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Cap. 9.

Metabolismo dos Lípidos

David João Horta Lopes


Metabolismo dos Lípidos

• 4 funções principais:
• São elementos da construção de fosfolipídeos e
glicolipídeos;
• Modificam as proteínas pela sua união covalente a
estes direcionando-os para os locais da membrana
• São moléculas fornecedoras de energia
• Os seus derivados servem de hormonas e
mensageiros intracelulares
(adapt. de
Campos, 1998)
Metabolismo dos Lípidos

(Koolman & Rohm, 2007)


Utilização dos Lípidos como fonte
de energia

• Os tecidos periféricos podem ter aceso às


reservas energéticas lipídicas percorrendo 3
etapas:
• Mobilização dos lípidos (retirados do tecido
adiposos e degradados a ácidos gordos e glicerol
• ácidos gordos activados e transportados para o
interior das mitocôndrias onde vão ser degradados
• degradação etapa a etapa dos ácidos gordos até à
formação de acetil CoA => ciclo de Krebs ou outros
Mobilização de
triglicerídeos
armazenados no tecido
adiposo
Lipase
Triacilglicerol (TG) → Glicerol + Ácidos gordos

Destino do glicerol:
- Síntese hepática de TG
- Conversão em dihidroxiacetona-P
(glicólise e neoglicogénese)

Destino dos ácidos gordos livres:


- Ligação com a albumina em direcção
aos vários tecidos
- A célula nervosa, os eritrócitos e a
medula suprarrenal não utilizam os
ácidos gordos livres como potencial
fonte energética
Digestão e absorção de lípidos da dieta no intestino
delgado - ácidos gordos derivados dos TG
Digestão dos lípidos alimentares

• A maior parte dos lípidos é ingerida sob a


forma de triacilgliceróis => degradação para
ácidos gordos => absorção através do epitélio
intestinal =>através da sua incorporação em
micelas formadas com ajuda dos sais biliares
=> digestão pelas lipases pancreáticas

• Doenças hepáticas (esteatorreía)=> produção


inadequada de sais biliares =>excreção de
grandes quantidades de lípidos nas fezes
Entrada de ácidos gordos nas mitocôndrias
através do transportador acil-carnitina/carnitina
Metabolismo dos Lípidos

• Degradação
(Oxidação)
=> acetil CoA
• Síntese
(reverso)

(Berg. et al.,2002)
Metabolismo dos
Lípidos

(Koolman & Rohm, 2007)


Metabolismo dos Lípidos - OXIDAÇÃO
Nos animais os ácidos gordos são ativados na membrana mitocondrial
externa mas a sua oxidação (beta-oxidação) decorre na matriz
mitocondrial

Antes de serem oxidados os ácidos gordos têm de ser ativados o que


requer energia (ATP) e ocorre na membrana mitocondrial externa por
acção da acilcoenzima A-sintetase .

Ativação precede a oxidação


(adapt. de Campos, 1998)
Reacções da
Beta-oxidação

Cada sequência gera


Acetil-coA; FADH2
e NADH

O acilcoenzima A formado, com


menos 2 átomos de carbono, entrará
(adapt. de
noutro ciclo de oxidação
Campos, 1998)
-Oxidação de ácidos gordos (mitocôndria)

(2C)

[Vários ciclos de -Oxidação]


(adapt. de Campos, 1998)
A Beta oxidação dos
ácidos gordos pode ser
representada, segundo
Lyen, por uma hélice em
que cada espira
corresponde a um
encurtamento de 2 átomos
de carbono no ácido
gordo,
(libertados sob a forma de
acetil-coA)

(adapt. de Campos, 1998)


Oxidação dos ácidos gordos
BALANÇO ENERGÉTICO=> em cada volta da espira => 4
ATP 14 ATP

Cada acetil-coA oxidado no Ciclo de Krebs => 10 ATP


 rendimento energético por cada átomo de carbono => 7ATP
e como triacilglicéridos e os triglicéridos possuem muito mais
átomos de carbono por unidade de peso em relação aos
glúcidos => constituição de reservas energéticas com massa
muito menor (células gordurosas ou adipócitos)
(ex. aves migratórias que voam grandes distâncias sem se
alimentar)
Oxidação dos ácidos gordos

CONCLUSÃO: Nos animais superiores e nos


microorganismos a oxidação dos ácidos
gordos fornece grandes quantidades de
energia (NADH, ATP e GTP) para a
neoglucogénese

• O facto de as enzimas que intervêm na


betaoxidação estarem, nos animais,
localizadas nas mitocôndrias => permite a
conjugação, com elevado rendimento, dos
processos de oxidação dos compostos
energéticos com a produção de ATP
Formação de corpos cetónicos – CETOGÉNESE
Quando predominar a oxidação dos lípidos sobre o catabolismo
glucídico => baixa a concentração de ácido oxaloacético e o acetilco-A,
não podendo entrar no ciclo de Krebs => é convertido em ácido
acetoacético, ácido betahidroxibutírico e acetona => formação de corpos
cetónicos)

Formação deste corpos também quando a alimentação é


exageradamente rica em lípidos => excesso de acetilco-A

Nos mamíferos, a formação de corpos cetónicos (ou cetogénese)


ocorre no fígado e a sua acumulação dá-se no sangue (cetonemia ) e
na urina (cetourina)

Acidosis – Diabetes mellitus => descida de ph do sangue por presença


destes corpos cetónicos
Biossíntese de corpos cetónicos

(Koolman & Rohm, 2007)


Quando à falta (adapt. de Campos, 1998)
de glucose =>
adaptação do
cérebro que utiliza
como fonte de
energia

Não há
inconveniente
para o
organismo na
formação dos
corpos cetónicos

Acetona formada
em menor
quantidade (adapt. de Campos, 1998)
é exalada
Os ácidos acetoacético e beta- hidroxibutírico são indispensáveis
para o organismo humano porque uma vez transportados no sangue são oxidados no
ciclo de Krebs para fornecer energia ao cérebro, músculo cardíaco e ao córtex renal
Cetoacidose diabética
É uma condição grave que pode resultar em coma ou até mesmo a morte. A
cetoacidose diabética acontece quando os níveis de açúcar (glicose) no sangue do
paciente diabético encontram-se muito altos.

A cetoacidose é um tipo de acidose metabólica causada por altas concentrações


de cetoácidos, uma consequência do metabolismo de lipídos. É mais comum em
portadores de diabetes mellitus tipo 1 , quando o fígado quebra a gordura em
resposta a uma necessidade percebida pela dificuldade da quebra de glicose. Ela
também pode ocorrer após um jejum prolongado

A insulina é responsável por fazer com que a glicose que está na corrente
sanguínea entre nas células do nosso corpo e gere energia.

Quando há falta de insulina, duas situações simultâneas ocorrem: o nível de açúcar


no sangue vai aumentando e as células sofrem com a falta de energia. Para evitar
que as células parem de funcionar, o organismo passa a usar os reservas de
gordura para gerar energia. Só que nesse processo em que o corpo usa a gordura
como energia, formam-se as cetonas (corpos cetónicos).
O fígado um órgão altruísta
Fígado –
• fornece energia aos tecidos musculares, ao cérebro e outros órgãos
periféricos;
• onde ocorre a síntese de ácidos gordos; glicerol-3-fosfato necessária para a
síntese;
• mobiliza rapidamente o glicogénio nele armazenado;
• promove a neuglucogénese;
• papel central na regulação do metabolismo lipídico;
• quando os alimentos energéticos são abundantes são nele esterificados sob a
forma de lipoproteínas (VLDL) que são encaminhadas através do sangue para o
tecido adiposo => fonte de ácidos gordos => síntese de triacilgliceróis;
• na falta de alimentos converte os ácidos gordos em corpos cetónicos;
• prefere os cetoácidos provenientes da degradação dos aminoácidos à glucose
• consome os combustíveis que alimentam os outros tecidos;
• controla o teor de glucose no sangue
Após a ingestão dos
alimentos o excedente em
relação às necessidades é
convertido em glicogénio
e lípidos de reserva

Esta situação ocorre


quando as substâncias
nutritivas absorvidas a
partir do intestino: os
Glúcidos e Lípidos são
oxidados nos tecidos
periféricos a CO2 e H2O,
sendo o excedente
armazenado

Logo que o organismo é alimentado o


aumento do teor da glucose no
sangue=> conduz > secreção de
insulina e inibação da secreção de
glucanon
(Campos, 1998)
O músculo e sobretudo o fígado sintetizam glicogénio e a afluência de glucose ao tecido adiposos
permite gerar glicerol-3-fosfato para a síntese de triglicéridos
Decorridas algumas
horas, o teor de glucose
baixa e invertem-se os
papéis

Ocorre degradação do
glicogénio => funciona a
neoglucogénese =>
degradação dos lípidos
(hidrólise dos
triglicéridos)

Glucose obtida => vai ser


sobretudo usada pelo
cérebro e tecidos

Fígado e músculo passam


a utilizar ácidos gordos
em vez de glucose como
alimento energético

(Campos, 1998)
O metabolismo em situação de jejum
• Em situação de Jejum os lípidos de reservas são mobilizados e constituem o
principal substrato de oxidação nos tecidos periféricos, seja na forma de ácidos
gordos ou após serem convertidos no fígado em corpos cetónicos

(Campos, 1998)

• Tanto o ácido oxalacético como o acetil CoA formam-se no fígado a taxas


elevadas(=> se fossem oxidados através do ciclo de Krebs => gorava-se o
objectivo da sua produção=> e as valiosas proteínas do músculo seriam
oxidadas a CO2 e H2O em vez de serem convertidas em glucose do sangue) =>
inibição da síntese do ácido cítrico (por razão elevada de NADH/NAD)
Tecidos utilizadores de glucose:
JEJUM PROLONGADO
- Cérebro
- GB
12-48 horas – fase inicial: - GV
- Retina
-  [glucose] - Medula supra-renal
- secreção glucagina ( insulina)→ Glicogenólise →  [glucose]
- -oxidação AG → ATP (músculo esquelético e cardíaco e rim)
-  [glicogénio] ao fim de 12 hr
- Neoglicogénese (a partir de: lactato, aminoácidos, glicerol)

2-24 dias – fase intermédia:

- -oxidação AG → ATP (músculo e rim)


- -oxidação AG → corpos cetónicos→ ATP (músculo esquelético
e cardíaco, rim)
- metabolização dos aminoácidos glucogénicos → neoglicogénese
- metabolização dos aminoácidos → síntese de ATP
(90% da alanina; 10% do glicerol)
JEJUM PROLONGADO

Mais de 24 dias – fase avançada:

-  temperatura corporal,  batimento cardíaco,  pressão arterial,  metabolismo


basal
- deficiências vitamínicas (C, B)
- redução da velocidade de degradação das proteínas
-  catabolismo TG → formação de corpos cetónicos (fígado) → utilização pelos
GV e cérebro

Fase final:

-  reservas lipídicas
-  catabolismo proteínas para centenas g/dia (anteriormente: 30-55 g/dia)
- atrofia muscular; redução actividade cerebral → Morte
Em períodos de jejum , adaptação
das vias metabólicas com a formação
no fígado de corpos cetónicos que
podem suprir durante algum tempo
as suas necessidades tendo isso
reflexo na acção muscular que
minimiza degradação proteica

Fígado Os lípidos de reserva são mobilizados


e são o principal substrato de
oxidação nos tecidos periféricos =>
ácidos gordos ou corpos cetónicos

O organismo apenas precisa de


sintetizar quantidades mínimas de
glucose a partir dos aminoácidos do
músculo => recurso de emergência

(Campos, 1998) O ácido cítrico não entra no


ciclo de Krebs sendo inibida a
sua síntese (razão elevada
NADH/NAD+)
Sem reservas consome 120g /dia glucose e 60%
de toda a glucose utilizada pelo organismo
quando em repouso
Em períodos de jejum os corpos cetónicos
fornecidos pelo fígado podem suprir durante
algum tempo as suas necessidades

Utiliza como fontes de energia a


Fígado glucose, ácidos gordos e corpos
cetónicos;
Sintetiza e armazena glicogénio 3/4
do glicogénio do corpo humano

MUSCULO ACTIVO - > parte do


acido pirúvico reduzido a ácido
láctico convertido pelo fígado em
glucose
MUSCULO REPOUSO - > parte
utiliza ácidos gordos e corpos
cetónicos- músculo cardíaco

Sintetiza e armazena e mobiliza os triglicéridos;


Requer glucose para a síntese dos triglicéridos;
(Campos, 1998) Activação dos Ácidos gordos pelo acetil CoA;
Triglicéridos são continuamente hidrolisados e
O ácido pirúvico produzido no fígado em ressintetizados;
quantidade elevadas a partir da mobilização do O nível de glucose nas células adiposas é que
aminoácidos do músculo não pode ser oxidado determina se os ácidos gordos são libertados no
no Ciclo de Krebs sangue
Biossíntese dos ácidos gordos
Não se processa no sentido inverso das reações de beta oxidação dos
ácidos gordos

A principal via é um processo extra-mitocondrial que tem uma nova série


de reações distinta da via da degradação

Principais aspetos:
- ocorre no citosol => transporte pelo ácido cítrico através da membrana
mitocondrial interna à custa de ATP
- os intermediários da síntese dos ácidos gordos estão ligados de forma
covalente aos grupos sulfidrilo de uma proteína transportadora de acilo
(ACP)
- a cadeia dos ácidos gordos é alongada pela adição sequencial de unidades
com dois carbonos (ativador malonil-ACP)
- o alongamento do complexo termina com a formação do palmitato(C16)
Biossíntese dos ácidos gordos
Do alongamento da cadeia produzem-se novos ácidos gordos =>
2 carbonos em cada sequência=> ácido palmítico (C16)=> sua conversão
em palmitil-coA no retículo endoplasmático => alongamento => síntese
dos ácidos gordos essenciais aos mamíferos => ácido linoleico e
linolénico

Outras sínteses biológicas:


=> biosíntese dos esteróis => colesterol
=> biosíntese de triglicéridos, fosfolípidos e enfingolípidos
=> síntese de ácidos biliares e hormonas esteróidicas
=> síntese das vitaminas lipossolúveis

Balanço energético da biossíntese dos ácidos gordos:


8 acetilCoA + 14 NADPH +14 H+ + 7ATP +H2O => ácido palmítico +
8 CoA + 14 NADP+ +7 ADP +Pi
(adapt. de
Campos, 1998)

Não se processa no sentido inverso das reacções da beta-oxidação


EXEMPLOS DA BIOSSÍNTESE DOS ÁCIDOS GORDOS

(adapt. de Campos, 1998)


Aterosclerose e principais fatores de risco

Dislipidémias.
Obesidade.
Ateriosclerose é uma doença
inflamatória crônica caracterizada pela
formação deateromas dentro dos vasos
sanguíneos.

Os ateromas são placas, compostas


especialmente por lípidos e tecido
fibroso, que se formam na parede dos
vasos. O volume dos ateromas aumenta
progressivamente, podendo ocasionar
obstrução total em algum ponto do vaso.

A aterosclerose em geral é fatal quando


afeta as artérias do coração ou do
cérebro, órgãos que resistem apenas
poucos minutos sem oxigénio. São
classificadas em seis tipos.
Papel do colesterol e das lipoproteínas na Aterosclerose

Aumento da LDL: Esse é o fator principal para a doença. O LDL (lipoproteína de


baixa densidade) se eleva pela ingestão elevada de gorduras altamente saturadas
(principalmente vinda de animais) na dieta diária, por obesidade e inatividade física.

Hipercolesterolemia Familiar: Doença em que a pessoa herda genes defeituosos


para a formação do recetor de LDL nas superfícies das membranas celulares do
corpo. É uma doença autossómica dominante com predomínio de 1 a cada 500
pessoas. Geralmente ocorre um defeito que reduz drasticamente o número de
recetores de LDL funcionais.
Com isso, o fígado não é capaz de absorver as lipoproteínas de baixa densidade
nem as de densidade intermediária.
Sem essa absorção, o mecanismo do colesterol das células hepáticas se
descontrola, produzindo novo colesterol e deixando de responder à inibição que foi
desencadeada pela presença de uma grande quantidade de colesterol plasmático.
O resultado disso é que lipoproteínas de muito baixa densidade são liberadas pelo
fígado para o plasma em uma quantidade enorme. Isso pode gerar acúmulo de
placas ateromatosas nas paredes dos vasos, gerando a aterosclerose, além de
poder gerar outros problemas graves como infarto do miocárdio.
Papel do colesterol e das lipoproteínas na Aterosclerose

Prevenção pelas proteínas HDL: Acredita-se que as HDL (lipop.alta densidade-


"flutuam" passando livremente pela luz do vaso) são capazes de absorver cristais de
colesterol que começam a ser depositados nas paredes das artérias. Quando a
pessoa apresenta uma elevada concentração de HDL em proporção a LDL, as
chances de desenvolver aterosclerose são muito reduzidas.
Sintomas mais comuns da arteriosclerose[
Dilatações de algumas áreas dos vasos sanguíneos (aneurismas);
Dor no peito tipo facada (angina ou infarto);
Dores fortes na cabeça (derrame cerebral);
Dores em braços e pernas (trombose).
Dores no corpo
Cansaço

Tratamento
O tratamento para aterosclerose consiste em retirar as placas de gordura que estão
presas nas paredes das artérias e curar as lesões que ficam no local. Isso pode ser
conseguido através de cirurgia, do cateterismo, da angioplastia a laser e através do
consumo de alguns medicamentos e atividade física.
A arteriosclerose é uma doença que atinge o sistema circulatório trazendo prejuízo
principalmente para o coração. A precaução é o melhor remédio; ter uma
alimentação correta e praticar atividade física regularmente são as principais
maneiras de diminuir a formação da aterosclerose.
O início de formação dessas placas de gordura ocorre na infância e vai progredindo
durante a vida. Qualquer pessoa pode desenvolver essa doença porém os mais
atingidos são pessoas com predisposição genética, com pressão
alta, diabetes ou obesidade
Dislipidémia
A dislipidémia é uma condição em que ocorrem níveis anómalos de lípidos no
sangue.

Os lípidos são um componente importante do organismo humano e permitem a


normal função das células. São também uma fonte de energia.

Existem essencialmente dois tipos de lípidos circulantes no sangue: o colesterol e os


triglicéridos.

O colesterol sanguíneo é transportado por dois tipos de lipoproteínas: lipoproteínas


de baixa densidade (colesterol LDL ou "mau" colesterol) e lipoproteínas de alta
densidade (colesterol HDL ou "bom" colesterol). Os triglicéridos são transportados
por lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL).

As dislipidémias podem envolver diversos tipos de moléculas, como as lipoproteínas


alta densidade ou as de baixa densidade. As primeiras, conhecidas como “bom
colesterol ou HDL”, transportam o colesterol dos tecidos para o fígado. As segundas,
o “mau colesterol ou LDL”, permitem que o colesterol se misture com a água em
torno das células e na corrente sanguínea.

Portanto, um excesso de lipoproteínas de baixa densidade é prejudicial para a


saúde, acontecendo o contrário com as lipoproteínas de alta densidade, por serem
capazes de remover o colesterol das artérias.
Dislipidémia
A presença de uma dislipidémia afecta a qualidade global de saúde, contribuindo para o
espessamento e rigidez das artérias, sobretudo se não for devidamente acompanhada e
tratada. Como as dislipidémias não originam sintomas durante muitos anos, a doença pode
evoluir para um enfarte do miocárdio ou para um acidente vascular cerebral.

Quando os níveis de "mau" colesterol e de triglicéridos no sangue são muito elevados, aumenta
o risco de aterosclerose e de obstrução parcial ou total do fluxo sanguíneo que chega ao
coração e ao cérebro. A dislipidémia é, de facto, um dos principais factores de risco da
aterosclerose, que representa a principal causa de morte dos países desenvolvidos, incluindo
Portugal. A importância da dislipidémia é esta sua associação a doenças do coração e
cerebrovasculares, particularmente à aterosclerose.

Um estudo realizado em Portugal indicava uma incidência de hipercolesterolémia de 559 novos


casos de dislipidémias por 100.000 habitantes. Essa incidência aumentava com a idade até aos
54 anos para o género masculino e até aos 64 para o género feminino. Verificou-se uma maior
incidência no sexo masculino até aos 54 anos invertendo-se depois a favor do sexo feminino.

Num outro estudo, detectou-se hipercolesterolémia em 47% da população e níveis aumentados


de LDL em 38,4%. A hipertrigliceridemia e o HDL diminuído foram menos prevalentes,
afectando 13% da população.
Quais as causas da Dislipidémia?
A doença pode ter origem genética (primária) ou adquirida (secundária).

Existem diversos factores que podem contribuir para níveis anormais de lípidos.
Pode ocorrer uma tendência genética, a dieta desempenha um papel importante,
sobretudo quando contém níveis elevados de colesterol, gorduras saturadas e
álcool, um estilo de vida sedentário, a idade e o género. De facto, os níveis de
colesterol tendem a aumentar com a idade, as mulheres apresentam níveis mais
reduzidos de colesterol, embora aumentem após a menopausa.

Existem outros factores de risco, como o tabaco e obesidade.

Alguns medicamentos, como as pílulas contraceptivas, estrogénios, corticosteróides,


certos diuréticos e anti-depressivos aumentam também o risco de dislipidémia.

A diabetes tipo II também se associa a dislipidémia. De facto, a doença


cardiovascular continua a constituir a principal causa de morte nos doentes com
diabetes mellitus, sendo responsável por 50% de todas as mortes.
Como se manifesta a Dislipidémia?

A dislipidémia durante muito tempo não se associava a qualquer sintoma.

Quando surgem, os sintomas podem ser muito diversos, variando dos mais simples
aos que colocam a vida em risco.

Assim, a dislipidémia pode causar opacificações na córnea (a camada mais


superficial e transparente dos olhos), por vezes sob a forma de um arco
esbranquiçado, xantomas (acumulações de colesterol sob a pele), dores na marcha,
dores abdominais, alterações do equilíbrio, confusão, alterações na fala. Muitos
destes sintomas traduzem a obstrução da circulação arterial causada pela
dislipidémia (aterosclerose).

Em alguns casos, a primeira manifestação da dislipidémia pode ser um evento


grave, como um enfarte do miocárdio ou acidente vascular cerebral, ou mesmo
morte súbita.

Estes cenários são mais prováveis em doentes sem acompanhamento médico há


muito tempo e com formas muito avançadas de dislipidémia.
Como se diagnostica a Dislipidémia?

O diagnóstico da dislipidémia é feito mediante testes laboratoriais onde são doseados e medidos os níveis de
colesterol, triglicéridos, lipoproteínas e outros marcadores de dislipidémia.

Os valores de referência variam de laboratório para laboratório em função do método de análise usado, pelo
que a interpretação dos resultados deve ser sempre feita pelo médico.

Como se trata a Dislipidémia?


O tratamento depende da idade e do estado global de saúde dos pacientes e baseia-se muito na modificação
do estilo de vida.

Uma dieta equilibrada, pobre em gordura e rica em fibras, o exercício físico regular, o controlo do peso e o
consumo moderado de álcool, não fumar, são aspectos essenciais desse tratamento.

O tratamento médico pode ser importante e pode incluir medicamentos como as estatinas, os
inibidores da absorção do colesterol, sequestradores dos ácidos biliares ou niacina.

Os objectivos terapêuticos variam em função do perfil de cada doente e serão sempre avaliados pelo
médico.

Como se previne a Dislipidémia?


Esta prevenção é crucial porque mais de 50 % da mortalidade e incapacidade resultantes da doença cardíaca
isquémica e dos acidentes vasculares cerebrais pode ser evitada pela implementação de medidas simples a
nível individual e/ou nacional dirigidas ao controlo adequado dos principais factores de risco para estas
doenças, como a hipertensão arterial, a hipercolesterolémia, o tabagismo e a obesidade.

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