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Fonte: “DIAGNÓSTICO PRECOCE: SINAIS E SINTOMAS DE com sintomas inespecíficos, semelhantes às doenças
ALERTA PARA O CÂNCER NA CRIANÇA E NO comuns da infância, pode levar a retardo no diagnóstico
ADOLESCENTE” da Sociedade Brasileira de Pediatria. e no início do tratamento apropriado. Infelizmente no
Brasil, baseado nos dados dos registros de câncer
Livros: Hoff, Bogliolo, Robbins e Tratado de Pediatria, da atualmente consolidados, muitos pacientes ainda são
SBP, 4ª edição encaminhados aos centros de tratamento com a doença
Sites do INCA, oncoguia e unicamp em estádio avançado. Neste sentido, é importante a
detecção precoce da doença, melhorando assim as
“O diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil e a chances de cura, a sobrevida e a qualidade de vida do
atenção básica” do Instituto Ronald McDonald paciente/família. O pediatra tem papel essencial na
suspeita diagnóstica do câncer, sendo assim
Objetivo 1: A importância da fundamental que os pais ou responsáveis realizem as
consultas pediátricas regulares com seus filhos/filhas,
atenção primária no diagnóstico
visando o diagnóstico precoce da doença, bem como o
precoce de câncer infantil
encaminhamento para os centros oncológicos
A atenção básica é caracterizada como porta de entrada pediátricos de referência.
preferencial do SUS. Assim, sua articulação cm outros
pontos da rede de saúde é primordial para a atenção Quais são os sinais e sintomas de alerta
integral dos usuários. para o câncer?
A atenção básica integra e articula a RAS, Reflexo branco na pupila (menina dos olhos) que
interconectando serviços que são ofertados de forma
pode ser visível no dia a dia, ou em fotografias. A
fragmentada. Para que a AS possa articular a RAS, é
preciso que a equipe reconheça as demandas da saúde coloração normal do reflexo é avermelhada;
da população sob sua responsabilidade. Desse modo, os Estrabismo (olho vesgo), que surge
profissionais da AB devem estar aptos a reconhecer os repentinamente;
sinais e sintomas que podem indicar o câncer Aumento de volume em qualquer região do corpo
infantojuvenil e realizar a adequada referência aos (caroços ou inchaços), principalmente indolor e sem
serviços de média e alta complexibilidade. febre, com ou sem sinais de inflamação, como dor
Além do diagnóstico precoce, a atenção básica também ou vermelhidão: pode sugerir crescimento tumoral e
deve estar apta para fornecer cuidados nas alterações necessitar avaliação;
físicas, psicológicas e sociais impostas pela doença, tanto Manchas roxas pelo corpo em regiões pouco
o paciente quanto a família. Os profissionais da AB são
frequentes. Enquanto que manchas roxas nas pernas
responsáveis pela orientação da família sobre o
diagnóstico e tratamento do câncer infantojuvenil. são frequentemente associadas a trauma (batida),
manchas no tórax, costas ou até mesmo abdome
devem chamar atenção, principalmente quando não
Objetivo 2: Sintomas de alerta associadas a algum tipo de traumatismo;
para o diagnóstico precoce do Dores persistentes: nos ossos, nas articulações e
câncer infantojuvenil nas costas. Fraturas, sem trauma;
Sinais precoces de puberdade: acne, voz grave,
Os tumores malignos nas crianças e nos adolescentes
ganho excessivo de peso, pelos pubianos ou
crescem mais rapidamente do que os dos adultos e
aumento do volume mamário nas meninas com
tornam-se invasivos, porém, respondem melhor ao
menos de 8 anos de idade e nos meninos com
tratamento. Diferentemente do adulto, o câncer na
menos de 9 anos de idade devem ser avaliados pelo
criança e no adolescente geralmente afeta as células do
pediatra;
sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação,
Cefaleia persistente e progressiva, (em especial
enquanto que, no adulto, compromete as células do
pela manhã ou com piora ao longo dos dias)
epitélio, que recobre os diferentes órgãos.
associada ou não a vômitos, alterações ao caminhar,
Nas crianças e adolescentes os cânceres mais frequentes desequilíbrio ou alterações na fala, além de perda
são as leucemias, os tumores do sistema nervoso central de habilidades desenvolvidas (por exemplo, a
e os linfomas. criança deixa de ficar em pé, piora da letra) e
alterações no comportamento;
Febre prolongada, perda de peso, palidez ou b) linfócito B: célula tronco dá origem à celula linfoide
cansaço persistente inexplicados. comum, que se diferencia em linfoblasto, que se
Palidez, hematomas ou sangramento. diferencia em pró linfócito B, que dará origem aos
linfócitos B.
Crianças com LLA e invasão de SNC ao diagnóstico A hipodiploidia (< 45 cromossomos) está presente em
(SNC3) têm maior risco de falha terapêutica quando menos de 1% das crianças com LLA. São pacientes com
comparadas àquelas sem invasão. Pacientes com SNC2 grandes chances de falha terapêutica, que pioram
têm risco maior de recidiva em SNC, fato que depende conforme diminui o número de cromossomos, com
do esquema terapêutico aplicado. Qualquer fator que perspectiva de sobrevida ao redor de 38,5% ± 4,4%.
aumente o risco de recaída na situação de SNC2 pode e) Velocidade de resposta ao tratamento: O
ser superado com a aplicação de quimioterapia desaparecimento das células leucêmicas do sangue no
intratecal mais intensiva oitavo dia de tratamento e da medula óssea no 15o e
A punção lombar traumática ao diagnóstico leva blastos 35o dia de tratamento, mensurado por técnicas de
ao SNC, e parece estar associada a um pior prognóstico. citologia, citometria de fluxo real-time PCR é importante
fator na definição do risco de recaída da doença.
d) Sexo e raça: O prognóstico das meninas é levemente
melhor que o dos garotos em alguns estudos. A f) Grupos de risco: São classificados como de risco básico
sobrevida de crianças negras ou latinas é levemente (ou baixo risco de recaída) aqueles pacientes com idade
pior. Essa controvérsia talvez se deva ao esquema entre um e nove anos e que apresentam uma
terapêutico empregado. Crianças asiáticas e caucasianas leucometria menor que 50.000/mm³ ao diagnóstico. Os
têm maior sobrevida, mas a causa não é bem conhecida demais são classificados como de alto risco para recaída.
e nem pode ser explicada pelos reconhecidos fatores de Tratamento
prognóstico.
Indução da remissão
e) Características da célula leucêmica Nessa fase, o objetivo é eliminar mais de 99% das células
Imunofenotipagem: A imunofenotipagem é essencial leucêmicas e restaurar a hematopoese normal e o
para o diagnóstico de LLA, pois permite a determinação estado clínico do paciente. Geralmente, essa fase inclui
da linhagem celular, do estágio de diferenciação e da o uso de glicocorticoides (dexametasona, prednisona),
origem clonal da célula leucêmica. É útil também para vincristina e pelo menos um terceiro agente, como a
acompanhar a resposta terapêutica e o desaparecimento asparaginase ou uma antraciclina, ou ambos. O uso de
do clone leucêmico durante o tratamento. Atualmente, pelo menos três ou mais drogas na fase de indução evita
utiliza-se o citômetro de fluxo e anticorpos monoclonais o surgimento de células resistentes e resulta em melhora
para se determinar os antígenos celulares característicos na sobrevida.
de cada grupo imunofenotípico das leucemias. A dexametasona é mais eficiente que a prednisona na
Os linfoblastos da LLA podem ser de linhagem linfoide B prevenção de recaídas isoladas em SNC em pacientes de
ou T, em vários estágios de diferenciação: pró-B, pré-B, baixo risco, mas causa maior toxicidade a curto e longo
pré-B de transição, B madura e T. prazo.
Os pacientes com LLA B-derivada e idade entre um e A fase de indução resulta em remissão completa da
cinco anos têm sobrevida livre de eventos ao redor de doença em aproximadamente 98% das crianças tratadas.
80%. Para os pacientes com LLA T-derivada, o
Intensificação e consolidação tardia
prognóstico não tem relação com a idade e a sobrevida
Essa fase se inicia quando a hematopoese é restaurada
livre de eventos é de aproximadamente 58% na referida
e muito contribui para a melhora da sobrevida livre de
faixa etária entre um e cinco anos.
eventos. Methotrexate em altas doses e 6-
Citogenética e genética molecular: A presença de mercaptopurina, altas doses de asparaginase e
determinadas translocações nas células leucêmicas tem esquemas semelhantes à indução são utilizados.
implicações no prognóstico e pode ser utilizada para
definir um grupo de pacientes que requer tratamento
Manutenção
Após a intensificação, os pacientes com LLA devem
mais agressivo.
receber terapia de manutenção por 18 a 30 meses,
constituída da combinação de 6-mercaptopurina e correspondem a um risco estimado de 1,52 casos novos
methotrexate, administrados à máxima tolerância. A a cada 100 mil homens e de 0,95 para cada 100 mil
inclusão de “pulsos” periódicos de vincristina e mulheres.
glicocorticoides durante a fase de manutenção aumenta
O linfoma de Hodgkin pode acometer tanto crianças
a sobrevida de crianças de baixo risco tratadas com
como adultos, mas é mais comum no início da idade
protocolos que não incluem uma intensificação tardia.
adulta (especialmente na faixa dos 20 anos). O risco de
Transplante alogênico de medula óssea linfoma aumenta novamente no final da vida adulta
Essa modalidade terapêutica poderia beneficiar alguns (após os 55 anos). Em geral, a idade média do
pacientes de muito alto risco, como aqueles com a fusão diagnóstico é 39 anos.
BCR-ABL, rearranjos 11q23, lactentes menores de 12 O linfoma de Hodgkin é raro em crianças de até 5 anos.
meses com leucometria > 100.000/mm³ ou CD10 Mas é o câncer mais comumente diagnosticado em
negativo, leucemia T de alto risco ou os doentes com
adolescentes entre 15 e 19 anos.
falha de resposta ao início do tratamento.
Imunofenotipagem
As células HRS podem ser caracterizadas por marcadores
linhagem-específicos, marcadores de ativação e fatores
de transcrição. Um painel de anticorpos mínimo que
geralmente resulta num diagnóstico confiável de LH
clássico inclui CD15, CD30, CD20 e CD3. Em
aproximadamente 85% dos casos, CD15 é positivo,
enquanto CD30 é expresso quase universalmente.
No LH clássico, os marcadores linfoides podem ser
negativos, e, caracteristicamente, as células são CD45–
e CD30/CD15+. O LH com predomínio linfocitário
nodular é doença indolente, com células RS do tipo
linfocítico-histiocítico que, imunofenotipicamente,
expressam marcadores de células B e do antígeno
leucocitário comum (CD45), diferentemente do tipo
clássico.
A maioria dos marcadores de linhagem B estão ausentes,
porém o CD20 é fracamente expresso em cerca de 50%
dos casos de LH clássico.
Assim, as células HRS possuem núcleo uni ou Manifestações clínicas
multilobulado, com, além de nucléolo grande e
eosinófilo e citoplasma abundante. Positivo para CD30 e Os LH originam-se praticamente apenas em linfonodos,
CD15, ou na membrana ou Golgi, possivelmente positivo diferente do Não Hodgkin, que é sistêmico. Em geral, os
para CD20 e EBV. linfonodos mais comprometidos são os cervicais,
embora os linfomas possam iniciar-se em qualquer
Linfoma de Hodgkin clássico rico em cadeia linfonodal. Os linfonodos comprometidos
linfócitos (LHCRL) apresentam aumento da consistência à palpação,
Destaca-se uma abundância de linfócitos normais, com redução da mobilidade, diminuição ou ausência de dor e
as células malignas encontradas em meio a um sensibilidade à manipulação. Em geral, o volume do
ambiente rico em células B nas zonas do manto e órgão aumenta progressivamente, embora às vezes
marginal de folículos reativos. lentamente.
As células neoplásicas têm o fenótipo clássico da célula Uma das primeiras manifestações da doença é aumento
HRS, porém são menores e podem ser confundidas com de um único grupo de linfonodos, geralmente na região
células LP, por isso a importância da avaliação cervical. Os linfonodos apresentam superfície de corte
imunoistoquímica para o diagnóstico preciso. homogênea e com consistência macia, tornando-se
Clinicamente, o LHCRL difere do LHCEN por raramente mais firme com o aumento da proliferação fibrosa. Em
apresentar envolvimento mediastinal e idade mais muitos casos, os linfonodos tornam-se aderentes e, às
avançada ao diagnóstico. O prognóstico é excelente. vezes, são vistas áreas de necrose. Em jovens, é
frequente o comprometimento do mediastino,
Linfomas de Hodgkin clássicos geralmente no tipo esclerose nodular.
celularidade mista e depleção linfocitária Quando há manifestações gerais, além do aumento do
Em contraste ao LHCEN, os subtipos LHCCM e LHCDL são
tamanho dos linfonodos ou do comprometimento de
associados a classes sociais mais baixas, maior
órgãos extranodais, fala-se que o paciente apresenta
prevalência em homens, infecção latente pelo EBV nas
sintomas B. As manifestações B são importantes, pois
células neoplásicas e um padrão típico de disseminação
sua presença pode indicar prognóstico menos favorável
pelo sistema linfático, poupando o mediastino e o timo.
que nos pacientes sem elas (denominados A).
Ambos os subtipos repartem características clínicas,
epidemiológicas e biológicas, diferindo principalmente As manifestações B incluem: (a) febre, geralmente
quanto ao grau de depleção dos linfócitos normais, a vespertina, sem outra causa aparente, superior a 38º C;
histologia e o comprometimento imunológico do (b) sudorese noturna abundante; (c) perda de mais de
hospedeiro. 10% do peso em menos de seis meses, sem causa
evidente. Alguns autores incluem prurido como
O subtipo LHCCM exibe um padrão de incidência
manifestação.
bimodal, sendo responsável pela maioria dos casos de
LH clássico na infância e aumentando sua incidência a Os sintomas B aparecem, em sua maioria, nos linfomas
partir da 6ª década - padrão semelhante ao da infecção clássicos, enquanto a incidência na esclerose nodular é
pelo EBV, visto nas crianças e idosos. LHCDL e LHCCM menor que 20%.
são histologias associadas a pior prognóstico, mesmo No linfoma de Hodgkin deve haver sequenciação das
atualmente, com tratamentos mais modernos. adenopatias, ou seja, não tem como ter adenopatia
O tipo celularidade mista constitui o segundo tipo mais cervical e depois abdominal, deve ter cervical, axilar e
comum e caracteriza-se por aspecto celular abdominal, sequencia.
heterogêneo, com numerosos eosinófilos, plasmócitos,
neutrófilos e macrófagos, menor número de linfócitos e
grande quantidade de células RS. Pode ou não
apresentar fibrose difusa, irregular, não formando faixas.
Este é o tipo que mais se associa ao EBV.
Radiografia do tórax mostrando alargamento do
mediastino por massa linfonodal.
Diagnóstico
Em vista da suspeita clínica de linfoma, a conduta é o
estudo histopatológico do linfonodo aumentado ou do
órgão comprometido por meio de biópsia, que pode ser
complementada com estudos imunológicos ou
moleculares