas quais os preconceitos concorrem para ações
discriminatórias, devemos antes entender a raiz dessa problemática.
Perceba que esta ação é um tipo de preconceito primário, pois por uma
questão de sobrevivência, o ser humano não tinha valor, ele era apenas o caçador.
10
QUADRO 1 - RAÇA ARIANA E O PRECONCEITO
11
Entendam que os desafios atuais da diversidade têm raízes no passado, por isso
é uma questão de consciência coletiva. Nesse sentido, quando se trata de diversidade,
há uma ampla compreensão que abarca estudos mais complexos para circundar maior
entendimento do assunto. Compete aqui não se estender, mas apresentar significados
dos estudos que envolvem este tema, segundo o quadro a seguir:
FONTE: Adaptado de Ribeiro (2016), Feitosa (2016), Kretzmann (2007), Silva e Alvarenga (2009).
12
Já o termo multiculturalismo carece de mais aprofundamento para sua
elucidação, pois seu significado ainda vem causando distorções entre alguns teóricos.
Diante disso, traremos o conceituado autor deste assunto, Hall (2003, p. 50), que nos
esclarece, sustentando que:
Multiculturalismo
Multiculturalismo Multiculturalismo
Crítico ou
Conservador Liberal
Revolucionário
13
Multiculturalismo Multiculturalismo Multiculturalismo
Pluralista Comercial Corporativo
Fala-se, por exemplo, em aldeia global para fazer crer que a difusão
instantânea de notícias realmente informa as pessoas. A partir
desse mito e do encurtamento das distâncias – para aqueles que
realmente podem viajar – também se difunde a noção de tempo e
espaço contraídos. É como se o mundo houvesse se tornado, para
todos, ao alcance da mão. Um mercado avassalador dito global é
apresentado como capaz de homogeneizar o planeta quando, na
verdade, as diferenças locais são aprofundadas. Há uma busca de
uniformidade, ao serviço dos atores hegemônicos, mas o mundo se
torna menos unido, tornando mais distante o sonho de uma cidadania
verdadeiramente universal. Enquanto isso, o culto ao consumo é
estimulado (SANTOS, 2000, p.9).
Vamos refletir agora sobre uma questão ENADE de 2008, que trata de uma das
problemáticas da diversidade, a educação escolar e a desigualdade social.
14
LEITURA
COMPLEMENTAR
QUESTÃO ENADE 2008
Alternativa correta: A
Comentários:
15
a raiz da questão dá destaque para a ideia de que há unanimidade entre eles, a
despeito de suas diferenças. A partícula “mesmo”, no início do período, suplanta o fator
condicionante no sentido de significar “ainda que”, ou seja, no sentido de que, para além
das diferenças geográficas e históricas que contingenciam os postulados teóricos, algo
há em comum entre eles.
A segunda alternativa tenta forçar uma conclusão improvável, uma vez que
a garantia da empregabilidade não deriva do aumento da escolaridade da população.
De certa forma, considerando o argumento já destacado na alternativa anterior, até
poderíamos dizer que esse aumento de escolarização vai fazer aumentar as exigências
do mercado e exigir progressiva compatibilidade com o nível de instrução. No entanto,
não é verdade que garanta empregabilidade em alguma instância.
16
Por fim, a última alternativa peca pela associação de duas assertivas que não
mantêm correlação entre si (a equanimidade entre os segmentos sociais e a diminuição
dos conflitos culturais) e pela pretensão de associá-las à escolaridade. Muito embora se
pretenda que a escolarização progressiva contribua para a diminuição da desigualdade
social através da equiparação das condições de acesso da população às mesmas
benesses sociais, sabemos que isso não representa a equalização social idealizada.
17
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Os desafios atuais da diversidade têm raízes no passado, por isso é uma questão de
consciência coletiva. As pessoas não assumem que são preconceituosas. Contudo,
estão predispostas a manter distância social de outros grupos.
18
AUTOATIVIDADE
1- QUESTÃO ENADE PEDAGOGIA 2014
19
20
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
EDUCAÇÃO INTERCULTURAL
1 INTRODUÇÃO
A perspectiva intercultural surge da necessidade de dar um novo rumo ao
que propõe o monoculturalismo, que defende a ideia do compartilhamento dos povos
em uma mesma cultura e do multiculturalismo, a qual entende as diversas culturas,
porém só as considera se forem necessárias à coletividade. Tanto o monoculturalismo
quanto o multiculturalismo compartilham visões que, para os defensores da concepção
intercultural, podem gerar mais exclusões. Nesse sentido, a perspectiva intercultural
emerge da complexidade de atuar nos conflitos entre essas duas visões e promover
relações das identidades sociais e suas diferenças, como também dar base para que
estas relações sejam recíprocas e estabeleçam um grau de criticidade e solidariedade.
22
Percebam que a ausência de uma política que valorizasse o futuro dos negros
escravos ocasionou sérios problemas, que se refletem até os dias atuais. Esses escravos
não tinham para onde ir, passando assim a ocupar locais de risco, sofrendo fome,
discriminação e violência.
23
Como você viu, há amparo na lei, que tenta, de alguma forma, trazer esses
conhecimentos que fizeram parte um dia da vida de nossos antepassados, com o intuito
de resgatar a cultura, pois é considerado um patrimônio da história mundial. A valorização
desta cultura é uma questão de inclusão, de ética e compromisso com gerações
castigadas pela discriminação. Por conta disso, há programas desenvolvidos pelo
governo que tentam suprir essa “deficiência” nas escolas. O Programa Ética e Cidadania,
construindo valores na escola e na sociedade, é um Programa de Desenvolvimento
Profissional Continuado desenvolvido pelo MEC, que tem por objetivo criar subsídios
para um trabalho voltado à democracia, à ética, à cidadania e à justiça.
24
Esta tarefa passa por processos de diálogo entre diferentes
conhecimentos e saberes, a utilização de pluralidade de linguagens,
estratégias pedagógicas e recursos didáticos, a promoção de
dispositivos de diferenciação pedagógica e o combate a toda forma
de preconceito e discriminação no contexto escolar.
A inclusão como prática que valoriza a diversidade dos saberes é ainda uma
conquista. Para alcançá-la é necessário alterar os currículos, capacitar os professores e
todos os envolvidos com a educação, inclusive os pais e a comunidade, pois é preciso
romper o preconceito instaurado na sociedade, e esse é um desafio de todos e para
todos.
Nesse contexto, uma das questões desenvolvida para o ENADE (Exame Nacional
de Desempenho de Estudante) de 2014 para o curso de Pedagogia aborda o tema em
discussão, a qual demonstra a preocupação do Estado em envolver no currículo da
Educação Básica estudos sobre uma cultura bastante fragilizada.
FONTE: CURY, C. R. J. A educação básica como direito. Caderno de Pesquisa, v. 38, n. 134, maio/ago.
2008, p. 300 (adaptado).
25
É correto apenas o que se afirma em:
A I.
B II e IV.
C I, II e III.
D I, III e IV.
E II, III e IV.
Resposta correta: D
Conferimos também que a Lei nº 13.005, a qual aprova o novo PNE (Plano
Nacional de Educação), prevê metas e estratégias para o período de 2014/24, que
têm impacto no cumprimento de ações que envolvem a valorização da diversidade
nos aspectos culturais, sociais, pautados nos direitos humanos. A partir daí, conforme
consta na meta 7 deste mesmo plano, buscam a promoção da qualidade da educação,
com avanço do andamento escolar e na aprendizagem, atingindo as consequentes
médias nacionais para o Ideb:
27
QUADRO 4 - MÉDIAS NACIONAIS PARA O IDEB (META 7 DO PNE)
Anos iniciais
do Ensino 5,2 5,5 5,7 6,0
Fundamental
Anos finais
5,5
do Ensino 4,7 5,0 5,2
Fundamental
5,2
Ensino Médio 4,3 4,7 5,0
28
Conforme o Observatório do PNE (2013, s.p.), “desenvolver indicadores
específicos de avaliação da qualidade da educação especial, bem como da qualidade
da educação bilíngue para surdos”, é uma estratégia pautada nos direitos humanos, que
defende a educação para todos. No vislumbre da qualidade, devemos ter em mente que
o desafio é grande e necessita do apoio não somente do governo e atores educativos,
mas dos docentes e comunidade envolvida.
29
Nesse sentido, o combate à discriminação começa por uma educação
consciente e crítica. Para tanto, é necessário o entendimento global de nossa história,
que por muitos anos foi camuflada sutilmente pelos livros didáticos de uma época.
Hoje, com a globalização tecnológica, a informação corre numa velocidade em tempo
real. O que acontece neste instante o mundo recebe em questão de um estalar de
dedos. É por isso que formar cidadãos críticos frente a essa nova era tecnológica é tão
necessário quanto urgente, pois se antes conhecíamos a história pelos livros didáticos,
pelo contexto, muitas vezes limitados do autor, hoje se conhece pelas mídias e, sendo
assim, há muita informação distorcida, manipulada e questionável.
Implementar uma política de inclusão é muito mais que permitir o acesso aos
sujeitos negados, é pensar e estruturar condições para que essa inclusão saia do papel
e verdadeiramente se aplique. Para tanto, esta estratégia preconiza o respeito à rotina
da população tanto do campo, quanto indígena e quilombolas, organizando situações
de aprendizagem que se articulem junto às culturas dessas comunidades, desde a
estruturação física até a pedagógica, atendendo assim à diversidade.
Esta estratégia enfatiza uma educação sensível aos contextos de cada cultura,
suas especificidades e demandas. Valoriza práticas que fortalecem a língua materna,
que por muitos anos foi desvalorizada por conta de um sistema de currículo único e
desarticulado da realidade. Hoje corre-se atrás dos prejuízos que um sistema educativo
trouxe para comunidades mais fragilizadas. É preciso elevar a qualidade conforme a
meta 7 estabelece, porém:
30
As políticas e as estratégias adotadas voltadas para melhorias
da qualidade educativa devem estar estritamente adaptadas ao
contexto local, serem flexíveis no sentido de incorporar as mudanças
necessárias requeridas pelo contexto e pela cultura local. A busca da
qualidade educativa envolve a existência de processos que facilitem
os mais diferentes diálogos, não apenas entre alunos, professores e
comunidade escolar, mas também o diálogo do homem e da mulher
com o seu contexto, com a sua realidade, com a cultura rica em
sistemas simbólicos. É a qualidade do diálogo entre o sujeito e o seu
mundo que o torna um sujeito histórico (MORAES, 2010, p.196).
31
LEITURA
COMPLEMENTAR
EDUCAÇÃO INTERCULTURAL E DIREITOS HUMANOS: CONSTRUINDO CAMINHOS
32
e atribuir-lhe sentido, é necessário que experimentemos uma intensa interação com
diferentes modos de viver e se expressar. Não se trata de momentos pontuais, mas
da capacidade de desenvolver projetos que suponham uma dinâmica sistemática
de diálogo e construção conjunta entre diferentes pessoas e/ou grupos de diversas
procedências sociais, étnicas, religiosas, culturais etc.
33
DICAS
Literatura afro-brasileira
Literaturas que valorizam a diversidade étnica e cultural afro-brasileira e africana são uma
ótima alternativa para abordar os conteúdos exigidos pela Lei 10.639, que obriga o ensino
da "História e Cultura afro-brasileira e africana" nas escolas de Ensino Fundamental e
Médio das redes pública e privada de todo o Brasil.
34
DICAS
Veja também livros sobre a cultura indígena:
Literatura Indígena
35
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
36
AUTOATIVIDADE
1- Questão ENADE PEDAGOGIA 2014
Uma jornalista baiana passou pelo que classificou como “enorme constrangimento” ao
tirar a foto para renovar o passaporte, em Salvador: agentes da polícia federal pediram
que ela prendesse o cabelo estilo black power, pois o sistema não aceitava a imagem
gerada: “eu gosto do meu cabelo e, naquela foto, fiquei terrível”, disse. A jornalista
descarta ter recebido qualquer tratamento racista dos funcionários do local, mas
reclamou no Facebook: “essas coisas podem não ser intencionais, mas tudo, no fundo,
tem um padrão que desvaloriza a estética que foge do convencional”. O delegado, chefe
do setor, explicou que um cabelo de proporções maiores diminui o rosto do fotografado,
e foi isso que o sistema impediu. “A gente concorda com ela que isso é inadmissível. O
caso já foi passado para nossa sede em Brasília, para sabermos que medidas podem ser
adotadas”, afirmou.
Diários Associados. Estado de Minas, 18, jul. 2014 (adaptado).
1 INTRODUÇÃO
Há poucas décadas que se discute educação de forma mais ampla, com
suas ramificações educacionais, sendo elas: educação formal, não formal e informal.
Estudiosos tramam discussões das quais o ser humano em determinado contexto
educacional se relaciona, internalizando aquilo que torna importante levar para a vida
pessoal e/ou profissional. Na atual conjuntura, em que a tecnologia proporciona uma
fonte de informações inerentes ou não na trama do aprender, lançam-se as fontes vivas
que estão em nosso entorno, o patrimônio cultural e natural que dialogam e propõem
ao sujeito fazer conexões constantes consigo, na relação com o outro e com o meio
onde está inserido, em um desafiar constante sobre refletir o ser e estar no mundo.
Portanto, ao longo do texto, as três dimensões educacionais serão apresentadas com
suas particularidades, caminhos que mostram a indissociabilidade entre duas delas e a
transformação que elas proporcionam socioculturalmente.
39
FIGURA 4 - ASPECTOS QUE PROPICIARAM NOVOS OLHARES PARA A EDUCAÇÃO
40
campo pedagógico, nas pesquisas científicas e até em disciplinas que se encontram no
campo acadêmico. Entendemos, assim, que a educação não apresenta modelo único,
ou seja, somente a educação formal, com práticas e professores. A educação, portanto,
vem [...] “extrapolando o âmbito escolar formal, abrangendo esferas mais amplas da
educação informal e não formal” (LIBÂNEO, 2010, p. 28).
A educação não formal é uma atividade com uma intencionalidade, mas com
outra organização, sistema e tempo, podendo ser encontrada nos trabalhos comunitários
e atividades culturais, bem como na escola e nas atividades extracurriculares que
integram os conhecimentos da educação formal. Para Trilla (2008), a educação não
formal rompe com algumas características escolares, com uma educação regrada. “A
educação não formal tem outros atributos: ela não é organizada por séries/idades/
conteúdos. [...] desenvolve laços de pertencimento. Ajuda na construção da identidade
coletiva do grupo” (GOHN, 2010, p. 20). Sendo um dos objetivos o aprender em conjunto,
de forma interativa e dinâmica e que ocorre por diversas metodologias, muitas
oferecem certificação, mas cabe a cada pessoa escolher participar e se envolver com
determinação naquilo que se propõe a realizar. Podemos encontrar esse envolvimento
no estudo de línguas, cursos de curta duração, seja presencial ou on-line, mediação e
participação nas ações educativas em museus; congressos; reuniões de entidades para
definir metas, estratégias ou ações; associações dos bairros e comunidades, formações
continuadas etc. Essa forma diferenciada da educação formal, segundo Gohn (2010),
resulta em:
41
• Consciência e organização de como agir em grupos coletivos.
• A construção e a reconstrução de concepção de mundo e sobre o
mundo.
• Contribuição para um sentimento de identidade com uma dada
comunidade.
• Forma o indivíduo para a vida e suas adversidades (e não apenas
capacitação para entrar no mercado de trabalho).
• Quando presente em programas com crianças ou jovens
adolescentes, a educação não formal resgata o sentimento de
valorização de si próprio (o que a mídia e os manuais de autoajuda
denominam, simplificadamente, como a autoestima); ou seja, dá
condições aos indivíduos para desenvolverem sentimentos de
autovalorização, de rejeição dos preconceitos que lhes são dirigidos,
o desejo de lutarem para ser reconhecidos como iguais (enquanto
seres humanos), dentro de suas diferenças (raciais, étnicas, religiosas,
culturais etc.).
• Os indivíduos adquirem conhecimento de sua própria prática, os
indivíduos aprendem a ler e a interpretar o mundo que os cerca.
• Desenvolve a cultura política do grupo (GOHN, 2010, p. 21).
42
FIGURA 5 - AS TRÊS DIMENSÕES EDUCACIONAIS EM MOVIMENTO CÍCLICO
[...] essa relação entre esses lugares pode constituir sujeitos mais
sociáveis, trazendo sentido para que eles compreendam o meio em
que vivem e relacionam-se. Portanto, um lugar para estabelecer
essa relação é o museu, que convida a abraçar de forma objetiva
os saberes que o constituem, devendo começar por nós mesmos,
docentes. Em um movimento de ampliação de capital cultural,
construindo novos saberes onde o museu passa a ser um mediador
que dialeticamente aproxima pessoas por meio da arte e, assim,
possibilita a transformação do homem na relação com os outros
homens, com o mundo e consigo mesmo (SCHLEY, 2015, p. 65).
43
Quanto mais o docente experimentar outros lugares do aprender, como museus
das mais variadas tipologias e o de arte, conseguirá propor uma mediação cultural com
seus alunos referente ao conteúdo estudado, envolvendo saberes artísticos e culturais,
e levando-os a entender o contexto onde estão inseridos.
Trazemos, portanto, para esta discussão sobre a educação formal e não formal,
a formação cultural do docente para a formação humana sensível, pois o livro didático
compõe imagens de obras de arte, ou mesmo discussões pertinentes ao patrimônio
material ou imaterial, além da arte e a cultura estarem inseridas em outros contextos
nas provas do ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio e vestibulares e concursos.
NOTA
Patrimônio Imaterial: os bens culturais de natureza imaterial
dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social
que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer;
celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou
lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que
abrigam práticas culturais coletivas).
44
Essa prática ocorrerá, quando o docente perceber esses lugares do aprender
citados acima, como lugares de experiência formativa e, podendo transitar entre o
cognitivo e o sensível. Sendo assim, essas experiências auxiliam o docente a lançar
novos olhares sobre sua prática, planejamento e projetos interdisciplinares com outras
áreas de conhecimento ou lugares de educação não formal.
É preciso se deixar contaminar com outros lugares da cultura, por isso, nos
valemos da sensibilização, que é possível por meio da arte. Como registra Peixoto (2003):
Trazer esses saberes culturais para dentro da sala de aula, além de outros
lugares de experiência e convívio, ocorre de forma mais articulada com a disciplina.
45
Quanto mais cedo o docente obtiver contato, explorar, conhecer museus de
arte e de outras tipologias, melhor para sua formação humana, onde se faz presente
uma carga de atitudes, sentimentos, compreensão e decisão para trazer no contexto
escolar (SCHLEY, 2015), onde o sujeito possa construir-se como ser histórico-social.
Esses elementos auxiliam ainda na organização de passeios educativos na comunidade
onde a escola está inserida, no bairro, na cidade e outras viagens de estudo, como
forma de integrar conteúdos durante o bimestre, trimestre, semestre ou do ano letivo
na escola.
DICAS
Assista Roda de Conversa – Tema: Espaços não formais do
conhecimento: a escola além da escola 1/3 para entender a relevância
da formação cultural do docente e a interconectividade com a
apresentação de lugares do aprender para seus alunos. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=JdLKPMCVPEY>. Acesso
em: 18 maio 2016.
FONTE: O autor.
46
Para que o docente possa construir uma mediação cultural com os alunos,
ele precisa transitar por lugares não formais, e aí sim, construir ao longo do percurso
educacional a ampliação do repertório sociocultural discente. No entanto, cabe um
planejamento inicial para realizar a saída da escola, a saber:
Todas as dimensões são cíclicas, onde se possa transitar entre uma e outra e
fazer relações, e ver que somos incompletos e aprendemos sempre, assim renovando
os pensamentos e alimentando novos saberes. A educação formal e a não formal
nessa conjuntura interconectam-se, pois apenas entender uma delas como repertório
de conhecimento seria como “[...] a meta-metade, a outra versão da verdade”, como
o cantor Arnaldo Antunes nos proporciona nutrir esteticamente por meio da música
Engrenagem. Somos um, mas na relação com o outro somos relações mediadas pelo
contexto em que vivemos, e que neste esteja presente a cultura para uma formação
humana sensível, proporcionando mediação cultural.
47
DICAS
Música Engrenagem, de Arnaldo Antunes. Disponível em: <http://www.
vagalume.com.br/arnaldo-antunes/engrenagem.html>. Acesso em: 10
maio 2016.
48
LEITURA
COMPLEMENTAR
A questão da educação formal/não formal
[A escola cidadã]
49
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A educação formal foi precursora na abertura dos novos caminhos educacionais, como
a educação informal e não formal, que enriquecem cognitivamente e sensivelmente
na formação humana.
• No que concerne à educação informal, cabe aquela que envolve conversas informais,
ou mesmo, aprender a fazer algo com alguém. Podemos tomar como exemplo:
crenças, receitas, modos de fazer uma receita e passam de geração para geração.
50
AUTOATIVIDADE
1 QUESTÃO ENADE PEDAGOGIA 2014
A ideia de museu procede de nosso hábito de colecionar objetos e lhes atribuir valor
simbólico, afetivo, cultural ou simplesmente material. Não obstante o surgimento,
a partir do Renascimento, das coleções privadas de pessoas, famílias ou instituições
detentoras do poder, elas eram acessíveis apenas a uma minoria restrita. No século
XVIII, a abertura do Museu do Louvre, primeiro museu público, permitiu pela primeira
vez o livre acesso às antigas coleções da realeza francesa às pessoas de outros níveis
sociais. Hoje, os museus, com ideias mais atualizadas, não se destinam exclusivamente
às exposições de artefatos históricos, eles trazem ao público obras de diferentes
artistas e nacionalidades; promovem cursos, palestras e exibição de filmes; viabilizam a
educação e mediação da arte.
A - I e II.
B - I e II.
C - III e IV.
D - I, II e IV.
E - II, III e IV.
51
Acadêmico!
Queremos propor a você uma reflexão por meio de um texto, auxiliando-o a pensar
sobre a mediação no museu e sua abordagem em outros contextos, como o escolar!
A questão propõe uma abertura para entender uma mudança ocorrida com o perpassar
dos séculos na concepção de visão sobre o museu. Embora o museu tenha iniciado
como forma de colecionismo, hoje ele se torna dinâmico, atraente por meio de suas
ações que envolvem a sociedade, mediando com a sociedade questões do cotidiano.
As mediações e as ações educativas fazem parte de muitos museus brasileiros como
forma de conectar com a realidade, ampliando os saberes e os fazeres, principalmente
com grupos escolares. Essa relação entre a educação formal e não formal proporciona
uma mudança de pensamento com relação a esses museus, que há muito tempo eram
denominados de “lugar de coisas velhas”. Em se tratando das afirmações da pergunta,
a mediação faz-se presente em todas as alternativas, em que podemos entender que
não está apenas no museu, mas presente na escola. O mediar abre caminho para o
diálogo, a reflexão, os questionamentos e as discussões que envolvem e conectam
diversas áreas, ampliando o repertório cognitivo e cultural do sujeito. Dessa forma,
a interdisciplinaridade, ou seja, a integração de várias disciplinas, pode auxiliá-lo a
entender o mundo em que se vive, pois o sujeito compreende que tudo está integrado.
Portanto, em um museu, como o de arte, a mediação realizada ocorre por pessoas
especializadas em arte, auxiliando o espectador no processo de formação cultural para
que em outro contexto, como o escolar, consiga transitar em seus conteúdos realizando
uma mediação cultural, bem como realizar projetos e práticas de forma interdisciplinar.
52
UNIDADE 2 —
POLÍTICAS EDUCACIONAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoati-
vidades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
53
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
Acesse o
QR Code abaixo:
54
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
1 INTRODUÇÃO
A escola inclusiva, enquanto espaço de interação social, tem um importante
papel no que tange às relações que se processam em seu meio, através da convivência
entre pares, pois ela possibilita que alunos, independentemente de sua etnia, cor,
sexo, religião, ou se possui alguma deficiência, convivam em harmonia, construindo
assim trocas e desafios que auxiliam no processo de construção da aprendizagem e,
consequentemente, no desenvolvimento de todos os alunos.
Nesse sentido, os alunos devem ser vistos como sujeitos capazes de apropriar-
se dos meios de produção cultural, e para tanto é fundamental que a sala de aula
desenvolva uma dinâmica social baseada na troca entre pares, sendo necessário que o
professor organize as relações estabelecidas.
55
QUADRO 5 - PRINCIPAIS DISPOSITIVOS, POR ORDEM CRONOLÓGICA
56
de estudos aos superdotados para conclusão do programa escolar. Também define,
dentre as normas para a organização da educação básica, a “possibilidade de avanço
nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado” (art. 24, inciso V) e “[…]
oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado,
seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (art.
37). Em seu trecho mais controverso (art. 58 e seguintes), diz que “o atendimento
educacional especializado será feito em classes, escolas ou serviços especializados,
sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua
integração nas classes comuns do ensino regular”.
57
2002 – Lei nº 10.436/02
Reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio legal de comunicação e expressão,
determinando que sejam garantidas formas institucionalizadas de apoiar seu uso e
difusão, bem como a inclusão da disciplina de Libras como parte integrante do currículo
nos cursos de formação de professores e de fonoaudiologia.
58
2008 – Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva
Traz as diretrizes que fundamentam uma política pública voltada à inclusão escolar,
consolidando o movimento histórico brasileiro.
59
2012 – Lei nº 12.764
Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista; e altera o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
60
A diferença entre a perspectiva da integração e da inclusão é que ambas
promovem o acesso aos sujeitos negados, porém só a inclusão torna esse acesso
legítimo ao considerar as especificidades de cada indivíduo e ao fazer os ajustes
necessários para que esta pessoa se sinta parte do grupo.
Podemos refletir sobre práticas de inclusão com o autor José Pacheco (2012)
a partir de sua obra “Inclusão não Rima com Solidão”, visto que em seu livro o autor
apresenta, em dez lições, reflexões e questionamentos a partir de entrevistas que realizou
durante seu percurso como educador. Desta forma, o autor discute a concepção de
inclusão nas escolas, expondo relatos de vivências com alunos e professores da Escola
61
da Ponte, em Portugal (conhecida por práticas inovadoras no contexto da inclusão), e
escolas brasileiras por onde percorreu como docente.
A primeira lição sobre a qual o autor discorre é a solidão nas escolas. Inicia
questionando sobre o fato do isolamento se manifestar não somente entre alunos, mas
também entre professores. Nessa perspectiva, as escolas carecem de mais diálogo,
reflexão e solidariedade. Ainda segundo o autor, há professores que estão sós, há
alunos que estão sós. As escolas estão necessitadas de humanidade, que, de acordo
com Pacheco (2012), é o primeiro passo para vencer a solidão.
Não foi, no entanto, somente a exclusão que o autor encontrou. Foi em escolas
carentes brasileiras, por onde percorreu, que percebeu grandes lições de inclusão.
Presenciou a insistência de certos professores pela formação cidadã dos alunos,
principalmente os que eram rejeitados. Afirmou ter aprendido mais ali, com aquelas
professoras, do que com os anos todos que passou nos bancos da faculdade, pois
aprendeu lições de amor, e estas não estão contidas nos livros.
62
O autor propõe que repensemos o sistema educacional, pois muito se fala, muito
se pesquisa, mas pouco se faz. A inclusão, segundo um dos entrevistados do autor,
está, no momento, servindo apenas de enfeite para teses de mestrado e doutorado,
produzindo teorias pouco aproveitadas.
Essa obra apresenta reflexões importantes acerca das ações no cotidiano escolar
que podem colaborar ou não para tornar possível a inclusão. Contudo, precisamos das
pesquisas, precisamos dos discursos, precisamos de docentes conscientes, mas nada
disso faz mudar as práticas das salas de aula, porque necessitamos de algo maior, de
transformação, ou seja, transformar a ação.
DICAS
O autor José Pacheco é Mestre em Ciências da Educação
pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da
Universidade do Porto/ Portugal. Possui especialização em
Música, em Leitura e Escrita. Em 1976, coordenou e idealizou
a Escola da Ponte, localizada em Vila das Aves – Portugal,
transformando, com uma equipe de professores, uma
escola de solidão em uma escola de inclusão, conhecida por
apresentar uma prática diferenciada. Escreveu diversos livros
e artigos sobre a educação. Atualmente mora no Brasil, na
cidade de São Paulo, e presta assessoria a muitas escolas
brasileiras.
63
Com base nos suportes legais organizados pelo Ministério Público Federal
(2005, p. 30), temos que:
Conforme expõe Carvalho (2000, p. 170), “as escolas inclusivas são escolas para
todos, o que implica num sistema educacional que reconheça e se prepare para atender
às diferenças individuais, respeitando as necessidades de todos os alunos”.
64
FIGURA 7 - OS PROCESSOS DE EXCLUSÃO, SEPARAÇÃO, INTEGRAÇÃO E INCLUSÃO, SOB A ÓTICA DE
BEYER (2006)
Vamos trazer agora um caso que reflete, mesmo que não no âmbito escolar,
mas no contexto social, um exemplo de separação e discriminação, levando à violência.
65
QUADRO 7 - EXEMPLO DE EXCLUSÃO
66
Nesse sentido, percebe-se como um princípio indispensável o fortalecimento de
uma rede de apoio construída a partir de relações entre os órgãos especializados, como
o SAEDE (Serviço de Atendimento Educacional Especializado) e a escola regular. Essa
prática traria benefícios à condução do processo de inclusão escolar. A comunidade
escolar como um todo (professores, gestores, alunos e familiares) precisa ser orientada
e amparada para que seja possível o desenvolvimento de um trabalho que contemple os
pressupostos da inclusão. Quando não se tem esse respaldo, muitas escolas sentem-
se inseguras para receber e atender adequadamente esses alunos. Com base nas
colocações feitas acima, o documento organizado pelo Ministério Público Federal (2005,
p. 3) destaca:
FIGURA 8 - INCLUSÃO
Nesse sentido, Carvalho (2004, p. 122) destaca que “para que a educação
inclusiva se concretize, na plenitude de sua proposta, é indispensável que sejam
identificadas e removidas barreiras conceituais, atitudinais e político-administrativas,
cujas origens são múltiplas e complexas”. O processo de inclusão não deve ser
encarado pela escola como algo pronto e encerrado em si mesmo. Como todo
67
processo, ele também é dinâmico e precisa alimentar-se dos questionamentos
que se apresentam diariamente no contexto escolar, fato que se constitui num
permanente e complexo desafio para todos os envolvidos.
68
LEITURA
COMPLEMENTAR
Os desafios da Educação Inclusiva: foco nas redes de apoio
69
Ao refletir sobre a abrangência do sentido e do significado do processo de
Educação Inclusiva, estamos considerando a diversidade de aprendizes e seu direito
à equidade. Trata-se de equiparar oportunidades, garantindo-se a todos - inclusive às
pessoas em situação de deficiência e às de altas habilidades/superdotados - o direito de
aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver (CARVALHO,
2005).
Além disso, para que o projeto inclusivo seja colocado em ação, há necessidade
de uma atitude positiva e disponibilidade do professor para que ele possa criar uma
atmosfera acolhedora na classe. A sala de aula afirma ou nega o sucesso ou a eficácia
da inclusão escolar, mas isso não quer dizer que a responsabilidade seja só do professor.
O professor não pode estar sozinho, deverá ter uma rede de apoio, na escola e fora
dela, para viabilizar o processo inclusivo.
70
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• As escolas inclusivas são escolas para todos, o que implica um sistema educacional
que reconheça e se prepare para atender às diferenças individuais, respeitando as
necessidades de todos os alunos.
71
AUTOATIVIDADE
1 QUESTÃO ENADE PEDAGOGIA 2008
Numa sala de aula de terceiro ano do Ensino Fundamental, com crianças oriundas de
várias regiões do Brasil, um aluno pronunciou a palavra olho como [oio]. Outra criança da
turma chamou-lhe a atenção, corrigindo a fala. A professora aproveitou a oportunidade
e pediu a todos para que, a partir dali, falassem sempre como se escreve, ou seja: os que
falassem [sau] deveriam sempre falar [sal]; os que falassem [viage] deveriam sempre
falar [viagem]; os que falassem [bodi] deveriam sempre falar [bode]; os que falassem
[cantano] deveriam sempre falar [cantando]. Rapidamente as crianças perceberam que
ficou muito difícil falar e que seria impossível falar sempre exatamente como se escreve.
A professora aproveitou para explicar que ninguém fala exatamente como se escreve.
Essa professora sabe que:
O projeto pedagógico deve contemplar a realidade que o aluno vive ou vai viver: as
mudanças e as exigências tecnológicas, os valores e as práticas, a necessidade de
construir um mundo solidário e humano em que todos tenham lugar, sem exclusões e
preconceitos. Para projeto de tal envergadura é necessária a parceria de universidades,
de entidades de classes, empresários, gestores educacionais e escolares, professores,
técnicos e, também, da cúpula dos órgãos administrativos e técnicos do sistema
de ensino. Todos têm saberes, experiências e expectativas que não aparecem em
questionários e enquetes. É necessário, sobretudo, deixar o aluno falar, manifestar suas
angústias, desejos, anseios, o que pode contribuir para a elaboração de um projeto
pedagógico situado e contextualizado (SANTOS, C. R. A gestão educacional e escolar
para a modernidade. São Paulo: Cengage Learning, 2008, p. 61.)
72
A) Deve partir das angústias, desejos e anseios dos estudantes a serem incluídos no
contexto escolar.
B) Deve envolver toda comunidade escolar, tendo como referência a realidade em busca
de aperfeiçoamento e de mudança necessários a uma educação de melhor qualidade.
C) Parte da Gestão Escolar que procura envolver professores, estudantes, colaboradores
e demais membros da comunidade escolar para a solução de problemas específicos
levantados.
D) Tem como objetivo principal reafirmar valores éticos e morais e propor ações em
busca da consolidação desses valores na sociedade. E necessita da participação
da universidade e de órgãos administrativos e técnicos do sistema de ensino para
mediação dos conflitos existentes entre escola e comunidade escolar.
73
74
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
PROCESSOS DE APRENDIZAGEM
NA DIVERSIDADE E NECESSIDADES
EDUCACIONAIS ESPECIAIS
1 INTRODUÇÃO
Aprender é uma habilidade de todo ser vivo, sendo que o ser humano evolui
progressivamente de geração em geração, elaborando esquemas para interagir no
mundo, afetando e sendo afetado pelo macrossistema das relações que o cerca.
As pessoas não são iguais, todos temos singularidades que fazem com que,
embora sejamos semelhantes a outras pessoas em vários aspectos, tais como ideias,
princípios, valores, cor dos olhos, cor da pele etc., somos essencialmente diferentes.
Essas diferenças dependem e são resultantes da interação das características biológicas
que cada um de nós traz consigo (genética) e das características sociais (aquelas
adquiridas após o nascimento, na interação com o outro). Todos temos potencialidades
e limitações, são esses pontos que nos constituem enquanto indivíduos, merecedores
de respeito pelas nossas diferenças.
75
Apoiado nisso, o histórico de vida pessoal e das relações sociais que permeiam
nossa existência é fundamental nas características individuais de aprendizagem de cada
sujeito. Aliado aos fatores sociais e experienciais, os componentes biológicos também
são responsáveis por essa construção e trazem aspectos importantes no processo de
aprendizagem, sendo ambos complementares e indissociáveis.
Para que você possa compreender de uma forma resumida sobre a construção
da aprendizagem, vamos apresentar as fases ou estágios do desenvolvimento, segundo
a concepção construtivista de Jean Piaget (1973, p. 203).
76
Estágio pré-operatório (2 a 7 anos, aproximadamente): próximo do segundo ano
de desenvolvimento intelectual, a criança já fez uso e se apropriou dos esquemas
sensório-motores, a partir daí inicia a capacidade de representar um objeto por outro,
tendo alcançado a construção e o uso das funções dos esquemas simbólicos. Podemos
citar, como exemplo, o fato de a criança usar uma caixinha como se fosse um carrinho.
Esse tipo de atitude é denominado pensamento simbólico e marca o início do período
pré-operatório. Dentro desse mesmo estágio do desenvolvimento humano existe ainda
o pensamento intuitivo, que se caracteriza pela articulação gradativa das imagens
representativas, bem como há um processo considerável da formação de conceitos.
77
Essas características precisam ser observadas e trabalhadas pelo professor,
pois muitas vezes esse sujeito não aprende porque o seu nível de desenvolvimento não
é levado em consideração. Nesse sentido, é importante fazer uma avaliação inicial, que
seja ampla e segura, do que o sujeito já sabe. Avaliar quais os tipos de operações mentais
que já consegue utilizar e de que conceitos (natureza e tipo de relações entre ambos)
ele já dispõe. A partir daí poderão ser planejadas ações adequadas ao seu estágio de
desenvolvimento, visando à efetivação da sua aprendizagem.
Para que o aluno assimile o que foi ensinado é importante explorar várias vezes
os mesmos conceitos, distribuindo as atividades em períodos menores, procurando
relacioná-los aos diferentes contextos da realidade. O aluno com deficiência intelectual
tende, muitas vezes, a distrair-se com estímulos alheios, como ruídos externos, objetos
ou imagens chamativas, deixando de manter sua atenção para o foco de aprendizagem.
Desta forma, é conveniente que ele ocupe um lugar em sala de aula, para que esses
estímulos sejam menos acentuados. Também é fundamental expor constantemente ao
aluno, de maneira atrativa, o conteúdo desenvolvido, a fim de despertar curiosidade e
interesse, possibilitando, assim, a construção da aprendizagem.
Para que a inclusão escolar de uma criança com alguma deficiência física
ou sequela motora se efetive, necessita-se de ambientes acessíveis que permitam a
circulação e a permanência da cadeira de rodas, mesa com medidas compatíveis à
cadeira de rodas, utilização de tecnologias assistivas para a realização das atividades
em sala de aula.
78
Para atender às diferenças socioculturais, especialmente dos sujeitos surdos,
é fundamental construir um projeto pedagógico que mude a realidade e que o currículo
seja flexível, atendendo às convivências linguísticas, as diferenças, o respeito à
aprendizagem, o ritmo e as avaliações que priorizem o envolvimento do aluno surdo
e dos professores. A inserção de professores surdos é fundamental, pois o uso da
língua de sinais incute a aprendizagem visual que é mediada pelos signos visuais e
de interpretação, e será bem-sucedida se a língua for compartilhada inteiramente em
seus usos e funções visuais, em vez da audição. É a pedagogia surda construída para o
mundo da comunidade surda. Está em consonância com o artigo 11 do Decreto 5.626,
de 2005:
79
QUADRO 9 - PERSPECTIVAS DE AVALIAÇÃO
Autor Avaliação
Ausubel (1968) Busca permanente de dados para proporcionar feedback.
Machado (2002) alerta para a importância de ver o aluno como “outro”, como
“sujeito”, diferente de mim, que tem seus projetos, metas e desafios pessoais. Cabe ao
professor estimular projetos, semear valores, estimular a participação e desenvolver a
tolerância diante das diferenças individuais. “O olhar do professor precisará abranger a
diversidade de traçados, provocando-os a seguir em frente” (HOFFMANN, 2001, p. 47).
80
A avaliação entendida como construção do conhecimento não se encerra em
si mesma, mas passa a constituir-se pela busca do desenvolvimento permanente da
aprendizagem, compreendendo as dificuldades e oportunizando novas oportunidades
de estudo.
81
LEITURA
COMPLEMENTAR
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
tem como objetivo o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas
regulares, orientando os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades
educacionais especiais, garantindo:
82
A avaliação pedagógica como processo dinâmico considera tanto o conhecimento
prévio e o nível atual de desenvolvimento do aluno quanto as possibilidades de
aprendizagem futura, configurando uma ação pedagógica processual e formativa que
analisa o desempenho do aluno em relação ao seu progresso individual, prevalecendo
na avaliação os aspectos qualitativos que indiquem as intervenções pedagógicas do
professor. No processo de avaliação, o professor deve criar estratégias considerando que
alguns alunos podem demandar ampliação do tempo para a realização dos trabalhos e
o uso da língua de sinais, de textos em braile, de informática ou de tecnologia assistiva
como uma prática cotidiana. Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a educação
especial na perspectiva da educação inclusiva, disponibilizar as funções de instrutor,
tradutor/intérprete de Libras e guia-intérprete, bem como de monitor ou cuidador dos
alunos com necessidade de apoio nas atividades de higiene, alimentação, locomoção,
entre outras, que exijam auxílio constante no cotidiano escolar.
83
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O homem é um ser histórico e se torna humano porque aprende com outros humanos.
Decorrente daí, que a inteligência não é herdada biologicamente; ou seja, o que é
inscrito no código genético é a possibilidade de adquirir as estruturas inteligentes.
• O fato de conhecer o modo como a criança com alguma deficiência aprende torna-se
imprescindível para que os educadores auxiliem na construção da sua aprendizagem,
bem como possibilitem mecanismos para a sua interação e adaptação ao meio social.
84
AUTOATIVIDADE
1 QUESTÃO ENADE PEDAGOGIA 2008
Uma organização social com foco no trabalho com crianças e adolescentes em situação
de risco está tendo problemas de evasão dos participantes do projeto de iniciação
musical e profissionalização. Os gestores ficaram preocupados, pois o projeto conta com
músicos experientes, recursos e equipamentos adequados. Considerando os princípios
da gestão, qual o primeiro procedimento para tentar resolver o problema?
85
A - I e III.
B- I e IV.
C - II e IV.
D- I, II e III.
E- II, III e IV.
FONTE: WATERSON, B. Calvin, Haroldo e seus amigos, 1988. Declaração Universal dos Direi-
tos do Homem. UNESCO, 2006, art. 26
1 INTRODUÇÃO
A legislação educacional vigente no Brasil teve seu início na Constituição
Imperial de 1824, passando pela década de 60, com as revoluções, objetivando um
sentido de gestão democrática com a Constituição Federal de 1988 e ganhando força
com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei n. 9.394/96. A partir daí, surgem
artigos que sugerem gestões participativas e dialógicas envolvendo os sujeitos ligados
ao processo de ensino e aprendizagem.
87
A Constituição Federal de 1988 traz em seu contexto dez artigos específicos e
estruturais com relação às políticas educacionais, abortando linhas fundamentais para
a educação no Brasil.
Importante salientar que Campello (2000 apud RAPOSO, 2005, s.p.) elenca
como princípios os artigos 205 a 214 da CF/88, divididos em:
DICAS
Leia e conheça a CF/88 no que abrange a educação, procure
um texto que seja comentado para um melhor entendimento
e assim enriquecerá seus conhecimentos.
88
2.2 A EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL
89
nacional e que congrega, articuladamente, as três etapas que estão sob esse
conceito: a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. E o art. 22
estabelece os fins da educação básica.
90
• 1930 – É criado o Ministério da Educação e Saúde.
• 1934 – Pela Constituição, a educação passa a ser vista como direito de todos.
• 1953 – Criação do MEC (Ministério da Educação e Cultura) com a separação do
Ministério da Saúde e da Educação.
• 1960 – Centralização do sistema de ensino (MEC).
• 1948 a 1961 – Discussões acerca da aprovação da lei que regulamenta o ensino
nacional.
• 1961 - 1ª Lei de Diretrizes e Bases (LDB) é aprovada, Lei 4.024/61.
• 1971 – Lei 5.692/71 torna obrigatória a educação escolar dos sete aos 14 anos;
aprovação da 2ª Lei de Diretrizes e Bases.
• 1985 – Desmembramento do MEC – Criação do Ministério da Cultura.
• 1992 – MEC passa a ser Ministério da Educação e do Desporto.
• 1995 – A Educação passa novamente a ser exclusividade do MEC.
• 1996 – É aprovada a atual Lei de Diretrizes e Bases, passando a constar a formação
do profissional da área de educação e a educação infantil LDB – Lei 9.394/96.
• 2007 – Criação do Plano Nacional de Educação - PNE.
Não diferente de outras leis, a LDB precisa ainda passar por muitas reformas
para, quem sabe, chegar perto do esperado, porém as transformações estão ocorrendo
aos poucos desde a sua primeira versão.
LDB, como o nome diz, são diretrizes e bases que organizam o sistema
educacional. Paulo Renato Souza, ministro da Educação/1995-2002, acredita que esta
é realmente uma lei exemplar, visto que concede liberdade às escolas e aos sistemas
de ensino municipais e estaduais de terem suas próprias estruturas organizacionais,
fixando normas gerais, atendendo assim os anseios da sociedade.
Esta liberdade permite que a escola busque sua identidade com responsabilidade,
construindo junto à equipe gestora um novo olhar sobre seus próprios planos de
trabalho, numa perspectiva que os torna sujeitos históricos de sua própria prática.
DICAS
Tenha sua própria Lei de Diretrizes e Bases acessando o
site:<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.
pdf>.
91
FIGURA 9 - A LEI DE DIRETRIZES E BASES (LEI 9394/96) - LDB
92
XI - Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
XII - Consideração com a diversidade étnico-racial.
93
V - Ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar
integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao
desenvolvimento profissional.
VI - Colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e
a comunidade.
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática
do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e
conforme os seguintes princípios:
I - Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico da escola.
II - Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou
equivalentes.
Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas
de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica
e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito
financeiro público.
Após quase 20 anos desde a sua elaboração, é sempre bom lembrar que,
conforme o artigo 14, os profissionais da educação, assim como a comunidade escolar,
devem ajudar a elaborar o projeto pedagógico que venha a auxiliar na organização
escolar e pedagógica de forma democrática.
3 UM POUCO DE HISTÓRIA
Era o ano de 1986. Ainda às escuras, pelas lembranças dos idos do regime
militar, se planejava no Brasil uma nova Constituição que garantisse de fato a
redemocratização do país. Educação era pauta para as linhas que determinariam
os direitos e os deveres dos brasileiros a partir do ano de 1988. Leia Mudanças
educacionais na história das Constituições Brasileiras.
94
lançaram seu manifesto, e na década de 1950, um outro foi escrito, sob a liderança do
professor Florestan Fernandes, também em defesa da escola pública. Foi exatamente
nos debates organizados pelo FNDEP, abertos e com a participação da sociedade
civil, que nasceu a primeira das duas propostas para a LDB. Conhecida como Projeto
Jorge Hage, essa versão chegou a ser apresentada na Câmara dos Deputados. A
segunda proposta foi articulada com o apoio do então presidente Fernando Collor de
Mello através do Ministério da Educação e Cultura - MEC -, tendo sido elaborada pelos
senadores Darcy Ribeiro, Marco Maciel e Maurício Correa.
A principal divergência entre as duas propostas era com relação ao papel que
o Estado deveria desempenhar no que se referia à educação. De um lado, a sociedade
civil, representada pelo Projeto Jorge Hage, preocupava-se com os excessivos
mecanismos de controle social do sistema de ensino. Do outro, a proposta dos
senadores previa uma estrutura de poder mais concentrada nas mãos do governo.
O texto final da Lei de Diretrizes e Bases, sancionada em 20 de dezembro de 1996,
pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso e seu ministro da Educação Paulo
Renato Souza, aproxima-se mais da segunda versão, aquela apresentada pelos
senadores.
FONTE: SCUARCIALUPI, Lu. Por dentro da Lei de Diretrizes e Bases. Educar para crescer. Maio 2015. Dis-
ponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/politica-publica/lei-diretrizes-bases-349321.shtml>.
Acesso em: 30 maio 2016.
95
Diante disso, o PPP vem com o objetivo de discutir, planejar e refletir sobre o
modelo de escola que queremos: uma escola participativa, comprometida com a relação
escola-sociedade, ou somente por imposição, já com métodos definidos de ensino-
aprendizagem.
96
Ainda para Libâneo (2001, p. 56):
Dentre as muitas funções da escola está a função social e seu valor formativo,
que busca compreender a importância do seu papel no desenvolvimento dos alunos, a
fim de efetivar a formação do aprendiz na cidadania e para ela.
97
que interagem no cotidiano escolar, bem como configura-se como canal de diálogo e
de participação dos diversos protagonistas da comunidade externa. Concebido nesta
perspectiva, o PPP ganha força como instrumento para o aprendizado dos princípios
da autonomia intelectual “e da construção da identidade institucional” no exercício de
uma gestão colegiada caracterizada pela tomada de decisão coletiva e pela contínua
reflexão em torno das demandas, necessidades, fragilidades e potencialidades
apresentadas na realidade escolar [...].
Gadotti (2000) destaca que “o projeto pedagógico da escola está hoje inserido
num cenário marcado pela diversidade. Cada escola é resultado de um processo de
desenvolvimento de suas próprias contradições. Não existem duas escolas iguais”.
Nisto reside a pluralidade de projetos pedagógicos desenvolvidos à luz do marco
referencial e a partir de uma efetiva análise da realidade escolar peculiar a cada
instituição de ensino.
98
educacionais e de seus desdobramentos, mas prioritariamente, no questionamento
e na problematização do que é possível fazer, no microcontexto da escola, ainda
que diante de um cenário ‘complexo’ e multifacetado. Cenário este que também
contempla diversas perspectivas de análises e de ações coletivas e institucionais. É
neste reconhecido desafio de lidar com o instituído, com as tensões e as contradições
do cotidiano escolar que residem o espaço e a relevância do planejamento, enquanto
o pensar e o agir edificantes de novas práticas pedagógicas.
Nessa ótica, Veiga (2003) esclarece que tanto a inovação regulatória como
a emancipatória provocam mudanças na escola, entretanto, deve-se considerar as
diferenças substanciais existentes entre elas. As inovações emancipatórias têm sua
origem e destino nas necessidades do coletivo escolar, ao contrário das inovações
regulatórias, que decorrem de prescrições, de recomendações externas à escola, por
isso tendem a ser burocratizadas, não sendo resultado de processos participativos e
partilhados pela comunidade escolar. É justamente a perspectiva emancipatória do
PPP que buscamos destacar no enfoque das práticas dialógicas e democráticas.
99
5 PLANO NACIONAL DA EDUCAÇÃO - PNE
O Plano Nacional de Educação (PNE) determina diretrizes, metas e estratégias
para a política educacional dos próximos dez anos. O primeiro grupo são metas
estruturantes para a garantia do direito à educação básica com qualidade, e que
assim promovam a garantia do acesso, a universalização do ensino obrigatório e a
ampliação das oportunidades educacionais. Um segundo grupo de metas diz respeito
especificamente à redução das desigualdades e à valorização da diversidade, caminhos
imprescindíveis para a equidade. O terceiro bloco de metas trata da valorização dos
profissionais da educação, considerada estratégica para que as metas anteriores sejam
atingidas, e o quarto grupo de metas refere-se ao Ensino Superior (BRASIL, 1996).
100
Para um melhor alinhamento dos planos de educação foram elaboradas 20 metas
para a próxima década, com políticas educacionais mais amplas no aprofundamento de
cada tema.
DICAS
PARA SABER MAIS SOBRE AS 20 METAS:
1. Sobre as metas, importa destacar que, anualmente, o
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (INEP) publica o Censo da Educação Básica, que
engloba os dados do Ensino Fundamental (FONTE: Disponível
em: <http://portal.inep.gov.br/basica-censo>. Acesso em: 28
jul. 2016).
2. Na página do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) é possível encontrar orientações sobre
como ter acesso aos programas e projetos para o Ensino
Fundamental (FONTE: Disponível em: <www.fnde.gov.br>.
Acesso em: 28 jul. 2016).
3. Resoluções da Câmara de Educação Básica e do Pleno do
Conselho Nacional de Educação (CNE) sobre Ensino Fundamental
estão disponíveis no endereço: <http://portal.mec.gov.br/
index.php?option=com_content&view=article&id=12812&Item
id=866>. Acesso em: 28 jul. 2016.
4. Como subsídio aos gestores estaduais e municipais na
implantação do Ensino Fundamental de nove anos, o Ministério
da Educação (MEC) publicou em seu portal uma série de
documentos, entre eles, Ensino Fundamental de nove anos:
passo a passo do processo de implantação. (FONTE: Disponível
em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/passo_a_passo_
versao_atual_16_setembro.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2016).
Mais informações podem ser encontradas no endereço
eletrônico: FONTE: Disponível em: <http://pne.mec.gov.br/
programas-metas>. Acesso em: 28 jul. 2016.
101
LEITURA
COMPLEMENTAR
DESAFIOS
O segundo Plano Nacional de Educação aprovado por lei representa uma vitória
da sociedade brasileira, porque legitimou o investimento de 10% do PIB em educação e
adotou o custo-aluno-qualidade. Afinal, a Meta 20 existe para garantir todas as outras
metas que trazem as perspectivas de avanço para a educação brasileira, nas dimensões
da universalização e ampliação do acesso, qualidade e equidade em todos os níveis e
etapas da educação básica, e à luz de diretrizes como a superação das desigualdades,
valorização dos profissionais da educação e gestão democrática.
102
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Para atender ao art. 214 da Constituição Federal de 1988, é elaborado a cada dez
anos o Plano Nacional de Educação.
103
AUTOATIVIDADE
1 QUESTÃO ENADE
2 QUESTÃO ENADE
Com relação à estrutura curricular da educação básica no Brasil, proposta pela LDB
9.394/96, bem como pelo Plano Nacional de Educação, as alternativas a seguir estão
corretas, EXCETO:
104
3 QUESTÃO ENADE
105
106
UNIDADE 3 —
METODOLOGIAS DE
ENSINO NA EDUCAÇÃO
BÁSICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoati-
vidades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
107
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
Acesse o
QR Code abaixo:
108
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
FUNDAMENTOS E TÉCNICAS DE ENSINO
NA EDUCAÇÃO BÁSICA
1 INTRODUÇÃO
Bem-vindo a um caminho que é necessário à sua formação. Entretanto, um
aspecto inicial precisa ficar claro ao seu entendimento. A realidade sempre será maior
que qualquer laboratório ou espaço de formação. Seu estudo durante a licenciatura
possibilitará ferramentas teóricas e práticas capazes de acompanhar seus primeiros
passos como professor. Daí em diante, desafios desconhecidos farão parte de sua
jornada. Uma boa formação inicial lhe deixará mais confortável diante dos conflitos que
testarão sua serenidade e seu desejo de continuar em frente. Portanto, aposte em seu
desenvolvimento, leitura e sua capacidade de evoluir. É diante deste contexto que o
primeiro tópico pretende apontar questões relevantes para sua formação e construção
de saber docente.
Durante a leitura você será instigado a planejar-se a partir de uma atitude filosófica
frente à realidade escolar. O que isso significa? Em palavras resumidas, representa uma
postura de professor reflexivo, construtor de saberes, inconformado com as limitações
da realidade e promover o conceito de humanização no espaço pedagógico.
109
Discutir questões da educação contemporânea não é uma tarefa simples, nem
mesmo permite que uma metodologia simplista dê conta de sua complexidade teórica.
Por assim dizer, existe uma pergunta um tanto ingênua que ouvimos constantemente:
“Meu curso vai me preparar para o mercado de trabalho?” O mercado de trabalho é um
ambiente que se agiganta quando comparado à nossa formação inicial na Universidade.
Os desafios que aguardam o professor são imensuráveis diante do complexo problema
da sociedade contemporânea, e a tecnologia tem acelerado sensivelmente a cada ano
transformações culturais que antes durariam décadas.
Neste contexto, perguntas importantes devem ser feitas. Diante dos desafios
atuais da educação, a postura filosófica terá sua contribuição para um trabalho de
professor? Atualmente, somos tradicionais, conformistas ou críticos diante das novas
tecnologias na educação?
110
ATENÇÃO
A atitude filosófica, diante do conhecimento e da realidade escolar,
significa manter uma postura de professor reflexivo, autocrítico e
construtor de saberes.
111
Portanto, tente imaginar em que lugar estamos no mundo hoje. Nossa condição
de liberdade é diminuída quanto mais se estabelecem padrões para tudo: consumo, lazer,
trabalho, educação, avaliação, características culturais etc. Nesse contexto, diminuímos a
condição de seres históricos para sermos máquinas programadas e conformadas. Assim,
o tema da consciência e da visão de mundo se tornou central no pensamento filosófico,
e hoje, um aspecto indispensável para quem é professor.
Neste caso, a atitude filosófica parece ser logicamente simples, pois uma vez
que ela seja um ato de pensar sobre os problemas da nossa existência, podemos pensar
que cada ser humano é naturalmente levado a refletir, portanto, a filosofar. Aqui, porém,
a coisa começa a se complicar. Se a filosofia é uma reflexão a respeito dos problemas
que a realidade nos apresenta, ela não é qualquer tipo ou forma de reflexão. Para que
uma reflexão possa atingir sua forma filosófica, é preciso que ela se enquadre em três
requisitos: a radicalidade, o rigor e o conjunto (SAVIANI, 2007). E o que isso significa?
A palavra radical, no sentido como quer a filosofia, quer dizer chegar até às raízes
do que se pretende estudar. Ir aos fundamentos do tema, oportunizar uma reflexão com
profundidade. É não se contentar com a superficialidade do saber.
112
Ter rigor é ser sistemático, ter métodos e clareza do que se faz. É levar a sério
questões que merecem tal atenção, evitando modismos, generalizações, preconceitos,
fórmulas prontas para o trabalho ou imediatismos.
O que leva o educador a filosofar? Qual é a energia que o move neste sentido?
Quais descobertas são possíveis alcançar através da filosofia da educação? Seremos
capazes de evitar um futuro de surpresas e enganos? Nestas questões reside a relevância
da atitude filosófica na formação do educador.
Como usar meios velhos em função de objetivos novos? Quais teorias formam
nossa atitude conformista diante da realidade? Como a teoria pode dinamizar ou cristalizar
a prática educacional? Como a reflexão pode promover a vida e a humanização? É possível
redefinir objetivos autênticos para a educação brasileira? Quais os condicionamentos da
atividade educacional? O que esperar das tecnologias que avançam sobre a sociedade?
(SAVIANI, 2007). Levada nesse caminho de discussão e complexidade, a filosofia da
educação não será imediatista, nem se contentará como uma teoria de fórmulas prontas
com resultados previsíveis. Não se resumirá a atender anseios e crises momentâneas.
Seu papel na formação do educador será de avaliação, reflexão, ampliação de horizontes
e de construção de novas perspectivas de trabalho (SAVIANI, 2007; MORELL, 2015).
113
Os conceitos iniciais que você, acadêmico, deve conhecer sobre o pensamento
de Paulo Freire sobre a educação são: humanização, autonomia, consciência de sujeito
e de mundo, aprendizagem e função da escola (FREIRE, 1996).
ATENÇÃO
A desumanização pode ser definida pela negação das diversas culturas
que vão construindo o cotidiano da pessoa. É a negação da complexidade
e da diversidade que formam continuamente cada indivíduo. Em nosso
tempo, a desumanização acontece quando o modo de vida é baseado
na competitividade, na exploração do capital e na ideologia de mercado,
exploração ou algum tipo de violência.
114
Qual é a proposta de Freire quando introduz uma discussão sobre humanização
na dimensão educativa? O que pode significar a atitude de humanizar para o professor
ou gestor da educação? Ele propõe que diante das diversidades sociais e culturais, a
humanização ocorra no anseio de liberdade, justiça, e pela recuperação da humanidade
roubada. A humanização é uma busca permanente do ser humano, não é um fim em si
mesma, mas um meio para alcançar outro objetivo (FREIRE, 2002).
Se uma das ideias tratava de uma crítica à lógica da educação em seu contexto
e processo didático, a outra ideia sobre Freire é uma proposta. Não uma fórmula, nem um
método, mas uma proposição que considera a realidade como histórica, em constante
transformação, como uma condição complexa e diversa. E a educação faz parte disso.
115
algo que já aparece no discurso dos pensadores da filosofia clássica: a finalidade da
educação como uma busca incessante pelo ser humano mais pleno e autêntico. Uma
questão bastante presente no pensamento pedagógico dos professores. No entanto,
nem sempre fica fácil fazer esta conexão entre a teoria e a nossa prática como professor.
Fica lançado então um grande desafio para pensarmos sobre o nosso trabalho
docente.
116
Um bom passo seria considerar que TICs, mídias eletrônicas, aparelhos móveis,
tecnologias da aprendizagem e novas tecnologias da aprendizagem são apenas alguns
nomes que não revelam totalmente um movimento global. Uma espécie de arranjo
social que envolve criação, produção e consumo de conteúdo tecnológico-cultural.
ATENÇÃO
Podemos fazer um contraponto interessante - diferentes tecnologias
físicas, que dificilmente estariam na lista das “ditas novas” TICs educacionais,
tornam-se potenciais de ação pedagógica quando inter-relacionadas,
exemplo: jornal, livro, cartaz, quadrinhos etc.
117
Daí vem a importância de inserirmos um termo mais específico para os artefatos
da comunicação e que ganha espaço crescente no mercado consumidor, bem como
nas políticas de inovação educacional - as mídias eletrônicas. Elas apresentam
uma dimensão cujos artefatos/aparelhos são essencialmente: informatizados, com
telas eletrônicas e de alto poder de entretenimento, a exemplo dos celulares, iphones,
tablets e computadores. Um trocadilho interessante vem a ser útil nesse momento do
texto: nem todas as TICs são mídias eletrônicas, mas todas as mídias eletrônicas são
TICs. Vejamos o que mais pode ser dito sobre os conceitos de TICs e mídias eletrônicas
aproximadas ao ambiente educacional.
FONTE: O autor.
118
No contexto atual (sociedade e escola), as TICs assumem um papel fundamental
na dinâmica social e nos processos de manutenção ou de mudança. Elas ocupam
espaços centrais nas sociedades, consideradas modernas pelo senso comum, também
rotuladas por ‘sociedades da informação’. Nesse ambiente, tais tecnologias passam
a inter-relacionar três dimensões: o controle de produção, máquinas ou processos; o
tratamento de informações com auxílio da informática e a comunicação em si (PONTE,
2000).
De maneira comum, o termo TICs é utilizado como menção aos meios eletrônicos
do rádio, televisão, sistemas multimídias, redes de computador e recursos de gravação
de áudio e vídeo. No entanto, o conceito de TICs também resgata meios de comunicação
como o jornal impresso, cartazes, panfletos, entre outros (BRASIL, 2009).
119
ao profissional da educação? Em que sentido se enquadra a fundamentação do
conhecimento sobre didática no universo da tecnologia?
120
Isso significa capacidades articuladas de atitudes que despertem a participação
mais ativa dos sujeitos da comunidade escolar. Por isso a necessidade de formar
professores para continuamente estudar, pesquisar, fundamentar o conhecimento
sobre a prática ou sobre alterações nesta prática, reconstruir saberes (RAMPAZZO et
al., 2014).
121
Ensinar e aprender como um ato pedagógico específico da sala de aula, no
século XXI, já não representa o mesmo conceito tratado na história da educação. As
alterações realizadas pela presença da linguagem da informática e das redes sociais
virtuais proporcionaram alterações no intelecto humano e em nossa maneira de
estabelecer relação com o saber.
Logo, outras questões que ainda estão se definindo no mundo causarão novas
perspectivas práticas e teóricas, bem como vantagens e desvantagens. São elas:
as mudanças ocorridas sobre a autoridade do professor com relação ao repasse e à
mediação do conhecimento; a ampliação e a reorganização social causada pela oferta
do ensino a distância; as inovações da informática; as alterações nos hábitos de leitura;
os diferentes hábitos de leitura das gerações, em especial dos nativos digitais; o parcial
“fim do jornal impresso”; a ampliação da pesquisa através da internet e arquivos digitais.
122
LEITURA
COMPLEMENTAR
AS SEREIAS DO ENSINO ELETRÔNICO
Paulo Blikstein
Marcelo Knörich Zuffo
123
cada um a seu tempo, tiveram seu momento de glória, de exposição, de mágica
sabedoria. No entanto, as sereias não brincam. Elas têm fome e finalmente mostraram
a que vieram: devoraram, mastigaram, deglutiram sem piedade os webdesigners,
executivos e jornalistas. A bolha estourou, centenas de bilhões de dólares viraram
poeira e o sonho aparentemente acabou. Redescobrimos, duramente, algumas coisas
que muitos acreditavam ser ultrapassadas.
Em primeiro lugar, ainda gostamos, e com boas razões, de sair para fazer
compras ou sentar calmamente para ler um jornal de papel. Há outras dimensões nessas
duas atividades que não a simples minimização de custos e tempo. Em segundo lugar,
os “serviços grátis” eram, primordialmente, uma estratégia de marketing. As empresas
querem e precisam ter resultados positivos e não há contabilidade que faça sentido
sem receita. Já dadas como mortas, as grandes corporações retomaram o fôlego e
compraram boa parte do que sobrou, mostrando que não estão fora de moda, frágeis ou
ultrapassadas. Pelo contrário, utilizando as novas tecnologias para agilizar suas operações
pelo mundo, elas acabaram sendo grandemente beneficiadas. Em terceiro lugar, com o
amadurecimento da tecnologia e o desaquecimento dos ânimos, percebeu-se que a
mágica da multiplicação exponencial da audiência sem custos era um equívoco técnico.
Um bom exemplo é o vídeo em tempo real (streaming) em que, ao contrário da televisão,
cada usuário representa custo adicional para o emissor. Aplicações assim exigem uma
quantidade maciça de investimento de capital e de manutenção especializada, que não
são baratos. Finalmente, vimos que as pessoas não querem (e não devem) passar as 24
horas do dia navegando na internet: há outras finalidades (bem mais interessantes) na
existência humana.
Ficaram algumas lições, que hoje parecem óbvias, mas que seriam consideradas
retrógradas há alguns anos. Sempre há exagero quando novas tecnologias chegam e
todos temos a impressão de que elas vão varrer o antigo mundo do mapa. Frequentemente,
uns poucos ganham dinheiro e uma imensa maioria perde, diante da promessa de
multiplicação milagrosa. No entanto, parecemos sempre esquecer de tudo isso quando
deparamos com um desses momentos de deslumbramento. Mesmo antes de terminar a
digestão dos jornalistas, as sereias recomeçaram seus cantos. Encontraram um público
numeroso e ávido por coisas novas: os educadores. Nunca se ouviu falar tanto de
novas tecnologias para educação e essa prenunciada revolução tecnológica tem unido
setores da sociedade que nem sempre caminham juntos: educadores, universidades
públicas e privadas, empresas e governo. Novamente, vemos um discurso semelhante:
tudo o que está aí será transformado, nada sobrará do mundo antigo, quem não se
adaptar morrerá. Será que estamos diante de uma verdadeira e unificante revolução
ou de mais uma unanimidade à moda de Nelson Rodrigues? Será que os educadores,
amarrados ao mastro do navio de Ulisses, resistirão ao apelo das novas tecnologias
ou acabarão encontrando nossos amigos executivos e jornalistas sendo revolvidos no
estômago das sereias? E, afinal, quem são os grandes beneficiados por essas novas
tecnologias? Empresas, poder público, educadores, escolas ou aquele esquecido
elemento: o aprendiz?
124
Em nossas escolas, qual seria o uso mais revolucionário das tecnologias?
Aquele em que os alunos seguem receitas passo a passo ou quando empreendem
projetos pelos quais são interessados e apaixonados, fora dos estritos regulamentos
de conduta e comportamento? Uma boa parte da essência revolucionária se perde
quando as tecnologias são assimiladas, padronizadas e burocratizadas. Alguns
poderiam argumentar que, para as tecnologias serem utilizáveis, é necessário que seja
assim mesmo. Não há como fabricar um carro no quintal, com martelos e pedaços de
metal. É preciso industrializá-lo, produzi-lo em série. Entretanto, o principal argumento
desse texto é que o computador, as tecnologias digitais e a internet são revolucionárias
exatamente porque, sendo matéria-prima digital, multiforme e de relativo baixo custo,
podem ser reinventadas no quintal – podemos ser, ao mesmo tempo, produtores
e consumidores. Mais do que isso, as mídias digitais oferecem infinito espaço para
experimentações em diferentes níveis de realidade, seja programando o computador,
editando filmes, fazendo robótica, construindo modelos computacionais ou elaborando
sites na internet, com uma equação de custo fundamentalmente diferente.
Que fique claro: não estamos falando do custo do ponto de vista negocial, da
distribuição de conteúdos a baixo preço. Falamos do aluno, daquele que quer aprender e
que não deseja necessariamente a solução de mídias que minimize o custo da empresa
de ensino eletrônico, mas que maximize o que ele pode aprender. E o que isso tudo está
fazendo em um texto sobre educação a distância? As lições sobre o que ocorre com a
tecnologia no ambiente escolar não podem ser esquecidas. Quando qualquer sistema,
metodologia ou tecnologia de educação nos imagina apenas como consumidores de
algo já mastigado, deglutido e digerido, boa parte de seu poder revolucionário se perdeu.
125
escolha, as coisas estão mais erradas ainda. Cabe, portanto, um primeiro cuidado, já
que vemos parceiros não habituais no mesmo barco. Será que governo, empresas,
educadores, professores e alunos estão todos na mesma humilde canoa, buscando
a transformação da educação e a emancipação do homem? Acreditamos que não.
Governos buscam o atendimento às pressões sociais por mais educação, empresas
buscam novas oportunidades de negócios, escolas buscam se adaptar aos novos
tempos. Os discursos, entretanto, se confundem.
Essa confusão não é acidental. Educadores como Paulo Freire, John Dewey
e Seymour Papert, entre outros, são também visionários, utopistas, têm projetos para
a educação e para a sociedade. Como afirma o educador Fernando Almeida, além de
toda a consistência e rigor teóricos, eles têm um discurso poderoso que seduz, encanta
e apaixona. Entretanto, o que vemos ultimamente é que esses discursos têm sido
paulatinamente esquartejados, mutilados, maltratados. Sua porção apaixonante tem
sido usada como estratégia de marketing por empresas e gurus do ensino eletrônico
e sua porção complexa, de difícil implementação, tem sido, muitas vezes, esquecida.
Outros elementos, que não lhe são tão particulares, dizem mais respeito à
internet como mídia de transmissão de informações do que como matéria-prima de
construção: a possibilidade de milhões de pessoas terem acesso a uma página web, o
suposto baixo custo, a falta de privacidade, o rastreamento das atividades dos usuários,
o enorme tempo que gastamos teclando em vez de falar, a padronização, muitos
dos softwares de inteligência artificial (agentes) que ao tentar ser inteligentes, mais
aborrecem e limitam do que ajudam.
126
produzam documentação para ajudar outros alunos. Em vez de criar proibições, estimular
as possibilidades e a responsabilidade cidadã de cada aprendiz. Em vez de testes de
múltipla escolha, propor formas alternativas de avaliação qualitativa de projetos, e não
de pedaços desconexos de informação. No lugar de massificar o que já existe, inaugurar
um novo mundo de aprendizado onde a personalização não seja um mero narcisismo
consumista, mas possibilidade de expressão e colaboração.
127
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A desumanização não é a vocação natural do ser humano, não é algo natural, ela
representa nossa humanidade roubada.
128
AUTOATIVIDADE
1. No primeiro Tópico da unidade 3 evidenciamos Teorias e práticas que contribuirão
para a sua formação docente. Neste contexto, complete o quadro a seguir com
informações que descrevem os conceitos/ideias que irão ajudar em suas ações
profissionais e na formação docente.
2) Professor construtor de
saberes e de autoria científica.
4) O conceito de humanização
na educação.
129
5) A definição de conceitos
como TICs e mídias
eletrônicas no ambiente
escolar.
2. A metáfora das “sereias do ensino eletrônico” é utilizada no texto como uma reflexão
sobre as armadilhas que as demandas da sociedade de consumo lançam sobre o
uso das tecnologias, em especial, no ambiente escolar. Neste contexto, analise as
afirmativas a seguir:
130
3. (...) garimpar o que de bom já temos em nossas práticas anteriores, e que ainda são
significativas para as necessidades de hoje. Valorizo esse método porque (...) fazer
educação não é como fazer um prédio (ENADE, 2011).
4. Não há uma forma única, nem um único modelo de educação; a escola não é o único
lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor. O ensino escolar não é sua única
prática e o professor profissional não é seu único praticante (ENADE, 2011).
FONTE: BRANDÃO, C. R. O que é educação. 33. ed. São Paulo: Brasiliense, 1995, p. 9.
A afirmativa de Brandão reproduzida acima propõe uma nova dimensão educativa, pois:
131
I- Propor aos estudantes a realização de atividades em duplas nos computadores,
construídas a partir de situações-problema; realizar avaliação processual com
intencionalidade educativa.
II- Basear o processo de ensino-aprendizagem em tutoriais que são comuns em
softwares educacionais; avaliar com o objetivo de classificar e premiar os melhores
estudantes.
III- Utilizar o computador como instrumento de transmissão da informação; observar o
comportamento dos estudantes enquanto manipulam o software para privilegiar na
avaliação aqueles que conversarem menos com os colegas durante as atividades.
IV- Preparar atividades que devam ser realizadas individualmente nos computadores,
mesmo que seja preciso separar a turma em dois grupos para usarem o laboratório em
horários distintos; tomar a autoavaliação como correspondente a 90% da avaliação
final dos estudantes.
a) I.
b) IV.
c) I e II.
d) II e III.
e) III e IV
132
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
CONHECIMENTO, TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Os desafios do mundo atual podem estar bem longe de nossa atual compreensão.
A globalização importa e nos impõe um modo de ser do cotidiano de pessoas que
nunca conhecemos. Anúncios publicitários, quase que o tempo todo, nos dizem que
precisamos desta ou daquela nova tecnologia para “sermos mais” e melhores. Parece
que ninguém se importa com nossa opinião sobre tudo isso, apenas querem nos moldar
e nos tornar consumidores inconscientes e vorazes.
Por isso, caro acadêmico, a proposta deste tópico é um caminho mais teórico,
diferentemente do estabelecido no tópico seguinte, entretanto, seriamente necessário
para a compreensão do que hoje percebemos por tecnologia, inovação, progresso e
pensamento pedagógico.
É certo que não teremos as mesmas respostas para tais questões. Acreditamos
que você, futuro professor, ajudará a construir suas novas respostas para tais
problematizações a partir das ideias levantadas em nosso texto.
133
Então, pensar as tecnologias educacionais é um exercício de superar
contradições práticas e teóricas. É também perceber as inconsistências, as angústias,
as desigualdades da realidade e, mesmo assim, seguir em frente.
Isso mostra que, para os professores, lidar com a incorporação das mídias
eletrônicas e ampliação das TICs no fazer pedagógico significa entrar numa realidade
complexa, muito além do significado singular e isolado de tecnologia, aprendizado ou
comunicação.
134
ATENÇÃO
Podemos entender o termo “cibercultura” como uma forma sociocultural
originada de uma relação entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias
da microeletrônica surgidas na década de 70, graças à convergência das
telecomunicações com a informática, hoje com destaque na tecnologia da
internet.
135
O contexto alterado pela cibercultura e as novas condições exigidas pelas
tecnologias na sociedade são analisados através da narrativa de termos e questões, como
inteligência coletiva, veneno e remédio da cibercultura, técnica do digital, infraestrutura
do virtual, o conhecimento desmaterializado, a multimídia, hiperdocumentos, questões
planetárias, arte no espaço virtual, o saber e a educação através do prisma da economia,
a simulação do real, a democracia eletrônica, crítica à comunicação de massa, o
pensamento crítico e a diversidade cultural ameaçada pela cibercultura (LÉVY, 1999).
136
De qualquer ponto de partida, ao pensar a educação após o advento da
cibercultura, faz-se necessário levar em conta a relação que se estabelece com os
saberes estabelecidos. Essa relação interfere na prática do trabalho, nos fundamentos
da formação profissional, na maneira dos indivíduos lidarem com o conhecimento e o
aprendizado.
137
Questão 1
a) I e II.
b) II e III.
c) II e IV.
d) II e V.
e) IV e V.
138
RESPOSTA COMENTADA PROVA ENADE: Acesse agora mesmo com seu
smartphone através do QrCode e aproveite o vídeo da questão 1:
Questão 2
2. A cibercultura pode ser vista como herdeira legítima (embora distante) do projeto
progressista dos filósofos do século XVII. De fato, ela valoriza a participação das
pessoas em comunidades de debate e argumentação. Na linha reta das morais
da igualdade, ela incentiva uma forma de reciprocidade essencial nas relações
humanas. Desenvolveu-se a partir de uma prática assídua de trocas de informações
e conhecimentos, coisa que os filósofos do Iluminismo viam como principal motor
do progresso. (...) A cibercultura não seria pós-moderna, mas estaria inserida
perfeitamente na continuidade dos ideais revolucionários e republicanos de liberdade,
igualdade e fraternidade. A diferença é apenas que, na cibercultura, esses “valores”
se encarnam em dispositivos técnicos concretos. Na era das mídias eletrônicas, a
igualdade se concretiza na possibilidade de cada um transmitir a todos; a liberdade
toma forma nos softwares de codificação e no acesso a múltiplas comunidades
virtuais, atravessando fronteiras, enquanto a fraternidade, finalmente, se traduz em
interconexão mundial.
FONTE: LEVY, P. Revolução virtual. Folha de S. Paulo, Caderno Mais, 16 ago. 1998, p. 3.
139
A questão, cuja opção correta é a letra E, demonstra a discussão sobre a
herança científica e progressista do Iluminismo com a troca de informação, conhecimento
e com a participação democrática na divulgação dos saberes da humanidade. Por que
a afirmativa “E” está correta? A primeira afirmativa não confere com a realidade, pois
dissocia a cibercultura da herança cultural do Iluminismo, relacionando o surgimento
da cibercultura, exclusivamente ao evento da pós-modernidade. A segunda afirmativa
apresenta a cibercultura como a negação da ideia de progresso, o que contraria
a argumentação da contextualização da questão. A terceira afirmativa não pode ser
verídica, pois vincula a cibercultura com a banalização da ciência. A quarta afirmativa
relacionou a cibercultura com o isolamento do indivíduo, desconsiderando a ampliação
do acesso à comunicação. Então, a quinta afirmativa descreve com maior coerência
e veracidade o surgimento da cibercultura quando favorece o compartilhamento de
informações.
3 LINGUAGEM E TECNOLOGIA
Desde os tempos mais remotos da pré-história, membros das comunidades
ágrafas ensaiavam a construção de ferramentas para sua sobrevivência frente aos
desafios do mundo natural. Entretanto, na Idade Moderna, a produção industrial e
científica deu novos rumos ao que atualmente chamamos de tecnologia.
140
afetividade: na dança, no desporto, no jogo e no circo. Somos seres
humanos, sujeitos criadores de cultura nos mais diversos domínios
de nossa expressão (GAYA, 2005, p. 324).
ATENÇÃO
O conceito de tecnologia envolve artefatos, objetos, ferramentas,
sistemas, resultados industriais, transportes, sistemas de comunicação
e controle de produção. O próprio Estado pode ser considerado uma
tecnologia de “governo”.
141
Consideremos a incorporação das mídias eletrônicas na educação um fato
complexo, heterogêneo, controverso e um tema pouco aprofundado em suas questões
filosóficas. Alguém poderia se perguntar quais tecnologias são predominantes na
educação? Quem realmente decide sobre os investimentos em tecnologia? Quais
tecnologias são definidas como sinônimo de inovação? As respostas para estas e muitas
outras questões podem ser desenhadas à medida que construímos nossa compreensão
sobre a concepção de tecnologia presente na educação, especialmente em nosso
recorte sobre as mídias eletrônicas.
142
Os estudos apresentados sobre a incorporação das TICs na educação não
apresentam claramente revoluções nos métodos de ensino e os estudantes se
posicionam mais como consumidores do que produtores na relação com as tecnologias.
A alfabetização digital defendida pelos entusiastas é um processo questionável, pois,
na posição de mero consumidor, o ser humano não é capaz de identificar as práticas
sociais e econômicas ocultadas pela publicidade e pela ideologia. A alfabetização está
longe de significar o uso instrumental do computador (COLL; MAURI; ONRUBIA, 2010).
ATENÇÃO
A Sociologia Positivista é a ciência que investiga o comportamento social.
Seu método é o mesmo das ciências naturais. A sociologia (física social)
busca compreender as condições constantes e imutáveis da sociedade (a
ordem) e também as leis que movimentam seu progresso.
143
será possível pensar uma relação autêntica entre educação, humanização, progresso,
equalização social e tecnologia? Estaríamos então incidindo numa contradição?
Por isso, em nosso cotidiano não será difícil ouvirmos expressões como:
“temos que nos programar”, “deleta isso aí”, “a máquina está com vírus”, “computadores
infectados”, “programas mal-intencionados ou corrompidos”, “o corpo humano trabalha
como uma máquina”, “o processador é o cérebro do computador”.
144
agirem como nossas substitutas. Entre as ilações dessas crenças
está a perda de confiança, o julgamento e a subjetividade do ser
humano. Desvalorizamos a capacidade humana singular de ver
as coisas como um todo, em todas as suas dimensões psíquicas,
emocionais e morais, e a substituímos pela fé nos poderes do cálculo
técnico (POSTMAN, 1994, p. 123-124).
Países de todos os continentes têm investido no uso das TICs nas escolas e
na inovação de processos pedagógicos através de investimentos em infraestrutura
de equipamentos TICs, acesso à internet, desenvolvimento profissional e criação de
conteúdos digitais de aprendizagem.
145
No Brasil, em 1983, a Secretaria Especial de Informática - SEI - estruturou
a Comissão Especial de Informática na Educação, com o objetivo de incentivar
experimentos em tecnologia na educação. Nesse caminho, surgiu o primeiro programa
de informática na educação do Brasil, que foi o Projeto EDUCOM - Educação com
Computador - em cinco universidades públicas, implementado em 1984 pelo MEC. Na
mesma época também foram implantados Centros de Informática na Educação de 1º
e 2º Graus - CIEd -, em parceria com as Secretarias Estaduais de Educação (ALMEIDA,
2008).
No sentido de formar profissionais para os novos projetos, o MEC, em 1987,
criou o Projeto Formar. Eram cursos de pós-graduação latu sensu, a fim de preparar
professores multiplicadores para as áreas de informática na educação. E em 1989, o
MEC instituiu o primeiro Programa Nacional de Informática Educativa - Proninfe -, para
desenvolver capacitação de professores e técnicos, implantar centros de informática
na educação, apoiar a aquisição de equipamentos e incentivar a produção de softwares
educativos (ALMEIDA, 2008).
146
Até hoje, nenhum sistema educativo integrou oficialmente a mídia-educação
como uma prioridade e, quando ocorrem, são ações frágeis de integração das políticas
públicas de educação. Embora existam iniciativas interessantes, são de caráter paralelo
ou facultativo ao currículo, dependendo da boa vontade de agentes motivados. Isso,
talvez porque o esquema midiático ainda é de domínio exclusivo das mídias de massa e
de publicidade comercial. Tais sistemas precisam de audiências desavisadas, distraídas,
acríticas e não educadas (BELLONI; BÉVORT, 2009).
Entretanto, nesse momento, cabe uma pergunta fundamental: o que pode ser
considerado tecnologia na educação? É uma pergunta, mas também é um dilema.
Tradicionalmente, ao tratar de tecnologias na educação e no investimento do setor
público, o artefato predominante cerca a informática e as mídias eletrônicas. A figura a
seguir demonstra um universo teórico, que ainda pode ser ampliado, de obras que são
consideradas tecnologias na educação.
147
Como o processo de incorporação das novas tecnologias é influenciado
pelo monopólio do sistema publicitário e de comunicações, diferentes tecnologias
são negligenciadas (como é possível ler na figura). São excluídas desse discurso,
intencionalmente ou não, tecnologias historicamente já predominantes na educação,
como medicamentos, tecnologias de controle e segurança, sistemas avaliativos e
organizacionais, sistemas de registro do rendimento escolar, entre outros.
148
LEITURA
COMPLEMENTAR
O QUE É FILOSOFIA DA TECNOLOGIA?
Andrew Feenberg
Nas sociedades tradicionais, o modo de pensar das pessoas está formado por
costumes e mitos que não podem ser explicados nem justificados racionalmente. Portanto,
as sociedades tradicionais proíbem certos tipos de perguntas que desestabilizariam
seu sistema de crenças. As sociedades modernas emergem da liberação do poder
de questionar essas formas tradicionais de pensamento. O Iluminismo europeu do
século XVIII exigiu que todos os costumes e instituições se justifiquem como úteis para
a humanidade. Sob o impacto dessa demanda, a ciência e a tecnologia se tornaram
a base para as novas crenças. Eles reformam a cultura gradualmente para ser o que
pensamos como “racional”.
À medida que tal sociedade tem base tecnológica, os problemas que surgem
nesse questionamento referem-se ao campo da filosofia da tecnologia. Nós
149
precisamos nos entender hoje no meio da tecnologia e o conhecimento propriamente
técnico não pode nos ajudar. A Filosofia da Tecnologia pertence à autoconsciência de
uma sociedade como a nossa. Nos ensina a refletir sobre o que tomamos como certo,
especificamente a modernidade racional. A importância dessa perspectiva não pode ser
subestimada.
Vocês estão provavelmente familiarizados com os fundadores de pensamento
moderno, Descartes e Bacon. Descartes nos prometeu que nos tornaríamos “os mestres
e senhores da natureza” através do cultivo das ciências, e Bacon, como é bem conhecido,
reivindicou que “Conhecer é poder”. Temos um senso comum muito diferente dos
gregos, assim coisas que a eles pareciam óbvias não são óbvias para nós. Claro que nós
compartilhamos com eles as distinções fundamentais entre as coisas que se fazem a
si mesmas, na natureza, e as coisas que são feitas, os artefatos, e entre a essência e a
existência. No entanto, nossa compreensão destas distinções é diferente da deles. Isto
é especialmente verdade com o conceito de essência.
De fato, essa visão da tecnologia pode ser estendida também ao dinheiro. Embora
possa parecer que o dinheiro seja um instrumento neutro para nossos propósitos, em
um exame mais minucioso perceberemos que ele é muito mais que isso. Dizemos que
150
há coisas que o dinheiro não pode comprar, como o amor e a felicidade. No entanto,
as pessoas sempre tentam comprá-los e se desapontam com os resultados. O amor
comprado afinal de contas é algo bastante diferente da coisa real. Aqueles que fundam
sua vida inteira no poder do dinheiro têm uma vida pobre. O dinheiro está bem em seu
lugar, mas fora dele corrompe e diminui as pessoas e as coisas. Assim, em certo sentido,
o dinheiro também tem um valor substantivo e fundar um estilo de vida nele é uma
escolha categórica e não a melhor de todas.
Uma vez libertada, a tecnologia fica cada vez mais imperialista, tomando
domínios sucessivos da vida social. Na imaginação mais extrema do substantivismo, no
Admirável Mundo Novo, como descrito por Huxley em seu famoso romance, a tecnologia
apanha a humanidade e converte os seres humanos em meros dentes de engrenagem
da maquinaria. Isso não é utopia, o “não lugar” de uma sociedade ideal, mas distopia - um
mundo no qual a individualidade humana foi completamente suprimida. Huxley mostra
pessoas produzidas em linhas de montagem segundo propósitos sociais específicos e
condicionadas a acreditar exatamente em coisas que as adaptam a suas funções. Como
certa vez Marshall McLuhan disse: “as pessoas tornaram-se órgãos sexuais do mundo
da máquina”.
O problema não está na tecnologia como tal, senão em nosso fracasso até
agora em inventar instituições apropriadas para exercer o controle humano dela.
Poderíamos domar a tecnologia submetendo-a a um processo mais democrático de
projeto [design] e desenvolvimento. Considere o caso paralelo da economia. Um século
atrás se acreditava que a economia não poderia ser democraticamente controlada, que
era um poder autônomo e que operava de acordo com leis inflexíveis.
151
A teoria crítica da tecnologia descobre nos exemplos como esses uma tendência
de maior participação nas decisões sobre projeto e desenvolvimento. A esfera pública
parece estar se abrindo lentamente para abranger os assuntos técnicos que eram vistos
antigamente como esfera exclusiva dos peritos. Essa tendência pode continuar ao ponto
de a cidadania envolver o exercício de controle humano sobre a estrutura técnica de
nossas vidas? Nós temos que ter esperança, pois outras alternativas parecem levar com
certeza à destruição. Claro que os problemas não são só tecnológicos. A democracia está
em má forma hoje em todas as frentes, mas ninguém propôs uma alternativa melhor.
Se as pessoas podem conceber e perseguir os seus interesses intrínsecos em paz e
realizados por mediação do processo político, elas inevitavelmente problematizarão
a questão da tecnologia junto a muitas outras perguntas que hoje se mantêm em
expectativa. Só nos resta esperar que isso aconteça mais cedo do que mais tarde.
152
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
153
AUTOATIVIDADE
1. No estudo deste tópico construímos uma reflexão sobre o conceito de tecnologia.
Nesta discussão podemos perceber que, dentre os autores e teorias, não há um único
conceito, mas uma variação de possibilidades a respeito da realidade tecnológica, o
que envolve as questões humanas, técnicas, burocráticas e do cotidiano. Sobre o
conceito de tecnologia, analise as afirmativas a seguir:
2. O futuro que se apresenta às escolas com relação à incorporação das TICs (Tecnologias
da Informação e Comunicação) ainda é incerto e cheio de dúvidas. No entanto, ao
professor cabe uma atitude reflexiva sobre este caminho de novidades, mudanças e
permanências. Refletindo sobre as ações que os professores devem tomar frente a
estes desafios e ao futuro, assinale a alternativa CORRETA:
3. A partir dos anos 90, a comunicação passou por várias mudanças. Os jornais e as
revistas impressas passaram a sofrer uma concorrência desleal frente ao potencial
das publicações na internet. Logo o papel da comunicação, da construção do
conhecimento e do entretenimento ganhou novos espaços na discussão no mundo
da escola. Neste contexto, analise as afirmativas a seguir:
154
I- A TV e a internet são meios de comunicação que podem ser chamados de TICs.
II- As mídias eletrônicas foram incorporadas como ações didáticas inicialmente à
informática.
III- As tecnologias tradicionais de ensino, como a música, são incompatíveis com as
TICs.
IV- O entretenimento e dinamismo de operação são características das mídias
eletrônicas.
4. Exclusão digital é um conceito que diz respeito às extensas camadas sociais que
ficaram à margem do fenômeno da sociedade da informação e da extensão das
redes digitais. O problema da exclusão digital se apresenta como um dos maiores
desafios dos dias de hoje, com implicações diretas e indiretas sobre os mais variados
aspectos da sociedade contemporânea. Nessa nova sociedade, o conhecimento é
essencial para aumentar a produtividade e a competição global. É fundamental para a
invenção, para a inovação e para a geração de riqueza. As tecnologias de informação
e comunicação (TICs) proveem uma fundação para a construção e aplicação do
conhecimento nos setores público e privado. É nesse contexto que se aplica o termo
exclusão digital, referente à falta de acesso às vantagens e aos benefícios trazidos
por essas novas tecnologias, por motivos sociais, econômicos, políticos ou culturais
(ENADE, 2011).
155
É correto apenas o que se afirma em:
156
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
DIFERENTES TICS APLICADAS À EDUCAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
O último tópico desta unidade propõe, em especial, alguns projetos desenvolvidos
em diversas áreas das licenciaturas. Alguns destes projetos, por destacarem sua
interdisciplinaridade, contribuem em várias disciplinas. Além disso, os exemplos servem
de futuro espaço para consulta em seu futuro trabalho docente. Os projetos servem
de orientação para iniciativas também inéditas e suas criações no campo do ensino de
sua disciplina. Organize um bom proveito dos exemplos sugeridos, inclusive durante a
realização de seu Estágio como acadêmico da Uniasselvi.
Até agora, temos discutido bastante sob o prisma teórico que fundamenta
um modo de compreender as TICs, que pretende superar a condição instrumental de
alguém que sabe apenas como funciona aquele artefato. Logo, o ato de “pensar” atribui
a competência de decisão e escolha ao profissional, muito além da atitude de aceitação
e conformidade com o já estabelecido.
Se você chegou até aqui e acompanhou nossa discussão, parabéns, pois andou
um longo e importante caminho teórico. Lembre-se de que sua formação profissional
dos próximos anos está sendo alicerçada neste momento, parte por parte. É dessa
maneira que sua formação terá uma base consolidada para superar os problemas e
desafios da experiência profissional.
157
Agora, faça um exercício mental e pense em alguma tecnologia de ensino
ou comunicação que já lhe surpreendeu. Ao aplicar em alguma aula, como seria sua
atuação com esta ferramenta?
158
Aprendemos através da concentração em assuntos ou objetivos definidos ou
pela atenção difusa. Aprendemos com os acertos e também com os erros. Aprendemos
quando estamos realmente interessados ao que ocorre à nossa volta. Aprendemos
perguntando, questionando e interagindo com o mundo à nossa volta. Aprendemos
quando fazemos nossa própria síntese do mundo exterior, o que resulta numa
reelaboração pessoal das informações (MORAN, 2000).
Gravar pequenos vídeos virou uma rotina comum das pessoas. O fácil acesso
aos dispositivos móveis criou um hábito que trouxe alterações sociais de sérios impactos
nas relações interpessoais e em questões éticas sobre a imagem pessoal. No ambiente
escolar, isso pode aparecer em forma de problemas. Ao combinar uma ação didática
desta natureza, verifique antes a viabilidade material ao solicitar, por exemplo, que os
estudantes tragam câmeras fotográficas para algum tipo de trabalho.
159
Aquilo que é novo estimula a curiosidade, propõe interação na busca do
conhecimento e encontra resultados promissores. Ao incentivar o desenvolvimento de
potencialidades, tanto para professores como estudantes no processo educacional,
daremos um passo a mais na construção de suas histórias. Essa perspectiva imagina
que os sujeitos não sejam apenas espectadores de sua existência (FREIRE, 1996).
160
FIGURA 11 - EDITOR DE VÍDEOS
161
Acesse o portal e descubra suas potencialidades. Escolha a opção TIPO DE
MÍDIA para ter acesso de busca sobre arquivos (imagem, som, texto, vídeo), bem como
demais obras, autores e projetos educacionais.
162
Muitas empresas, associações e entidades investem em blogs como ferramenta
de comunicação mais dinâmica, acessível e complementar aos sites tradicionais.
Esta dimensão do uso dos blogs afasta a noção inicial de que este recurso apresenta
apenas informações pouco confiáveis, como fonte de conteúdo, e desconstrói o falso
entendimento de que questões (inicialmente) triviais do cotidiano em nada contribuem
à educação formal. Um exemplo disso é o blog CRAM, que simula testes de diversas
disciplinas (podendo ser escolhido por tema, área ou autor) e outros projetos que
apresentaremos a seguir.
FIGURA 13 - CRAM
164
Além de projetos educacionais, cursos, artigos e palestras, você também pode
acessar vídeos, fotografias, infográficos, jogos, simuladores, mapas, quadrinhos e
ilustrações. Professor e professora de geografia ou áreas afins, colabore e compartilhe
sua produção de conhecimento através do projeto.
FIGURA 15 - FLIGHTRADAR24
A maioria das aeronaves no mundo de hoje está equipada com a tecnologia dos
transponders, que transmitem as informações de sua localização em tempo real. Com
isso, o Flightradar24 possui uma rede de muitas estações terrestres em todo o mundo
para receber esses dados, que logo demonstram as aeronaves em movimento em um
mapa no site ou no aplicativo exclusivo. No entanto, é importante ressaltar que o uso
165
do aplicativo ou do site é estritamente limitado a fins didáticos ou de entretenimento,
cabendo compreender o bloqueio de algum tipo de informação que resguarde questões
éticas e de segurança.
Desde os anos 1980, quando foi fundado como escola de arte, o Tear vem
desenvolvendo ações com crianças, adolescentes, jovens e educadores e, no mesmo
movimento, apreendendo novos sentidos do fazer criativo, ao descobrir, em diálogos e
compartilhamentos de saberes, outros modos de ser “tearteiro”. Por seu saber, o Tear
tem como horizonte uma educação poeticamente humana e humanamente integral, e
a caminhada rumo a uma sociedade sustentável, justa, fraterna e solidária (INSTITUTO
TEAR, 2016).
166
2.7 INSTITUTO PAULO FREIRE
O Instituto Paulo Freire (IPF) surgiu a partir de uma ideia do próprio Paulo
Freire em 1991. Ele desejava reunir pessoas e instituições que, movidas pelos mesmos
sonhos de uma educação humanizadora e transformadora, pudessem aprofundar suas
reflexões, melhorar suas práticas e se fortalecer na luta pela construção de “um outro
mundo possível”. Por sua importância nacional e internacional, Paulo Freire foi declarado
patrono da educação brasileira em 2012 (INSTITUTO PAULO FREIRE, 2016).
167
2.8 PORTAL DA TV ESCOLA
A TV Escola é o canal da educação, a televisão pública do Ministério da Educação
destinada aos professores, aos educadores, aos alunos e a todos os interessados em
aprender. Não é um canal de divulgação de políticas públicas da educação, é uma
política pública em si, com o objetivo de subsidiar a escola e não substituí-la. E, em
hipótese alguma, substituir também ao professor. A TV Escola não vai “dar aula”, ela
é uma ferramenta pedagógica disponível ao professor: seja para complementar sua
própria formação, seja para ser utilizada em suas práticas de ensino (TV ESCOLA, 2016).
FIGURA 18 - TV ESCOLA
168
FIGURA 19 - PORTAL DA MATEMÁTICA
169
2.10 CLUBES DE MATEMÁTICA DA OBMEP
O projeto foi concebido para oferecer ambientes interativos nos quais será
possível desenvolver, pesquisar e criar atividades matemáticas de forma ampla e
divertida. Nesses espaços, para estudar matemática, alunos do Ensino Fundamental e
do Ensino Médio poderão participar de atividades como gincanas regionais e nacionais,
discussão de filmes, resolução de problemas, jogos; além de filmagens e atividades que
utilizam programas de geometria dinâmica (CLUBES DE MATEMÁTICA DA OBMEP, 2016).
170
Um recurso central no Portal da Língua Portuguesa é o Vocabulário Ortográfico
do Português (VOP), baseado numa base de dados chamada MorDebe, na qual é gerida
toda a informação lexical. Por via do VOP, o Portal disponibiliza informações relativas
à flexão e à ortografia das palavras. Além de servir de base para a criação de recursos
lexicais relacionados, o VOP funciona como um guia ortográfico, já adaptado às novas
regras ortográficas, permitindo ao professor saber se uma determinada forma existe e
como se escreve (ILTEC, 2016).
171
O Portal é concebido, desenvolvido, alimentado e gerido de forma multilateral,
funcionando como instrumento de cooperação linguístico-cultural entre os Estados
Membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Desse modo, o Portal
terá um papel muito importante para as estratégias de promoção, difusão e projeção do
português no mundo, criando um sistema internacionalizado de gestão do ensino de
PLE (PPPLE, 2016).
172
FIGURA 23 – BIBLIOTECA NACIONAL DIGITAL
173
determinada realidade sem que estejamos, necessariamente, no local físico. Entender
as dimensões de um planeta, por exemplo, sem a necessidade de ter que percorrer
fisicamente sua circunferência, todos seus mares, continentes ou acidentes geográficos.
Seu trabalho inicial com mapas tem no Google um bom ponto de partida. Confira
com seus estudantes uma pesquisa de mapas históricos através desta ferramenta. O
primeiro link que aparece ao digitar “mapas históricos” já lhe apresenta uma centena de
opções.
174
Os três exemplos a seguir vão complementar sua formação e recursos de suas
aulas. Veja que o site Biblioteca Digital de Cartografia Histórica disponibiliza um
sistema em que você pode solicitar reproduções dos mapas do acervo, basta solicitar e
justificar em qual projeto ou atividade será usada a imagem. No site estão descritos os
passos para a solicitação.
175
FIGURA 26 – COLEÇÃO DE MAPAS
176
FIGURA 27 – GUIA GEOGRÁFICO: MAPAS HISTÓRICOS
177
Após a década de 1960, formou-se um movimento conhecido por Nova História,
a partir da Escola dos Annales. A partir desta nova prática historiográfica, surgiram novos
temas, como, por exemplo, a participação das mulheres e trabalhadores na história.
Nesse movimento, a subjetividade do conhecimento passou a ser reconhecida como
possibilidade de realização do saber histórico, o que ampliou a noção sobre documento
histórico (MOIMAZ, 2014).
178
Assim, como estratégia didática, a imagem desperta, concatena e centraliza as
ideias de um tema estudado, contribuindo para ampliação e interpretação do contexto
em que a obra está inserida. Numa proposta de trabalho didático, a própria ferramenta
do Google Imagens já fornece um passo inicial ao conhecimento desta fonte histórica.
A partir deste contato com as imagens, já estamos no primeiro contato com imagens
clássicas da historiografia, um campo fértil de estudo. A partir desse acesso, novos
projetos se apresentam como possíveis estratégias de ensino-aprendizagem.
179
Planeje entrevistas, comerciais, utilidades públicas, discussão de conteúdos, músicas,
interações com estudantes, professores e busque sugestões no desenrolar dos
programas.
• Microsystem com CD player, rádio, entrada para microfones, o que servirá para
produzir e gravar vinhetas, falas, entrevistas e comerciais.
• Fones de ouvido, rádio-gravador, computador, software de edição de áudio,
microfones, caixa acústica, mesa de som (caso for possível).
• Sistema de alto-falantes instalados em locais estratégicos, como sala de aula ou
pátio da escola.
A atividade deste projeto será um meio viável para oferecer aos professores e
aos estudantes novos referenciais pedagógicos. Envolvendo todas as séries da escola,
o professor optará pelo desenvolvimento de algumas etapas (GESTÃO ESCOLAR, 2010):
• Definir algumas diretrizes, como a equipe gestora, busca de apoio, público-alvo, quais
programas, materiais e interações com outros setores de comunicação da escola.
• Convide professores interessados para fazer parte da equipe da rádio. A equipe terá
a função importante de viabilizar o projeto.
• Faça um levantamento da infraestrutura e estratégias para melhorar os materiais do
projeto.
• Convide estudantes para fazer parte da programação e planejamento. Envolva
os estudantes (voluntariamente) em cada etapa do projeto, como, por exemplo, a
votação para o nome da emissora. Sempre pesquise a melhor forma de executar cada
fase do projeto.
• Mantenha a regularidade das transmissões e faça parcerias com outros projetos da
escola.
180
• Crie programas criativos e diferentes para potencializar estratégias informais de
ensino-aprendizado.
• Crie um espaço para receber sugestões. Esteja atento e se disponha à constante
avaliação de seu projeto da rádio.
181
Evidentemente que tudo isso exigirá sua dedicação e tempo, mas toda iniciativa dessa
natureza se faz com pequenos passos e vai se somando a novos materiais.
182
Publique suas experiências. Aprofunde a discussão de autores já citados.
Socialize seus resultados, erros e acertos. Ajude a produzir saberes capazes de ampliar
o campo de formação de professores de história e áreas afins.
Se, por outro lado, os “documentos digitais” são uma novidade ao trabalho do
professor, por outro, eles se mostram como um caminho imensurável de novas fontes.
Além de ser um desafio, as fontes digitais ajudam a romper as barreiras entre diferentes
épocas e lugares do conhecimento, descontruindo a ideia de que tempo e espaço
são lineares. O “passado” deixa de ser um tempo que ficou para trás para ser parte da
constituição do tempo presente.
Caro acadêmico, fique atento aos novos materiais que estão sendo publicados
e observe que as diferentes áreas do conhecimento têm muito a ampliar seu acesso
através da criação de novos ambientes de aprendizagem ou até pelo surgimento de
novas fontes de informação.
183
2.17 PODCAST
A internet modificou a forma como consumimos conteúdo. Com ela, novas
tecnologias buscam dinamizar a forma como as informações são transmitidas para o
consumidor. Dentre elas, uma que vem ganhando visibilidade é o podcast. Um podcast
pode ser compreendido como um blog em áudio. Nele, o produtor do conteúdo pode se
expressar de várias maneiras, discorrendo sobre assuntos diversos, como séries de TV,
cinema, literatura, carreira profissional, cultura, humor, jogos, História, cotidiano, entre
outros.
184
Os podcasts possuem o potencial de ser um excelente complemento para o
professor em seus estudos ou divertimento e, certamente, conseguirão atrair a atenção
dos alunos, principalmente pela sua dinâmica, podendo até mesmo servir como projeto
de aula. Nesse projeto, os alunos montam grupos e criam seus próprios podcasts. Dessa
forma, compreendendo o conteúdo e ajudando a popularizar essa mídia tão versátil.
185
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O rádio é uma mídia e, mesmo que tendo passado por mudanças sociais, representa
uma excelente TIC para a produção e democratização de saberes a partir da escola.
186
AUTOATIVIDADE
1. Caro acadêmico, durante o Tópico 3 apresentamos e discutimos sobre alguns projetos
cujo objetivo é disponibilizar on-line diversas fontes de trabalho didático na área do
seu curso. Consulte os sites para conhecer melhor estes projetos. Então, observe o
quadro a seguir e descreva as características principais de cada projeto citado.
PROJETO DESCRIÇÃO
- Elaboração de
vídeos
- Portal Domínio
Público
- Os blogs como
fonte de estudo
- Cram
187
- Geografia Visual
- Flight Radar
- Instituto Tear
- Portal da
Matemática
- Portal do
Professor de
Português: Língua
Estrangeira
- Biblioteca
Nacional Digital
188
- Biblioteca Digital
de Cartografia
Histórica
- Guia geográfico:
mapas históricos
2. Aproveite para encontrar e descrever dois projetos on-line que não foram descritos
neste tópico, mas que você conhece e que podem ser aproveitados em sua prática
como professor. Escolha dois projetos e descreva-os apresentando informações,
como principal objetivo, material de estudo, informações específicas, a qual público
e local geográfico se dirige:
189
190
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