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INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE (IRAS)

INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO (ISC)

ISC incisional superficial: ocorre nos primeiros 30 dias após o procedimento (sendo o 1º dia a
data do procedimento), envolve apenas a pele e tecido SC. Apresenta pelo menos UM dos
seguintes critérios:
- Drenagem purulenta
- Cultura positiva de secreção/tecido da incisão
- Incisão deliberadamente aberta na vigência de pelo menos uma das seguintes
manifestações: dor, aumento da sensibilidade, edema, hiperemia ou calor (exceto se
cultura negativa).

- Cirurgia oftalmológica: conjuntivite é considerada ISC incisional superficial

- NÃO é considerado ISC superficial incisional: celulite, abcesso de ponto, infecção


de episiotomia ou de circuncisão de neonato.

ISC incisional profunda: ocorre nos primeiros 30 dias ou até 90 dias, se houver colocação de
implante; envolve tecidos moles (fáscia, músculo) profundos à incisão e apresenta pelo menos UM
dos seguintes critérios:
- Drenagem purulenta, mas não originada de órgãos/cavidade (O/C)
- Deiscência espontânea profunda ou incisão aberta pelo cirurgião e cultura positiva ou
não realizada quando apresentar febre, dor ou tumefação localizada, abcesso ou outra
evidência de infecção envolvendo tecidos profundos.

ISC de órgão/cavidades (OC): ocorre nos primeiros 30 dias ou até 90 dias, se houver colocação
de implantes; envolve qualquer órgão ou cavidade que tenha sido aberta ou manipulada e
apresenta pelo menos UM dos seguintes critérios:
- Cultura positiva
- Presença de abcesso ou outra evidência que a infecção envolve planos profundos
da ferida identificada em reoperação, exame clinico, histopatológico... E atende a pelo
menos UM dos critérios definidores de ISC/OC (p. ex., osteomielite, meningite,
endocardite).

- Também são classificadas como ISC/OC: osteomielite do esterno pós cirurgia


cardíaca; endoftalmias; cirurgias endoscópicas; ITU pós cirurgia urológica.

Medidas de prevenção de ISC

Recomendações básicas:

- ATB profilática: administrada em até 60 minutos antes da incisão cirúrgica


(Vancomicina e Ciprofloxacina 1-2 antes). Descontinuar em até 24h. EV+VO nos casos
de cirurgia colorretal.

- Tricotomia: somente quando necessária; não utilizar lâminas.


- Controle glicêmico no pré-operatório/pós operatório imediato: glicemia < 180 mg/dL.
- Manutenção da normotermia em todo perioperatório – objetivo ≥ 35,5ºC.
- Preparo da pele com soluções alcóolicas (altamente bactericida).
- Utilizar a Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica (LVCS) da OMS.
- Utilizar protetores plásticos de ferida p/ cirurgias do TGI e biliar.
- Realizar vigilância por busca ativa ISC.
- Educar pacientes e familiares a respeito de medidas de prevenção de ISC.

Abordagens especiais:

- Pré-operatório de procedimentos de alto risco, como cirurgia cardíaca, ortopédica com


implantes: investigação de portadores nasais de S. aureus (OXA-S e OXA-R).
Descolonização dos portadores com Mupirocina intranasal + banho de clorexidina por 5 dias
(2x/dia).

- Atualização constante dos processos no CC e na CME, como também das práticas pós-
anestésicas e higiene das mãos. Cuidados rigorosos com a ferida operatória e drenos.
Indicadores de Processo:

- Tempo de internação pré-operatória ≤ 24h (não se aplica p/ cirurgias eletivas/ambulatoriais)


- Tricotomia feita em até 2h
- Tricotomia por aparador ou tesoura
- Antissepsia do campo operatório com solução degermante + alcóolica; mucosa usar solução
antisséptica aquosa.
- ATB profilática ≤ 24h
- Controle glicêmico em cirurgias cardíacas (glicemia ≤ 200 nas primeiras 6h PO.
- Controle térmico em cirurgia colorretal
- Nº de caixas cirúrgicas c/ registro de inspeção – registro de todos os itens padronizados (fita
zebrada, integradores), presença de sujidade, integridade da embalagem, resíduos ou
umidade e data de validade.

Indicadores de Estrutura:

- UM circulante p/ cada sala


- Disposição adequada do antisséptico p/ antissepsia das mãos
- Mecanismo de manutenção de portas fechadas – todas as portas devem estar fechadas
durante a cirurgia.

Fatores de risco:

- Obesidade (ajuste de ATB profiláticos)


- DM (controle glicêmico)
- Tabagismo (cessação pelo menos 30 dias antes)
- Uso de esteroides ou imunossupressores (evitar ou reduzir a dose ao máximo no período
perioperatório).

Medidas de controle (ler o caderno 4):

- Banho com água + sabão antes do procedimento (noite anterior ou manhã da cirurgia):
cirurgias de grande porte usar clorexidina 2% 2h antes; cirurgia eletiva ou de
pequeno/médio porte usar sabonete neutro antes do encaminhamento ao CC.
Avaliação de curativos:

- Limpeza da ferida com SF 0,9% morno em jato;


- Feridas operatórias (cicatrização por 1ª intenção) devem permanecer com o curativo estéril
por 24-48h (exceto se saturado);
- Feridas com cicatrização por 2ª e 3ª intenção: usar coberturas para manter o meio úmido
(p. ex., hidropolímero, hidrogel, AGE, alginato de cálcio e rayon com petrolato). Ler p. 88-91
do Caderno 4.

INFECÇÃO PRIMÁRIA DA CORRENTE SANGUÍNEA (IPCS)

IPCS associada ao cateter: infecção da corrente sanguínea em pacientes em uso de cateter


central por um período > 2 dias (sendo D1 o dia da instalação do dispositivo) e que na data da
infecção o paciente estava em uso do dispositivo ou este foi removido no dia anterior.

Período de janela da infecção: período de 7 dias durante os quais são identificados todos os
elementos necessários p/ a definição da infecção. Deve-se considerar 3 dias antes e 3 dias
depois da data da 1ª hemocultura positiva.

Data da infecção: data em que o 1º elemento utilizado p/ definição da IPCS ocorreu dentro do
período de janela de infecção.

Critérios epidemiológicos p/ notificação de IPCS:

- IPCS é o indicador que deve ser notificado, diferentemente de ICSRC, que é o


diagnóstico clínico para tomada de decisões terapêuticas.

- Critério 1: paciente > 28 dias com agente patogênico identificado em uma ou mais
hemoculturas e microrganismo identificado não está em outro foco infeccioso.

- Critério 2: paciente > 1 ano apresenta pelo menos um dos seguintes sinais/sintomas –
febre, calafrios, hipotensão e 2 ou mais hemoculturas, coletadas em momentos diferentes
no mesmo dia ou no máx. no dia seguinte, positivas p/ agentes contaminantes de pele e o
microrganismo identificado não está relacionado a outro foco.

- Critério 3: crianças > 28 dias < 1 ano apresentam pelo menos um dos seguintes
sinais/sintomas – febre, hipotermia, apneia, bradicardia e 2 ou mais hemoculturas positivas,
coletadas em momentos distintos [...] e microrganismo identificado não está relacionado a
outro foco infeccioso.

IPCSRC: diagnóstico clínico, tendo critérios diferentes – critério 1, crescimento em ponta de


cateter e crescimento do patógeno verdadeiro em uma ou mais hemocultura coletada por
venopunção periférica ou crescimento comensal de pele em 2 ou mais hemoculturas coletadas
por venopunções periféricas diferentes de mesma espécie e perfil de antibiograma do isolado
em ponta de cateter; critério 2, crescimento de microrganismo em pelo menos 1 hemocultura
punção periférica e crescimento do mesmo microrganismo em sangue coletado através de
lúmen de cateter central com crescimento ocorrendo no mínimo 120 minutos mais rápido na
amostra central do que na periférica; critério 3, crescimento do microrganismo em sangue
coletado através de lúmen de cateter central com crescimento no mínimo 3x maior na amostra
central do que na periférica.
MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE IPCS:

Cateteres periféricos:

1. Higienizar as mãos antes e após a inserção e p/ qualquer manipulação;


2. Selecionar o cateter com base no objetivo pretendido, na duração da terapia, na
viscosidade do fluido, nos componentes do fluiso e nas condições de acesso venoso;
3. NÃO realizar via AVP infusão contínua de produtos vesicantes, NPT com mais de 10% de
dextrose ou outros aditivos que resultem em osmolaridade final > 900 mOsm/L, ou p/
qualquer solução com osmolaridade > 900 mOsm/L.
4. Selecionar cateteres de menor calibre ( causam menos flebite)
5. Agulha de aço deve ser usada somente para coleta de amostra ou adm. de medicamentos
em dose única, sem manter o dispositivo no sítio.
6. Veias de escolha em adultos: superficiais dorsal e ventral do antebraço; veias dos MMII
não devem ser puncionadas devido ao risco de tromboflebite. Veias de pacientes
pediátricos: veias da mão, do antebraço e braço; crianças < 3 anos também podem ser
consideradas as veias da cabeça (temporal, auricular, frontal). EVITAR: região de flexão,
membros com lesão/ infecção, áreas de infiltração/ extravasamento prévio; áreas com
outros procedimentos planejados.
7. Limite máximo de 2 punções por profissional e 4 no total.
8. Estabilização do cateter com gaze + fita adesiva estéril (<48h) ou cobertura
semipermeável transparente estéril. Trocar sempre que houver suspeita de contaminação
ou úmida, solta ou suja. Proteger o sítio de inserção e conexões com plástico transparente
durante o banho.
9. Flushing: verificar retorno de sangue antes de cada infusão para garantir o funcionamento
do cateter; realizar antes de cada administração de medicamento para prevenir misturas
incompatíveis; usar SF 0,9% e volume mínimo equivalente a 2x o lúmen interno do cateter
mais a extensão. NÃO USAR ÁGUA ESTERIL.
10. Avaliar o sitio de inserção quanto a sinais flogísticos 1x por turno; pacientes internados
em UTI, sedados ou com déficit cognitivo avaliar a cada 1-2h; pacientes pediátricos avaliar
no mínimo 2x por turno.
11. Remover o cateter na suspeita de contaminação ou inutilidade nas ultimas 24h.

Cateteres centrais de curta permanência (< 21 dias): indicado para pacientes sem
condições de acesso periférico, necessidade de monitorização hemodinâmica (PVC),
administração rápida de drogas, expansores de volume e hemoderivados em pacientes
instáveis hemodinamicamente (instalável ou previsível), acesso imediato para diálise,
administração de soluções/medicamentos incompatíveis que não podem ser administrados por
AVP, administração concomitante de drogas incompatíveis entre si (lúmens diferentes).

1. EVITAR punção de veia femoral (maior risco de desenvolvimento de ICSRC); evitar


inserção de cateteres de hemodiálise por v. subclávia devido ao risco de estenose.
2. Usar barreira máxima estéril no momento da inserção;
3. Cateteres centrais impregnados/recobertos de minociclina/fifampicina ou
clorexidina/sulfadiazina de prata em pacientes adultos internados em UTI (crianças
também).
4. Banho com clorexidina 2% em pacientes > 2 meses internados em UTI em situações
especiais, em pacientes de alto risco para consequências desfavoráveis
(imunossupressão, próteses).
5. Troca do curativo com gaze+fita a cada 48h ou cobertura transparente a cada 7 dias (ou
sempre que saturada ou suspeita de contaminação).
6. Desinfecção das conexões, conectores valvulados e ports de adição de medicamentos com
solução antisséptica a base de álcool (5-15 seg).
7. Avaliar, no min., 1x/dia o sitio de inserção.

Cateteres centrais de inserção periférica (PICC):

1. Os cuidados seguem as mesmas recomendações de cateteres centrais de curta


permanência;
2. A inserção deve ser preferencialmente guiada por USG. As veias de escolha incluem
basílica, cefálica, braquial e para pacientes pediátricos também considerar veias axilares,
temporal e auricular (RN) e nos MMII, safena e poplítea.

Cateter semi-implantável ou tunelizado: recomendando principalmente p/ pacientes onco-


hematológicos, em portadores de insuficiência renal e em pacientes em NPT, antimicrobianos
e contraste. Mesmas recomendações que o cateter central de curta permanência. Podem
permanecer por meses e até anos, a inserção deve ser em bloco cirúrgico e após cicatrização
do óstio (2-4 semanas) pode-se manter o sitio de inserção descoberto.

Cateter totalmente implantável ou port: recomendado principalmente p/ pacientes onco-


hematológicos, NPT, entre outras indicações. Permite coleta de amostras de sangue e
administração de drogas, hemocomponentes, NT, antimicrobianos e contraste; podem
permanecer por meses e até anos. Mesmos cuidados que o cateter central de curta
permanência; inseridos em bloco cirúrgico. Os reservatórios são implantados em uma loja SC,
geralmente na região entre o esterno e o mamilo.

- A punção deve ser realizado com agulha angulada (agulha Huber), não se deve usar
agulha hipodérmica ou dispositivo com asas e cânula metálica (escalpe).

- Punção deve ser realizada em técnica asséptica. Agulha pode ser mantida por até 7 dias,
protegida com cobertura estéril.

Cateter umbilical: precaução de barreira máxima no momento da inserção; não deve-se


utilizar pomada antimicrobiana tópica em sitio umbilical pelo risco de infecção fúngica e
resistência bacteriana;

- Cateteres umbilicais venosos: tempo de permanência de 7-14 dias. O ideal, para terapia
infusional contínua, é trocar o umbilical no 7º dia e passar um PICC (redução de IPCS).

- Cateteres umbilicais arteriais: tempo de permanência de no máx. 5 dias.

Cateteres artérias periféricos: a inserção geralmente é na artéria radial ou femoral, permitem


mensuração continua da PA e coleta de sangue para gasometria. Para inserção precaução
padrão + barreira máxima campo fenestrado. Deve-se avaliar diariamente a necessidade de
manutenção do cateter. Minimizar as manipulações e utilizar transdutores descartáveis p/
monitorização da PAI, sendo a troca dos transdutores juntamente com seus acessórios cada
96h.

Dispositivos intraósseos: tempo de permanência de no máximo 24h.


Hipodermóclise: consiste na infusão lenta de soluções no tecido SC. No sítio de inserção
deve estar com a pele intacta, não perto de articulações, ter tecido SC adequado, tais como
parte superior do braço, parede torácica subclavicular, abdome (5 cm longe do umbigo), parte
superior da coxa, costas. Deve-se usar dispositivo de infusão de 24-27 gauge p/ estabelecer o
acesso SC, estabilizar com cobertura semipermeável transparente.

- Trocar o local do acesso SC usado para medicação a cada 7 dias e quando clinicamente
indicado;
- Trocar o local de acesso utilizado para hidratação a cada 24-48h ou depois da infusão de
1,5-2L e conforme clinicamente indicado.
- Avaliar o sitio de inserção e trocar o local de acesso na presença de sinais flogísticos,
presença de sangramento, queimadura, dor ou extravazamneto.

Recomendações gerais:

1. Pomada antimicrobiana em sitio de inserção é limitada p/ cateteres de hemodiálise, após


cada sessão de diálise.
2. Pode-se usar pomadas contendo PVPI 10% ou polisporina tripla. Não deve-se usar
pomada de mupirocina.
3. Uso de dânulas (torneirinhas): trocar junto o sistema de infusão, deve ser de luerlock, as
entradas devem ser cobertas com tampas estéreis de uso único, a desinfecção dos
conectores deve ser feita antes de cada acesso ou manipulação com solução antisséptica
a base de álcool.
4. Troca de conectores das dânulas, equipamentos e dispositivos complementares: devem
ser trocados sempre nas trocas dos cateteres venosos.
5. Equipos de infusão continua não devem ser trocados em intervalos < 96h.
6. Equipos de infusão intermitente devem ser trocados a cada 24h
7. Equipo e dispositivo complementar de NPT devem ser trocados a cada bolsa de nutrição;
equipo deve ser isento de DEHP. A via para NPT deve ser exclusiva. Deve-se trocar a
cada 12h infusões lipídicas;
8. O equipo utilizado p/ administração do propofol (junto com o frasco) deve ser trocado a
cada 6-12h;
9. Deve-se trocar o equipo e dispositivo complementar da administração de
hemocomponentes a cada bolsa.
10. Deve-se trocar a cada 96h equipos de sistema fechado de monitorização hemodinâmica e
PAI
11. A limpeza e desinfecção da superfície das bombas de infusão devem ser feitas a cada 24h
e na troca do paciente.

PREVENÇÃO DE INFECÇÃO DO TRATO RESPIRATÓRIO

Os pacientes internados e, especialmente, os pacientes em VM são um grupo de


risco aumentado para pneumonia por três fatores: (1) diminuição das defesas do paciente; (2)
risco elevado de ter as vias aéreas inoculadas com grande quantidade de material
contaminado; (3) presença de microrganismos mais agressivos e resistentes aos
antimicrobianos no ambiente, superfícies próximas, materiais dessa forma colonizando o
próprio paciente. A diminuição da defesa pulmonar pode estar relacionada a várias
causas, como p. ex., neoplasias, doenças pulmonares agudas ou crônicas, doenças
autoimunes, uso de imunossupressores.
• Fatores que predispõem a ocorrência de PAVM: rebaixamento do nível de consciência;
aspirações, nebulizações e inalações realizadas com material contaminado; manipulação
descuidada com o circuito do ventilador (água condensada);

• Fatores de risco para PAVM: administração de agentes antimicrobianos; admissão em UTI


ou presença de doença pulmonar crônica de base; IOT, utilização de SNG/SNE, posição
supina; coma; procedimentos cirúrgicos envolvendo cabeça, pescoço, tórax e abdome
superior; uso prolongado de VM, fatores relacionados ao paciente (extremos de idade,
desnutrição, condições de base graves, imunossupressão).

• Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM): definida como pneumonia em


paciente em VM por um período > 2 dias de calendário (sendo D1 o dia do início da VM) e
que na data da infecção o paciente estava em VM ou o ventilador mecânico havia sido
removido no dia anterior. A PAVM é principalmente de origem aspirativa; a principal fonte
são as secreções das vias aéreas superiores, seguida pela inoculação exógena de material
contaminado ou pelo refluxo do TGI. Critérios diagnósticos de pneumonia relacionada à
assistência à saúde, associada ou não à VM: p. 54-57 (caderno 2).

MEDIDAS PARA PREVENÇÃO

• Manter decúbito elevado (30-45º) – reduz a incidência de PAVM, especialmente em


pacientes recebendo nutrição enteral; também melhora os parâmetros ventilatórios em
comparação à posição supina.

• Adequar diariamente o nível de sedação e o teste de respiração espontânea – a


diminuição do nível de sedação e do tempo de sedação podem contribuir para um menor
tempo de IOT e possivelmente menor mortalidade.

• Aspirar a secreção subglótica rotineiramente – o tubo endotraqueal facilita a colonização


bacteriana da árvore traqueobrônquica e predispõe à aspiração da secreção contaminada
pela diminuição do reflexo de tosse, acúmulo de secreção acima do balonete e a própria
contaminação do tubo.

• Fazer higiene oral com antissépticos – a utilização de clorexidina 0,12% para higiene oral
é classificada como medida de efeito moderado.

• Fazer uso criterioso de bloqueadores neuromusculares (BNM) – esses fármacos são


indicados para IOT e durante a VM a fim de eliminar o assincronismo com o respirador em
pacientes com insuficiência respiratória grave ou para reduzir o risco de desintubação
acidental devido à via aérea instável. os BNM deve ser usados preferencialmente nas
primeiras 48h nos quadros de SARA, complicações associadas ao uso de BNM incluem
perda da capacidade de despertar diário, risco de desconexão do ventilador ou das vias
aéreas, efeitos cardiovasculares ou autonômicos, etc. Uso criterioso de BNM está limitado
às indicações clinicas como asma grave e síndrome compartimental abdominal.

• Dar preferência por VMNI – indicada como estratégia ventilatória para evitar IOT em um
grupo especifico de pacientes, bem como parte do processo de desmame. As vantagens
desta modalidade incluem manutenção das barreiras naturais de proteção da via aérea,
diminuição da necessidade de assistência ventilatória, de sedação e do tempo de
internação na UTI. Esta modalidade está contraindicada em casos de necessidade de IOT
emergência e parada cardíaca ou respiratória.

• Cuidados com o circuito do ventilador – o circuito só deve ser trocado quando em mau
funcionamento e na presença de sujidades visíveis.
• Cuidados com os umidificadores – o sistema de umidificação deve ser substituído
quando em mau funcionamento ou visivelmente contaminado.

• Cuidados com o sistema de aspiração – o uso de sistema de aspiração fechado é o mais


indicado, principalmente em pacientes infectados com patógenos multirresistentes ou M.
tuberculosis. O sistema de aspiração fechado reduz a possibilidade de contaminação
ambiental, diminui custos. Recomenda-se a troca do sistema fechado de aspiração a cada
72h ou quando houver sujidade ou mau funcionamento.

• Evitar extubação não programada (definida como a necessidade de reintubação nas


primeiras 24h após a retirada da VM) e reintubação;

• Monitoramento da pressão do cuff – a pressão deve permanecer entre 18-22 mmHg ou


25-30 cmH2O (quando utilizado medidos de cuff). Evitar pressões maiores que 22 mmHg ou
30 cmH2O.

• Dar preferência para intubação orotraqueal (intubação nasotraqueal aumenta o risco de


sinusite);

• Cuidados com inaladores e nebulizadores – recomenda-se a troca a cada 24h.


Inaladores, nebulizadores, tendas e reservatórios devem ser submetidos a limpeza, e, no
mínimo, desinfecção de nível intermediário.

• Cuidados com SNE – a sonda na posição pós-pilórica favorece os pacientes que


necessitam de posição prona para VM, pacientes queimados, aqueles com lesão cerebral
grave e PIC elevada.

• Processamento de produto de assistência respiratória – os produtos classificados como


críticos, devem ser submetidos a esterilização após adequada limpeza. Já os produtos de
classificados como semicríticos, devem ser submetidos a limpeza e, no mínimo, desinfecção
de nível intermediário.

• Outras medidas: mobilidade precoce, estratégia protetora de VM (VC=6mL/kg predito pela


estatura) visando manter PaCO2 entre 35-45 mmHg, associado a níveis de PEEP suficiente
para garantir adequada troca gasosa, com modo ventilatório VCV ou PCV. Controle do
biofilme, hidratação das mucosas peribucal e bucal, avaliação diagnóstica pelo dentista, etc.

• Medidas NÃO recomendadas: profilaxia da úlcera de estresse e a profilaxia de TVP;


descontaminação digestiva seletiva; traqueostomia precoce; ATB profilática para PAVM.

PREVENÇÃO DE ITU

ITUS relacionadas a IRAS:

• ITU relacionada à assistência à saúde associada a cateter vesical (ITU-AC): qualquer


ITU em paciente em uso de CVD instalado por um período > 2 dias calendário (D1 é o dia
da instalação) e que na data da infecção estava com o cateter ou este havia sido removido
no dia anterior.

• ITU relacionada à assistência à saúde não associada a cateter (ITU-NAC): qualquer ITU
em paciente que não esteja em uso de CVD, na data da infecção ou na condição que o
cateter tenha sido removido, no mínimo, há mais de 1 dia calendário antes da data da
infecção.
• Outras infecções do sistema urinário (ISU): ITU não relacionada a procedimento
urológico diagnosticada após a admissão em serviço de saúde que não está em seu período
de incubação no momento da admissão. Compreendem as infecções do rim , ureter, bexiga,
uretra e tecidos adjacentes.

• Técnica de inserção do cateter urinário – página 45 (caderno 4)

MEDIDAS BÁSICAS PARA PREVENÇÃO DE ITU:

• Evitar inserção de CVD: inserir CVD no paciente apenas nas indicações apropriadas;
realizar protocolos de sondagem, incluindo as situações perioperatórias; implantar
protocolos escritos de uso, inserção com técnica asséptica e manutenção do cateter; a
inserção do cateter urinário deve ser realizada por profissionais capacitados e treinados;

• Remoção oportuna do cateter vesical: revisar a necessidade da manutenção do cateter;


lembretes padrão distribuídos no prontuário; implantar visita diária com médico e enfermeiro
revisando a necessidade da manutenção do cateter.

• Lembra-se das alternativas: Condom e cateter vesical intermitente.

• Técnica asséptica para inserção do cateter; fixação correta para evitar tração ou
movimentação (homem – região do hipocôndrio; mulher região da face interna da coxa).

• Manutenção do cateter urinário: treinar a equipe em relação à prevenção de ITU-AC;


manter o sistema de drenagem fechado e estéril; trocar todo o sistema quando ocorrer
desconexão, quebra da técnica asséptica ou vazamento; manter o fluxo de urina
desobstruído; esvaziar a bolsa coletara regularmente; manter sempre a bolsa abaixo da
bexiga; não realizar irrigação do cateter com antimicrobianos nem usar de antissépticos
tópicos ou ATB aplicados ao cateter, uretra ou meato uretral;

• Assegurar equipe treinada e recursos que garantam a vigilância do uso do cateter e


de suas complicações: estabelecer rotina de monitoramento e vigilância; desenvolver
protocolo de manejo de retenção urinária no PO, incluindo cateterização intermitente e USG.

• Estratégias que NÃO DEVEM ser feitas: não usar rotineiramente cateter impregnado com
prata ou outro ATB; não monitorar rotineiramente a bacteriúria assintomática em pacientes
com cateter; não tratar bacteriúria assintomática, exceto antes de procedimento urológico
invasivo; evitar irrigar o cateter; não usar instalação rotineira de soluções antisséptica ou
antimicrobiana em sacos de drenagem urinária; na presença de obstrução por coágulos,
muco proceder a irrigação com sistema fechado; não utilizar de r ATB como profilaxia; não
trocar cateteres rotineiramente. A bacteriúria assintomática não necessita de tratamento,
porém, pacientes grávidas, transplantados de rim, crianças com refluxo vesicureteral,
pacientes com cálculos infectados e pacientes submetidos a cirurgias urológicas, deverão
ser avaliados para possível tratamento.

REFERÊNCIAS:

1. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à


Assistência à Saúde. Brasília: Anvisa; 2017.

2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Critérios Diagnósticos de Infecção Relacionada à


Assistência à Saúde. Brasília: Anvisa; 2017.

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