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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE


Faculdade de Filosofia
Departamento de Graduação

Ericson Sembua
Filomena Bombi
Florentina Gave
Hassimo Ilhazia
Lénia Osvaldo
Manuel Honwana
Marcela Mbalango
Mineses Esqueira
Saquina Hobjane

Planificação e Gestão do Processo de Ensino e Aprendizagem


(Licenciatura em Filosofia)

Maputo
Outubro de 2023
2

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE


Faculdade de Filosofia
Departamento de Graduação

Ericson Sembua
Filomena Bombi
Florentina Gave
Hassimo Ilhazia
Lénia Osvaldo
Manuel Honwana
Marcela Mbalango
Mineses Esqueira
Saquina Hobjane

Planificação e Gestão do Processo de Ensino e Aprendizagem


(Licenciatura em Filosofia)

Trabalho de investigação científica apresentado à


Unidade Curricular de Psicopedagogia na
Faculdade de Filosofia da UEM como requisito
parcial de avaliação.

Docentes:
Dra. Delfina Cossa

Maputo
Outubro de 2023
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ÍNDICE

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5

1. Noção de Planificação Pedagógica ......................................................................................... 6

1.1. Importância da Planificação escolar ................................................................................ 6

1.2. Níveis de Planificação Pedagógica .................................................................................. 7


1.2.1. Nível Central ............................................................................................................. 8
1.2.2. Nível do Professor ..................................................................................................... 8
1.2.3. Contexto Acadêmico ................................................................................................. 9
1.2.4. Plano Tecnológico da Educação ............................................................................. 10

1.3. Etapas da Planificação do PEA ...................................................................................... 11


1.3.1. Consciência do Ambiente Académico .................................................................... 11
1.3.2. Elaboração do Plano ................................................................................................ 11
1.3.3. Execução do plano .................................................................................................. 11
1.3.4. Avaliação & Aprimoramento do Plano ................................................................... 12

2. Gestão do PEA...................................................................................................................... 12

2.1. Recursos para a Gestão do PEA..................................................................................... 12


2.1.1. Regulamento Pedagógico ........................................................................................ 13
2.1.2. Calendário Académico ............................................................................................ 13
2.1.3. Horários ................................................................................................................... 13
2.1.4. Calendário de Avaliações ........................................................................................ 13
2.1.5. Calendário de Exames ............................................................................................. 14
2.1.6. Modalidades ............................................................................................................ 14
2.1.7. Metodologias ........................................................................................................... 14
2.1.8. Tecnologias de Informação & Comunicação .......................................................... 14

3. Princípios Orientadores do PEA ........................................................................................... 15

3.1. Ensino e aprendizagem centrados no aluno ................................................................... 15

3.2. O ensino e aprendizagem orientados para o desenvolvimento de competências para a


vida ........................................................................................................................................ 15
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3.3. Ensino e aprendizagem em espiral ................................................................................. 15

3.4. Educação inclusiva......................................................................................................... 16

CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 17

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 18
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INTRODUÇÃO
O trabalho tem como tema Planificação e Gestão do Processo de Ensino e Aprendizagem e
busca abordar de forma descritiva os processos de Planificação e gestão, bem como sua
importância no ensino e aprendizagem.

A planificação e gestão do processo de ensino e aprendizagem é uma componente fundamental


na prática educacional, moldando o desenvolvimento dos alunos e influenciando diretamente a
qualidade do ensino. No entanto, questões e desafios significativos surgem ao considerar como
os educadores planificam, implementam e avaliam seus planos de ensino. Tais desafios nos
levam a uma questão: Como a planificação e gestão exercem influência na maximização do
potencial de desenvolvimento de competências dos alunos, considerando a diversidade de
estilos de aprendizagem e necessidades individuais?

O trabalho docente é uma atividade deliberada e sistemática, centrada na aprendizagem dos


alunos sob a orientação do professor. A assimilação de conhecimento e habilidades, resultantes
do processo de ensino, não é um fim em si mesma, mas sim um meio para capacitar os alunos
como agentes activos na sociedade. Daí a relevância da abordagem deste tema.

O trabalho tem como objectivo geral: conhecer os processos de planificação e gestão do Ensino
e aprendizagem. Para atingir tal objectivo, foram traçados os seguintes objectivos específicos:
a) explorar e definir o conceito de Planificação, identificando suas características e elementos
fundamentais; b) analisar a importância da Planificação no contexto educacional, destacando
sua influência na eficácia do processo de ensino e aprendizagem; c) investigar os diferentes
níveis e etapas de planificação, desde o planejamento central até a elaboração de planos de aula,
evidenciando suas interconexões e relevância no cenário educacional; e) examinar o conceito
de Gestão no âmbito educacional, compreendendo suas implicações na organização e condução
do processo de ensino. i) identificar e discutir os princípios orientadores da gestão educacional,
considerando sua aplicabilidade para promover um ambiente de aprendizagem eficaz e
inclusivo.
Para responder aos objectivos propostos para este trabalho, foi aplicado o método de pesquisa
bibliográfica, procurando, de forma breve, analisar e interpretar os escritos dos autores citados
no mesmo. O trabalho está estruturado em cinco (3) secções principais. Na primeira secção,
aborda a questão da planificação, na segunda, aborda a gestão do PEA e por último a questão
dos princípios que orientam a gestão de apresentação.
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1. Noção de Planificação Pedagógica


A Planificação Pedagógica é o processo de previsão de necessidades e racionalização de
emprego de meios materiais e recursos humanos disponíveis, visando a concretização de
objectivos de ensino e de aprendizagem, em prazos determinados e etapas definidas. Giugni
(1986:167) considera que a organização racional de uma actividade educativa, como do resto
de qualquer actividade, requer necessariamente uma planificação, pelo que dela está sujeito o
êxito dos processos de ensino e aprendizagem. Ainda Giugni acrescenta que as actividades
curriculares adquirem valor educativo quando são planeadas, ordenadas e ligadas estreitamente
ao desenvolvimento da personalidade de cada aluno. Desta forma, a Planificação no Processo
de Ensino e Aprendizagem (PEA) é “a previsão mais objectiva possível de todas as actividades
escolares para a efectivação do processo de ensino e aprendizagem que conduz o aluno a
alcançar os objectivos previstos” (NIVAGARA, s/d: 226). Através da planificação, os
educadores estabelecem metas e objectivos claros para seus alunos, orientando o caminho a ser
percorrido ao longo do ano lectivo. Isso não apenas proporciona um roteiro estruturado para os
educadores, mas também oferece aos alunos um guia sólido para alcançar os objetivos
educacionais. Assim, a planificação escolar se torna uma bússola confiável, garantindo que a
jornada educativa seja fluida e proporcionando aos alunos as melhores oportunidades para o
seu crescimento acadêmico e pessoal.

1.1. Importância da Planificação escolar


A planificação é um processo que envolve a racionalização, organização e coordenação da ação
docente, integrando a atividade escolar com as questões do contexto social. A escola,
professores e alunos são parte de um sistema de relações sociais que reflete influências
econômicas, políticas e culturais características da sociedade. Isso implica que os elementos do
planejamento escolar, como objectivos, conteúdos e métodos, têm implicações sociais
significativas. Portanto, a planificação não é apenas um preenchimento burocrático, mas sim
uma reflexão sobre nossas escolhas e acções. Sem uma reflexão cuidadosa sobre a direção que
nosso trabalho deve tomar, corremos o risco de seguir os interesses dominantes na sociedade.
Assim, o acto de planificar se traduz na previsão consciente das acções docentes,
fundamentadas em escolhas pedagógicas, sempre referenciando as situações didáticas concretas,
ou seja, a problemática social, econômica, política e cultural que envolve a escola, os
professores, os alunos, os pais e a comunidade, todos interagindo no processo de ensino.
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Libâneo (1992: 223), considera que a Planificação pedagógica é importante por desempenhar
as seguintes funções indispensáveis:
a) Estabelece princípios e procedimentos que conectam o trabalho da escola às demandas da
sociedade.
b) Definindo objetivos, conteúdos, métodos e estratégias de ensino.
c) Organiza e coordena as atividades docentes para evitar improvisações, garantindo um ensino
de qualidade e evitando a rotina.
d) Baseia os objectivos, conteúdos e métodos nas características da realidade social, no nível
de preparo dos alunos e nas condições socio-culturais e individuais.
e) Mantém a unidade e coerência no trabalho docente, ao relacionar os elementos do processo
de ensino: objetivos, conteúdos, alunos, métodos e avaliação.
f) Atualiza o plano em conformidade com os avanços no conhecimento, ajustando-o às
condições de aprendizagem, métodos, técnicas e recursos de ensino em constante evolução.
g) Facilita a preparação das aulas, auxiliando na seleção de materiais didáticos, definição de
tarefas para professores e alunos, e adaptação a novas situações que possam surgir durante o
ensino.

1.2. Níveis de Planificação Pedagógica


Pode-se verificar ao nível do PEA, no geral, que as actividades de determinada escola são parte
de um currículo estabelecido para cada nível, classe ou modalidade de ensino. O professor, ao
planejar suas aulas, assume o papel de executor e concretizador no campo daquilo que foi
previamente delineado em instâncias superiores. Isso, em certa medida, guia o docente, que,
ainda assim pode (e deve) de forma pessoal, elaborar sua própria abordagem ao planificar as
suas aulas.

Em sua Didática, Piletti (2004: 61-62) aponta três níveis de planificação: a educacional – que
envolve decisões de longo prazo sobre políticas educacionais a nível nacional; a curricular –
que lida com a formulação de objetivos educacionais com base nos guias curriculares oficiais,
adaptando o currículo às situações específicas da escola; a de ensino – que é uma etapa mais
concreta que se concentra na tradução prática e operacional do currículo, determinando como
o professor conduzirá as aulas para alcançar os objetivos educacionais estabelecidos.

A planificação do PEA, conforme NIVAGARA (s/d: 238), ocorre em dois níveis essenciais: o
nível central e o nível do professor, com espaço ainda para um estágio intermédio realizado
8

pela escola (instituição de ensino). A planificação do professor se fundamenta na planificação


curricular (a nível central), a qual direciona a planificação a nível escolar.

Para o desenvolvimento deste tópico, o presente exercício acadêmico centra-se nesta


abordagem de Daniel Nivagara, por se tratar de uma visão mais contextualizada à educação
nacional.

1.2.1. Nível Central


No nível central, segundo Nivagara (ibidem), a planificação curricular é concebida para todos
os níveis e graus de ensino-aprendizagem em escala nacional. A partir disso, é delineado o
perfil de saída para o nível/grau, curso, disciplina, ano, entre outros. Este processo envolve:
- A definição de objetivos, conteúdos e métodos gerais;
- A alocação destes elementos ao longo dos anos (semestres, trimestres, etc.) e nas unidades do
Programa de Ensino e Aprendizagem;
- A elaboração de programas detalhados por disciplina;
- A criação do livro do aluno, o manual do professor e outros recursos didáticos, com base nos
programas detalhados.

Esta planificação a nível central, no contexto nacional, é concretizada através de documentos


emitidos pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), através do
Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação (INDE), tais como:
- Lei do Sistema Nacional de Educação;
- Plano Estratégico da Educação;
- Plano tecnológico da Educação;
- Plano Curricular do ensino (Primário ou Secundário);
- Estratégia de educação inclusiva e Desenvolvimento da criança com deficiência; entre outros...

1.2.2. Nível do Professor


A experiência educacional em Moçambique, conforme a visão de Nivagara (idem: 238-239)
demonstra que a planificação do professor inicia-se em conjunto com seus colegas ao elaborar
o plano anual (por vezes trimestral, mensal e/ou quinzenal) da disciplina, também conhecido
como "dosificação". Neste processo, o(s) professor(es) distribui as unidades de ensino ao longo
das semanas, antecipando momentos de aula e avaliações, além de outros aspectos relevantes
no processo. Posteriormente, o professor, individualmente, ou em colaboração com outros,
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elabora o plano de aula(s), que é a previsão detalhada do desenvolvimento do conteúdo para


uma aula ou série de aulas, considerando de forma específica o tema (conteúdo), os métodos e
técnicas de ensino, os objetivos e os recursos disponíveis, ou seja, as circunstâncias concretas
em que o ensino-aprendizagem ocorrerá. Sobre esta etapa da planificação é “a especificação do
planejamento de currículo. Consiste em traduzir em termos mais concretos e operacionais o
que o professor fará na sala de aula, para conduzir os alunos a alcançar os objectivos
educacionais propostos” (PILETTI, 2004: 62).

Fig 01: Exemplo de Plano de Aula (Nivagara, s/d: 241)

1.2.3. Contexto Acadêmico


Há, neste contexto, recursos de Planificação Pedagógica segundo a Direcção Pedagógica
(2015:viii): Plano Académico, Plano Analítico & Plano Temático.

a) O Plano Académico ou Anual, é o plano em que constam as actividades totais que docentes
e estudantes (para ensino e aprendizagem) que se pretendem realizar ao longo do ano académico,
sendo o instrumento com base no qual se elabora o relatório anual de actividades e se inicia o
processo de avaliação de desempenho. O Plano Anual “é (...) de perspectiva global que procura
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situar e concretizar o programa de ensino no local e nas pessoas envolvidas. Os objectivos


indicados por cada ano, no programa, são objecto de uma formulação avaliável e concreta
para professores e alunos” (BENTO, 2003:59), ora, por certo, compõem elementos de actuação
a longo prazo e os detalhes e demais medidas didáticas e metodológicas são reservadas para as
demais formas de planificação.

b) O Plano Analítico, segundo a DP (2015:11) o Plano Analítico ou Semestral, é o conjunto de


actividades que se hão de realizar ao longo da sua implementação e serve para orientar as
actividades de ensino e aprendizagem estipulados no Plano Temático; é um guia para docentes
e estudantes, que informa os objectivos da Unidade Curricular, o tempo e o espaço das
actividades educativas e os resultados esperados. O Plano Analítico deve ser elaborado sob a
responsabilidade do regente da Unidade Curricular, deve ser entregue ao Director do Curso
quinze dias antes do início do semestre e deve ser conhecido previamente pelos estudantes.

c) O Plano Temático ou de Aula, é o espaço para registar o que, como, com que, com quem e
quando fazer em determinada aula, evitando o imprevisto no acto de leccionação. De acordo
com a DP (2015:15), deve-se levar em consideração a duração da aula devendo ser observados
o diagnóstico da realidade na qual se vai actuar, a determinação dos objectivos da aula, a
selecção do material necessário para cada conteúdo a ser leccionado, a selecção da metodologia
de ensino e dos procedimentos adequados, a selecção dos recursos tecnológicos e a organização
das formas de monitoria da compreensão dos estudantes. O Plano de Aula deve ser elaborado
pelos docentes. Segundo Bento (2003:152), existem várias propostas de esquema da aula, cada
uma caracterizada por particularidades circunstanciais, sem a afirmação de qualquer pretensão
de validade universal, daí que há uma certa liberdade em planificar uma aula, desde que o Plano
Temático concorde com o Plano Analítico.

1.2.4. Plano Tecnológico da Educação


O Plano Tecnológico da Educação (PTE), de acordo com o MINEDH (2011:48), enquadra-se
nos desígnios do Académico ou Estratégico da Educação (PEE), sendo um recurso transversal
às estratégias dos programas de educação. O PTE define as condições de implementação das
Tecnologias de Informação & Comunicação no Sistema Nacional de Educação (SNE), sendo
uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de planos, a gestão de orçamentos e
acompanhamento & monitoria do processo de ensino e aprendizagem.
11

Note-se, no entanto, que o Plano Analítico é elaborado em função do Plano Académico e o


Plano Temático, em função do Plano Analítico. Posto que todos os planos são do conhecimento
de docentes e estudantes, é razão suficiente para afirmar que ambos elementos devem ser
capazes de assegurar o seu papel no processo pedagógico; o docente, no processo de ensino e
o estudante, no de aprendizagem; isto é, tanto o docente quanto o estudante são planificadores
do processo pedagógico, e, embora um esteja voltado para ensino e outro para aprendizagem,
o estudante permanece sendo o núcleo desse processo.

1.3. Etapas da Planificação do PEA


Libâneo (1996:45), destaca seis etapas de planificação do PEA: a pre-planificação, o
diagnóstico, a programação, a execução, a avaliação e a decisão. No entanto, essas etapas
podem ser reduzidas a apenas quatro: consciência do ambiente académico, elaboração do plano,
execução do plano e avaliação do plano.

1.3.1. Consciência do Ambiente Académico


O docente deve fazer uma sondagem, conhecer o aluno e o seu ambiente, saber quaisas
necessidades, aspirações, frustrações e possibilidades. Após a sondagem, é preciso estudar
cuidadosamente os dados recolhidos, para formar a conclusão, que seria então o diagnóstico.
Sem o diagnóstico e a sondagem, corre-se o risco de propor o que é impossível alcançar, o que
não interessa ou, ainda, o que já foi alcançado.

1.3.2. Elaboração do Plano


Na perspectiva de Libâneo (1996:47), a partir do diagnóstico, temos condições de estabelecer
o que é possível alcançar, como fazer para alcançar e como avaliar os resultados. E para tal,
existem alguns passos a seguir na elaboração do plano: a identificação do tema, a determinação
dos objectivos, a selecção e organização dos conteúdos de ensino, a selecção de métodos de
ensino, a selecção de recursos materiais, os procedimentos ou actividades e a estruturação do
plano de ensino.

1.3.3. Execução do plano


Consiste no desenvolvimento das actividades previstas. Na execução poderá haver elementos
não plenamente previstos. As vezes, a reacção dos alunos ou circunstâncias do ambiente
12

exigirão adaptações e alterações do plano, isto é normal e não dispensa o plano, pois, uma das
características de um bom plano, é que deve ser flexível.

1.3.4. Avaliação & Aprimoramento do Plano


Feita a execução do que foi planificado, passamos a etapa de avaliação do nosso trabalho, com
vista a melhoria. Nesta etapa, para além de avaliar os resultados de Ensino & Aprendizagem,
avalia-se também a qualidade do plano, a nossa eficiência como professor. Componentes
básicos na Planificação do ensino: os objectivos, o conteúdo, os procedimentos de ensino, os
recursos de ensino e a avaliação.

2. Gestão do PEA
Em Gestão do Processo de Aprendizagem pelo Professor, Heloísa Lück define a gestão como
o processo de mobilidade e articulação do esforço de pessoas, colectivamente organizadas, de
modo a promoverem objectivos comuns, envolvendo a integração de diferentes elementos
necessários à essa realização, inclusive a resolução de impasses, dificuldades e tensões
comummente relacionadas a esse processo é esforço. A Gestão Escolar, no entanto, é "um
sistema de organização interna da escola, que envolve intervenientes relacionados com a
prática escolar. Ela oferece bases sólidas aos gestores e outros intervenientes para que possam
caminhar na mesma direcção de modo a alcançarem os resultados almejados" (MINEDH,
2022:49). Refere-se, portanto, a maneira de administrar a escola, levando em consideração as
necessidades e particularidades de cada sector. No entanto, de acordo com dos Santos (2012:4),
a gestão do processo de ensino e aprendizagem compreende também uma dimensão interna
relativa à organização dos espaços e tempos das actividades escolares, de modo a que tornar
possível as condições de planeamento, trabalho, participação, tomada de decisão e de monitoria
e avaliação do processo. A gestão do PEA é da responsabilidade de entidades propriamente
académicas, aos quais se pode referir como gestores pedagógicos. O director da faculdade, o
director do curso, os regentes, os docentes, entre outros são entidades que regem e gerem o
processo de ensino e aprendizagem, isto é, são gestores pedagógicos.

2.1. Recursos para a Gestão do PEA


Há vários recursos para a Gestão do Processo de Ensino & Aprendizagem, que, para o
MINEDH (2022:35), têm de estar em conformidade com os Princípios Gerais de Organização
Curricular. Esta pesquisa leva em consideração as seguintes (que serão examinadas em
13

pormenores): o Regulamento Pedagógico, o Calendário Académico, o Horário, o Calendário


de Avaliações e o Calendário de Exames.

2.1.1. Regulamento Pedagógico


O Regulamento Pedagógico é o recurso de Gestão Pedagógica elaborado pela Direcção
Pedagógica que rege e gere a totalidade da conduta académica (desde estudantes, docentes,
regentes, directores, etc.) em virtude de uma gestão do PEA mais segura, transparente, honesta
e saudável.

2.1.2. Calendário Académico


O Calendário Académico é um recurso de Gestão Pedagógica que compreende a agenda anual
dos compromissos académicos, sendo aprovado pelo Conselho Universitário, após a conclusão
dos processos de consulta a comunidade universitária "com o fim de garantir a unidade e
coerência das actividades pedagógicas" (2015:9). O Calendário Académico prevê as tarefas e
os prazos aplicáveis à totalidade das Unidades Orgânicas, devendo prever, em ordem
cronológica, todas as actividades relevantes para o processo de ensino e aprendizagem a serem
seguidas pelas Unidades Orgânicas.

2.1.3. Horários
Segundo a DP (2015:15), a elaboração e gestão de horários é feita pelos directores adjuntos
para graduação e pós-graduação para regular a duração de cada aula, o intervalo entre aulas o
fim e o início dos turnos, a distribuição da carga lectiva semanal, a frequência das sessões do
Conselho de Turma, a carga horária atribuída aos docentes, etc. O objectivo principal da gestão
de horários é a garantia da Pontualidade & Assiduidade, tanto de docentes quanto de estudantes.

2.1.4. Calendário de Avaliações


As Unidades Orgânicas devem indicar, no cronograma de actividades de cada semestre, o
período no qual se devem realizar as avaliações e tal informação deve ser do conhecimento
tanto de docentes quanto de estudantes. Segundo a DP (2015:17), o Calendário de Avaliações
deve ser divulgado até cinco dias antes da data prevista para a realização da avaliação e, durante
as avaliações, deve-se respeitar o curso normal das aulas, de modo a não comprometer o
cumprimento do Plano Analítico.
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2.1.5. Calendário de Exames


O período destinado a realização do exame final é estipulado no Calendário Académico,
cabendo a Unidade Orgânica indicar no seu cronograma, de actividades de forma precisa, o
período no qual os exames normal e de recorrência irão decorrer, garantindo a divulgação
atempada dos respectivos resultados, tanto que "o calendário semestral de exames normais e
de recorrência deve conter as datas, hora e local de realização de cada Unidade Curricular"
(DP, 2015:19). Este calendário é elaborado pelos directores adjuntos para graduação e pós-
graduação, devendo ser divulgado um mês antes do término das aulas em virtude de uma gestão
saudável da informação e dos conteúdos a serem assimilados em função dos exames.

2.1.6. Modalidades
Segundo o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (2022:35), as modalidades do
processo de ensino e aprendizagem são recursos de gestão pedagógica que permitem assegurar
a articulação entre o ensino presencial, à distância, online, laboral e pós-laboral com vista à
absorção de todos os efectivos de aprendentes em idade escolar e outros interessados. A plena
consciência das modalidades curriculares por parte de professores e alunos é de notável
importância para uma gestão clara do PEA.

2.1.7. Metodologias
De acordo com o MINEDH, as metodologias de ensino e aprendizagem são recursos de gestão
pedagógica que permitem adaptar modelos curriculares que favoreçam a flexibilização do
processo educacional, que respondam eficaz e eficientemente às necessidades básicas do
aprendente, respeitando os pressupostos pedagógicos e andragógicos. Os professores devem
revelar as suas metodologias de forma clara aos seus alunos para que estes saibam gerir a
aprendizagem em função de tais métodos.

2.1.8. Tecnologias de Informação & Comunicação


As TIC "são recursos incontornáveis no processo de estimulação, ensino e formação"
(MINEDH, 2022:24), por essa razão todos os professores têm de ser dotados de competências
e habilidades das TE para responder significativamente às necessidades do processo de ensino
e aprendizagem, a aprendizagem para pessoas com Necessidades Educativas Especiais (NEE)
15

pode ser proporcionada através do uso de Tecnologias Educativas apropriadas em


conformidade com a Estratégia da Educação Inclusiva. A educação moderna se beneficia das
facilidades que as TIC oferecem através de incorporação de matéria sobre literacia digital nos
programas de educação, expansão gradual de tecnologias digitais e conexão da Internet em
todas as instituições dos sistemas de educação e implantação de uma plataforma digital segura
para a gestão de informação educacional que envolve todas as instituições do sistema de
educação.

3. Princípios Orientadores do PEA


O INDE (2022:5-6) faz menção dos seguintes princípios orientadores do Currículo no processo
de ensino e aprendizagem: ensino e aprendizagem centrados no aluno, ensino e aprendizagem
orientados para o desenvolvimento de competências para a vida, ensino e aprendizagem em
espiral, educação inclusiva e ensino integrado.

3.1. Ensino e aprendizagem centrados no aluno


Neste contexto, o sujeito activo na produção do conhecimento e na construção da cosmovisão
é o próprio aluno; nesta concepção, o professor actua como facilitador a quem cabe criar
oportunidades educativas diversificadas que permitam ao aluno desenvolver as suas
potencialidades.

3.2. O ensino e aprendizagem orientados para o desenvolvimento de competências para a


vida
O ensino e aprendizagem orientados para o desenvolvimento de competências para a vida
pretende preparar alunos capazes de aplicar seus conhecimentos na resolução de problemas e
para continuar a aprender ao da vida, assim a abordagem é orientada para a solução de
problemas da comunidade, através da ligação entre os conteúdos veiculados pelo currículo e a
sua aplicação em situações concretas da vida.

3.3. Ensino e aprendizagem em espiral


No ensino e aprendizagem em espiral, os conteúdos e a aprendizagem são tomados em
diferentes momentos do processo de aprendizagem, assim, nos programas, os temas sucedem-
se de forma cíclica e gradativa de maneira a que estejam interligados de um estágio para o outro;
16

a abordagem em espiral permite ao aluno estabelecer relações entre a informação nova e a


anterior, num processo contínuo de construção da sua visão de mundo e torna o currículo mais
coerente no que se refere à sua relação com o meio natural e social.

3.4. Educação inclusiva


Na educação inclusiva, o currículo se consubstancia na igualdade de oportunidades para todos
os alunos e, no que se refere à equidade de género, destacam-se as que promovem o ingresso
da rapariga e o desenvolvimento de estratégias para a sua retenção (criação de ambiente seguro,
existência de professoras, realização de actividades atractivas às raparigas,...); quanto aos
alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE), o currículo promove atitudes e valores
como solidariedade, respeito às diferenças individuais, amor ao próximo e cria condições para
que os alunos se sintam livres e isentos de quaisquer formas de discriminação.
17

CONCLUSÃO
Em conclusão, este trabalho ressaltou a importância da planificação e gestão do processo de
ensino e aprendizagem no contexto educacional. A noção de planificação foi definida,
evidenciando sua natureza estruturada e seu papel fundamental na organização das actividades
de ensino. A planificação, desde o nível central até o planejamento de aulas, é um processo que
requer atenção cuidadosa, flexibilidade e adaptação para atender às necessidades dos alunos e
promover a aprendizagem significativa.

A importância da planificação foi destacada, enfatizando seu papel na garantia da qualidade da


educação e na promoção de práticas de ensino eficazes. Além disso, os níveis e etapas da
planificação foram discutidos, evidenciando como esses componentes se interligam para criar
um ambiente de aprendizagem bem estruturado.

A gestão, por sua vez, foi abordada como um elemento fundamental no processo educacional,
destacando sua influência na organização, coordenação e eficácia das atividades escolares.
Discutiu-se também os princípios orientadores da gestão, enfatizando sua importância na
promoção de uma educação inclusiva e adaptada às necessidades dos alunos.

Em síntese, a planificação e a gestão são elementos intrinsecamente ligados ao sucesso do


ensino e da aprendizagem., a planificação e gestão do processo de ensino e aprendizagem são
fundamentais para a promoção de uma educação de qualidade e relevante para o século XXI.
Ao abraçar esses conceitos e aplicá-los de maneira reflexiva e adaptativa, os educadores não
apenas fortalecem o seu papel do educador, mas também capacitam os alunos a se tornarem
agentes activos na construção de seu próprio conhecimento e no desenvolvimento de
habilidades essenciais para a sociedade contemporânea.
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BIBLIOGRAFIA

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Horizonte.
DOS SANTOS, Maria Terezinha Teixeira. (2012). Congresso de Educação Básica: Gestão e
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Pedagógica.
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LIBANEO, Jorge Carlos. (1992) Didática. São Paulo: Cortez.
______. et al. (1996). Pedagogia, Ciência da Educação?. São Paulo: Cortez.
LÜCK, Heloísa. (2019). Gestão do Processo de Aprendizagem pelo Professor. Vol. 8., São
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Maputo: MINEDH.
NIVAGARA, Daniel Daniel.(s/d) Didáctica Geral: Aprender a Ensinar. Módulo de Ensino à
distância, Universidade Pedagógica. Maputo.
PILETTI, C. (1990). Didáctica. São Paulo: Cortez.

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