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Saúde mental

Conhecendo o Autismo
Dra. Jaqueline Cenci
Psiquiatra da Infância e da Adolescência.
Mestranda em Saúde da Criança pela UFPR.
Membro da diretoria da ABENEPI Paraná.

Tiago S. Bara
Psicólogo, Neuropsicólogo, Especialista em Análise do Comportamento Aplicada,
Mestre em Ensino nas Ciências da Saúde e Doutorando em Biotecnologia
Aplicada a Saúde da Criança e do Adolescente. Psicólogo membro do núcleo de
Neurociências do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe.

Dr. Anderson Nitsche


Médico pediatra do corpo clínico do Serviço de Neurologia e Ambulatório de
Transtornos do Neurodesenvolvimento do Hospital Pequeno Príncipe.
Programa
Introdução
Histórico
Epidemiologia
Fatores de Risco
Classificação
Critérios Diagnósticos
Aspectos Clínicos
Comorbidades
Estratégias de apoio farmacológico
Introdução
O que é o TEA?

• Característica principal: distúrbio da socialização


de curso crônico e início precoce.

• Impacto em múltiplas áreas do


desenvolvimento: subjetividade e relações
pessoais, linguagem e comunicação, aprendizado
e capacidades adaptativas.
Histórico
Eugen Bleuler Tese de PhD de Hans
cunhou o termo Asperger: “Psicopatia
autismo Autística Infantil”
1911 1944

1943 1979
Definição por Leo Wing e Gould: conceito de TEA e
Kanner: “Distúrbios tríade de prejuízos centrais
Autísticos do Contato (sociabilidade, comunicação e
Afetivo” linguagem e padrão alterado de
comportamentos)
Epidemiologia

• Prevalência de 1:36 crianças


• Todas as etnias e grupos socioeconômicos)

• 3,8 vezes mais prevalente em meninos

• Dados do CDC (Centers for Disease Control and Prevention)


Fatores de Risco

Pais com história Pais com outra


Familiar com
de esquizofrenia doença mental ou Idade materna ou
transtorno do
ou transtorno de alteração de paterna > 40 anos
espectro autista
humor comportamento

Peso de
Prematuridade Admissão em UTI Alterações físicas
nascimento < 2500
(< 35 semanas) neonatal congênitas
g

Residir em capitais Ameaça de aborto Exposição a Drogas


Sexo masculino ou subúrbios de com menos de 20 durante a gestação
capitais semanas (ácido valpróico)
Critérios Diagnósticos (DSM-5)

A) COMUNICAÇÃO SOCIAL (3/3):


1) Déficits na reciprocidade socioemocional.
2) Déficits em comportamentos comunicativos não verbais
utilizados para a interação social.
3) Déficits no desenvolvimento, manutenção e compreensão das
relações.
Critérios Diagnósticos (DSM-5)

B) COMPORTAMENTOS REPETITIVOS E ESTEREOTIPADOS (2/4)


1) Padrões estereotipados ou repetitivos de movimentos motores,
de uso de objetos ou de discurso.
2) Insistência na monotonia, adesão inflexível a rotinas ou padrões
ritualizados de comportamento verbal e não verbal.
3) Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em
intensidade ou foco/tema.
4) Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesses
incomuns em aspectos sensoriais do ambiente.
Níveis de Gravidade
• Nível 1 (leve): Requer suporte
• Dificuldade para iniciar interações sociais e respostas atípicas ou mal-
sucedidas
• Inflexibilidade causa interferência no funcionamento em um ou +
contextos
• Nível 2 (moderado): Requer suporte substancial
• Déficits acentuados na comunicação social verbal e não-verbal
• Iniciação limitada de interações sociais
• Inflexibilidade de comportamento, comportamentos restritos ou repetitivos com
frequência

• Nível 3 (grave): Requer apoio muito substancial


• Déficits severos na comunicação social verbal e não verbal
• Iniciação muito limitada de interações sociais
• Resposta mínima a iniciativas de outros
• Inflexibilidade do comportamento, extrema dificuldade em lidar com mudanças
Saúde mental

Tema 2:
Tratamento não-farmacológico
para o Transtorno do Espectro
Autista
Roteiro
Prevalência e o Brasil

Janela de desenvolvimento

Intervenção precoce e seus benefícios

Tratamentos não farmacológico

Intervenções/terapias
Janelas do desenvolvimento
Intervenção Precoce
0 3 6 9 1a 2 4 6 8 10 12 14
Funções
Melhor aproveitamento das janelas
Visão
cerebrais do desenvolvimento
Linguagem
Símbolos
Aprendizado proveniente de
Alfabetização informações sensoriais mais
Habilidades
adaptativas
sociais
Matemática Evitar interações inadequadas que
Música perpetuam comportamentos mal
adaptativos
Instrumento
musical
Segundo idioma
Prevenção de comorbidades
Intervenção Precoce

Diagnóstico precoce = Mais oportunidades de


intervenção Pode de maneira considerável reduzir o custo de vida
e demandas do sistema de serviços associados ao
TEA e cuidados relacionados
Mais oportunidades = Benefício de intervenção
ideal
Potencialmente promove a independência adaptativa
ideal
Colocações em sala de aula totalmente
integradas
Intervenção
• Applied Behavior Analysis (ABA)

• Abordagem Naturalista para Intervenção Comportamental Precoce

• Intervenção Precoce Baseada no Desenvolvimento/Relacionamento

• Intervenção Precoce Combinada

• Aboradagens Baseadas em Computador e Realidade Virtual


Saúde mental

Estratégias de apoio farmacológico


para o tratamento do autismo

Dr. Anderson Nitsche


Médico pediatra do corpo clínico do Serviço de Neurologia e Ambulatório de
Transtornos do Neurodesenvolvimento do Hospital Pequeno Príncipe.
TEA – Tratamento

Não há tratamento
Medicamentos não são
medicamentoso para os
primeira opção
sintomas alvo

Intervenções
comportamentais e sociais Treinamento parietal
(ABA)
Psicoestimulantes e Antidepressivos e
alfa adrenérgicos ansiolíticos

Para manejar: Para manejar:

Impulsividade Ansiedade
Hiperatividade Tristeza / Depressão
Desatenção Anergia
Disforia / Irritabilidade

Lord C, Elsabagh M, Baird G, Vanderweele, JV. The Lancet, 2018


Falha de tratamento não farmacológico

Auto ou heteroagressividade

Quando indicar Deterioração emocional, comportamental


antipsicóticos? ou funcional

Psicose

Agitação ou irritabilidade
Conflito familiar

Medicamentos Abuso ou negligência infantil


não tratam: Problemas escolares e bullying

Déficit Intelectual

DeVane CL, Charles JM, Abramson RK. BAART Clinical Trial. Pharmacotherapy, 2021
Como sabemos que o medicamento está funcionando?

• Criança fica mais calma e coerente


• Menor irritabilidade
• Mais atenta e focada
• Menor nível de energia (sem sedação)
• Maior nível de cooperação e engajamento

DeVane CL, Charles JM, Abramson. BAART Clinical Trial. Pharmacotherapy, 2021
O que não usar? Potencial Risco!

Dieta sem caseína e glúten


Imunoterapia
Células Tronco
Quelação de Ferro
Oxigênio Hiperbárico
Antibióticos
Reposição de vitaminas
MMS gettyimages.com Linda Epstein
Referências
• American Psychiatric Association. DSM-5: MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
• American Psychiatric Association. DSM-IV-TR: MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS. Trad. Cláudia Dornelles; 4 ed. rev. Porto
Alegre: Artmed, 2002.
• Coêlho, B. M. e cols. PSIQUIATRIA DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA: GUIA PARA INICIANTES. Editora Sinopsys. Novo Hamburgo, 2014.
• Evans, B. HOW AUTISM BECAME AUTISM: THE RADICAL TRANSFORMATION OF A CENTRAL CONCEPT OF CHILD DEVELOPMENT IN BRITAIN. History of the
Human Sciences, 2013.
• IACAPAP TEXTBOOK OF CHILD AND ADOLESCENT MENTAL HEALTH. Disponível online no endereço: http://iacapap.org/iacapap-textbook-of-child-and-
adolescent-mental-health
• Jeste, S. S. THE NEUROLOGY OF AUTISM SPECTRUM DISORDERS. Current Opinion Neurology, 2011.
• Kanner, L. AUTISTIC DISTURBANCES OF AFFECTIVE CONTACT. Nervous Child, 1943
• Minshew, N. J., Diane L. Williams, D. L. THE NEW NEUROBIOLOGY OF AUTISM. CORTEX, CONNECTIVITY, AND NEURONAL ORGANIZATION. Arch Neurol.,
2007.
• Polanczyk, G. V. e Lamberte, M. T. R. PSIQUIATRIA DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA. Coleção Pediatria. Instituto da Criança HC-FMUSP. Editora Manole.
Barueri, SP, 2012.
• Romero, M. et. al. PSYCHIATRIC COMORBIDITIES IN AUTISM SPECTRUM DISORDER: A COMPARATIVE STUDY BETWEEN DSM-IV-TR AND DSM-5 DIAGNOSIS.
International Journal of Clinical Health Psychology, 2016.
• Rosen, T. E.; Mazefsky, C. A.; Vasa, R. A.; Lerner, M. D. CO-OCCURRING PSYCHIATRIC CONDITIONS IN AUTISM SPECTRUM DISORDER. International Review
of Psychiatry, [s.l.], v. 30, n. 1, p. 40-61, 2018.

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