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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO

TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PROCESSO nº 0101179-64.2018.5.01.0075 (ROT)


RECORRENTE: BANCO BRADESCO S.A.
RECORRIDO: PATRICIA ALVES FREITAS FAZOLLO
RELATORA: CARINA RODRIGUES BICALHO

EMENTA

DESVIO DE FUNÇÃO. DIFERENÇAS SALARIAIS.


COMPROVAÇÃO. o desvio de função se evidencia quando o
empregado passa a executar atividades típicas de função diversa
daquela para a qual foi contratado. Dá-se a substituição dos afazeres
do trabalhador, que passa a se responsabilizar por tarefas próprias
de outros cargos existentes da engrenagem empresarial.
Demonstrado o desvio, cabe o reconhecimento de diferenças salarias

RELATÓRIO

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de RECURSO


ORDINÁRIO (0101179-64.2018.5.01.0075), provenientes da MM. 75ª VARA DO TRABALHO DO
RIO DE JANEIRO.

A Exma. Juíza do Trabalho, Dra. CISSA DE ALMEIDA BIASOLI,


pela r. sentença constante do ID 6315967, complementada pela decisão dos embargos de
declaração de ID 4140ed9, cujos relatórios adoto e a este incorporo, julgou parcialmente
procedentes os pedidos iniciais, condenando a ré ao pagamento diferenças salariais por desvio
de função, premiação e horas extras e reflexos, na forma do dispositivo sentencial.

Inconformado, o réu se insurge pelo recurso ordinário de ID. 40e8e0f,


postulando a reforma da sentença no que tange aos seguintes pontos: depoimento testemunhal,
desvio de função, e horas extras e reflexos.

Contrarrazões, pela autora, no ID 5b5a69e, sem preliminares.

Os autos não foram remetidos à Douta Procuradoria do Trabalho, por


não ser hipótese de intervenção legal (Lei Complementar no. 75/1993) e/ou das situações
arroladas no Ofício PRT/1ª Reg. nº 737/2018 de 05.11.2018.

Éo relatório.

FUNDAMENTAÇÃO
ADMISSIBILIDADE

Satisfeitos os pressupostos recursais formais, conforme os dados


constantes da certidão de ID f010dba, passa-se à análise do recurso.

MÉRITO

DEPOIMENTO - TESTEMUNHA CONTRADITADA

Afirma que"a testemunha JÚLIA MODENEZI CARNEIRO DE


MENDONÇA foi devidamente contraditada. Todavia, mediante mera declaração da testemunha, o
Juízo a quo rejeitou a contradita, passando ao depoimento". Assevera que a testemunha foi
dispensada por justa causa e não possui isenção para prestar depoimento, razão pela qual o
respectivo depoimento não poderia escorar a condenação. Argumenta que "a testemunha não
guarda sentimentos de afeição por aqueles que a dispensaram por justa causa", mas trata-se de
caso de inimizade, o que seria suficiente para macular o teor do depoimento. Aduz que é "
imperiosa a anulação do depoimento testemunhal da Sra. Júlia Modenezi Carneiro de Mendonça,
sob pena de por em risco princípios e garantias constitucionais de ampla defesa, contraditório e
segurança jurídica da prestação jurisdicional".

Transcrevo do termo e audiência de ID 2179b08:

Interrogada, disse que trabalhou para a ré de 2010 a 2018; que iniciou como
escriturária e terminou como gerente pessoa jurídica; que propôs ação trabalhista
em face da ré; que foi dispensada por justa causa sob a alegação de dados
cadastrais para seu próprio benefício; que a primeira audiência está marcada para
meados de julho de 2019; que tomou ciência das alegações no momento da
dispensa.

Arguiu a ré a contradita da testemunha sob a alegação de que ela não tem isenção
par depor, uma vez que foi dispensada por justa causa.

Rejeito o requerimento da ré, uma vez que se trata de uma alegação do ex


empregador e ainda não há nenhuma decisão judicial que reconheça a ilicitude da
conduta. Registrem-se os protestos da patrona da ré.

Compromissada e inquirida respondeu que trabalhou com a autora de 2014 a 2018


na agência Santos Dumont; que em 2014 a depoente era gerente pessoa física;
que em 2017 passou a ser gerente pessoa jurídica; que a autora foi assistente do
setor em que a depoente trabalhava como gerente pessoa física; que havia 4
gerentes PF e ela dava assistência as quatro gerentes; que isso ocorreu de 2015 a
2017; que em 2017 a autora passou a ocupar o cargo de gerente pessoa física do
segmento prime; que a depoente trabalhava das 08h às 18h, em média; que
assinava o espelho de ponto sempre no início do mês seguinte; que sempre que
alguém é admitido começa como escriturário; que o cargo seguinte é o de operador
de caixa; que a depoente informa que nunca desempenhou as funções de operador
de caixa, embora tenha tido essa função em sua CTPS; que a autora nunca
trabalhou na bateria de caixas; que como assistente e gerente a autora cumpria a
carga horária de oito horas; que a autora não tinha subordinados; que no período
de 20017 a 2018 a autora foi premiada pelo PAD; que houve divulgação desse
evento; que quando a depoente ocupou o cargo de operador de caixa suas
atividades eram aquelas desempenhadas por um assistente de gerente. Nada mais
respondeu nem lhe foi perguntado.
Com efeito, o fato de litigar contra o mesmo empregador não torna,
por si só, a testemunha suspeita, a teor do entendimento consolidado da Súmula nº 357 do C.
TST, in verbis:

TESTEMUNHA. AÇÃO CONTRA A MESMA RECLAMADA.


SUSPEIÇÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

Não torna suspeita a testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter litigado
contra o mesmo empregador.

No caso, a testemunha em comento prestou o devido compromisso


legal, sendo certo que sua narrativa acerca dos fatos objeto da demanda não se mostram
absurdas, amoldando-se ao conjunto probatório dos autos. Ademais, a ré não apresentou
nenhum outro fato objetivo que pudesse indicar a suspeição da aludida testemunha. Destaco que
a dispensa por justa causa não torna o empregador "inimigo" do ex-empregado-testemunha,
assim como não são inimigos empregados que sofrem danos morais, trabalham em excesso sem
o devido pagamento ou são dispensados sem receber qualquer parcela rescisória.

Enfim, o referido depoimento se revela legítimo para compor o acervo


probatório desta demanda.

Nego provimento.

DESVIO DE FUNÇÃO

Sustenta o recorrente que não restou comprovado o exercício de


cargos diversos daqueles indicados na peça de bloqueio. Argumenta que a "recorrida auxiliar no
atendimento ao cliente não configura o exercício de cargo diverso, até porque, enquanto caixa, a
reclamante foi treinada para ascender ao cargo de GERENTE PRIME ASSISTENTE, e após,
treinado para ascender ao cargo de GERENTE PRIME, treinamento de extrema importância para
o bom desempenho das funções e que, por obvio, não significa desvio de função, tampouco
acúmulo". Aduz que a função é um conjunto de tarefas que se reúnem em um todo unitário e que
o simples exercício de algumas tarefas componentes de outra função configura alteração
funcional. Invoca o disposto no parágrafo único do art. 456 da CLT.

Em primeiro grau, assim restou apreciado:

Desvio de Função

Sustenta a reclamante que no mês de maio de 2015, antes de ser efetivada ao


cargo de assistente de gerente, já exercia, de fato, as funções inerentes ao referido
cargo, embora só tenha sido enquadrada em dezembro de 2016. Da mesma forma,
alega que já exercia de fato as funções de gerente prime desde julho de 2017,
tendo sido enquadrada apenas em janeiro de 2018.

Requer a condenação da ré ao pagamento das diferenças salariais decorrentes das


funções exercidas de assistente de gerente entre maio de 2015 a dezembro de
2016 e como gerente prime entre julho de 2017 a janeiro de 2018.

Pede a condenação ao pagamento dos reflexos em horas extras, intervalo


intrajornada, férias, décimo terceiro salário, aviso prévio, FGTS e indenização
compensatória de 40%, além da comissão de cargo/gratificação de função.
A reclamada contesta dizendo que a autora exerceu desde 01/12/2016 o cargo de
gerente prime assistente, alcançando em 01/01/2018 a função de gerente de
relacionamento prime I.

Acrescenta narrando que o gerente prime assistente auxilia o gerente de


relacionamento prime, sendo natural que algumas atividades coexistam, tratando-
se de verdadeira distorção da realidade alegar que durante o desempenho do cargo
de gerente prime assistente a reclamante abarcava todas as atividades do gerente
de relacionamento prime.

Passo ao exame do mérito.

Em audiência, a reclamante disse que:

"(...)que em 2017 a depoente ocupava cargo com jornada de oito horas; que
também foi considerada a carga horária de oito horas no período em que foi
assistente de gerente; que trabalhava, em média, das 08h às 17h30/18h; que nos
períodos em que foi assistente e gerente não tinha subordinados; (...)"- fls.382.

A testemunha indicada pela autora disse que:

"(...)que a autora foi assistente do setor em que a depoente trabalhava como


gerente pessoa física; que havia 4 gerentes PF e ela dava assistência as quatro
gerentes; que isso ocorreu de 2015 a 2017; que em 2017 a autora passou a ocupar
o cargo de gerente pessoa física do segmento prime; que a depoente trabalhava
das 08h às 18h, em média;(...) que sempre que alguém é admitido começa como
escriturário; que o cargo seguinte é o de operador de caixa; que a depoente informa
que nunca desempenhou as funções de operador de caixa, embora tenha tido essa
função em sua CTPS; que a autora nunca trabalhou na bateria de caixas; que como
assistente gerente a autora cumpria a carga horária de oito horas (...)" - fls. 383

A testemunha Sr. Rafael disse que:

"(...)que a autora não trabalhou na bateria de caixas; que começou como


escriturária e logo depois foi destinada a trabalhar com os gerentes ; que os
empregados que trabalham com os gerentes, auxiliando-os nas atividades, ocupam
o cargo de gerente-assistente; que a autora logo depois que deixou de ser
escriturária foi atuar como gerente-assistente; que não sabe por quanto tempo a
autora trabalhou como gerente; que acredita que a autora tenha trabalhado como
gerente mais ou menos uns três anos (...)que o operador de caixa, quando não
trabalha na bateria de caixas, já começa a ajudar o gerente; que o operador de
caixa atua apenas na bateria de caixas quando há clientes na agência para
atendimento no caixa; que quando o movimento não está muito grande, o operador
de caixa começa a aprender as atividades de assistente de gerente e de
supervisor; que a autora nunca deu assistência ao supervisor, sempre trabalhou na
área comercial; que não sabe por quanto tempo a autora ficou no cargo de
assistente de gerente; que o assistente de gerente não tem carteira de clientes para
administrar; que o assistente não realiza visita aos clientes(...)" - Fls. 384.

Com efeito, pelos depoimentos é possível constatar que a reclamante foi contratada
em 2014 na função de operadora de caixa e que posteriormente foi promovida à
função de assistente de gerente e, em seguida, para gerente relacionamento prime.
A controvérsia cinge-se ao período em que exerceu cada uma dessas funções.

As testemunhas confirmaram que a autora nunca trabalhou como operadora de


caixa, bem como ainda disseram que ela trabalhava com gerentes, dando-lhes
assistência.

Vejamos o trecho do depoimento do Rafael"(...)que a autora não trabalhou na


bateria de caixas; que começou como escriturária e logo depois foi destinada a
trabalhar com os gerentes ; que os empregados que trabalham com os gerentes,
auxiliando-os nas atividades, ocupam o cargo de gerente-assistente; que a autora
logo depois que deixou de ser escriturária foi atuar como gerente-assistente;"
Em audiência, no entanto, a testemunha Sra. Julia disse que a autora passou a
exercer as funções de gerente (não especificando se gerente assistente prime ou
gerente relacionamento prime) em 2017.

No entanto, ela foi clara quando declarou que a assistência iniciou em 2015 e não
em 2016 como registrado no CTPS: "(...)que a autora foi assistente do setor em
que a depoente trabalhava como gerente pessoa física; que havia 4 gerentes PF e
ela dava assistência as quatro gerentes; que isso ocorreu de 2015 a 2017; que em
2017 a autora passou a ocupar o cargo de gerente pessoa física do segmento
prime; que a depoente trabalhava das 08h às 18h, em média;(...)

A autora disse que começou como escriturária, que trabalhou como assistente, e
que quando foi assistente (gerente assistente prime) tinha uma carga horária de
oito horas. A testemunha Sra. Julia confirma esse fato ao dizer que: "que como
assistente gerente a autora cumpria a carga horária de oito horas".

Ou seja, a partir de 2015, passou a exercer as funções de gerência, primeiro como


assistente e, depois, como gerente, sempre cumprindo a carga horária de 08 horas.

Os controles anexados aos autos não estão assinados pela autora. Embora, não
tenham sido impugnados, o fato é que a prova testemunhal confirmou que as
atividades de assistência de gerência começaram em 2015 e não em 2016. A prova
oral também evidencia que, em 2017, as atividades desempenhadas passaram a
ser de gerente, antes mesmo do efetivo registro na CTPS.

Vale ainda registrar que a prova oral deixou claro que a ré colhia as assinaturas dos
empregados e os relatórios que vieram aos autos são apócrifos.

Desse modo, considerando os depoimentos tem-se que a reclamante passou a


exercer a função de gerente prime assistente em 2015, data anterior a que foi
oficialmente promovida pela ré, razão pela qual assiste razão à autora.

No tocante à promoção para a função de gerente de relacionamento prime, a


autora narrou em sua inicial que exercia tais funções desde julho de 2017, mas que
foi promovida oficialmente apenas em janeiro de 2018.

A testemunha indicada pela ré disse que o assistente de gerente não tem contas
para administrar e a testemunha Sra. Julia declarou que a autora passou a ocupar
o cargo de gerente pessoa física do segmento prime em 2017, pelo que concluo
que em 2017 ela passou a ter contas para administrar.

Pelos e-mails anexados pela autora, também há indícios que essa promoção tenha
ocorrido em julho/agosto de 2017, pois houve o pedido tal, como se observa nos e-
mails de fls. 49, enviado em 13 de julho, no qual consta que o processo havia sido
indeferido, pois o "funcionário com apenas 07 meses no cargo de gerente
assistente. Para que possa ser indicado ao cargo de gerente de relacionamento
prime, o funcionário necessita ter no mínimo 01 ano e 05 meses no cargo anterior".

Os e-mails seguintes evidenciam que em 11 de setembro de 2017 o pedido teve


parecer favorável. Às fls. 35 consta um e-mail supostamente enviado aos gerentes,
com indicação da reclamante já exercendo a função de gerente em novembro
daquele ano, o que demonstra que a autora passou a exercer, de fato, essa função
em data anterior à constante em seus registros.

Nesse sentido, considerando o conjunto probatório acima fundamentado, bem


como a ausência de qualquer prova em sentido contrário pela ré, presumo que a
autora foi promovida, de fato, em 11 de setembro de 2017, de acordo com o e-mail
de parecer favorável anexado pela própria reclamante.

Sendo assim, julgo procedente o pedido para declarar que a reclamante passou a
exercer a função de assistente de gerente no período de maio de 2015 a dezembro
de 2016 e de Gerente Prime, de julho de 2017 a janeiro de 2018, razão pela qual
condeno a ré a proceder a retificação da função da autora para constar assistente
de gerente, em 02 de maio de 2015, e gerente de relacionamento prime, em 11 de
setembro, de 2017, bem como a pagar as diferenças salariais daí decorrentes, com
reflexos em horas extras, férias com acréscimo de 1/3, , décimo terceiro salário e
FGTS e gratificação de função chefia.

Julgo improcedente o pedido de reflexos em aviso prévio e indenização


compensatória de 40%, uma vez que o término do contrato de trabalho em comento
se deu a pedido da autora.

Como é cediço, o desvio de função se evidencia quando o


empregado passa a executar atividades típicas de função diversa daquela para a qual foi
contratado. Dá-se a substituição dos afazeres do trabalhador, que passa a se responsabilizar por
tarefas próprias de outros cargos existentes da engrenagem empresarial.

O exercício de função de maior responsabilidade do que aquelas


para a qual o empregado foi contratado, assim, acarreta diferenças remuneratórias porque resulta
em desequilíbrio entre os serviços desempenhados e o salário pactuado, e o deferimento das
diferenças salariais decorre da necessidade de reequilibrar a relação entre as funções
desempenhadas e a justa remuneração.

Negado o desvio, em defesa, cabia à parte autora, nos termos do art.


818 da CLT c/c art. 373, I, do CPC, o ônus de demonstrar o alegado fato constitutivo de seu
direito.

Na hipótese vertente, superada a alegada suspeição da testemunha


ouvida a rogo da autora, a prova testemunhal colhida, conforme já transcrito na decisão de
origem, foi hábil a demonstrar o exercício das funções apontadas na inicial e a justificar o
reconhecimento do desvio de função, nos termos em que postulado. Aprova documental (e-
mails), ainda, reforça tal conclusão, fornecendo elementos quanto os períodos em que a autora
exercia as funções de assistente de gerente e de Gerente Prime, períodos que sequer foram
diretamente confrontados em sede recursal.

Assim, logrou êxito a parte autora em comprovar fato constitutivo do


seu direito quanto às funções alegadas, na forma estabelecida no art. 818 da CLT c/c o art. 373,
inciso I, do CPC, impondo a manutenção da sentença, que reconheceu o desvio.

Mantenho, pois, integralmente a sentença, por seus próprios e


jurídicos fundamentos.

PREMIAÇÃO

Sustenta o recorrente que, considerando a suspeição da testemunha


trazida pela recorrida, a demandante não logrou êxito em comprovar o exercício integral de
função diversa daquelas que constam em seus registros, inclusive, o suposto desempenho da
função antes da efetiva promoção. Argumenta que mera confirmação da recorrida de que apenas
os gerentes participavam da premiação é suficiente para constatar que a mesma não poderia
sequer competir, tampouco ganhar a premiação, "porque se enquadrava no cargo de Gerente
Prime ASSISTENTE e não de GERENTE". Aduz que uma "simples leitura do suposto e-mail de
ganho da premiação constatará que não há promessa ou efetivo ganho da promoção, mas tão
somente uma parabenização pelo bom desempenho do trabalho."
Em primeiro grau, assim restou apreciado:

Benefícios não concedidos

Alega a autora que a reclamada concedeu uma premiação aos melhores gerentes
no ano de 2017, por meio de PAD, do qual a reclamante foi o destaque. No entanto,
aduz que pelo fato de não estar formalmente enquadrada na função de gerente não
recebeu a premiação equivalente a R$7.000,00, que era convertida em crédito no
seu cartão.

A reclamada contesta dizendo quea reclamante jamais poderia receber um


prêmio destinado aos gerentes se não exercia tal função, impugnando, também, a
alegada oferta no valor de R$7.000,00.

No mérito, tem-se que a testemunha indicada pela autora confirmou que a autora
ganhou o prêmio PAD de 2017 a 2018.

A testemunha indicada pela ré, por sua vez, não soube dizer se o nome da autora
foi divulgado, pois trabalha em outra área, não servindo de prova quanto ao
presente tópico.

Ademais, consta nos e-mails anexados pela autora a sua parabenização em um e-


mail cujo assunto é: destaques prime galeria das estrelas diretoria RJ/ES.

destaque

Ora, tendo em vista a prova documental associada à prova testemunhal, reconheço


que a reclamante ganhou o prêmio no ano de 2017, sendo que, tendo em vista que
a reclamada, embora tenha confirmado a existência do PAD, que seria um
programa de premiação aos melhores gerentes, como disse o preposto em
audiência, deixou de comprovar qual seria esse prêmio, razão pela qual presumo
verdadeira a alegação da reclamante, no sentido de que ele seria equivalente a R$
7.000,00.

Nesse sentido, julgo procedenteo pedido e condeno a ré ao pagamento da


premiação no valor de R$ 7.000,00.

Superada a alegada suspeição da testemunha, impõe-se observar


que restou reconhecido o desvio funcional, ratificado por esta decisão, o que afasta a alegação
recursal que a autora não poderia receber a premiação pelo fato de não exercer a função de
gerente em 2017.

Não bastassem tais aspectos, o preposto do réu confirma a


existência de premiação, sem citar valores, e a tese de que a autora não o recebera por não ser
gerente. Transcrevo.

[...]que existe um programa de premiação aos melhores gerentes chamado PAD;


que a autora não concluiu o ano que lhe daria o direito de receber o PAD, ano de
2018; que em 2017 a autora ainda era assistente e , por isso, não recebeu o
prêmio.

A testemunha ouvida a rogo da autora confirma a premiação:

{...] que no período de 20017 a 2018 a autora foi premiada pelo PAD; que houve
divulgação desse evento; que quando a depoente ocupou o cargo de operador de
caixa suas atividades eram aquelas desempenhadas por um assistente de gerente.
Nada mais respondeu nem lhe foi perguntado.
Os e-mails não mencionam expressamente o PAD, mas parabenizam
a autora pelo trabalho quando, como já reconhecido, atuava como gerente.

O conjunto probatório, portanto, é favorável à autora e não se


coaduna com a tese defensiva ou com as razões recursais formuladas.

Mantenho, pois, a condenação, inclusive quanto ao valor, pois não


demonstrou o réu que fosse outro o valor pago no PAD.

Nego, pois, provimento.

HORAS EXTRAORDINÁRIAS

Alega o recorrente ter restado "demonstrado que a recorrida esteve


enquadrada na exceção do § 2º do art. 224, da CLT ao longo de todo o período imprescrito,
ocupando cargo de extrema confiança e percebendo, durante o referido período, comissão de
cargo superior a 1/3 do salário do cargo efetivo". Argumenta que, para a caracterização da
exceção do § 2º, do artigo 224, da CLT, não é necessário, por exemplo, que o empregado possua
procuração, assinatura autorizada, poderes de mando e gestão, etc, bastando apenas o padrão
funcional diferenciado e de destaque. Aduz que à autora eram confiadas informações
privilegiadas e estratégicas do Banco, além de dados sigilosos de clientes, além de receber
gratificação de função/comissão de cargo e remuneração que a destacava dos demais
empregados. Aponta contradição no depoimento da testemunha ouvida a rogo da autora.
Sucessivamente, na hipótese de manutenção da sentença, pretende o abatimento da gratificação
de função. Impugna a sentença, ainda, quanto à base de cálculo das horas extras, os reflexos no
s repousos semanais remunerados, postulando a aplicação do disposto na OJ 394 do C. TST e,
por fim, quanto à condenação ao pagamento pelo intervalo intrajornada suprimido.

Em primeiro grau, assim restou apreciado:

Horas Extraordinárias

Alega a reclamante que da admissão até abril de 2015 laborava na jornada


contratual de segunda a sexta, das 10:00h às 16:00h, no entanto, de forma
habitual, extrapolava a jornada de 06 horas, gozando de 15 minutos de intervalo
intrajornada.

Aduz que a partir de maio de 2015 até o seu desligamento passou a laborar na
jornada contratual de segunda a sexta feira, das 09:00h às 18:00h, com uma hora
de intervalo intrajornada.

Sustenta que a ré fraudou a previsão contida no art. 224 da CLT, impondo à autora
uma jornada contratual de 08 horas diárias, não havendo respaldo fático para
excepcioná-la da jornada de seis horas da categoria de bancária, pois após receber
um rótulo de um cargo supostamente de chefia/confiança não foi afastada das
rotinas bancárias que sensibilizaram o legislador a normatizar a redução da jornada
da categoria.

Acrescenta que, além da jornada, por imposição da reclamada, fora do período de


expediente, inclusive aos sábados e domingos, durante os anos de 2014/2016, era
obrigada a despender parte do seu tempo de descanso para realização de
cursos/treinamentos pela internet, acessando o sistema denominado TREINET,
tendo que realizar um total de 60 cursos, cada um com a duração em média de 03
horas.
Requer a condenação da ré ao pagamento das horas extras além da sexta diária,
do período de maio de 2015 até o seu desligamento, com adicional de 50%,
considerando a carga horária semanal máxima de 30 horas, pretendendo também
os reflexos das horas extras e intervalos nos dias de sábado, além dos reflexos
contratuais e rescisórios em FGTS, férias, décimo terceiro, gratificação semestral,
PLR e da gratificação de função, além da indenização compensatória de 40%.

Pede, também, a condenação da ré ao pagamento do intervalo suprimido de uma


hora, em razão da extrapolação da jornada de 06 horas, com os reflexos salariais e
rescisórios.

A ré contesta dizendo que o autor, como escriturário e caixa, tinha a jornada média
das 10:00h às 16:15h com 15 minutos de intervalo, totalizando 6 horas diárias, na
forma do caput do artigo 224 da CLT. Diz que a partir de 01/12/2016 esteve
enquadrada em cargo de confiança bancário, desempenhando atividades de
inegável fidúcia dentro da estrutura bancária, sendo submetida à jornada de 08
horas diárias, com uma hora de intervalo.

A reclamada pretende a dedução do valor pago a título de gratificação de função,


caso seja considerado que a reclamante não ocupou o cargo de confiança
bancário, bem como que sirva como base de cálculo apenas as verbas pagas
habitualmente, como salário base e adicional por tempo de serviço.

Acrescenta que os cursos oferecidos pela ré não eram obrigatórios ou impostos.

Passo ao exame do mérito.

A reclamada anexou aos autos os controles de ponto da reclamante, com o registro


de várias horas extras, bem como os seus contracheques, sendo que a reclamante
não impugnou o controle de ponto anexado, não tendo mencionado tal documento
às fls. 367, ao contrário, ressaltou a sua veracidade às fls. 364, ao afirmar que ele
demonstrava que ela ultrapassava a jornada, razão pela qual os considero idôneo.

Como registrado no tópico acima, a reclamante passou a exercer a função de


gerente assistente a partir de maio de 2015, sendo promovida em seguida a
gerente de relacionamento prime, em julho de 2017, tendo realizado a jornada de
08 horas após maio de 2015.

Desse modo, a análise deste tópico cinge-se ao exame se as funções em questão


estariam inseridas na regra geral do art. 224 da CLT ou na sua exceção e se são
devidas 02 horas extras por dia.

Vejamos a prova oral.

Interrogada, disse a reclamante que:

"(...)que nos períodos em que foi assistente e gerente não tinha subordinados; que
os operadores de caixa se reportavam ao gerente operacional ou administrativo (...)
" - Fls. 408.

O preposto declarou que:

(...) que o assistente de gerente tem como subordinados o operador de caixa e o


escriturário; que o gerente tem como subordinados: o operador de caixa, o
escriturário e o assistente; que a depoente quando fala em subordinação, diz
apenas subordinação técnica; que não havia subordinação para aplicação de
punições; que o gerente administrativo e o gerente da agência podem aplicar as
penalidades e dispensar os empregados da agência; que para a dispensa e para
aplicação de penalidades há necessidade de duas assinaturas (...)" - Fls. 406.

A testemunha Sra. Julia disse que a autora não possuía subordinados e o Sr.
Rafael falou que se reporta ao gerente geral e ao gerente administrativo.
Tenho a ressaltar que, revendo posicionamento anterior, entendo que o art. 62,
inciso II da CLT não se aplica aos bancários que possuem regulamentação própria
cujas normas preveem apenas, para os ocupantes de cargo de gerência, a jornada
de 08 horas.

Como regra geral, a jornada dos bancários é de 06 horas como dispõe o art. 224 da
CLT: " A duração normal do trabalho dos empregados em bancos, casas bancárias
e Caixa Econômica Federal será de 06 horas contínuas nos dias úteis, com
exceção dos sábados, perfazendo um total de 30 horas de trabalho por semana. "

Todavia, o art. 225 da CLT estabelece a possibilidade de prorrogação, mas também


dentro do limite de 08 horas, possuindo o seguinte teor: " Art. 225 da CLT - A
duração normal de trabalho dos bancários poderá ser excepcionalmente prorrogada
até 08 horas diárias, não excedendo de 40 horas semanais, observados os
preceitos gerais sobre a duração do trabalho. "

Desse modo, verifica-se que não há previsão para a aplicação do art. 62, II da CLT.
Nem poderia ser diferente, pois, os gerentes gerais, embora possam ser a
autoridade máxima na agência, não possuem poderes de gestão, pois todos os
negócios precisam de mais de uma assinatura, de forma a evitar que um deles
possa, sozinho, criar obrigações à instituição financeira. Diante do exposto, aquele
ato de gestão, que põe em risco um setor do empreendimento, deve ser exercido
com certo limite.

Assim, a substituição integral do empregador especialmente nas instituições


financeiras é praticamente impossível, pois normalmente pelo menos duas pessoas
assinam os contratos. Ninguém toma decisão sozinho. Além disso, as alçadas são
todas pré definidas e limitadas via sistema. Por isso, a característica de gestão
deve ser apreciada observando-se essa peculiaridade. No caso das instituições
financeiras, especialmente dentro das agências, a única gestão possível a ensejar
o acréscimo da jornada contratual é aquela relacionada ao gerente geral.

Dispõe o inciso II do Art. 62 da CLT: "...os gerentes, assim considerados os


exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto
neste sentido, aos diretores e chefes de departamento ou filial ". Observe-se que
não são todos os gerentes que devem ser considerados de confiança para os
efeitos deste dispositivo, mas apenas aqueles que são exercentes de cargo de
gestão, o que não ocorre com os gerentes gerais que possuem liberdade limitada
pelas próprias características da atividade.

Mesmo que se entendesse pela aplicação do art. 62, II da CLT aos bancários, o
fato é que o gerente precisa de poder de gestão, o que não ocorre no caso dos
gerentes gerais que precisam da anuência de outro gestor para fechar quaisquer
negócios, e ainda assim, dentro dos limites impostos via sistema.

Os gerentes de pessoa física e jurídica administram carteira de clientes, mas não


são gestores, são apenas responsáveis por aquele grupo de clientes. A única
hipótese de gestão é a do gerente geral e assim mesmo bem limitada diante das
peculiaridades do sistema bancário que não autoriza atividade além de certos
limites, de modo que, é o único destinatário da exceção do art. 224 da CLT.

A função de confiança bancária está prevista no § 2º do artigo 224 da Consolidação


das Leis do Trabalho e fixa a jornada de 08 horas para as hipóteses de funções de
gerência, direção, fiscalização, chefia e equivalentes, ou que desempenhem outros
cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não seja inferior a 1/3 (um
terço) do salário do cargo efetivo.

Há dois requisitos que na realidade encontram-se intrinsecamente relacionados:


receber uma gratificação de função, exatamente para retribuir um plus, qual seja, o
exercício da função de confiança ou ocupação do cargo de chefia. O salário do
cargo efetivo remunera a prestação de serviços; a gratificação deve ser entendida
como um verdadeiro acréscimo pelo exercício da função de chefia ou função de
confiança.
Como estão na exceção apenas aqueles que ocupem função de gerência,
fiscalização, chefia e equivalentes, entendo que, dentro da agência, apenas o
gerente geral ou assemelhados, em regra, deve ter a jornada contratual de 08
horas e os demais empregados da agência devem cumprir a jornada contratual de
06 horas, pois mesmo ocupando o cargo de gerência não possuem sequer a
gestão compartilhada de atribuição do gerente geral.

No período que a autora ocupou a função de gerente assistente e gerente de


relacionamento prime não havia função de confiança bancária na medida em que
não tinha procuração do banco, não tinha assinatura autorizada, nem
subordinados.

Portanto, pelas informações das testemunhas e inclusive do preposto, que disse


que se tratava apenas de subordinação técnica, não há que se falara em função de
confiança bancária.

No presente caso, restou demonstrado que a autora não tinha nenhuma


responsabilidade de gestão e que as suas tarefas não tinham cunho decisório, ao
revés eram eminentemente técnicas. Percebeu-se ainda que qualquer gratificação
recebida não poderia corresponder a função de confiança bancária, pois essa
propriamente não havia.

A autora efetivamente nunca ocupou cargos que se estejam na exceção do art. 224
da CLT e por isso deveria ter cumprido a jornada de 06 horas e de trinta por
semana.

Assim, as horas trabalhadas além da sexta hora devem ser consideradas como
extra e a gratificação paga pela ré, por não remunerar chefia (já que essa não
existe), representa salário e como tal deve ser considerado para o cálculo das
parcelas deferidas nesta sentença.

Tendo em vista a idoneidade do controle de ponto anexado nos autos e não


impugnado pela autora, considerando, ainda, que ele apresenta diversas horas
extras, bem como a jornada de 08 horas a partir de maio de 2015, deverá a
reclamada realizar o pagamento das horas extras realizadas a partir da sexta diária,
a partir de maio de 2015 até o término do contrato.

Quanto ao intervalo intrajornada, em análise ao controle de ponto da reclamante,


observei que em praticamente todos os dias trabalhados até dezembro de 2016 a
autora ultrapassava as 06 horas de trabalho, realizando muitas horas extras por
mês, sendo que em poucas vezes gozou de uma hora do intervalo intrajornada.

Desse modo, é devida a hora extra de uma hora em razão da ausência de intervalo
intrajornada por todo o contrato de trabalho, observado o controle de ponto não
impugnado, quanto aos eventuais dias em que a reclamante gozou do intervalo em
sua integralidade.

No tocante aos cursos Trainet, a reclamante disse que apenas o realizou fora do
expediente até 2016, fazendo apenas os cursos obrigatórios, o que totalizaria uma
média de 20 horas por mês, sendo que a testemunha Sr. Rafael declarou que
gastava duas horas por semana com cursos trainet obrigatórios.

Observe-se a carga horária informada na inicial, a qual está adstrito o julgado, é de


180 horas (60 cursos com 03 horas cada) de 2014 a 2016 (admissão em julho de
2014 - 18 meses), o que totalizaria, em média, 10 horas por mês.

Ora, tendo em vista que a autora não trouxe provas acerca do tempo gasto na
realização dos cursos, e considerando a prova testemunhal, convidada pela ré, que
declarou que os cursos trainet obrigatórios realizados em casa totalizavam 02 horas
por semana, presumo que a reclamante realizava 08 horas de cursos por mês fora
do horário de trabalho.

Sendo assim, julgo procedente o pedido para condenar a ré a pagar como horas
extras: 1) todo o período contratual: uma hora de intervalo intrajornada não gozado
para os dias em que ultrapassou a jornada de 06 horas, com exceção dos dias em
que foram gozados na integralidade, de acordo com o controle de ponto anexado
aos autos; 2) de maio de 2015 até o término do contrato: a sétima e oitava horas
trabalhadas; 3) da admissão até dezembro de 2016: 08 horas extras por mês
referentes aos cursos trainet.

Deverão ser observados para efeitos de cálculos os seguintes parâmetros:

- observar a evolução salarial;

- reconhecimento do desvio de função e a alteração salarial determinada, conforme


o tópico acima.

- os adicionais e gratificações deverão compor junto com o salário, a base de


cálculo das horas extras.

- adicional de 50%.

- deverão ser adotados os entendimentos consubstanciados nas súmulas nº 253 (a


gratificação semestral não integra a base de cálculo das horas extras) e 264 (para o
cálculo das horas extras deverá incluir na base de cálculo além do salário, as
parcelas de natureza salarial);

- deduzam-se as parcelas pagas sob idêntico título.

Esclareço quanto ao divisor que até 2012, a jurisprudência do TST previa que o
divisor a ser aplicado no cálculo das horas extras dos bancários seria de 180 para a
jornada de seis horas e 220 para a de oito horas. Em 2012, a redação da Súmula
124 foi alterada para estabelecer que, " se houver ajuste individual expresso ou
coletivo no sentido de considerar o sábado como dia de descanso remunerado ", o
divisor aplicável é de 150 para a jornada de seis horas e 200 para a jornada de oito
horas.

Em 2017, a matéria foi sedimentada com o julgamento do IRR-849-


83.2013.5.03.0138, pela sistemática dos recursos repetitivos introduzida pela Lei nº
13.015/2014, tendo sido fixada a tese com efeito vinculante no sentido de que o
divisor aplicável para o cálculo das horas extras dos bancários é definido com base
na regra geral do art. 64 da CLT, sendo de 180 e 220, respectivamente, para a
jornada de seis e oito horas.

Houve, inclusive, alteração na Súmula 124 do TST, que passou a conter a seguinte
redação:

"SUM-124 BANCÁRIO. SALÁRIO-HORA. DIVISOR (alterada em razão do


julgamento do processo TST-IRR 849-83.2013.5.03.0138) - Res. 219/2017, DEJT
divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado em 12, 13 e
14.07.2017

I - o divisor aplicável para o cálculo das horas extras do bancário será:

a) 180, para os empregados submetidos à jornada de seis horas prevista no caput


do art. 224 da CLT;

b) 220, para os empregados submetidos à jornada de oito horas, nos termos do §


2º do art. 224 da CLT.

II - Ressalvam-se da aplicação do item anterior as decisões de mérito sobre o tema,


qualquer que seja o seu teor, emanadas de Turma do TST ou da SBDI-I, no
período de 27/09/2012 até 21/11/2016, conforme a modulação aprovada no
precedente obrigatório firmado no Incidente de Recursos de Revista Repetitivos nº
TST-IRR-849-83.2013.5.03.0138, DEJT 19.12.2016." (grifado)
Aplica-se o divisor 180 até porque o inciso II da Súmula 124 do TST ressalva as
decisões de mérito emanadas de turmas do TST ou SBDI-I no período de
27/09/2012 até 21/11/2016. Não se trata de ressalva a período de prolação da
sentença, que inclusive está sendo publicada obviamente após a alteração da
súmula seguindo o precedente obrigatório firmado no Incidente de Recursos de
Revista Repetitivos nº TST-IRR-849-83.2013.5.03.0138.

Julgo procedente, também, o pedido dos reflexos das horas extras no cálculo do
repouso semanal remunerado ( sábados, domingos e feriados), férias com
acréscimo de 1/3, 13º salários e FGTS.

Julgo improcedente os pedidos de reflexo em aviso prévio e indenização


compensatória de 40%, uma vez que a rescisão se deu a pedido da empregada, e
de integração do PLR, pois não possui natureza salarial.

Não há reparos a serem feitos na sentença, que se mantém por seus


próprios fundamentos.

Cumpre observar que o art. 224 da CLT prevê, regra geral, que a
jornada de trabalho do bancário é de 06 (seis) horas, exceto quando os empregados exerçam
atividades de confiança, conforme prevê o § 2º do referido artigo, tais como gerência, direção,
fiscalização, chefia e equivalente ou outro cargo de confiança.

Éimportante ressaltar que toda relação de emprego nos setores


bancário pressupõe a existência de fidúcia entre as partes, sem o que seria impossível a
contratação de um trabalhador bancário.

Além da fidúcia geral, que se aplica a todos os trabalhadores, há


aqueles que possuem também uma fidúcia especial por exercer uma função de confiança, ou
seja, aquela que afasta a jornada especial de seis horas diárias. Nesta hipótese, não é necessário
que haja poder total de mando e gestão, bastando, para isso, que o empregado exerça função
que demonstre ser de maior responsabilidade que os demais.

Portanto, para ser enquadrado na exceção prevista no parágrafo 2º


do artigo 224 da CLT, é necessário que o empregado exerça um cargo de confiança e receba
gratificação de função não inferior a um terço de seu salário base, pouco importando a titulação
do cargo exercido pelo bancário.

No caso dos autos, é necessária a comprovação pelo réu de que a


parte autora se enquadrava em atividades relacionadas à fidúcia especial, prevista no § 2º do art.
224 da CLT, por se tratar de fato impeditivo, na forma dos arts. 373, II do CPC c/c art. 769 da
CLT.

Analisando os depoimentos colhidos, em parte já transcritos na


sentença, verifico que não restou comprovado que a autora ocupava qualquer cargo de
confiança, a justificar o enquadramento pretendido pelo ora recorrente. Para que pairem dúvidas,
transcrevo o depoimento do preposto da ré, que menciona mera subordinação técnica, sem
revelar qualquer especial fidúcia: "que o assistente de gerente tem como subordinados o
operador de caixa e o escriturário; que o gerente tem como subordinados: o operador de caixa, o
escriturário e o assistente; que a depoente quando fala em subordinação, diz apenas
subordinação técnica".

Nesta linha de raciocínio, tenho que a ré não logrou êxito em


comprovar as suas ilações, ônus que lhe incumbia por força do disposto no art. 818 da CLT e 373
do CPC. Assim, tratando-se de função meramente técnica, de maior responsabilidade, tenho por
justo e escorreito o deferimento das horas extras tal como apreciado na origem.

Sobre o tema, destaca-se jurisprudência deste E. Tribunal:

"RECURSO ORDINÁRIO. BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA. Para que o


empregado bancário seja enquadrado no § 2º, do art. 224, da CLT não basta que
haja pagamento de gratificação correspondente a 1/3 do salário, ou que o cargo
ocupado tenha uma das denominações constantes do referido artigo. O que
importa é que as funções desempenhadas indiquem a existência de cargo de
confiança."(Processo 0011523-54.2015.5.01.0026, Recurso Ordinário, Publicado
em 24.2.2017, Segunda Turma, Relator Desembargador José Antonio Piton)

"BANCÁRIO. EXCEÇÃO PREVISTA NO §2º, DO ARTIGO 224, DA CLT. Nos


termos do §2º, do artigo 224, da CLT, para que o bancário seja excluído da jornada
de seis horas, é necessário o preenchimento concomitante de dois requisitos, quais
sejam: o exercício do cargo de confiança e o recebimento da gratificação de função
superior a um terço do salário. BANCÁRIO. DIVISOR. O TST pacificou a matéria,
conforme decisão contida no Incidente em Recursos de Revista Repetitivos, IRR
849-83.2013.5.03.0138, que prevê para os bancários os divisores 180 e 220."
(Processo 0010355-07.2015.5.01.0482, Recurso Ordinário, Publicado em
10.2.2017, Segunda Turma, Relator Desembargadora Vólia Bomfim Cassar)

Destaco, por fim, que não há que falar em eventual dedução dos
valores pagos pelo cargo de confiança, ainda que de forma proporcional, conforme entendimento
assente na Súmula nº 109 do C. TST que diz que "O bancário não enquadrado no § 2º do art. 224
da CLT, que receba gratificação de função, não pode ter o salário relativo a horas extraordinárias
compensado com o valor daquela vantagem". Entendo que o valor recebido a tal título visa a
remunerar a maior responsabilidade do cargo, conforme inteligência do item VI da Súmula nº 102
do C. TST.

Quanto ao curso de trainet, da mesma forma, a testemunha ouvida a


rogo do réu declarou que os cursos trainet eram obrigatórios e eletivos e totalizavam 02 horas por
semana, sendo razoável a presunção de que realizava 08 horas de cursos por mês fora do
horário de trabalho, à míngua de prova, pelo réu, da duração de tais cursos. Quanto ao tema,
destaco que o preposto confirma a possibilidade de serem realizados na residência até
determinado período fora do expediente e que a assim declarou a testemunha ouvida a rogo do
réu: "que o depoente sempre fez todos os cursos trainet obrigatórios e alguns eletivos, por
interesse próprio; que em média o depoente gastava duas horas por semana com cursos trainet
obrigatórios em sua residência; que alguns cursos trainet o depoente fazia na agência".

Os adicionais e gratificações deverão compor junto com o salário, a


base de cálculo das horas extras, conforme deferido na origem e conforme jurisprudência firmada
nos termos da Súmula 264 do C. TST.

Quanto à aplicação da Súmula 394, não vislumbro sequer interesse


recursal, ante os termos da sentença:

Ressalto que não há integração do repouso semanal remunerado, aplicando-


se a essa hipótese a OJ 394 da SDI-1 do TST, no cálculo das parcelas
remuneratórias: férias vencidas e proporcionais com acréscimo de 1/3, 13º salários,
FGTS e indenização compensatória de 40% do FGTS, nos termos da recente
decisão do TST: " RECURSO DE REVISTA - APELO INTERPOSTO CONTRA
ACÓRDÃO PUBLICADO ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014
- DESCANSO SEMANAL REMUNERADO MAJORADO PELA INTEGRAÇÃO DAS
HORAS EXTRAORDINÁRIAS - AUMENTO DA MÉDIA REMUNERATÓRIA -
REFLEXOS - POSSIBILIDADE - JULGAMENTO DO IRR-10169-57.2013.5.05.0024
- MODULAÇÃO DE EFEITOS. 1. Por meio do julgamento de incidente de recurso
de revista repetitivo IRR-10169-57.2013.5.05.0024, a SBDI-1 desta Corte fixou a
tese jurídica de que " A majoração do valor do repouso semanal remunerado,
decorrente da integração das horas extras habituais, deve repercutir no cálculo das
férias, da gratificação natalina, do aviso prévio e do FGTS, sem que se configure a
ocorrência de ' bis in idem' ", culminando no cancelamento da Orientação
Jurisprudencial nº 394 da SBDI-1 do TST. 2. Ocorre que, no referido julgamento,
foi determinada modulação dos efeitos decisórios, em homenagem à segurança
jurídica e nos termos do art.927, § 3º, do CPC/2015. Firmou-se, nessa esteira, que
a tese jurídica estabelecida no incidente " somente será aplicada aos cálculos
das parcelas cuja exigibilidade se aperfeiçoe a partir da data do presente
julgamento (inclusive), ora adotada como marco modulatório". 3. Portanto, ao
presente caso, persiste a incidência da Orientação Jurisprudencial nº 394 da SBDI-
1 do TST. Recurso de revista conhecido e provido. (RR - 544-81.2012.5.05.0008 ,
Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento:
26/06/2018, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 29/06/2018)"

Merece reparos a sentença quanto ao intervalo intrajornada,


deferido em relação a todo o período contratual. Isto porque, conforme expresso na inicial, o
pedido se limita ao período compreendido entre a admissão e mês de 04/2015. Transcrevo:

Entretanto, de forma habitual extrapolava a jornada de 6 horas, gozando de 15


minutos de intervalo intrajornada.

A partir do mês de 05/2015 até o seu desligamento, a reclamante passou laborar na


jornada contratual de 2ª a 6ª feira, das 9:00 às 18:00, com 1 hora de intervalo
intrajornada.

[...]

PDS PEDIDOS

[...]

c) Intervalo suprimido, da admissão até o mês de 04/2015, com acréscimo de 50%,


com reflexos no repouso semanal remunerado (inclusive sábados), férias + 1/3,
13os salários, comissão de cargo/gratificação de função, PLR e FGTS + 40%, em
valor estimado de R$ 11.860,00;

Desse modo, a condenação relativa ao intervalo deve ficar


restrita ao pedido, entre a admissão e mês de 04/2015.

Dou, pois, parcial provimento.

Esclareço, por fim, que resta superada pelo teor da Súmula nº 437 do
c. TST a discussão relativa à natureza do intervalo intrajornada não gozado, forma de apuração e
reflexos. Assim, a concessão parcial ou a não concessão do intervalo intrajornada mínimo, para
repouso e alimentação, implica o pagamento total do período correspondente, e não apenas
daquele suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora
normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para
efeito de remuneração. Da mesma forma, evidencia a natureza salarial da parcela prevista no art.
71, § 4º, da CLT. Trata-se, portanto, de ressarcimento pelo intervalo cujo gozo não foi propiciado,
pois, se a empresa exige retorno ao serviço antes do intervalo ou não o concede, ocasionando
desgaste maior por não se haver recuperado, deve indenizá-lo pela exigência suplementar.
Como se viu, a condenação relativa ao intervalo restou reduzida,
tendo como marco final o mês de abril/2015. Assim, seque há que cogitar de aplicação da
alteração legislativa introduzida no art. 71, § 4º, da CLT pela Lei nº 13.467/2017, pois somente
rege os contratos de trabalho iniciados após a sua vigência, pois as situações jurídicas já
consolidadas sob a égide da lei anterior não podem ser atingidas por nova lei prejudicial ao
trabalhador na medida em que o pacto contratual foi firmado tendo, dentre as condições, o
pagamento integral, de natureza salarial, do intervalo intrajornada parcialmente usufruído.

CORREÇÃO MONETÁRIA

Pretende o réu, elas razões que expõe, a reforma da sentença para


que seja afastada a aplicação do IPCA-E para se apurara a correção monetária.

Todavia, conforme contou da sentença, o juízo de origem remeteu a


fixação para a fase de liquidação:

No entanto, registro que o índice de atualização se fixa no momento da atualização


dos cálculos e não na fase de conhecimento.

Assim, nenhum índice restou fixado, a merecer reforma a sentença.

De qualquer modo, quanto ao índice de correção monetária, cumpre


realizar alguns esclarecimentos.

Com efeito, entendo que a correção monetária sobre as verbas


trabalhistas não deve ser realizada utilizando-se a Taxa Referencial (TR), uma vez que já é
notório que tal índice por descumprir seu escopo nuclear de recompor a inflação, viola o direito
fundamental de propriedade (5º, XXII da CR), a coisa julgada (artigo 5º, XXXVI da CR), a
isonomia (artigo 5º, caput da CR), o princípio da separação dos Poderes (artigo 2º da CR) e o
princípio da proporcionalidade, além da eficácia e efetividade do título judicial, ocasionando,
dessa forma, o enriquecimento indevido do devedor.

Nesse sentido, o Pleno do TRT da 1ª Região, ao julgar o processo


ARGINC-0101573-05.2018.5.01.0000, declarou inconstitucional do art. 879, § 7º da CLT, que fixa
a TR como índice para correção monetária dos créditos trabalhistas, razão pela qual esse órgão
fracionário não poderia adotar o índice pretendido pela defesa e tampouco manter a decisão
primeira que descumpre o paradigma de observância obrigatória acima citado.

Dessa forma, a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo


Especial (IPCA-E) deve ser o índice de atualização a ser utilizado para a correção monetária dos
débitos trabalhistas na Justiça do Trabalho, nos termos já decididos pelo Tribunal Superior do
Trabalho, por meio da Arg.Inc 479-60.2011.5.04.0231.

A meu ver, a matéria relacionada ao índice de correção monetária já


obteve julgamento definitivo, no âmbito do Supremo Tribunal Federal, com o julgamento da ADI
4.357 e do RE 870947, que fixou a seguinte tese: "O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação
dada pela Lei nº 11.960/09, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações
impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se
inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII),
uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da
economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina". Isto porque embora o decisum
do STF não fosse vinculante no que concerne aos créditos trabalhistas em geral, a ratio
decidendipermitia concluir, seguramente, que a TR não poderia ser usada como índice de
correção monetária de qualquer espécie de crédito.

Em que pese a clareza das razões de decidir expostas no julgamento


RE 870947 pelo STF - tema 810, que cria precedente de observância obrigatória, bem como a
declaração de inconstitucionalidade do art. 879, § 7º da CLT pelo Pleno do TRT1, certo é que o
cenário jurídico nesta data, em razão de recente decisão determinando o sobrestamento de
processos em que se debate a aplicação da TR, é de retrocesso no debate e insegurança
jurídica, entendo que a indicação do índice a ser aplicado para correção monetária poderá ser
remetida para a fase de liquidação, inclusive por orientação do direito fundamental ao tempo
razoável do processo. Nesta fase, as partes terão oportunidade de apresentar seus cálculos,
indicando o índice aplicado, possibilitando o pagamento do incontroverso e, se houver
controvérsia, a questão será decidida pelo juízo competente para a execução.

Diante do exposto, mantenho integralmente a sentença que


deixou de fixar qualquer índice de correção monetária em sede de conhecimento,
remetendo o ato para a fase de liquidação.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Pretende o réu a reforma da sentença quanto aos honorários


sucumbenciais, seja por contar com a reforma da decisão de origem, alterando-se a
sucumbência, seja por considerar que houve sucumbência recíproca a justificar também a
condenação da parte autora.

Na origem, assim restou apreciado.

Honorários advocatícios

Com o advento da Lei nº 13.467/17, a Justiça do Trabalho passou a admitir os


honorários advocatícios sucumbenciais, nos termos do art. 791-A da CLT.

Considerando que a presente ação foi ajuizada após 13/11/2017, data da entrada
em vigor da Lei 13.467/17, conclui-se que a nova redação do art. 791-A da CLT se
aplica ao caso concreto, devendo ser interpretada de modo que seja preservado o
direito fundamental de acesso à Justiça.

Prevê o art. 791-A da CLT, com a redação dada pela Lei 13.467/2017, que são
devidos honorários de sucumbência, fixados entre 5% e 15% sobre o valor que
resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, devendo o juiz atentar, na
fixação do percentual, para o grau de zelo do profissional; o lugar de prestação do
serviço; a natureza e a importância da causa e o trabalho realizado pelo advogado
e o tempo exigido para o seu serviço.

O art. 791-A § 3º da CLT estabelece que o juiz arbitrará os honorários quando for a
hipótese de sucumbência recíproca, autorizando, portanto, nessa hipótese, certo
grau de subjetividade.

Diante da falta de disposição legal para a hipótese de sucumbência do trabalhador


em parte ínfima do pedido, nos termos do art. 8º, caput, §1º da CLT, aplico a norma
prevista no art. 86 e parágrafo único do CPC/2015, que trata de forma específica
sobre a questão e dispõe nos seguintes termos:
"Art. 86. Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão
proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas. Parágrafo único. Se um
litigante sucumbir em parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas
despesas e pelos honorários. "

Assim, considerando que a parte autora é sucumbente em parte ínfima do pedido,


condeno a ré ao pagamento dos honorários sucumbenciais do advogado da parte
autora em 5% do valor que se apurar a favor da parte cliente, na liquidação da
sentença e afasto qualquer condenação da parte autora ao pagamento de
honorários sucumbenciais.

Em sede de embargos de declaração, assim restou complementado:

Honorários sucumbenciais

O reclamante está assistido pelo seu sindicato profissional, tendo declarado que
não tem condições de arcar com honorários advocatícios e/ou custas processuais
sem o prejuízo de seu sustento e de seus familiares.

Assim, com base na Lei 5.584/70, requer a condenação da parte ré ao pagamento


dos honorários ao sindicato, na base de 20% sobre o valor da condenação.

A parte ré contesta dizendo que são indevidos os honorários, até porque os


pedidos são improcedentes.

No caso, o sindicato requer o pagamento dos honorários assistenciais que se


destinam a remunerar o Sindicato de Classe por ter proporcionado gratuitamente
ao trabalhador a assistência jurídica por advogado em ação trabalhista, consoante
o que dispõe a Lei 5.584/70.

O art. 16 da Lei 5.584/70 foi revogado pela Lei nº 13.725, de 2018.

Sendo assim sano a omissão, mantendo, no entanto, as mesmas razões de decidir


e consequentemente a condenação da ré ao pagamento dos honorários
sucumbenciais do advogado da parte autora em 5% do valor que se apurar a favor
da parte cliente, na liquidação da sentença.

Não há reparos a serem feitos.

Proposta a ação na vigência da Reforma Trabalhista, é plenamente


aplicável à hipótese as alterações introduzidas pela Lei 13467/17. Isso porque, tratando-se de
norma com natureza jurídica híbrida-norma processual com efeito material, verifico que a situação
jurídica foi consolidada na vigência da nova lei na fase postulatória.

Constato que na hipótese, ora discutida, houve sucumbência


recíproca, ante a procedência parcial dos pedidos contidos na inicial. Contudo, observo que a
parte autora sucumbiu em parte mínima do pedido, conforme observado na origem, devendo ser
aplicado, portanto, o artigo 86, parágrafo único do CPC.

Quanto à condenação do réu, considerando o grau de zelo do


advogado, o local da prestação de serviços, a importância da causa, uma estimativa do tempo,
além da qualidade do serviço, sob pena de se configurar reformatio in pejus, mantenho percentual
(de 5%) fixado na origem como para os honorários sucumbenciais.

Nego provimento.
DETERMINAÇÕES FINAIS

Desde já, recomendo às partes que observem a previsão contida no


art. 1.026, §2ºdo CPC, uma vez que o interesse público impõe ao órgão jurisdicional o dever de
coibir e de reprimir o abuso do direito de ação em práticas contrárias à dignidade da justiça.

DETERMINAÇÕES FINAIS

Desde já, recomendo às partes que observem a previsão contida no


art. 1.026, §2ºdo CPC, uma vez que o interesse público impõe ao órgão jurisdicional o dever de
coibir e de reprimir o abuso do direito de ação em práticas contrárias à dignidade da justiça.

ACÓRDÃO

ACORDAM os Desembargadores da 7ª Turma do Tribunal


Regional do Trabalho da 1ª Região, à unanimidade, conhecer o recurso e, no mérito, dar-lhe
provimento apenas para limitar a condenação pelo intervalo intrajornada suprimido a abril de
2015, nos termos da fundamentação do voto da Exma. Desembargadora Relatora.

Mantidos os valores arbitrados à condenação e às custas, pois ainda


adequados.

CARINA RODRIGUES BICALHO


Relatora

sg

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