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INTRODUÇÃO

Skinner (2006/1974) define discriminação como um processo


comportamental em que determinada resposta é reforçada apenas frente a uma
propriedade específica. Nesse caso, a propriedade assume controle exclusivo
sobre a resposta.
O ponto central do processo de discriminação, segundo Catania (1999),
está no desafio de ensinar o organismo a observar estímulos que são pertinentes
diante de estímulos que estão correlacionados ao processo de extinção. Dessa
forma, certos estímulos tornam mais provável a ocorrência de determinada
resposta, dando “ao comportamento operante caráter especial” (Skinner,
2006/1974. p. 66). “Quando um comportamento operante também está sob o
controle de estímulos antecedentes, este comportamento é denominado
comportamento discriminado” (Moreira e Carvalho, 2017. p.68).
Assim sendo, durante a sessão de discriminação operante com o sujeito
experimental Matias foram utilizados dois estímulos emitidos por meio da
unidade de frequência quilohertz. A resposta de pressão à barra na presença do
tom 1 kHz resultou no reforço ao sujeito experimental; tornando-se assim um
estímulo discriminativo (Sd). No entanto, a resposta de pressão à barra não foi
seguida de reforço quando emitida na presença do tom 2 kHz: estímulo delta
(S).
O presente relatório tem o objetivo de analisar a sessão experimental em
que o operante de pressão à barra foi colocado sob o controle discriminativo do
som. O experimento foi realizado no dia 03 de maio de 2018, no laboratório de
informática da Universidade Cidade de São Paulo e utilizou o software Sniffy Pro
2.0 que simula as respostas de um rato virtual, tipo Winstar, submetido ao
procedimento de modelagem da resposta de pressão à barra, mas não
submetido à extinção.

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MÉTODO

Sujeito

Serviu como sujeito experimental o rato virtual do simulador operacional


Sniffy Pro 2.0, submetido à modelagem da resposta de pressão à barra, mas não
submetido à extinção.

Materiais

O experimento foi realizado no laboratório de informática da Universidade


Cidade de São Paulo. Foram utilizados os seguintes materiais: computador,
programa Sniffy Pro 2.0, lápis, folhas de registro, cronômetro, pendrive com o
arquivo referente ao registro salvo como CRF acrescido do nome do sujeito
experimental1, cujo organismo havia sido modelado para emissão de resposta
de pressão à barra.

Procedimentos

Para iniciar a sessão Discriminação a dupla inseriu o pendrive no


compartimento adequado e abriu o arquivo de CRF. Para tanto foi selecionado
no menu do programa Sniffy Pro 2.0, “file” (Arquivo) a opção “Open” (Abrir). Um
novo arquivo foi salvo no computador com a palavra Discriminação acrescido do
nome do sujeito experimental. O arquivo do registro CRF foi mantido, caso seja
necessário posteriormente.

Na sequência, ainda no menu selecione “Windows” (Janelas) foi aberto a


janela da mente “Operant Associations” (Associações Operantes) e todos os
“Cumulative Record” (Registro Acumulado). Na sequência, foi selecionado no
menu “Experiment”, a opção “Design Operant Conditioning Experiment”
(Delineamento Experimental Operante) e conferido se a opção “Bar Press”

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Foi utilizado o arquivo do registro de reforço contínuo realizado durante cinco minutos antes
de iniciar os procedimentos de extinção.

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(Pressão a Barra) na sessão “Target Behavior” (Comportamento Alvo) do menu
“Reinforcement Action” (Reforço) estava selecionado.

Ainda na caixa opção “Design Operant Conditioning Experiment”


(Delineamento Experimental Operante) do menu “Experiment” a dupla localizou
na parte superior direita o menu “Discrimination/Generalization”
(Discriminação/Generalização). As alunas selecionaram em S+ o tom 1 kHz e, em
S- tom 2 kHz.

Cada uma das tonalidades foi emitida, separadamente, durante um


minuto cada. Após finalizar o um minuto de emissão de um dos tons, a emissão
do segundo tom era iniciada, também com duração de um minuto e, assim
sucessivamente. Por meio da janela de registro acumulativo foi possível
identificar a alternância dos tons. A caixa de som do computador foi mantida
desligada a fim de não incomodar as demais duplas.

A dupla acionou o cronômetro no início do experimento e registrou o


tempo total que o sujeito experimental levou para aprender a discriminação.

O critério de finalização do experimento tomou como base informações


obtidas por meio do registro acumulado e da janela da mente.

No registro acumulado a dupla identificou que não havia mais emissão de


respostas de pressão à barra diante do estímulo S (2kHz), mas que as

respostas eram frequentes diante do estímulo Sd (1kHz). Na janela da mente, as


colunas das associações “barra-som” e “força da resposta” deveriam apresentar
níveis máximos quando a discriminação fosse estabelecida. No entanto, mesmo
tendo discriminado os estímulos os níveis máximos não foram estabelecidos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

O tempo total de observação do processo de discriminação foi de 2 horas.


Por volta dos 8 minutos, foi observado que o sujeito experimental Matias
começou a apresentar indícios de ter compreendido as contingências do
ambiente. Ensinar o organismo a observar e diferenciar os estímulos pertinentes
ao comportamento e estímulos que levem a extinção do comportamento, para
Catania (1999) é um dos desafios do processo de discriminação. Nesse período,
diante do S , o sujeito experimental apresentou somente duas vezes o operante

de pressão a barra.
Nos minutos 16, 18 e 20, sob o estímulo delta, Matias não emitiu nenhuma
resposta de pressão à barra. A partir disso, a emissão desse operante foi
esporádica, não ultrapassando mais do que duas respostas por minuto, quando
ouvia o som de 2kHz. Isso denota um processo de extinção do comportamento,
onde o operante de pressão à barra não era reforçado, causando a supressão
de tal resposta.
Para verificar a ocorrência das respostas frente o estímulo discriminativo,
foi feito uma comparação entre os 10 primeiros minutos de experimento com os
10 finais (GRÁFICO 1).

GRÁFICO 1 – Comparação da taxa de resposta por minuto durante os minutos iniciais e finais

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De acordo com o GRÁFICO 1, observou-se que a taxa de resposta por
minuto durante o Sd foi um crescente de 13,8, no início, a 18,6 nos minutos finais.
O aumento da taxa se deve ao controle exercido pelo estímulo antecedente
(som), que faz com que o comportamento operante também seja um
comportamento discriminado (Moreira e Carvalho, 2017). Ainda de acordo com
Skinner (2006/1974), a apresentação do estímulo discriminativo (1kHz) tornou
mais provável a ocorrência de determinada resposta (pressão a barra), dando
“ao comportamento operante caráter especial” (p. 66). Sob o S , a taxa de

resposta por minuto iniciou-se em cerca de 7,8 baixando para 1,0 resposta por
minuto no final.
No entanto, não basta a extinção do comportamento de pressão a barra
diante do estímulo delta. Em um esquema de discriminação também é
necessário que a resposta do operante aumente diante do estímulo
discriminativo. Embora isso tenha acontecido, o sujeito experimental Matias
apresentou momentos em que, frente ao estímulo discriminativo, suas respostas
oscilaram. Esperava-se que ele emitisse mais respostas e de maneira mais
frequente durante o Sd (FIGURA 1).

FIGURA 1 – Emissão de respostas nos últimos 10 minutos observados

As associações “barra-som” e “força da resposta”, na Janela da Mente,


não atingiram seus níveis máximos. Isso pode ter acontecido pelo fato do
organismo possuir características internas que influenciam o aprendizado. Ele
parecia entender quando receberia reforço, mas tal oscilação pode demonstrar
certa confusão em alguns momentos diante dos dois estímulos que eram
recebidos.
A título de curiosidade sobre a possibilidade do sujeito experimental atingir
os níveis máximos das associações da Janela da Mente, a dupla utilizou o
recurso de aceleração do software Sniffy Pro 2.0 para verificar se Matias
apresentaria os níveis máximos das colunas, porém isso não aconteceu. O

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sujeito foi observado por mais cerca de 250 minutos e ainda assim não
conseguiu estabelecer a discriminação total. Talvez essa dificuldade esteja
relacionada com seu histórico de reforçamento. Cabe lembrar que durante a
sessão experimental de Extinção 2, o sujeito levou muito tempo para conseguir
desassociar o estímulo do som com o reforço.

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REFERÊNCIAS

CATANIA, A. C. Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição. Porto


Alegre: Artmed, 1999.

MOREIRA, M. B., & CARVALHO, L. C. Uma história de aprendizagem


operante. Brasília: Instituo Walden4, 2017.

SKINNER, B. F. Sobre o behaviorismo. Tradução de Maria da Penha


Villalobos. 10º ed. São Paulo: Cultrix, 2006.

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APÊNDICE

FOLHA DE REGISTRO

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GRÁFICO

GRÁFICO 2 – Comparação da taxa de resposta por minuto durante os minutos iniciais e finais

FIGURA

FIGURA 1 – Emissão de respostas nos últimos 10 minutos observados

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