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Técnicas Utilizadas

em
Química Forense

Bruno Lemos Cons


Balística Forense
• Espectrometria de fluorescência de raios-X (XRF)

A espectrometria de fluorescência de raios-X baseia-se na emissão de raios fluorescentes


pela amostra a ser analisada por meio da excitação eletrônica. A técnica utiliza um
espectrômetro de fluorescência de raios-X para gerar as informações, que é um aparato
constituído por uma fonte responsável pela excitação, o local de inserir a amostra, o
sistema de dispersão, o mecanismo de detecção e o processador dos dados.

• Espectrometria de massas com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS)

A espectrometria de massa com fonte de plasma indutivamente acoplado (ICP-MS) é uma


técnica analítica bastante sensível para análise multielementar e isotópica. É usada para
determinação de elementos em razão da massa/carga do íon. O princípio da técnica é: os
íons gerados no plasma são introduzidos no espectrômetro de massa, os quais são
separados em função da razão massa/carga, sob ação de campos elétricos e magnéticos
que modificam as suas trajetórias.
Microscopia Eletrônica de Varredura por Raios-x (MEV-EDX)

A técnica de microscopia eletrônica de varredura (MEV) baseia-se na interação da amostra


a ser analisada com os feixes de elétrons, que é responsável por produzir a imagem
desejada. O microscópio eletrônico de varredura (MEV) funciona da seguinte maneira: há a
emissão de feixes de elétrons (eletrodo negativo) por um filamento capilar de tungstênio.
Por efeito termiônico, os elétrons são acelerados em direção ao ânodo, passando por lentes
condensadoras e por uma lente objetiva, responsável por focalizar sobre a amostra. A
amostra é varrida pelos dois estágios de bobinas eletromagnéticas existentes acima da
lente objetiva.
DETECÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE RESÍDUOS
O Exame Residuográfico de Disparo de Armas de Fogo

Uma arma de fogo é considerada uma máquina térmica, sendo constituída pelo aparelho arremessador
ou arma propriamente dita, pela carga de projeção (pólvora) e pelo projétil.

Com a combustão da pólvora, que ocorre pela “chama iniciadora” proveniente da espoleta, o projétil
é lançado para fora do cano. A força com que é projetado depende da qualidade da combustão. A
combustão da pólvora gera um volume de gases, que gera uma pressão que impele o projétil pelo
cano da arma.

A expansão dos gases ocorre na região anterior do cano da arma, orientada para a frente e na região
posterior da arma, em decorrência da presença de orifícios na culatra (em revólveres) ou do extrator
(no caso de pistolas). É o fluxo de gases emitido pela região posterior da arma que atinge a mão do
atirador, sendo chamado de vestígios ou resíduos de arma de fogo.
Os resíduos de tiro (GSR), do inglês Gun shot residue, são produzidos em todo crime em
que tenha ocorrido um disparo de arma de fogo. Representam um conjunto complexo de
compostos orgânicos e inorgânicos, ou seja, elementos metálicos oriundos do cano (Fe), do
estojo (Cu, Zn, Ni), do projétil (Pb, Sb), do iniciador (Pb, Ba, Sb) e da pólvora (orgânicos).

Porém, não pode ser detectado a olho nu e, portanto, necessita de técnicas de laboratório
para sua revelação. Esses resíduos de tiro, quando presente nas mãos, apresentam um tempo
de vida curto. Dessa forma, a coleta precisa ser feita o mais rápido possível para não
comprometer o andamento das investigações
A coleta dos resíduos dos disparos é realizada nas seguintes regiões da mão do atirador: a
palma, o dorso e a região palmar (Pinça-Palmar) e dorsal (Pinça-Dorsal) dos dedos polegar e
indicador.

O procedimento de coleta independe do tipo de análise dos resíduos. Utiliza-se cotonetes


ou swabs embebidos em solução diluída de EDTA (Ácido etilenodiaminotetracético) a 2% ou
outra solução complexante por um período de dois minutos. Após esse período, esses
cotonetes são esfregados nas quatro regiões distintas da mão do possível atirador por um
minuto.
As extremidades dos cotonetes ou swabs são armazenadas em tubos devidamente
identificados e então levados aos laboratórios para que possam ser analisados. A realização
dos testes de detecção de resíduos de armas de fogo surgiu com a necessidade de
determinar se um indivíduo foi ou não o responsável pelos disparos em um crime sob
investigação.

Espectrometria de Absorção atômica sem chama (Flameless Atomic Absorption


Spectrometry) – FAAS

A técnica da espectrometria de absorção atômica sem chama (FAAS) baseia-se no


aquecimento a elevadas temperaturas com o objetivo de romper as ligações das moléculas
presentes na amostra. Dessa forma, os átomos em seu estado elementar são analisados e
avaliados pela capacidade de absorção de radiação.

A presente técnica representa uma possibilidade de detecção de Bário, Antimônio e


Chumbo, sendo de simples execução, alta sensibilidade e, acima de tudo, baixo custo.
Porém, apresenta como desvantagem a impossibilidade de detecção dos elementos que
estão na mesma partícula.
Microscopia Eletrônica de Varredura por Raios-x (MEV-EDX)

É uma técnica que produz imagens com alta ampliação (até 300.000x) e resolução. As
imagens fornecidas são virtuais, pois o que é exibido no monitor do aparelho é a
transcodificação de ondas energéticas emitidas. A técnica de microscopia eletrônica de
varredura (MEV) baseia-se na interação da amostra a ser analisada com os feixes de
elétrons, que é responsável por produzir a imagem desejada.

O microscópio eletrônico de varredura (MEV) funciona da seguinte maneira: há a emissão


de feixes de elétrons (eletrodo negativo) por um filamento capilar de tungstênio. Por efeito
termiônico, os elétrons são acelerados em direção ao ânodo, passando por lentes
condensadoras e por uma lente objetiva, responsável por focalizar sobre a amostra. A
amostra é varrida pelos dois estágios de bobinas eletromagnéticas existentes acima da
lente objetiva.

O EDX (energy disperse x-ray detector, EDX ou EDS) é um acessório que mede a energia
associada a cada elétron. Dessa forma, o uso em conjunto do MEV e do EDX permite uma
identificação mais precisa de que mineral está sendo analisado, já que cada elétron de
determinado átomo apresenta energia específica. As imagens geradas pelo MEV-EDX
apresentam excelente nitidez. Dessa forma, a utilização de um microscópio eletrônico de
varredura equipado com capacidade de análise EDX fornece resultados que combinam
detalhes da morfologia e da composição elementar de partículas individuais de GSR.
Revelações de Impressões Digitais
A Papiloscopia é a ciência responsável pela identificação por meio das papilas dérmicas. As
papilas dérmicas são reentrâncias que representam o local de contato entre a derme e a
epiderme. As papilas são irrigadas e apresentam receptores sensoriais.

A Papiloscopia é, portanto, baseada na perenidade, individualidade, viabilidade e


imutabilidade das papilas dérmicas:

• Perenidade: As papilas dérmicas apresentam a capacidade de resistir à ação do tempo;


• Individualidade: As papilas dérmicas são específicas de indivíduo para indivíduo;
• Viabilidade: O estudo das papilas dérmicas é viável às práticas periciais, pelo seu baixo custo
e fácil operacionalização;
• Imutabilidade: As papilas dérmicas não variam com o passar do tempo.
Datiloscopia
• O uso das impressões digitais na identificação humana remonta à pré-história. Em geral,
essas marcações eram feitas em argila, reproduzindo principalmente as extremidades digitais.

• Após isso, várias descobertas tiveram importância no campo das impressões digitais e vários
sistemas de identificação por meio destas foram propostos. Porém, em 1891, Juan Vucetich
apresentou o novo sistema de identificação, que ficou conhecido como Iconofalangometria.

O processo datiloscópico divide-se em:

a) Monodatilar

É quando se refere à impressão digital de um só dedo.

b) Decadátilar

É quando se trata da impressão do conjunto dos 10 dedos.


Os desenhos papilares estão presentes desde a vida embrionária e só desaparecem com a
putrefação corporal, ocorrida após a morte. Os desenhos são expressos em datilogramas
que podem ser divididos de três formas:

• Datilogramas naturais: são aqueles realizados diretamente pelo auxílio da lupa.

• Datilogramas artificiais: são aqueles realizados de forma artificial, ou seja, com o


auxílio de meios gráficos de impressão. Um exemplo é a ficha datiloscópica.

• Datilogramas acidentais: são aqueles encontrados acidentalmente nos locais de crime.


Há quatro tipos de desenhos fundamentais que servem de base para toda a classificação
datiloscópica. Esses desenhos são baseados na presença de duas características: o delta e as
linhas do sistema nuclear.
Diante disso, os quatro tipos de desenhos fundamentais e suas características são: arco,
presilha interna, presilha externa e verticilos. Esses tipos apresentam a seguinte
denominação de acordo com os dedos:
1. Arco (A – polegar; 1 – demais dedos)
Características do Arco:

I) Ausência de delta;

II) As linhas atravessam o campo da impressão de um lado para o outro, assumindo forma
abaulada.
Presilha interna (I – polegar; 2 – demais dedos)

Características da Presilha Interna:

I) Um delta à direta do observador;

II) As linhas nucleares ocorrem para a esquerda do observador.


Presilha externa (E – polegar; 3 – demais dedos)

Características da Presilha Externa:

I) Um delta à esquerda do observador;

II) As linhas nucleares ocorrem para a direita do observador.


Verticilo (V – polegar; 4 – demais dedos)

Características do Verticilo:

I) Apresenta dois deltas: um à direita e outro à esquerda do observador;

II) As linhas nucleares ficam encerradas entre dois deltas.


As impressões digitais podem ser:

• Impressões latentes (IPL): são as impressões formadas por óleo ou secreções de suor depositadas pelo
dedo de uma pessoa quando esta toca determinada superfície ou objeto. São invisíveis a olho nu e
necessitam de técnicas que as faça visíveis.

• Impressões visíveis: são formadas quando o dedo do criminoso está contaminado com algum tipo de
fluido. Daí é deixada uma marca visível.

• Impressões plásticas ou moldadas: são formadas quando a impressão do dedo é deixada em uma
substância macia. Raras de serem encontradas nas cenas de crime.

Nas técnicas de revelação de impressões digitais são utilizados reveladores. Os reveladores reagem com
os produtos liberados no suor.
A técnica do pó
Na revelação de impressões digitais utilizando
a técnica do pó são utilizados diversos tipos
de pó. A escolha depende da superfície
avaliada, das condições climáticas e da
experiência do perito. O pó pode ser aplicado
com o auxílio de um pincel com cerdas
macias, spray de aerossol e aparato
eletrostático
Vapor de Iodo
O iodo tem a capacidade de sublimar, para isso necessita
absorver calor. O vapor gerado por essa mudança
apresenta a coloração marrom amarelada. O princípio da
técnica de revelação utilizando o vapor de iodo está
relacionado a essa mudança de estado. Coloca-se o
material a ser examinado em um saco plástico selado
junto a cristais de iodo. Agita-se o saco, movimento
suficiente para gerar calor no microambiente. Ocorre,
dessa forma, a sublimação e o vapor reagem com a
impressão digital latente por meio de uma absorção
física.

É uma técnica extremamente simples e indicada para


avaliação de pequenos objetos. Apresenta a vantagem de
não danificar o vestígio, portanto, pode ser realizada
antes de outras técnicas.
Nitrato de Prata
É uma técnica bastante utilizada e baseia-se na reação do nitrato de prata com os íons
cloreto presentes nas secreções do suor e consequentemente nas impressões digitais.

O princípio da técnica consiste em imergir a superfície a ser analisada em um recipiente


contendo solução 5% de nitrato de prata (AgNO3(aq)) por 30 segundos. O cloreto de prata
(AgCl(ppt)) originado é insolúvel em água, ou seja, é um precipitado. Após esse
procedimento, a superfície deve ser colocada em câmara escura para secagem. Depois,
deve ser deixada ao sol para que o íon prata seja reduzido à prata metálica, revelando a
impressão digital sob um fundo negro. Deve-se fotografar a impressão digital antes que
toda a superfície escureça.
Ninidrina
A ninidrina é uma substância que apresenta afinidade por compostos orgânicos como
proteínas e aminoácidos. O princípio é o seguinte: é feita uma solução de 0,5 g de
ninidrina com 30 ml de etanol. Deve-se borrifar a solução na superfície a ser analisada,
sempre mantendo uma distância de segurança de aproximadamente 15 cm. Esse
procedimento deve ser repetido o número de vezes necessárias para a visualização da
impressão.

A impressão, caracterizada pela cor púrpura, só aparecerá quando a superfície estiver


completamente seca.
Sangue
Quanto à presença de sangue na cena de um crime há três situações possíveis de ocorrer:

I) O sangue/mancha de sangue encontra-se visível;

II) O sangue/mancha de sangue encontra-se invisível;

III) O sangue /mancha de sangue foi removida pelo criminoso, portanto, considerada
também invisível.

O tipo de mancha de sangue deixada como vestígio vai depender do tipo de ferimento em
questão
Testes colorimétricos presuntivos
1. Reagente de Kastle-Meyer
A amostra de sangue coletada deve ser macerada com 1
ml de água destilada ou hidróxido de amônio
concentrado. Duas gotas do macerado são colocadas em
um tubo de ensaio junto com duas gotas do reagente e
duas de peróxido de hidrogênio a 5 %.

Reagente de Kastle-Meyer:
• 0,1 g de fenolftaleína;
• 2,0 g de hidróxido de sódio (sob a
forma de pellet);
• 2,0 g de pó de zinco metálico;
• 10 ml de água destilada.

Caso a amostra contenha sangue, haverá a decomposição do peróxido em água e oxigênio. O


oxigênio liberado promoverá a mudança de cor da fenolftaleína. É essa mudança de cor que
evidencia ao perito que a amostra contém sangue. É um teste de sensibilidade de
1/1.000.000.
2. Reagente de Adler- Ascarelli ou Benzidina

A amostra coletada deve ser macerada em 1 ml de água destilada ou ácido acético glacial.
Colocam-se duas gotas do macerado em um tubo de ensaio juntamente com duas gotas
do reagente e duas de peróxido de hidrogênio. Caso a amostra contenha sangue, o
oxigênio liberado irá oxidar a benzidina fazendo com que haja o aparecimento da
coloração azul.

A sensibilidade desse teste é de 1/ 2.000.000.


3. Reagente de Luminol

O luminol produz uma reação quimioluminescente em solução básica quando em contato


com o sangue. A vantagem da utilização do luminol é que ele é capaz de reagir com
quantidades ínfimas de sangue, mesmo se já tenha passado longos períodos ou se tenha
sido realizada a remoção prévia pelo criminoso. A sensibilidade do teste pode chegar a 1/
1.000.000.000.

Hoje, há kits especiais no mercado facilitando a vida dos peritos na revelação de manchas
de sangue.
Reações confirmatórias

Cristais de Teichmann

Os cristais de Teichmann são a forma química particular da heme, cujo átomo de ferro está
oxidado. São cristais rômbicos ou prismáticos, isolados ou agrupados de cor castanho-
escuros. Podem formar-se no sangue quando adicionado um reagente de Bertrand, assim
confirmam que a amostra é sangue.

É visto em lâmina ao microscópio

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