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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA 10.

ª VARA FEDERAL DE
CURITIBA – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

Autos eletrônicos sob n. º XXX.XXX.XXX.XXX/PR


Ação Previdenciária

Nome do recorrente, vem por intermédio de sua procuradora ora signatária,


ambas já devidamente qualificadas nos autos supra, vem respeitosamente, perante Vossa
Excelência, com base no artigo art. 1.009 e seguintes do CPC, interpor:

RECURSO DE APELAÇÃO

Em face da r. sentença a quo, que julgou parcialmente procedentes os pedidos


ventilados na petição exordial, requerendo o recebimento do mesmo, pelos fatos e
fundamentos jurídicos anexados, independente de preparo, com a consequente remessa
ao Egrégio Tribunal Regional Federal da 4.ª região.
Outrossim, informa que deixa de efetuar o preparo do presente recurso por ser
beneficiário da assistência judiciária gratuita (evento n.3).

Nestes termos,
Pede deferimento.
Curitiba/PR, data do protocolo eletrônico.
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA QUARTA REGIÃO

Autos eletrônicos sob n. º XXX.XXX.XXX.XXX/PR


RECORRENTE: NOME DO RECORRENTE
Recorrido: Instituto Nacional do Seguro Social - INSS

EMÉRITOS JULGADORES

1. DA TEMPESTIVIDADE

De início, verifica-se a tempestividade do presente recurso, pois a parte


recorrente foi intimada do teor da r. sentença em 24/12/2016, inaugurando, portanto, o
prazo recursal em 25/01/2017 e tendo como termo final a data de 14/02/2017, de acordo
com a nova regra de contagem de prazo trazida pelos artigos 219 e seguintes do CPC.

2. DA SÍNTESE PROCESSUAL

A parte recorrente ajuizou a presente ação previdenciária com o fito de


reconhecer o período urbano de 01/10/1980 a 09/02/1981, e a especialidade dos períodos
de 25/06/1986 a 31/08/1994, 06/03/1997 a 03/05/1999 e de 01/10/2002 a 15/07/2014,
bem como a conversão do tempo de serviço comum em tempo especial mediante a
aplicação do fator 0.71, com o fito de que fosse concedido ao mesmo o benefício de
aposentadoria especial com o pagamento das parcelas vencidas desde a data da DER.
Em evento n. 115 fora proferida sentença de parcial procedência, da qual foram
extraídos os trechos que seguem transcritos:

>>>> COLE AQUI O DISPOSITIVO DA SENTENÇA<<<

Veja que na DER, o recorrente contava com 24 anos, 07 meses e 24 dias de tempo
de serviço especial, e apenas não completou o tempo necessário para a concessão da
aposentaria especial na DER porque no curso do processo houve alteração do
entendimento jurisprudencial, passando a ser vedada a conversão dos períodos comuns,
anteriores a edição da Lei n.º 9.032 de 28/04/1995, em tempo especial por intermédio da
aplicação do fator 0,71 (REsp. 1.310.034/PR).
Ocorre que em que pese à sentença tenha sido de parcial procedência, o D. Juiz
monocrático NÃO ANALISOU a possibilidade da reafirmação da DER para data na qual o
segurado preencheu os requisitos para concessão do benefício previdenciário que lhe é
mais favorável, no caso a aposentadoria especial.
Destaca-se que o juiz a quo poderia ter feito essa análise de oficio.
Desta forma, em evento n. 120, a parte autora opôs embargos de declaração,
requerendo em síntese que fosse determinada: “a reafirmação da DER e dos efeitos
financeiros da presente demanda para a data de 12/12/2014/data da propositura da
ação, data na qual a embargante implementou todos os requisitos indispensáveis à
concessão do benefício de aposentadoria especial; sem a incidência do fator previdenciário,
mediante o computo do período de 16/07/2014 a 12/12/2014 como especial (com base no
PPP anexado em evento n.22, PPP1 e LTCAT anexado em evento n. 35, LAUDO2).”.
Contudo, em sentença de embargos foi negado provimento ao requerimento do
embargante, sob a seguinte alegação:

“Não há omissão, porquanto a parte autora não formulou pedido


de reafirmação da DER.
Dessa forma, eventual reconhecimento do direito à reafirmação
implicaria em julgamento extra petita, vedado pelo ordenamento
jurídico, nos termos do artigo 492 do CPC.
Ademais, obviamente a reafirmação da DER não é matéria a ser
conhecida de ofício pelo Juízo, dependendo de pedido expresso do
segurado.
Desse modo, inexistindo omissão a ser corrigida, os embargos de
declaração devem ser rejeitados.”.

Desta feita, a despeito das razões lançadas em sentença, conforme fundamentos


fáticos-jurídicos adiante delineados, por intermédio do presente recurso, devolve-se a
matéria a essa Colenda Corte, onde se espera seja o decisum reformado.

3. DAS RAZÕES RECURSAIS

3.1. Reafirmação da DER

De início, é importante colocar que, ao contrário do que foi alegado pelo juiz
monocrático, a flexibilização da DER para data do preenchimento dos requisitos
necessários para concessão do benefício previdenciário mais vantajoso ao segurado não
implica em julgamento extra petita, ainda que o pedido de flexibilização da DER não tenha
sido expressamente elaborado pelo segurado na exordial.
Destaca-se que no caso em comento o segurado apenas não completou o tempo
necessário para a concessão da aposentaria especial na DER porque no curso do processo
houve alteração do entendimento jurisprudencial, passando a ser vedada a conversão
dos períodos comuns, anteriores a edição da Lei n.º 9.032 de 28/04/1995, em tempo
especial por intermédio da aplicação do fator 0,71 (REsp. 1.310.034/PR).
Contudo, o segurado continuou exercendo atividade especial após o
requerimento de aposentadoria perante o INSS, e implementou o tempo mínimo
necessário para a concessão do benefício de APOSENTADORIA ESPECIAL.
Veja que na DER (15/07/2014) o segurado contava com 24 anos e 07 meses e 24
dias de tempo de serviço especial (vide contagem apresentada em sentença, evento n.
115).
Ocorre que com a reafirmação da DER e dos efeitos financeiros da presente
demanda para a data de 12/12/2014-data da propositura da ação, o recorrente
implementou todos os requisitos indispensáveis à concessão do benefício de aposentadoria
especial; sem a incidência do fator previdenciário, mediante o computo do período de
16/07/2014 a 12/12/2014 como especial (com base no PPP anexado em evento n.22, PPP1
e LTCAT anexado em evento n. 35, LAUDO2).”.
Desta feita, mediante o reconhecimento da especialidade do período de
16/07/2014 a 12/12/2014 (data do ajuizamento da ação) verifica-se que na DATA DO
AJUIZAMENTO DA AÇÃO o segurado preenchia os requisitos para concessão do benefício
de APOSENTADORIA ESPECIAL.
Destaca-se que ainda que a parte recorrente não tenha requerido de forma
expressa na exordial a flexibilização da DER, em atenção aos princípios da primazia do
acertamento, economia processual, e, principalmente, instrumentalidade do processo, a
possiblidade da mesma deve ser analisada pelo judiciário.
Afinal, no caso em comento, a causa de pedir é a concessão da aposentadoria. A
reafirmação da DER vem apenas atender ao pedido da parte, sem qualquer violação à lei
processual que, ao contrário, assegura a efetivação do direito material e a
instrumentalidade do processo, conforme entendimento fixado pelo Supremo Tribunal
Federal, em 21/02/2013, no julgado do RE 630.501, que em suma garantiu a possibilidade
de os segurados verem seus benefícios deferidos ou revisados de modo que corresponda à
maior renda mensal inicial possível.
Observa-se que a inteligência do art. 493 do CPC dispõe que: “Se, depois da
propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no
julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento
da parte, no momento de proferir a decisão. ”.
Desta forma, a parte recorrente requer que seja analisado no caso em comento a
especialidade do período de 16/07/2014 a 12/12/2014 como especial (com base no PPP
anexado em evento n.22, PPP1 e LTCAT anexado em evento n. 35, LAUDO2.
Ora, o segurado não se encontra ocioso, mas trabalhando e contribuindo. E no
caso das ações judiciais de concessão de aposentadoria é obrigado a permanecer
trabalhando até a solução do litígio que o próprio INSS deu causa. Diante da recusa em
conceder a aposentadoria a autarquia afirma ao segurado a necessidade de continuidade
do trabalho para que se possa cumprir os requisitos para a inativação. Nada mais lógico,
portanto, do que considerar esse período trabalhado após o requerimento administrativo
até o momento em que o segurado implemente o tempo necessário para a aposentadoria
almejada, pois assim prevê a Lei 8.213 no art. 122.
E a legislação processual brasileira não se mostra obstáculo para a concessão de
benefício previdenciário no curso do processo, mesmo antes da vigência da Lei
13.105/2015.
O art. 462 do CPC/73, vigente à época do ajuizamento da ação assim
previa:

“Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo,


modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento da lide,
caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a
requerimento da parte, no momento de proferir a sentença.”.

A continuidade dos recolhimentos previdenciários após a data do pedido


administrativo se equiparam a fato superveniente, devendo ser considerado no
julgamento, principalmente, caso demonstrado o implemento do direito à aposentadoria
no curso da ação judicial.
A redação do art. 462 do CPC/73 era clara: se constato fato superveniente após a
propositura da ação deve ser considerado na prolação da sentença; não há qualquer
limitação temporal imposta pelo artigo (ajuizamento, citação, etc): menciona-se
expressamente, que qualquer fato acontecido após o ajuizamento da ação deve ser
considerado!
O art. 4º do novo CPC consagra que “as partes têm o direito de obter em prazo
razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa”. Ou seja, as partes
têm direito à tutela efetiva, condicionada ao resultado do processo.
Cite-se, a propósito, o enunciado 372 do Fórum Permanente de Processualistas
Civis:
“O art. 4.º tem aplicação em todas as fases e em todos os tipos de
procedimento, inclusive em incidentes processuais e na instância
recursal, impondo ao órgão jurisdicional viabilizar o saneamento
de vícios para examinar o mérito, sempre que seja possível a sua
correção. (Grupo: Normas fundamentais).”.

Em assim sendo, a legislação processual não tem o intuito de obstaculizar o


direito material, mas ao contrário, visa assegurar sua efetivação.
E não se deve ter como limite da satisfação do mérito a data de ajuizamento da
ação ou a citação, bem porque o art.° 493 do novo CPC prevê expressamente que se devem
considerar os fatos modificativos quando da entrega do mérito, ou seja, no momento da
prolação da decisão:

“Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo,


modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do
mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a
requerimento da parte, no momento de proferir a decisão.”.

O art. 493 CPC/2015 vai mais adiante: demanda ao juiz a consideração do fato
superveniente, inclusive, de ofício.
Interpretação diversa implicaria em falta de razoabilidade e a garantia da
efetividade da prestação jurisdicional, pois obriga a parte autora a ajuizar nova ação ou a
provocar novamente a autarquia previdenciária no âmbito administrativo para discutir
novamente o que já foi discutido, ou seja, definir o que já poderia ter sido definido na ação
em curso.
Ora, é justamente o que ocorre na prática previdenciária; não basta reconhecer o
direito à implementação de tempo de serviço em ação com a qual se pretende a concessão
de benefício previdenciário; o escopo da parte é ter concedido o benefício almejado e não
mero reconhecimento de tempo de serviço para futura concessão da aposentadoria.
Somente o reconhecimento do tempo de serviço não implica da satisfação da tutela
jurisdicional.
Deve-se evitar a frustração do jurisdicionado que, após anos de espera, depara-se
com decisão que apenas reconhece o tempo de serviço e não o direito à aposentadoria.
Não há como se desconsiderar a demora na resolução definitiva das demandas
judiciais de natureza previdenciária, em razão da necessidade de produção probatória
(muitas vezes complexas, com perícias médicas ou técnicas), além do reexame necessário e
dos frequentes recursos interpostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social.
Este tempo para a obtenção da decisão definitiva não pode prejudicar o segurado;
devendo ser resguardado o seu direito de obtenção da prestação previdenciária, com
efeitos financeiros a partir da implementação dos requisitos necessários (ainda que
posterior à data do requerimento), sendo prescindível o protocolo de novo pedido
administrativo.
Cabe ainda colocar que os direitos reivindicados perante a Previdência Social são
direitos sociais (CF/88, art. 6 .º), e demandam uma prestação positiva do Estado com a
finalidade de garantir o mínimo existencial possível a partir dos postulados da justiça social,
razão pela qual o acesso aos mesmos não deve ser prejudicado por dogmas teóricos.
Ademais, na jurisprudência é pacifico o entendimento de que o cômputo das
contribuições ou/e aplicação das alterações legislativas supervenientes ao requerimento
administrativo, para que sejam preenchidos os requisitos necessários para concessão do
benefício previdenciário em favor do segurado, são possíveis através de uma análise do
princípio da primazia do acertamento. Segundo este, o que realmente importa na tutela
judicial é a definição da relação jurídica de proteção social.
Afinal, sob esta perspectiva não é possível admitir o sacrifício da proteção social
mediante um controle estrito de legalidade do ato administrativo. Colhe-se trecho da obra
do Juiz Federal, José Antonio Savaris:

A conclusão a que se chega a partir da primazia do acertamento é


a de que o direito à proteção social, particularmente nas ações
concernentes aos direitos prestacionais de conteúdo patrimonial,
deve ser concedido na exata expressão a que a pessoa faz jus e
com efeitos financeiros retroativos ao preciso momento em que
se deu o nascimento do direito.1

O STJ inclusive já pacificou o entendimento que “...o fato superveniente deve ser
considerado no momento do julgamento, conforme reiterados precedentes do STJ, a teor
do disposto no art.° 462 do Código de Processo Civil.”2
1
SAVARIS, José Antonio. Direito Processual Previdenciário. 5 ed. rev. atual. Curitiba: Alteridade, 2014. p. 123.
2
STJ RECURSO ESPECIAL Nº 1.426.034, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento:
05/06/2014, T2 - SEGUNDA TURMA).
Insta observar que o teor do art.° 462 do “Antigo Código de Processo Civil” (Lei n.
º 5.869/1973), foi inserido no art.° 493 do “Novo Código de Processo Civil”, (Lei n. º
13.105/2015).
Veja que em caso similar ao do recorrente, o TRF4 reconheceu como especial o
período laborado pelo segurado após a DER concedendo em favor do mesmo o benefício de
aposentadoria especial, vide trecho do acórdão que segue transcrito:

“No caso em exame, considerada a presente decisão judicial,


tem-se a seguinte composição do tempo de serviço da parte
autora, na DER (16/06/2009): 24 anos, 3 meses e 4 dias de
tempo especial, tempo insuficiente para concessão de
aposentadoria especial.
Assim, não alcança o autor tempo de serviço suficiente para obter
a aposentadoria almejada.
CABE, PORTANTO, A ANÁLISE DA POSSIBILIDADE DE
REAFIRMAÇÃO DA DER.
A esse respeito, consigno que as ações previdenciárias veiculam
pretensões de direito social fundamental (Constituição Federal,
artigos 6º, 194, 201 e 203). Em casos tais, deve-se dar às normas
infraconstitucionais, inclusive às de caráter processual, uma
interpretação conducente à efetivação e concretização daqueles
direitos, sempre que respeitados os demais princípios
constitucionais.
A autarquia previdenciária, mesmo em juízo, não se desveste de
sua condição de Estado (na forma descentralizada), o qual tem o
dever de assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e
à assistência social (Constituição Federal, art. 194), devendo
fazê-lo em toda a oportunidade que se apresente propícia para
tal, inclusive no curso de processo judicial.
Ademais, nas ações previdenciárias compreende-se o pedido como
sendo o do melhor benefício a que o segurado ou beneficiário tem
direito. Correlatamente, para a análise do melhor benefício,
sempre que não for possível a sua concessão na DER, deve-se
considerar a implementação de seus requisitos até o momento do
ajuizamento da ação ou mesmo no curso do processo, sem que,
com isso, haja violação aos princípios da adstrição (da decisão ao
pedido) ou da estabilização da lide.
A relação jurídica previdenciária é, por natureza, continuativa,
cabendo ao Judiciário, ao decidir sobre os direitos e deveres que
dela decorrem, reportar-se à situação existente por ocasião da
entrega da prestação jurisdicional, considerando os fatos
ocorridos no curso do processo, se tais fatos interferem no direito
postulado à inicial. A possibilidade vem expressa nos arts. 342, I e
III e 933 do NCPC, e já existia sob a égide do CPC de 1973.
Ressalto que, em assim considerando, tampouco há qualquer
violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa, na
medida em que o INSS, por ocasião da contestação, pode (e deve)
manifestar-se sobre a pretensão deduzida em juízo. No caso dos
autos, as partes foram intimadas sobre a possibilidade de serem
considerados como tempo de contribuição os registros de
contribuições previdenciárias constantes do CNIS posteriores
a DER (evento 6 desta instância). O INSS quedou-se silente. A
parte autora requereu a intimação do INSS para juntar aos autos
os registros do sistema CNIS posteriores a DER (evento 13 desta
instância, pet1), tendo o INSS sido intimado acerca do peticionado
pela parte autora (evento 16 desta instância). A autarquia
previdenciária novamente quedou-se inerte.
Quanto à suposta carência de ação por falta de interesse de agir
no que tange ao período posterior à DER, evidentemente que não
se sustenta. Estando a questão judicializada, situações posteriores
à lesão que deu ensejo à propositura da ação, pertinentes ao
mesmo direito que se pretende ver reconhecido em juízo, devem
ser objeto de análise, sob pena de proferir-se sentença em
abstrato, concedendo-se tutela jurisdicional incompleta. Nem se
poderia esperar que o autor reiterasse pedido administrativo de
aposentadoria sem que antes lhe fosse assegurada judicialmente
a contagem de tempo especial, nos períodos anteriores à DER.
Evidente, pois, a presença de interesse processual.
Obviamente que em casos tais o início do benefício não coincidirá
com a data de entrada do requerimento administrativo. Adota-se,
aqui, como marco inicial, a data do implemento dos requisitos,
quando ainda pendente o processo administrativo, ou a data do
ajuizamento, observando-se o princípio de que quando
implementa os requisitos é o segurado quem decide o momento
de seu jubilamento. Implementado o requisito após o término do
processo administrativo, se o momento em que o segurado
decide-se pela aposentadoria, formulando o respectivo pedido, é o
da propositura da ação, este deve ser o marco inicial do benefício.
Assim, inclusive, é o posicionamento da Terceira Seção (AR n.
2009.04.00.034924-3, Rel. Des. Federal Celso Kipper, julgada em
06-09-2012).
Contudo, se a implementação das condições para obtenção do
benefício ocorrer em data posterior ao ajuizamento, deve coincidir
o início da aposentação com a data de preenchimento dos
requisitos para tanto.
No caso concreto, na DER o autor completou 24 anos, 3 meses e 4
dias de labor especial, faltando-lhe 8 meses e 26 dias para
alcançar os 25 anos necessários à obtenção da aposentadoria
especial.
Pelos documentos juntados no evento 30 (procadm1, fls. 46-
47), está demonstrado que mesmo após a DER, mantiveram-se
inalteradas as condições laborais do autor. Após a data do
requerimento, conforme consulta ao sistema CNIS e PPPs juntados
aos autos, o autor continuou a desenvolver trabalho de vigilante
utilizando arma de fogo nas atividades. Dessa forma, comprovada
a especialidade devido à periculosidade inerente ao porte de arma
de fogo seja na empresa Auxiliar de Segurança Ltda. (até
06/11/2009), seja na empresa Master Vigilância Especizlizada
(entre 03/11/2009 a 29/12/2013).
Assim, em 12/03/2010, completou o autor 25 anos de tempo de
serviço especial, fazendo jus, portanto, à concessão do benefício
de aposentadoria especial.” (TRF4 5009696-86.2011.404.7001,
QUINTA TURMA, Relator (AUXÍLIO ROGER) TAÍS SCHILLING
FERRAZ, juntado aos autos em 16/12/2016)

Ademais, o TRF4 em caso similar concedeu de ofício a aposentadoria por tempo


de contribuição ao segurado mediante do cômputo do período laborado após a DER:

PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. REGIME DE


ECONOMIA FAMILIAR. RUIDO. HIDROCARBONETO. EPIs.
CONVERSÃO TEMPO DE SERVIÇO COMUM EM
ESPECIAL.REAFIRMAÇÃO DA DER. INDEFERIMENTO DA
APOSENTADORIA ESPECIAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO. CONCESSÃO DE OFÍCIO. PRINCIPIO DA
PROTEÇÃO. TERMO INICIAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. JUROS
E CORREÇÃO MONETÁRIA. TUTELA ESPECIFICA. 1. Considero que
os documentos acostados constituem início de prova material,
contemporâneo aos fatos alegados, demonstrando que o
segurado laborava no meio rural, em regime de economia
familiar, no período controverso, ainda mais que corroborados
por prova testemunhal idônea. 2. O inicio de prova material não
pode ser desprezado, pois no meio rural deve-se considerar que
os documentos da atividade rurícola estão representados em
elementos de prova que consubstanciam o vinculo ao meio rural.
Ademais, o genitor da parte autora procurou sempre trabalhar
como empregado por curtos períodos, próprio de operário de
pouca qualificação, e em atividades baseadas no esforço físico. A
realidade impunha ao chefe da família buscar uma fonte
complementar de sustento, pois a propriedade rural era pequena,
não tendo condições de sustentar o grupo familiar numeroso. O
primeiro emprego da parte autora ele possuia 16 anos de idade, a
denotar que anteriormente auxiliava a família nas atividades
rurícolas no Municipio de Vacaria/RS. 3. Quanto ao ruído
excessivo, até 05/03/1997, é considerada nociva à saúde a
atividade sujeita a ruídos superiores a 80 decibéis, conforme
previsão mais benéfica do Decreto 53.831/64. Já a partir de
06/03/1997, deve ser observado o limite de 90 dB até
18/11/2003. O nível de 85 dB somente é aplicável a partir de
19/11/2003, pois o Superior Tribunal de Justiça, em precedente
de observância obrigatória (art. 927 do CPC/2015) definiu o
entendimento segundo o qual os estritos parâmetros legais
relativos ao nível de ruído, vigentes em cada época, devem limitar
o reconhecimento da atividade especial (REsp repetitivo
1.398.260/PR). 5.A exposição a hidrocarbonetos aromáticos
enseja o reconhecimento do tempo de serviço como especial, com
enquadramento nos Códigos 1.2.11 (tóxicos orgânicos) do Quadro
Anexo do Decreto n. 53.831/64, 1.2.10 do Quadro I do Anexo do
Decreto n. 72.771/73 (hidrocarboneto e outros compostos de
carbono), 1.2.10 (hidrocarboneto e outros compostos de carbono)
do Anexo I do Decreto n. 83.080/79, e 1.0.7 (carvão mineral e seus
derivados) do Anexo IV do Dec. 2.172/97 e do Dec. 3.048/99. 6.Os
riscos ocupacionais gerados pela exposição a agentes químicos
não requerem a análise quantitativa de concentração ou
intensidade máxima e mínima no ambiente de trabalho, dado que
são caracterizados pela avaliação qualitativa, considerada a
potencialidade da agressão à saúde do trabalhador. Assim,
inaplicável, à espécie, a regra contida na NR-15, Anexo 12, do
INSS. 7. O uso de EPI's (equipamentos de proteção), por si só, não
basta para afastar o caráter especial das atividades desenvolvidas
pelo segurado. Seria necessária uma efetiva demonstração da
elisão das consequências nocivas, além de prova da fiscalização do
empregador sobre o uso permanente dos dispositivos protetores
da saúde do obreiro, durante toda a jornada de trabalho. 8.Com a
edição da Lei 9.032/95, somente passou a ser possibilitada a
conversão de tempo especial em comum, sendo suprimida a
hipótese de conversão de tempo comum em especial. 9. A Lei n.
9.032, de 28-04-1995, ao alterar o §3º do art. 57 da Lei nº
8.213/91, vedou, a partir de então, a possibilidade de conversão
de tempo de serviço comum em especial para fins de concessão
do benefício de aposentadoria especial. 10. A lei vigente por
ocasião da aposentadoria é a aplicável ao direito à conversão
entre tempos de serviço especial e comum, independentemente
do regime jurídico à época da prestação do serviço. Entendimento
conforme julgamento do STJ no EDcl no REsp 1310034/PR,
representativo da controvérsia. 11.No caso dos autos, a parte
autora não tem direito adquirido à aposentadoria especial na data
da Lei n. 9.032/95, de modo que não cabe a conversão dos
períodos de atividade comum em tempo especial para concessão
do benefício em data posterior àquela Lei. 12. Utilizando a
possibilidade da reafirmação da DER no ajuizamento da ação, não
restou preenchido o tempo de serviço especial exigido para a
aposentadoria especial, porém, deve ser CONCEDIDA DE OFÍCIO
aposentadoria por tempo de contribuição, em prestígio a
proteção previdenciária decorrente do tempo de serviço
incorporado ao patrimônio da parte autora, vez que preenchidas a
carência e o tempo de serviço para tanto na data da entrada do
requerimento administrativo. Fica estabelecido como termo inicial
a data da reafirmação da DER (ajuizamento da ação), efetuando o
pagamento das parcelas vencidas desde então. 13.O termo inicial
do benefício deve ser fixado na Reafirmação da DER (ajuizamento
da ação), utilizando por analogia o art. 54 c/c o art. 49, ambos da
Lei 8.213/91, pois juntados os documentos referentes ao tempo
de serviço especial e atividade rural, sendo a produção probatória
realizado no curso do processo, mera complementação dos
formulários de atividade especial juntados no processo
administrativo. Incumbia ao INSS proceder as diligências,
inspeções e exigências necessárias para esclarecer a dimensão e a
natureza do trabalho desenvolvido na contagem mais vantajosa
do tempo laboral ao segurado. 14.Tendo em vista a concessão da
Aposentadoria por Tempo de Contribuição, tenho que a tutela
jurisdicional foi favorável a parte autora, devendo ser suportada a
verba honorária pelo INSS, tendo por mínima a sucumbência da
parte autora. Assim, de acordo com a sistemática do CPC/73
vigente na data da publicação da Sentença, e "Condeno o réu ao
pagamento de honorários advocatícios de sucumbência, estes
fixados em 10% (dez por cento) do valor da condenação, a ser
apurado, em conformidade com o § 3º do artigo 20 e com o
parágrafo único do artigo 21, ambos do Código de Processo Civil,
excluindo-se de tal base de cálculo as parcelas vincendas,
consoante Súmula nº 111 do STJ. Deverá o INSS reembolsar os
honorários periciais" 15. Deliberação sobre índices de correção
monetária e taxas de juros diferida para a fase de cumprimento
de sentença, a iniciar-se com a observância dos critérios da Lei
11.960/2009, de modo a racionalizar o andamento do processo,
permitindo-se a expedição de precatório pelo valor incontroverso,
enquanto pendente, no Supremo Tribunal Federal, decisão sobre
o tema com caráter geral e vinculante. Precedentes do STJ e do
TRF da 4ª Região. 16. Determinado o cumprimento imediato do
acórdão no tocante à implantação do benefício, a ser efetivada
em 45 dias, nos termos do artigo 497, caput, do Código de
Processo Civil. (TRF4 5014549-14.2011.404.7107, SEXTA TURMA,
Relator EZIO TEIXEIRA, juntado aos autos em 20/12/2016)

Ante o exposto, verifica-se que caso seja mantida a r. sentença a quo será
evidente a violação aos artigos 4.º e 493 do CPC/15, uma vez que o que se procura é a
satisfação em ter o melhor benefício concedido e em tempo razoável, o que não seria
possível no caso de ter que realizar novo requerimento administrativo. E, logicamente, há
flagrante violação ao art. 462, CPC/1973 e, sem dúvida alguma, ao art. 122 da Lei de
Benefícios, bem como, a jurisprudência pátria.
Diante disso, deve ser analisada a singularidade do caso concreto. Sendo
reconhecida, portanto, a especialidade, com aplicação do fator 1,4, do período de
16/07/2014 a 12/12/2014 e flexibilização da DER para data do ajuizamento da ação,
sendo reconhecido o direito do segurado a concessão do benefício de aposentadoria
especial, com o pagamento das parcelas vencidas desde a DER relativizada (data da
propositura da ação).

4. DO PEDIDO

Ante o exposto, a parte recorrente requer que o presente recurso seja conhecido
e provido, a fim de reformar a r. sentença a quo para que seja determinado o
reconhecimento da especialidade período de 16/07/2014 a 12/12/2014 e flexibilização da
DER para data do ajuizamento da ação, reconhecendo o direito do segurado a concessão
do benefício de aposentadoria especial, com o pagamento das parcelas vencidas desde a
DER relativizada (data da propositura da ação).
Grifa-se que a parte recorrente requer que lhe seja garantida a implantação do
benefício previdenciário em sua forma mais vantajosa, devendo o INSS proceder o
pagamento das parcelas vencidas desde a DER (originária ou relativizada caso mostre-se
mais vantajosa ao segurado), com a incidência dos consectários legais: correção monetária
pelo INPC e juros de mora de 1% ao mês.
Ademais, a parte recorrente requer que o INSS seja condenado a pagar honorários
sucumbenciais fixado em 20% do valor da condenação ou sobre valor atualizado da causa.
Todavia, se o presente recurso restar improvido a parte recorrente requer que
sejam prequestionados todos os dispositivos legais utilizados na fundamentação, com o fito
de oportunizar ao recorrente o acesso as instâncias superiores.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Curitiba/PR, data do protocolo eletrônico.

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