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Processo: 19/20.5JBLSB.L1.S1
Nº Convencional: 5.ª SECÇÃO
Relator: ANTÓNIO GAMA
Descritores: RECURSO PENAL
METADADOS
QUESTÃO NOVA
CASO JULGADO PARCIAL
CASO JULGADO FORMAL
IRRECORRIBILIDADE
DUPLA CONFORME
IN DUBIO PRO REO
DIREITO AO SILÊNCIO
CONFISSÃO
ARREPENDIMENTO
REJEIÇÃO DE RECURSO
Data do Acordão: 03-11-2022
Votação: UNANIMIDADE
Texto Integral: S
Privacidade: 1
Meio Processual: RECURSO PENAL
Decisão: NEGADO PROVIMENTO.
Indicações Eventuais: TRANSITADO EM JULGADO.
Sumário : I - Num processo de estrutura contraditória, como acontece com a fase
de recurso no processo penal português, pressupõe-se que as questões
postas em recurso tenham sido objeto de decisão e de prévia discussão.
II - Salvo os casos de conhecimento oficioso, o recurso não é o meio
processual próprio para suscitar questão nova, relativamente à qual não
discretearam os sujeitos processuais e que , por isso, não foi objeto de
pronúncia pela decisão recorrida.
III – Os recursos destinam-se a reexaminar decisões proferidas por
jurisdição inferior e não a obter decisões sobre questões novas, não
colocadas perante aquelas jurisdições, posto que, como remédios
jurídicos que são, com eles não se visa o conhecimento de questões
novas não apreciadas pelo tribunal recorrido, mas sim apurar da
adequação e legalidade das decisões sob recurso.
IV – Em processo penal, o caso julgado formal atinge as decisões que
visam a prossecução de uma finalidade instrumental que pressupõe
estabilidade – a inalterabilidade dos efeitos de uma decisão de
conformação processual ou que defina nos termos da lei o objeto do
processo – constituindo um efeito de vinculação intraprocessual e de
preclusão.
V – O in dúbio pro reo não é uma regra de apreciação da prova, aplica-
se, posteriormente, quando depois de produzida e valorada toda a prova
persiste uma dúvida inultrapassável, um non liquet. Em todos os casos
de persistência de dúvida razoável após a produção e valoração da
prova, o facto em dúvida deve ser decidido em sentido favorável ao
arguido.
VI – O direito ao silêncio não tem só consagração legislativa ordinário
sendo uma emanação do princípio do Estado de Direito. A confissão e o
arrependimento são circunstâncias, quando se verificam, favoráveis ao
arguido; não confessando o arguido, nem demostrando arrependimento,
deixa de poder contar com essas circunstâncias favoráveis, mas isso não
equivale a que se contabilize como agravantes a não confissão e não ter
demonstrado arrependimento pela prática dos factos.