Você está na página 1de 3

Obstipação

Professor João Domingos

Obstipação Obstipação crónica  tem maior expressão


no idoso e são necessários 6 meses para ser
considerada crónica.
Segundo profissionais de saúde:

Centram-se sobretudo em dados objetivos Processo de Defecação


como a frequência das dejeções. 1. As fezes são inicialmente transferidas
do cólon sigmoide para o reto que sofre
Segundo os clientes:
uma distensão e desencadeia a sua
Valorizam aspetos relacionados com as perceção.
características das fezes e as sensações 2. Caso seja oportuno, o esfíncter interno
relacionadas com o processo da dejeção. relaxa involuntariamente por
estimulação retal e o esfíncter externo
Maioria dos autores:
relaxa voluntariamente.
Considera a obstipação um sintoma, uma 3. Após uma manobra de valsava, é possível
vez que pode ter origem orgânica, sendo na aumentar a pressão intra-abdominal e
maioria dos casos de causa funcional. intraretal, facilitando a eliminação das
Segundo os critérios Roma III, a fezes.
obstipação funcional obedece à presença de
2 ou mais dos seguintes critérios:

 Esforço a evacuar, em pelo menos 25&


das dejeções. Constituição das Fezes
 Fezes duras ou fragmentadas em pelo
menos 25% das dejeções. Constituídas principalmente por
 Sensação de evacuação incompleta em bactérias, água e gás, além de resíduos de
pelo menos 25% das dejeções hidratos de carbono resistentes às enzimas
 Utilização de manobras manuais para do intestino delgado e sujeitos à sua
facilitar a evacuação em pelo menos degradação pela flora bacteriana do cólon
25% das dejeções.

NOTA: Estes critérios não podem ser


aplicados quando o doente se encontra
medicado com laxantes.

Formas evolutivas:

Obstipação aguda

1
e, ainda, absorção de água e eletrólitos pelo Conhecer as alterações biológicas
cólon direto. associadas ao envelhecimento com
relevância.
O tempo de trânsito intestinal está
relacionado com as características das  Nº de dejeções por semana
fezes, sendo que a forma das fezes pode  Consistência das fezes
servir como um importante marcador do  Esforço e dificuldades em evacuar
trânsito intestinal  Duração da obstipação
 Doenças e/ou alterações intestinais
 Hemorragia
Escala de Bristol  Dor abdominal
 Uso de laxantes e/ou medidas
adaptativas
Fatores de Risco  Impactos na qualidade de vida
 Estado de consciência
 Comorbilidade relevante
 Quanto maior a idade, maior a
 Fatores de risco
probabilidade de sofrer de obstipação.
 Fatores sociais
 Determinadas patologias como
Demência, Doença de Parkinson, Complicações
Neuropatias, AVCs, Lesões medulares,
etc.
 Hospitalização (interferência nos  ↓ do tónus muscular intestinal

hábitos)  ↑ da utilização da manobra de valsava

 Imobilidade  ↑ da incidência de hemorróidas

 Alterações à rotina  Distensão retal

 Alterações dietéticas  Impactação fecal – fecalomas


 Acesso a dispositivos e instalações * Se o fecaloma exercer pressão

sanitárias sobre os nervos sagrados, o doente


 Sedentarismo pode referir dor lombar. Se
 Alterações estruturais a nível do comprimir os ureteres, a bexiga ou
pavimento pélvico e abdómen a uretra pode levar a sintomas
 Ansiedade, pânico, estados urinários na forma de incontinência
depressivos, stress pós-traumático, ou retenção.
transtornos de somatização, confusão, * Quando ocorre distensão
Delirium e alterações da função abdominal que afeta os movimentos
cognitiva diafragmáticos, pode surgir hipoxia
ou disfunção ventricular esquerda,
Avaliação taquicardia ou angor (angina de
Avaliação rigorosa da AV eliminar, peito).
complementada com dados relevantes * Se estimulação vasovagal, pode
provenientes de outras AV. surgir náuseas e hipotensão
arterial.
* Vómitos, dor abdominal, o angulo entre o canal anal e o reto,
desidratação, confusão mental, facilitando a passagem das fezes.
taquicardia, diaforese e febre.  Utilização de um apoio que permita
 Síndrome da úlcera solitária do reto a elevação dos pés 15 a 20 cm do
 Hemorragia retal – como consequência chão.
de ulcerações da mucosa  Se possível, no uso da arrastadeira,
 Esforço defecatório pode causar deve-se elevar a cabeceira da
alterações da circulação coronária, cama.
cerebral e periférica, que pode  Atividade física pode atuar como um
resultar em Angina, AIT e Síncope. fator preventivo na obstipação,
acelerando o trânsito do cólon e ↑ o nº
Intervenções de dejeções
Autónomas  Em doentes acamados, o levante diário
pode trazer alguns benefícios.
 Ensino, instrução e treino ao cliente,
 Minimizar os aspetos negativos dos
familiar e/ou prestador de cuidados.
ambientes estranho e alterações à
 Explicar de forma clara e adaptada, os
rotina normal de dejeção.
mecanismos, os sinais de riscos e
 Probióticos, prebióticos e simbióticos
fatores de agravamento ou possíveis
têm vindo a demonstrar alguns
complicações, ↑ desta forma a
benefícios para a obstipação.
tranquilidade e a qualidade de vida do
 Outras medidas não farmacológicas:
doente ou do familiar.
 Massagem
 Mudanças dietéticas, estilo de vida e
 Terapias alternativas
formação sobre hábitos intestinais:
 Horários associados à maior Interdependentes
atividade cólica, o que acontece
após as refeições, nomeadamente Diagnósticos de Enfermagem
após o pequeno-almoço. Obstipação atual
 Fibras na alimentação diária até
Risco de obstipação
uma quantidade equivalente a 20 ou
30g de fibras (fibras insolúveis –
farelo de trigo, aveia ou milho,
fibra de maçã, pêra ou soja).
 Manter o aporte hídrico. O reforço
hídrico deverá ser realizado de
forma controlada e unicamente nos
doentes com sinais de
desidratação.
 Fortalecimento da musculatura
abdominal.
 Ensino sobre a posição mais
adequada ao processo de evacuação
que é de cócoras, dado que retifica

Você também pode gostar