RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA

Nome: João Rodrigo Vilela e Godinho Loureiro

Data de Nascimento:17/09/2015
Idade C.: 7anos e 6 meses
Escolaridade: 2º ano do primeiro ciclo do Ensino Básico
Datas de Avaliação: 01 de abril; 12 de abril e 19 de abril de 2023

Motivo: Avaliação Neuropsicológica para compreensão do desenvolvimento

cognitivo

Procedimentos:
Entrevista Clínica;
Provas Aplicadas:
- WISC III (Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças)
Informação suplementar:
- Escala de Conners Pais e Professores (PHDA)
- SCQ – Questionário de Comunicação Social

ESTÍMULOPRAXIS – Centro de Desenvolvimento Infantil, Lda. Rua Professor Simões Raposo Nr. 15 - G 1600 – 660 Lisboa
PORTUGAL
Tel. 217 104 130 Fax. 217 104 137 Email. geral@estimulopraxis.com Site. HYPERLINK "http://www.estimulopraxis.com" www.estimulopraxis.com . Lisboa
n.º 13 263 N.I.P.C. n.º 507 299 035
 RELATÓRIO

O João Rodrigo foi submetido a um exame neuropsicológico para avaliação das suas
funções cognitivas do qual, em apreciação do tipo global, da qual se verifica os
seguintes resultados:

Análise quantitativa

WISC III
Pontuações obtidas / Pontuações máximas

Complemento de Gravuras: 2/30

Informação:4/30
Código parte A: 5/119
Semelhanças:3/33
Disposição de Gravuras:4/64
Aritmética:3/30
Cubos:11/69
Vocabulário:1/60
Composição de objetos:19/44
Compreensão:0/36
Pesquisa de Símbolos parte A: 0/45
Memória de dígitos:4/30
Labirintos:2/28

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 Análise qualitativa

Na Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças (WISC III), registou-se de

acordo com a sua faixa etária um Quociente Intelectual Total na Zona de Inteligência
Médio inferior (QI=77) com diferenças estaticamente significativas entre QI Verbal
(QIV = 78 Inteligência Inferior) e o QI de Realização (QIR= 82 Inteligência Médio
Inferior).
O perfil de Índice Fatoriais não se encontra heterogéneo, existindo diferenças
estatisticamente significativas na compreensão verbal ; organização preceptiva e
velocidade de processamento. Tendo obtido os seguintes resultados: Compreensão
Verbal (nível inferior), Organização Preceptiva ( nível médio inferior ) e Velocidade de
Processamento (nível muito inferior).
Ao nível das provas verbais revela dificuldades em todos os subtestes (Informação;
Aritmética; Vocabulário; Compreensão e Memória de Dígitos), apresentando alguma
capacidade ao nível das semelhanças ( estabelecer relações lógicas e desenvolver
conceitos verbais ou de categorias, indicando pouca capacidade de síntese e
integração).
Podendo dizer que ao nível das competências verbais o João possui dificuldade ao nível
do cálculo mental, de raciocínio abstrato, raciocínio lógico-matemático, compreensão
de enunciados verbais, memória de trabalho e velocidade de processamento para
resolver sequências de procedimentos (subescala de aritmética), ao nível das
capacidades linguísticas e conhecimentos lexicais (subescala vocabulário), argumentar
as suas experiências tendo como base situações apresentadas, bem como, ao nível da
expressão sobre determinados conhecimentos acerca de regras e situações sociais
(subescala compreensão), na capacidade auditiva sequencial (memória de dígitos
direta) e na capacidade de memória de trabalho (memória de dígitos inversa).

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Ao nível das provas de realização apresenta igualmente dificuldades nos subtestes
(Complemento de Gravuras; Código; Pesquisa de Símbolos e Labirintos),
apresentando algumas capacidades ao nível dos Cubos (competências do
funcionamento viso-preceptivo, aptidões construtivas, de coordenação e de abstração
não verbal); Disposição de Gravuras (estabelecer relações causa-efeito e de perceção
de tempo e espaço na sequência de um conjunto de informações disponibilizada) e
Composição dos Objetos (organizar um todo a partir de elementos separados, sendo
indicador de dificuldade de integração preceptiva e de orientação e rotação espacial
numa tarefa sem modelo padrão).
Podendo dizer que ao nível das competências de Realização o João possui dificuldade
ao nível das competências ao nível da atenção e memória visual associada à capacidade
de identificação de elementos em falta nas imagens apresentadas, e capacidade para
distinguir detalhes fundamentais (subescala complemento de gravuras); ao nível da
velocidade de processamento numa tarefa preceptiva e grafomotora de aprendizagem e
automatizada (subescala código). E igualmente ao nível das competências de
autorregulação do seu desempenho em tarefas de discriminação visuo-perceptiva e ao
nível das tarefas de pesquisa de símbolos (subescala de labirintos e subescala pesquisa de
símbolos).

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 INFORMAÇÃO SUPLEMENTAR

Como informação suplementar foi aplicado aos cuidadores diretos do João um

questionário de comunicação social, o mesmo avalia a evolução da comunicação social
desde os 4 anos até aos últimos 3 meses.
O que nos permite observar se o João se encontra dentro do quadro clínico da
Perturbação do Espetro do Autismo (PEA) possuindo as dificuldades que o próprio
quadro clínico indica ao nível da comunicação e socialização com os outros.
Sendo possível observar que o João apenas demonstra alguma dificuldade de
socialização e comunicação associado ao seu atraso global do desenvolvimento.
De forma a verificar o seu estado atencional e emocional foi aplicado a Escala de
Conners aos pais e professora.
Na mesma foi possível observar que o João obteve pontuação normativa relativamente
à idade, ao nível da oposição; ansiedade/timidez e psicossomática.
Apresenta sintomas ao nível da Desatenção (dificuldades em organizar o seu trabalho
escolar e apresentam problemas de concentração em tarefas que requerem um esforço
mental prolongado) ; Excesso de Atividade Motora ( indivíduos com dificuldades em
ficar sossegado do ponto de vista motor, com problemas em manter a mesma tarefa
durante algum tempo, apresentam comportamentos de irrequietude motora e são mais
impulsivos e necessitam de se mexer mais do que os outros da mesma idade
cronológica); Problemas Sociais (indivíduos com dificuldades em estabelecer e manter
amizades, baixa autoestima; dificuldades de autoconfiança; com tendência a sentir-se
socialmente rejeitados e deslocados do que a maioria dos seus pares); Labilidade
Emocional (indivíduos com tendência a dar respostas emotivas, ex.: chorar; gritar;
etc.) e Ligeiramente atípico no Perfecionismo (indivíduos que estabelecem para si
mesmos metas muito elevadas, são exaustivos na realização das tarefas em casa e na
escola e mais obsessivos nas mesmas do que maioria dos indivíduos da mesma idade
cronológica).
Enquadrando-se desta forma no PHDA (Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção)
predominante tipo Combinado (desatenção/hiperatividade) ao nível ligeiro.

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 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Durante o processo avaliativo o João Loureiro inicialmente apresentou um

comportamento tímido, contudo depois de alguma interação demonstra um
comportamento adequado manifestando colaboração na execução das tarefas e
interagiu com interesse nas atividades propostas, contudo nas provas verbais
demonstrou alguns tiques vocais (sons que emite).
Na entrevista clínica dirigida ao João e à mãe foi possível observar as preocupações
sobre o desenvolvimento do João ao nível do seu comportamento , leitura, escrita,
aritmética e ajustamento social. Porém o mesmo apenas possui consciência das
dificuldades ao nível da linguagem (leitura). Partilharam a avaliação efetuada na escola
ao nível da fala onde são confirmadas estas dificuldades ao nível da consciência
fonológica e comportamento agitado associado às tarefas de escrita.
Estas dificuldades de aprendizagem estão associadas ao seu histórico clínico atraso
global do desenvolvimento com acentuação ao nível da comunicação, socialização e
estereotipias.
Nas provas aplicadas verificou-se essas dificuldades, estando as mesmas associadas a
um atraso do seu desenvolvimento intelectual ao nível médio inferior.
Pode-se dizer então que João apresenta um perfil cognitivo inferior do esperado para a
idade.
De acordo com as alterações encontradas, o João apresenta dificuldades no processo
de aprendizagem e desempenho escolar.
As funções cognitivas/emocionais avaliadas possuem alguma capacidade de evolução,
contudo irá depender da adoção de estratégias e da determinação adequada para facilitar
o desenvolvimento cognitivo e emocional do João .

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De forma a ultrapassar as situações de dificuldade em que se encontra, recomenda-se:

● Ao nível académico sugere-se aplicação das Medidas Seletivas do DECRETO-LEI

Nº54/2018, como por exemplo: Adaptações Curriculares Não Significativas (envolvem a
gestão do currículo, mas que não comprometem as aprendizagens previstas nos documentos
curriculares e que se materializam em adaptações ao nível dos objetivos e dos conteúdos,
através da alteração na sua prioridade ou sequenciação, ou na introdução de objetivos
específicos de nível intermédio que permitam aos alunos atingir os objetivos globais e as
aprendizagens essenciais.; Apoio Psicopedagógico (Poderá ser dado por um técnico
especializado, sendo de carácter remediativo e cuja intervenção se centra nos domínios
escolar, cognitivo, comportamental ou sócio emocional, em contexto individual ou de grupo) e
Antecipação e Reforço das Aprendizagens (Antecipar e reforçar aprendizagens, podendo
operacionalizar-se, por exemplo, facultando com antecedência e detalhe, os conteúdos que o
aluno deverá estudar para os testes e para as fichas de avaliação, ou os textos a trabalhar em
contexto de aula).

● Ao nível familiar utilizem estratégias de reforço positivo em todos os âmbitos desde

escolar como social e dinamização de atividades (jogos lúdicos de forma a estimular as
capacidades sociais, pessoais e escolares) de forma a dar continuidade à melhoria no campo
da sua autoestima , confiança e autocontrolo.

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A nível terapêutico:

● Manter o acompanhamento na Psicomotricidade ( de forma a dar continuidade

à promoção da motricidade fina; bem como a consciência do seu esquema corporal
dentro de um ambiente e contexto; organização espaço temporal; sequencialização,
atenção e concentração nas atividades motoras; desenvolvimento da linguagem entre
outras).

● Uma avaliação na Terapia da Fala (que avalia as competências da linguagem com uma
abordagem mais intensiva) com o objetivo de complementar a avaliação realizada, devido às
dificuldades apresentadas associadas às competências da linguagem.

● A sua integração num programa de intervenção Neuropsicológica/Psicoterapia (treino

cognitivo/emocional) com frequência quinzenal durante uma hora, tendo como objetivo
promover o seu bem estar ao nível das funções executivas tais como: atenção,
compreensão, capacidade de síntese integração de conhecimento, ritmo de trabalho,
memória, entre outras, bem como promover o desenvolvimento das suas competências
socio-emocionais e atencionais (gestão emocional; reconhecimento de emoções;
compreensão das emoções/situações socias entre outras).

Lisboa, 27 de abril de 2023

A Neuropsicóloga

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Vânia Sofia
(Cédula Profissional da Ordem dos Psicólogos, nº20534

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