Constipação Intestinal
Condição crônica associada a um baixo ritmo
intestinal, ritmo intestinal não somente da
frequência das evacuações, mas também da
sintomatologia associada a evacuação.
Quando é necessário saber se o ritmo
intestinal do paciente está adequado ou não a
deve-se questionar sobre a frequência que é
uma questão importante, mas não é a única,
precisa-se questionar sobre a sintomatologia,
se existe dor ao defecar, se existe
sangramento nas fezes, qual a aparência das
fezes (inteiras, fragmentadas, endurecidas),
essas perguntas são tão importantes quanto
perguntar somente a frequência. Existem
pacientes que defecam todos os dias mais
tem vários desses sintomas, não pode dizer
que tem o ritmo intestinal normal, já outros
pacientes que defecam de 2 em 2 dias, mas
não apresentam nenhum sintoma, não tem
dor, não precisa fazer força, as fezes são
inteiras e macias, por isso não se pode dizer
que ele é obstipado pela frequência não ser
diária. Além da frequência precisa-se avaliar a
situação e a presença de sintomas.
Causas
As principais causas da obstipação é a baixa
ingestão de água e de fibras insolúveis, essas
fibras vão adsorver – se liga a água e dissolve,
esse conteúdo vai ficar muito mais macio por
estar hidratado. A água nas fezes vai
estimular a peristalse, que é um movimento
reflexo, quanto maior a pressão que o bolo
promove na musculatura intestinal, mais forte
é a peristalse (contração), jogando esse bolo
pra frente. Então a oferta de fibra insolúvel
associado com água é fundamental para que
esse ritmo intestinal seja favorecido. Outras
causas são: Sedentarismo; envelhecimento;
depressão; medicamentos; alterações
endócrinas e metabólicas – hipotireoidismo,
hipercalcemia, uremia; doenças com
acometimento neuromuscular – megacólon
chagásico, infecção pelo HTLV, esclerose
múltipla; neuropatia diabética; neoplasia
intestinal e causas idiopáticas.
Adrielle Cristina Silva de Sales – Nutrição – 5º Semestre.
Fibras Insolúveis
As fibras insolúveis são encontradas
principalmente nas cascas dos alimentos
integrais – cereais integrais, arroz integral
(aparência mais escura e dura por conta da
presença das fibras insolúveis), milho (casca
transparente), nas cascas de algumas frutas
(casca da maçã, ameixa), sementes e grãos –
linhaça (endurecida pela presença da fibra
insolúvel) e gergelim, folhosos – todos.
Principais fibras insolúveis: lignanas e a
celulose. Precisa-se aumentar a oferta dos
cereais integrais, dos alimentos ricos em
fibras insolúveis e adequar a oferta hídrica
para conseguir promover o RI adequado.
Conduta Nutricional
A oferta de fibras totais não muda (20 a 30g/d
ou a cada 1000 Kcal oferecer 14g de fibras),
toleramos bem até 50g de fibra por dia, isso é
uma tolerância não uma recomendação, a
partir de 50g começam a surgir muitos
sintomas gastrointestinais. Paciente com
ingestão muito baixa de fibra não se oferece
50g logo no início pois é uma mudança
grande, o paciente irá apresentar vários
sintomas gastrointestinais, deve-se oferecer
primeiro a recomendação de 20 a 30g e
depois evoluir a oferta de fibras até adequar o
RI dele.
Existem condições patológicas que podem
atrapalhar o RI, tem pessoas que possuem
uma baixa peristalse (existe fisioterapia para
acelerar o RI), o SNP não consegue estimular
adequadamente a peristalse.
As fibras solúveis não são pouco importantes
e devem ser oferecidas, vai servir como
elemento de fermentação das bactérias do
cólon – ao fermentarem as fibras solúveis vão
produzir AGCC, são o acetato, butirato e
propionato, esses 3 AGCC vão servir como
fonte de energia para as células do cólon
(importantes), melhorando a sua função e
motilidade. Nas situações de obstipação é
preferível oferecer mais as fibras insolúveis,
contudo não se deve isentar o paciente de
fibras solúveis (menor quantidade).
Diverticulite
A presença da obstipação aumenta as
chances de apresentação da diverticulite. A
diverticulite consiste em invaginações do
cólon, com possível armazenamento de
resíduos alimentares. O cólon (ascendente,
transverso, descendente) tem como função
absorver água para formar as fezes, o que
chega no cólon é como se fosse uma “lama”
cheia de resíduos que precisam ser
eliminados, com o baixo consumo de água
essa “lama” vai ser mais espessa (pouca água
e fibra no bolo), após a absorção de água não
haverá grande estímulo para peristalse
porque o conteúdo de fibra insolúvel é muito
baixo, fazendo com que esse conteúdo (bolo)
permaneça mais tempo no cólon. Esse bolo
vai ficando cada vez mais sólido, menos
hidratado, mais fragmentado e em contato
prolongado com o IG. Essas fezes
endurecidas que permanecem muito tempo
no intestino grosso, de tanto pressionarem
essa mucosa formam uma invaginação
chamada divertículo.
O divertículo começa a causar problema
quando resíduos de fezes começam a se
acumular nele, causando uma inflamação
denominada diverticulite, essa inflamação vai
causar dor, desconforto, dentre outros
sintomas. O tratamento geralmente é feito
com antibióticos, visto que existindo material
fecal consequentemente existe bactéria isso
pode gerar uma infecção; analgésico, anti-
inflamatório, aumentar o consumo de água e
fibra para estimular a eliminação desse
conteúdo fecal que está gerando essa
inflamação.
Geralmente após tratados os divertículos não
causam muitos problemas, em situações bem
adversas esse divertículo pode agravar e
perfurar – pode abrir e o conteúdo (fezes)
pode cair na cavidade abdominal, podendo
gerar um processo infeccioso ou obstrução
pela produção de pus. Esse pode complicar a
uma diverticulite grave – perfurar, fazer
abcesso – quando ele está complicado muitas
Adrielle Cristina Silva de Sales – Nutrição – 5º Semestre.
vezes é um caso cirúrgico (retirar a região do
divertículo) ou tratamento clínico, caso de
baixo conteúdo de dieta – dieta vai causar
mais dor, qualquer conteúdo fecal vai acabar
causando mais dor para o paciente.
Hemorroida
Outra consequência muito comum da
obstipação é a hemorroida (doença
hemorroidária), consiste na produção de
vasos (varizes) na região anal, se dá pela
força constante que o paciente coloca para
defecar. Existem vários níveis de hemorroida,
as que complicam – muitas vezes tem
sangramento quando defecam, porque a
hemorroida pode ferir e sangrar, por isso
deve-se investigar a presença de sangue vivo
nas fezes (vermelho). Em situações graves a
hemorroida pode ter uma profusão –
hemorroida saí do ânus, são extremamente
dolorosas, cirúrgicas (área muito sensível).
Para paciente com queixa de hemorroida
deve-se recomendar muita fibra insolúvel e
água, o paciente até gosta do que tem fibra
insolúvel, mas adora carboidrato refinado, só
o fato de consumir refinado, ainda que o
conteúdo de fibra total esteja bom já piora,
para esses pacientes o nutricionista acaba
sendo mais restritivo. Precisamos despertar
nele a curiosidade de observar, quando
consume refinado piora, ele mesmo
estabelece a relação fica muito mais fácil de
aderir a orientação. Estimular ele a se
observar.