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DIREITO PENAL - Transitada em julgado a sentença

PRINCÍPIOS E INTRODUÇÃO condenatória, compete ao juízo das


- A exigencia da prisão provisoria, para execuções a aplicação de lei mais benigna.
apelar, não ofende a garantia constitucional - Nos casos em que o autor do fato se utiliza da
da presunção de inocencia. arma somente para matar a vítima, aplica-se
- É admissível a adoção do regime prisional o princípio da consunção, já que não há
semiaberto aos reincidentes condenados a indicações de que o agente portava
pena igual ou inferior a 4 anos se favoráveis ilegalmente a arma de fogo em outras
as circunstâncias judiciais. oportunidades antes ou depois do homicídio.
- A competência para processar e julgar as - A reincidência não impede, por si só, que o
ações conexas de interesse de menor é, em juiz da causa reconheça a insignificância
princípio, do foro do domicílio do detentor de penal da conduta, à luz dos elementos do
sua guarda. caso concreto.
- É vedada a utilização de inquéritos policiais - Não caracteriza bis in idem (repetição de
e ações penais em curso para agravar a sanção sobre o mesmo fato) o
pena-base. reconhecimento das qualificadoras de
- O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, motivo torpe e de feminicídio em casos
por si só, não conduz obrigatoriamente à de crime de homicídio praticado contra
imposição de medida socioeducativa de mulher em situação de violência doméstica e
internação do adolescente. familia.
- sendo vedada a combinação de leis. - A premeditação não é prevista como
- Presentes a materialidade e a autoria, afigura- agravante genérica, nem como causa de
se típica, a conduta de expor à venda cds e aumento de pena ou qualificadora.
dvds piratas. - O princípio da insignificância deve ser
- O tempo de duração da medida de segurança analisado em correlação com os postulados
não deve ultrapassar o limite máximo da da fragmentariedade e da intervenção
pena abstratamente cominada ao delito mínima do direito penal tem o sentido de
praticado. excluir ou afastar a própria tipicidade penal,
- Quando a confissão for utilizada para a examinada na perspectiva de seu caráter
formação do convencimento do julgador, o material
réu fará jus à atenuante. - É possível a liberdade provisória aos
- instituto da confissão qualificada não da autores de crimes hediondos e equiparados
ensejo à atenuante genérica. CONTINUIDADE DELITIVA
- Sistema de vigilância realizado por - A lei penal mais grave aplica-se ao crime
monitoramento eletrônico ou por existência de continuado ou ao crime permanente, se a sua
segurança no interior de estabelecimento vigência é anterior à cessação da
comercial, por si só, não torna impossível a continuidade ou da permanência
configuração do crime de furto. - Para a caracterização da continuidade
- É inaplicável o princípio da insignificância delitiva é imprescindível o preenchimento de
nos crimes ou contravenções penais praticados requisitos de ordem objetiva - mesmas
contra a mulher no âmbito das relações condições de tempo, lugar e forma de
domésticas. execução - e de ordem subjetiva - unidade de
- O princípio da insignificância é inaplicável desígnios ou vínculo subjetivo entre os
aos crimes contra a administração pública. eventos (Teoria Mista ou Objetivo-
- Não se aplica o princípio da insignificância subjetiva).
a casos de transmissão clandestina de sinal - A continuidade delitiva, em regra, não pode
de internet via radiofrequência, que ser reconhecida quando se tratarem de
caracteriza o fato típico. delitos praticados em período superior a 30
dias.
espécie aqueles previstos no mesmo tipo
penal.
- A continuidade delitiva pode ser - É possível o reconhecimento de crime
reconhecida quando se tratarem de delitos continuado entre os delitos de apropriação
ocorridos em comarcas limítrofes ou indébita previdenciária e de sonegação de
próximas. contribuição previdenciária.
- A continuidade delitiva NÃO pode ser - Presentes as condições do crime
reconhecida quando se tratarem de delitos continuado, deve ser reconhecida a
cometidos com modos de execução diversos. continuidade delitiva no crime de peculato-
- Não há crime continuado quando desvio.
configurada habitualidade delitiva ou - Não é possível reconhecer a continuidade
reiteração criminosa. delitiva entre os crimes de roubo e de
- Quando se tratar de crime continuado, a latrocínio porque apesar de serem do mesmo
prescrição regula-se pela pena imposta na gênero não são da mesma espécie.
sentença, NÃO se computando o acréscimo - Não é possível reconhecer a continuidade
decorrente da continuação. delitiva entre os crimes de roubo e de
- O estupro e atentado violento ao pudor extorsão, pois são infrações penais de
cometidos contra a mesma vítima e no espécies diferentes.
mesmo contexto devem ser tratados como - Admite-se a continuidade delitiva nos
crime único. crimes contra a vida.
- É possível reconhecer a continuidade - Na continuidade delitiva prevista no crime
delitiva entre estupro e atentado violento ao continuado, o aumento se faz em razão do
pudor quando praticados contra vítimas número de infrações praticadas e de acordo
diversas ou fora do mesmo contexto, desde com a seguinte correlação:
que presentes os requisitos do crime  1/6 para 2 infrações;
continuado  1/5 para 3;
 1/4 para 4;
 1/3 para 5;
- Ao incluir no mesmo tipo penal os delitos  1/2 para 6;
de estupro e atentado violento ao pudor,  2/3 para 7 ou + ilícitos.
possibilitou a caracterização de crime único ou - Na continuidade delitiva específica, o
de crime continuado entre as condutas, aumento fundamenta-se no número de
devendo retroagir para alcançar os fatos infrações cometidas e nas circunstâncias
praticados antes da sua vigência, por se judiciais.
tratar de norma penal mais benéfica. - Caracterizado o concurso formal e a
- No concurso de crimes, a pena considerada continuidade delitiva entre infrações penais,
para fins de fixação da competência do Juizado aplica-se somente o aumento relativo à
Especial Criminal será o resultado da soma, continuidade, sob pena de bis in idem.
no caso de concurso material, ou da - No crime continuado, as penas de multa
exasperação, na hipótese de concurso devem ser somadas.
formal ou crime continuado, das penas - No crime continuado, a pena de multa deve
máximas cominadas aos delitos. ser aplicada mediante o critério da
- É imputável o agente que cometeu o delito exasperação, tendo em vista a inaplicabilidade
no dia em que completou 18 anos, a despeito do crime continuado.
de ter nascido em fração de hora inferior ao - O reconhecimento dos pressupostos do
exato momento do crime. crime continuado, notadamente as condições
- Para a caracterização da continuidade de tempo, lugar e maneira de execução,
delitiva, são considerados crimes da mesma demanda dilação probatória, INCABÍVEL na
via estreita do HABEAS CORPUS.
- A conduta de ingressar em estabelecimento
prisional com chip de celular não se
subsome ao tipo penal (Conduta atípica),
PENAS AGRAVANTES E ATENUANTES mas é falta grave
- A incidência da circunstância atenuante não CONCURSO FORMAL
pode conduzir à redução da pena abaixo do - O roubo praticado contra vítimas diferentes
mínimo legal. em um único contexto configura o concurso
- Em observância ao critério trifásico da formal e não crime único, ante a pluralidade
dosimetria da pena não é possível a de bens jurídicos ofendidos.
compensação entre institutos de fases - A distinção entre o concurso formal próprio
distintas. e o impróprio relaciona-se com o elemento
- O aumento na terceira fase de aplicação da subjetivo do agente, ou seja, a existência ou
pena no crime de roubo circunstanciado não de DESÍGNIOS AUTÔNOMOS.
exige fundamentação concreta, não sendo -: É possível o concurso formal entre o crime
suficiente para a sua exasperação a mera que tutela o patrimônio da União, proibindo a
indicação do número de majorantes. usurpação de suas matérias-primas e o
- Incide a atenuante, na chamada confissão crime que protege o meio ambiente, proibindo
qualificada, hipótese em que o autor a extração de recursos minerais, não
confessa a autoria do crime, embora havendo conflito aparente de normas já que
alegando causa excludente de ilicitude ou protegem bens jurídicos distintos.
culpabilidade. - O aumento decorrente do concurso formal
-: A condenação transitada em julgado pelo deve se dar de acordo com o número de
crime de porte de substância entorpecente infrações.
para uso próprio gera reincidência e maus - A apreensão de mais de uma arma de fogo,
antecedentes, sendo fundamento idôneo acessório ou munição, em um mesmo
para agravar a pena tanto na primeira como contexto fático, NÃO caracteriza concurso
na segunda fase da dosimetria. formal ou material de crimes, mas delito
- Diante do reconhecimento de mais de uma ÚNICO.
qualificadora, SOMENTE UMA enseja o tipo - O benefício da suspensão do processo não
qualificado, enquanto as outras devem ser é aplicável em relação às infrações penais
consideradas circunstâncias agravantes, na cometidas em concurso material, concurso
hipótese de previsão legal, ou, de forma formal ou continuidade delitiva, quando a
residual, como circunstância judicial da pena mínima cominada, seja pelo somatório,
fixação da pena. seja pela incidência da majorante,
- A agravante da reincidência pode ser ultrapassar o limite de um ano.
comprovada com a folha de antecedentes - No concurso de crimes, o cálculo da
criminais, não sendo obrigatória a prescrição da pretensão punitiva é feito
apresentação de certidão cartorária. considerando cada crime isoladamente, NÃO
- É possível, na segunda fase do cálculo da se computando o acréscimo decorrente do
pena, a compensação da agravante da concurso formal, material ou da
reincidência com a atenuante da confissão continuidade delitiva.
espontânea. - No caso de concurso de crimes, a pena
- Nos casos em que há múltipla reincidência, considerada para fins de competência e
é INVIÁVEL a compensação integral entre a transação penal será o resultado da soma ou
reincidência e a confissão. da exasperação das penas máximas
DO CRIME cominadas ao delito.
- Não há crime quando a preparação do
flagrante pela Polícia torna impossível a sua
consumação.
- A configuração do crime Corrupção de
menores do ECA independe da prova da
efetiva corrupção do menor, por se tratar de
delito formal.
CULPABILIDADE
CONCURSO DE PESSOAS
- A punição do intermediador, no jogo do - Não há incompatibilidade entre o dolo
bicho, independe da identificação do eventual e o reconhecimento do meio cruel,
"apostador" ou do "banqueiro”. na medida em que o dolo do agente, direto
- Não se concede fiança quando, em ou indireto, não exclui a possibilidade de a
concurso material, a soma das penas prática delitiva envolver o emprego de meio
minimas cominadas for superior a 2 anos de mais reprovável, como veneno, fogo,
reclusão. explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
- O benefício da suspensão do processo não insidioso ou cruel
é aplicável em relação às infrações penais Porte de arma de fogo sempre será
cometidas em concurso material, concurso absorvido pelo homicídio (princípio da
formal ou continuidade delitiva, quando a consunção)?
pena mínima cominada, seja pelo somatório, Doutrina é clara. Depende:
seja pela incidência da majorante, ultrapassar NÃO: Se comprovado que o agente sempre
o limite de 1 ano. carregou a arma de fogo consigo, e não
- É inadmissível aplicar, no furto qualificado, especificamente no momento da ação
pelo concurso de agentes, a majorante do delituosa.
roubo. SIM: Se comprovado que o agente usou a
- A teoria do domínio do fato não permite, arma de fogo única e exclusivamente para o
isoladamente, que se faça uma acusação cometimento do
pela prática de qualquer crime, eis que a crime.
imputação deve ser acompanhada da devida - é possível a coexistência, no crime de
descrição, no plano fático, do nexo de homicídio, da qualificadora do motivo torpe
causalidade entre a conduta e o resultado com as atenuantes genéricas do Motivo de
delituos. relevante valor social ou moral e cometido o
- No crime de falso testemunho é admissível crime sob coação a que podia resistir, ou em
a co-autoria do advogado que induz o cumprimento de ordem de autoridade superior,
depoente a proclamar a falsa afirmação ou sob a influência de violenta emoção,
- É perfeitamente admissível, segundo o provocada por ato injusto da vítima
entendimento doutrinário e jurisprudencial, a - Tentativa branca de crime de homicídio,
possibilidade de concurso de pessoas em a fixação da redução da pena pela tentativa
crime culposo, que ocorre quando há um deve ocorrer no patamar máximo, isto é, dois
vínculo psicológico na cooperação terços. embora os agentes tenham efetuado
consciente de alguém na conduta culposa de vários disparos de arma de fogo, certo é que
outrem. nenhum dos projéteis atingiram as vítimas.
- Não se exigindo qualquer qualidade - Premeditar significa resolver com
especial do sujeito ativo, se admite o antecipação e refletidamente.
concurso de agentes no crime de porte Premeditação não se trata NEM DE CAUSA
ilegal de arma de fogo, não se revelando DE AUMENTO DE PENA, NEM DE
plausível o entendimento pelo qual apenas AGRAVANTE GENÉRICA NEM DE
aquele que efetivamente porta a arma de QUALIFICADORA DO CRIME. Na verdade,
fogo incorre nas penas do delito em comento trata-se meramente de circunstância judicial,
CRIMES CONTRA A PESSOA levando ao juiz interpretar como agravante
HOMICIDIO ou não, dependendo do caso (não se chegou
na doutrina a uma conclusão sobre se é testemunhas e relatórios de atendimento
agravante ou não, uma vez que pode ser visto hospitalar.
sob o prisma de que o réu não resistiu aos - A interrupção da gravidez, com a
impulsos ou premeditou friamente o consequente morte do feto, deve ter sido
cometimento do crime). provocada culposamente, uma vez que se
trata de crime preterdoloso.

ABORTO
- É inconstitucional a interpretação segundo a - Desclassifica-se o crime de lesão
qual a interrupção da gravidez de feto corporal gravíssima para grave quando
anencéfalo seria conduta tipificada a ocorrer ablação ou inutilização de apenas um
interrupção da gravidez de feto anencéfalo é dos elementos componentes de determinada
atípica. não se exige autorização judicial função ou sentido, como acontece em relação
para que o médico realize a interrupção de àqueles que se apóiam em órgãos duplos,
gravidez de feto anencéfalo. acaacarretando tão-só a diminuição funcional
 Tratando-se de delito de infanticídio, do organismo e não a sua perda
dispensa-se a perícia médica caso se - Cortar os cabelos de outrem PODE
comprove que a mãe esteja sob a influência constituir crime de lesão corporal, mas é
do estado puerperal, por haver indispensável que a ação provoque uma
presunção juris tantum de que a mulher, alteração desfavorável no aspecto exterior
durante ou logo após o parto, aja sob a do indivíduo, de acordo com os padrões
influência desse estado. sociais médicos.
 Quando uma pessoa mata o recém- - É juridicamente impossível a tentativa
nascido e a mãe apenas estimula essa de lesões corporais, porque tal figura,
conduta, não se tipifica o crime de coincidindo inteiramente à definição legal de
infanticídio, porque a mãe não realizou a contravenção de vias de fato, não passa
conduta típica matar e o terceiro não estava deste modesto ilícito.
sob influência do estado puerperal. Como foi - é reconhecível e punível a tentativa de
outra pessoa que realizou a conduta típica, o lesão corporal leve.
crime por ela cometido é o de HOMICÍDIO e - A interrupção da gravidez, com a
a mãe é PARTÍCIPE desse crime. consequente morte do feto, deve ter sido
LESÃO CORPORAL provocada culposamente, uma vez que se
- Não caracteriza bis in idem o trata de crime preterdoloso.
reconhecimento das qualificadoras - O objetivo fundamental do estudo
de motivo torpe e de feminicídio no crime de médico-pericial das lesões corporais é a
homicídio praticado contra mulher em caracterização de sua extensão, de sua
situação de violência doméstica e familiar. gravidade ou de sua perenidade, ou seja, de
- Perda de dois dentes configura lesão sua quantidade e de sua qualidade.
grave - lesão é toda alteração do equilíbrio
- A qualificadora deformidade biopsicossocial.
permanente do crime de lesão corporal não é - Cabe também fazer a diferença entre
afastada por posterior cirurgia estética tentativa de lesão corporal e crime de
reparadora que elimine ou minimize a periclitação à vida e à saúde. Em um há dolo
deformidade na vítima. de dano e no outro, dolo de perigo.
- A ausência do laudo pericial não - Se forem levíssimas as lesões corporais
impede que a materialidade do delito de sofridas pela vítima, é de se aplicar a teoria da
lesão corporal de natureza grave seja insignificância.
reconhecida por outros meios, como
- Embora realizado algum tempo depois, - Na incapacidade permanente, o
o exame complementar é de se ponderar que ofendido deve ficar privado da possibilidade
o que pretende a lei penal é que se estabeleça física ou psíquica, de aplicar-se a qualquer
o nexo causal entre a conduta delituosa e o atividade lucrativa. E a incapacidade, além
seu resultado. de total, deverá ser permanente, ou seja,
duradoura no tempo, sem previsibilidade de
cessação.

- O perigo decorre de um diagnóstico e - Recomenda-se que os laudos relativos


não de mero prognóstico de peritos. É às lesões corporais de natureza gravíssima
preciso, para que ocorra essa gravidade de por deformidade permanente devam ser
lesão, que pelo menos em determinado sempre ilustrados com fotografias coloridas,
momento do processo patológico, mais ou a fim de demonstrae de forma mais
menos longo, tenha se verificado uma efetiva convincente a existência do dano estético
probabilidade de êxito letal. O perigo, em considerável.
suma, há de ser sério, atual e efetivo. Não - O fato de ter a vítima implantado uma
remoto ou presumido. ‘ponte’ no lugar dos dentes perdidos na
- Deve ser caracterizado por sintomas e agressão que sofreu é irrelevante para fins de
sinais graves e sérios, cujas funções vitais tipificação penal da infração. Ninguém está
estejam indiscutivelmente ameaçadas. E obrigado a usar postiços ou disfarces para
para sua configuração não há necessidade de favorecer a sorte do seu ofensor.
exame complementar, desde que durante a CRIMES CONTRA A HONRA
perturbação patológica oriunda da lesão - Para configurar (redução a condição
tenha existido de fato uma probabilidade análoga à de escravo) não é imprescindível
efetiva e concreta de morte. a restrição à liberdade de locomoção dos
- Não caracteriza perigo de vida a mera trabalhadores. O delito pode ser praticado por
possibilidade de superveniência de infecção meio de outras condutas como no caso em
consequente a ferimentos produzidos por que os trabalhadores são sujeitados a
instrumentos não esterilizados. condições degradantes, subumanas.
- Não é suficiente para configurar perigo - A retratação da calúnia, feita antes da
de vida o laudo pericial que consigna apenas sentença, acarreta a extinção da punibilidade
haver sido o ofendido submetido à cirurgia, do agente independente de aceitação do
mas sem a revelação de perigo mediante ofendido.
sintomas objetivamente demonstráveis. - É concorrente a legitimidade do ofendido,
- Embora seja dever dos peritos mediante queixa, e do ministério público,
fundamentar as suas conclusões, casos há condicionada à representação do ofendido,
em que o perigo de vida pode ser presumido, para a ação penal por crime contra a honra de
seja pela extensão, assim como pela sede das servidor público em razão do exercício de suas
lesões corporais. funções.
- Se o agente ignora a gravidez da -: Para a configuração dos crimes contra a
vítima, NÃO se lhe pode imputar o crime de honra, exige-se a demonstração mínima do
lesão grave se, de sua ação delituosa, intento positivo e deliberado de ofender a
resultar aceleração do parto, nem o delito de honra alheia (DOLO ESPECÍFICO), o
lesão gravíssima se resultar aborto. denominado animus caluniandi, diffamandi vel
- Caracteriza-se a lesão gravíssima injuriandi.
ainda que o defeito seja corrigível por cirurgia  Nos casos em que a inexistência da
plástica” intenção específica de ofender a honra alheia
é flagrante, admite-se, excepcionalmente, em
sede de habeas corpus, a análise da presença Público, condicionada à representação do
do dolo específico exigido para a ofendido, para a ação penal por crime contra
caracterização dos crimes contra a honra. a honra de servidor público em razão do
 Para a caracterização do crime de exercício de suas funções.
calúnia, é indispensável que o agente que  A imunidade em favor do advogado, no
atribui a alguém fato definido como crime exercício da sua atividade profissional, NÃO
tenha conhecimento da falsidade da abrange o crime de calúnia, restringindo-se
imputação. aos delitos de injúria e difamação.

 O crime de calúnia não se contenta  A parte não responde por crime contra
com afirmações genéricas e de cunho a honra decorrente de peças caluniosas,
abstrato, devendo a inicial acusatória conter a difamatórias ou injuriosas apresentadas em
descrição de fato específico, marcado no juízo por advogado credenciado.
tempo, que teria sido falsamente praticado CRIMES CONTRA O PATRIMONIO
pela pretensa vítima. FURTO
 O juízo de admissibilidade, o - É inadmissível aplicar, no furto
processamento e a instrução da exceção da qualificado, pelo concurso de agentes, a
verdade oposta em face de autoridades públicas majorante do roubo.
com prerrogativa de foro devem ser feitos pelo - O aumento na terceira fase de aplicação
próprio juízo da ação penal originária que, da pena no crime de roubo circunstanciado
após a instrução dos autos, admitida exige fundamentação concreta, não sendo
a exceptio veritatis, deve remetê-los à suficiente para a sua exasperação a mera
instância decorrente da prerrogativa de indicação do número de majorantes.
função para julgamento do mérito. - É possível o reconhecimento do
 Não se admite a exceção da verdade privilégio nos casos de crime de furto
quando o excipiente não consegue demonstrar qualificado, se estiverem presentes a
a veracidade da prática de conduta criminosa primariedade do agente, o pequeno valor da
do excepto. coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
 Expressões eventualmente - Não se aplica o princípio da
contumeliosas, quando proferidas em insignificância ao furto de bem de
momento de exaltação, bem assim no inexpressivo valor pecuniário de associação
exercício do direito de crítica ou de censura sem fins lucrativos com o induzimento de
profissional, ainda que veementes, atuam filho menor a participar do ato
como fatores de descaracterização do - A mera relação empregáticia não enseja
elemento subjetivo peculiar aos tipos penais a qualificadora, tem que vir no comando da
definidores dos crimes contra a honra. questão que o funcionário era de longa data
 A ampla liberdade de informação, ou que ele sabia da confiança depositada
opinião e crítica jornalística reconhecida nele. Note-se que a simples relação de
constitucionalmente à imprensa não é um emprego entre funcionário e empregador não
direito absoluto, encontrando limitações, tais faz nascer a confiança entre as partes, que é
como a preservação dos direitos da um sentimento cultivado com o passar do
personalidade, nestes incluídos os direitos à tempo
honra, à imagem, à privacidade e à - Pagamento do débito antes do
intimidade, sendo VEDADA a veiculação de recebimento da denúncia, em caso de furto de
críticas com a intenção de difamar, injuriar ou energia elétrica mediante fraude, não extingue
caluniar. a punibilidade, mas poderá servir como
 É concorrente a legitimidade do Arrependimento Posterior.
ofendido, mediante queixa, e do Ministério
- A prática de furto qualificado por segundo PODE caracterizar o furto
escalada, arrombamento ou rompimento de privilegiado.
obstáculo, em concurso de pessoas e durante  O reconhecimento das qualificadoras
o repouso noturno, indica a especial da escalada e rompimento de obstáculo
reprovabilidade da conduta, razão suficiente exige a realização do exame pericial, salvo
para afastar a aplicação do princípio da nas hipóteses de inexistência ou
insignificância. desaparecimento de vestígios, ou ainda se
as circunstâncias do crime não permitirem a
confecção do laudo.
 Reconhecido o privilégio no crime de
furto, a fixação de um dos benefícios exige
- Configuram o delito de furto mediante EXPRESSA FUNDAMENTAÇÃO por parte do
fraude realização de saques indevidos na magistrado.
conta corrente da vítima, sem o seu  A lesão jurídica resultante do crime de
consentimento, seja por meio de clonagem de furto não pode ser considerada insignificante
cartão e/ou senha, seja por meio de furto do quando o valor dos bens subtraídos perfaz
cartão, seja via internet. mais de 10% do salário mínimo vigente à
- Não se aplica a agravante do Código Penal na época dos fatos.
hipótese em que o crime de furto qualificado  Nos casos de contituidade delitiva o
pelo arrombamento à residência valor a ser considerado para fins de
ocorreu quando os proprietários não se concessão do privilégio ou do
encontravam no imóvel, não havendo que se reconhecimento da insignificância é a
falar, portanto, em ameaça à vítima ou em SOMA dos bens subtraídos.
benefício do agente para a prática delitiva em ROUBO
razão de sua condição de fragilidade. - A incidência da circunstância atenuante não
- A agravante vinculada à idade avançada da pode conduzir à redução da pena abaixo do
vítima não é aplicável no caso de crime de mínimo legal. Confissão espontânea não
furto a residência praticado na ausência dos pode servir de fundamento para a redução da
moradores. Com esse entendimento, a 5ª pena-base abaixo do grau mínimo previsto em
Turma do Superior Tribunal de Justiça lei
concedeu habeas corpus, de ofício, para - Fixada a pena-base no mínimo legal, é
reduzir a pena de um homem condenado por vedado o estabelecimento de regime
furto qualificado pelo arrombamento contra prisional mais gravoso do que o cabível em
a casa de um idoso. razão da sanção imposta, com base apenas
 O princípio da insignificância deve ser na gravidade abstrata do delito.
afastado nos casos em que o réu faz do - É inadmissível aplicar, no furto qualificado,
crime o seu meio de vida, ainda que a coisa pelo concurso de agentes, a majorante do
furtada seja de pequeno valor. roubo.
 Para reconhecimento do crime de - O aumento na terceira fase de aplicação da
furto privilegiado é indiferente que o bem pena no crime de roubo circunstanciado
furtado tenha sido restituído à vítima, pois o exige fundamentação concreta, não sendo
critério legal para o reconhecimento do suficiente para a sua exasperação a mera
privilégio é somente o pequeno valor da indicação do número de majorantes.
coisa subtraída. - É vedada a utilização de inquéritos policiais
 Para efeito da aplicação do princípio e ações penais em curso para agravar a
da bagatela, é IMPRESCINDÍVEL a distinção pena-base.
entre valor insignificante e pequeno valor, - É inadmissível a fixação de pena
uma vez que o primeiro exclui o crime e o substitutiva da pena privativa de liberdade
como como condição especial ao regime abrangidos pelo conceito de chave falsa,
aberto. incluindo as mixas.
- Consuma-se o crime de roubo com a - Roubo a diferentes vítimas no mesmo
inversão da posse do bem mediante emprego contexto fático, interior do ônibus, configura
de violência ou grave ameaça, ainda que por concurso formal próprio;
breve tempo e em seguida à perseguição - adotou a TEORIA DO AMOTIO, no sentido de
imediata ao agente e recuperação da coisa que não se exige a posse mansa / pacífica /
roubada, sendo prescindível a posse mansa e tranquila / desvigiada para a consumação do
pacífica ou desvigiada. furto/roubo, mas apenas a mera inversão da
- A competência para o processo e julgamento posse
de latrocínio é do juiz singular e não do - A conduta de portar arma ilegalmente é
Tribunal do Júri. absorvida pelo crime de roubo, quando, ao
- Há crime de latrocínio, quando o homicídio longo da instrução criminal, restar
se consuma, ainda que não realize o agente a evidenciado o nexo de dependência ou de
subtração de bens da vítima. subordinação entre as duas condutas e que
- Agente que participou do roubo pode os delitos foram praticados em um mesmo
responder por latrocínio ainda que não tenha contexto fático, incidindo, assim, o princípio
sido o autor do disparo fatal ou que sua da consunção
participação se revele de menor importância. - Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
- O indivíduo que simula um roubo contra si afasta a aplicabilidade do princípio da
e outra pessoa visando a se apoderar de insignificância em crimes cometidos
dinheiro pertencente à empresa em que mediante o uso de violência ou grave
ambos trabalham é sujeito ativo de subtração ameaça, como o roubo
violenta (Roubo), não de estelionato. - Não há se falar em crime único quando,
 Arma inapta (quebrada) não faz incidir num mesmo contexto fático, são subtraídos
a majorante do roubo de 2/3. bens pertencentes a vítimas distintas,
 Menoridade de um dos agentes não caracterizando concurso formal, por terem
afasta a majorante do concurso de pessoas. sido atingidos patrimônios diversos,
 Subtração de um único patrimônio e - Há concurso material entre os crime de
pluralidade de mortes: Há crime único de roubo e extorsão quando o agente, após
latrocínio, devendo a pluralidade de mortes subtrair bens da vítima, mediante emprego de
ser observada na fixação da pena. violência ou grave ameaça, a constrange a
 Arma de brinquedo configura grave entregar o cartão bancário e a respectiva
ameaça senha para sacar dinheiro de sua conta
- A inexistência de bens ou dinheiro em corrente.
poder da vítima de roubo não caracteriza a  Não é possível reconhecer a
hipótese de crime impossível, uma vez que o continuidade delitiva entre os crimes de
delito de roubo é complexo, cuja execução roubo e de extorsão, pois são infrações
inicia-se com a violência ou grave ameaça à penais de espécies diferentes.
vítima  O crime de porte de arma é absorvido
 ROUBO: Iniciou a grave ameaça mas pelo de roubo quando restar evidenciado o
não encontrou o que procurava. (TENTATIVA nexo de dependência ou de subordinação
DE ROUBO) entre as duas condutas e que os delitos foram
 FURTO: enfiou a mão no bolso da praticados em um mesmo contexto fático - o
pessoa e não encontrou a carteira (CRIME que caracteriza o princípio da consunção
IMPOSSÍVEL)  Não há continuidade delitiva entre
- Todos os instrumentos utilizados como roubo e furto, porquanto, ainda que possam
dispositivo para abrir fechadura são ser considerados delitos do mesmo gênero,
não são da mesma espécie
 Não é possível o reconhecimento da 
continuidade delitiva entre os crimes de EXTORSÂO
roubo e latrocínio pois, apesar de se tratarem - O crime de extorsão consuma-se
de delitos do mesmo gênero, não são da independentemente da obtenção da
mesma espécie, devendo incidir a regra do vantagem indevida.
concurso material. ESTELIONATO
 Há tentativa de latrocínio quando a - Quando o falso se exaure no estelionato,
morte da vitima não se consuma por razões sem mais potencialidade lesiva, é por este
alheias à vontade do agente. absorvido.
 Há concurso formal impróprio no  Cheque falso: Sai da loja com apenas
crime de latrocínio nas hipóteses em que o compra pois o cheque ficou na loja, fica
agente, mediante uma única subtração absolvido o falso pelo estelionato.
patrimonial provoca, com desígnios
autônomos, dois ou mais resultados morte.
 Cartão de crédito: Sai da loja com o
 O roubo praticado em um mesmo cartão (pontecialmente lesivo) e a compra,
contexto fático, mediante uma só ação, responde pelos 2 crimes de falso e
contra vítimas diferentes, enseja o estelionato (concurso material)
reconhecimento do concurso formal de - Compete ao juízo do local da obtenção da
crimes, e NÃO a ocorrência de crime único. vantagem ilícita processar e julgar crime de
 Cabe a defesa o ônus da prova de estelionato cometido mediante falsificação de
demonstrar que a arma empregada para cheque.
intimidar a vítima é desprovida de potencial - A utilização de papel moeda grosseiramente
lesivo. falsificado configura, em tese, o crime de
 A utilização de arma sem estelionato, da competencia da justiça
potencialidade lesiva, atestada por perícia, estadual.
como forma de intimidar a vítima no delito de - Compete ao foro do local da recusa
roubo, caracteriza a elementar grave processar e julgar o crime de estelionato
ameaça, porém, NÃO permite o mediante cheque sem provisão de fundos.
reconhecimento da majorante de pena. - comprovado não ter havido fraude, não se
 O crime de porte de arma é absorvido configura o crime de emissão de cheque sem
pelo de roubo quando restar evidenciado o fundos
nexo de dependência ou de subordinação  Configura crimes apenas quando o
entre as duas condutas e que os delitos cheque é utilizado como pagamento à vista
foram praticados em um mesmo contexto  Impossível caracterizar o crime de
fático o que caracteriza o princípio da estelionato no cheque pós-datado. Também
consunção. entende o STF que é falta de justa causa para
 A gravidade do delito de roubo a ação penal a apresentação do cheque
circunstanciado pelo concurso de pessoas antes da data consignada como de emissão.
e/ou emprego de arma de fogo NÃO constitui - O pagamento de cheque emitido sem
motivação suficiente, por si só, para justificar a provisão de fundos, após o recebimento da
imposição de regime prisional mais denúncia, não obsta ao prosseguimento da
gravoso, na medida em que constituem ação penal. Se o agente repara o dano antes
circunstâncias comuns à espécie. do recebimento da denúncia, obsta o
 Há CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO prosseguimento da ação penal.
no crime de latrocínio nas hipóteses em que o - Não se admite a incidência do princípio da
agente, mediante uma única subtração insignificância na prática de ESTELIONATO
patrimonial provoca, com desígnios “QUALIFICADO” por médico que, no
autônomos, dois ou mais resultados morte.
desempenho de cargo público, registra o cheque sem fundos, em que a reparação
ponto e se retira do hospital. ocorra antes do oferecimento da denúncia.
- Para a configuração de apropriação indébita  O delito de estelionato é consumado
de contribuição previdenciária, não há no LOCAL em que se verifica o prejuízo à
necessidade da comprovação do dolo de se vítima.
apropriar dos valores destinados à previdência  O pagamento de cheque emitido sem
social. provisão de fundos, após o recebimento da
- Agente que pratica fraude para que terceiro denúncia, não obsta ao prosseguimento da
receba benefício previdenciário: pratica ação penal.
crime instantâneo (todas as elementares do  O crime de apropriação indébita
tipo são praticadas no momento da fraude) previdenciária é de natureza material e exige
e de efeitos permanentes a constituição definitiva do débito tributário
perante o âmbito administrativo para
configurar-se como conduta típica.
- Agente que se beneficia da fraude  O delito de apropriação indébita
recebendo, mensalmente, o benefício: previdenciária constitui crime omissivo
pratica crime permanente. Todo mês renova a próprio, que se perfaz com a mera omissão
conduta e possui o poder de cessá-la. de recolhimento da contribuição
 Compete à Justiça Comum Estadual previdenciária dentro do prazo e das formas
processar e julgar crime de estelionato legais, prescindindo, portanto, do dolo
praticado mediante falsificação das guias de específico.
recolhimento das contribuições  A apropriação indébita previdenciária
previdenciárias, quando NÃO ocorrente lesão é crime instantâneo e unissubsistente,
à autarquia federal. sendo a mera omissão de recolhimento da
 O delito de estelionato previdenciário, contribuição previdenciária dentro do prazo e
praticado para que terceira pessoa se das formas legais suficiente para a
beneficie indevidamente, é crime instantâneo caracterização da continuidade delitiva.
com efeitos permanentes, iniciando-se a  Na apropriação indébita
contagem do prazo prescricional a partir da previdenciária, o pagamento integral do
primeira parcela do pagamento relativo ao débito tributário, ainda que APÓS o trânsito
benefício indevido. em julgado da condenação, é causa de
 Aplica-se a regra da continuidade extinção da punibilidade do agente.
delitiva ao crime de estelionato  Aplica-se o princípio da
previdenciário praticado por terceiro, que insignificância ao crime de apropriação
após a morte do beneficiário segue indébita previdenciária,quando, na ocasião
recebendo o benefício regularmente do delito, o valor do débito com a Previdência
concedido ao segurado, como se este fosse, Social NÃO ULTRAPASSAR o montante de
sacando a prestação previdenciária por meio dez mil reai.
de cartão magnético todos os meses.  O delito de receptação, nas
 A devolução à Previdência Social da modalidades transportar, conduzir ou
vantagem percebida ilicitamente, antes do ocultar, é crime permanente, cujo flagrante
recebimento da denúncia, NÃO EXTINGUE a perdura enquanto o agente se mantiver na
punibilidade do crime de estelionato posse do bem que sabe ser produto de
previdenciário, podendo, eventualmente, crime.
caracterizar arrependimento posterior.  É inaplicável o princípio da
 O ressarcimento integral do dano no consunção entre os crimes de receptação e
crime de estelionato, na sua forma porte ilegal de arma de fogo por serem
fundamental, não enseja a extinção da delitos autônomos e de natureza jurídica
punibilidade, salvo nos casos de emissão de
distinta, devendo o agente responder por causal entre o ato praticado pelo acusado,
ambos os delitos em concurso material. destinado à satisfação da sua lascívia, e o
 Justifica-se a opção do legislador efetivo dano à dignidade sexual sofrido pela
pela imposição de pena mais grave ao delito ofendida
de receptação qualificada em relação à - É possível a exasperação da pena-base
figura simples pois a comercialização ou acima do mínimo legal no crime de estupro de
industrialização do produto de origem ilícita vulnerável quando restar evidenciado severo
lesiona o mercado e os consumidores. trauma psicológico na vítima.
HC n. 306.085/SP: A jurisprudência do STF e
do STJ consolidou-se no sentido de que o
crime previsto art. 217-A, do Código Penal, é
de tipo misto alternativo. Ou seja, quando as
condutas correspondentes a "conjunção
carnal" e a "outro ato libidinoso" forem
praticadas em um mesmo contexto fático,
contra a mesma vítima, permitem o
reconhecimento da ocorrência de crime
ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA, ÚNICO.
O AGENTE PAGA INTEGRALMENTE O 1707920/RJ: configuração do estupro de
PREJUÍZO SOFRIDO, qual é a vulnerável basta que a intenção do agente
consequência? seja a satisfação sexual e que estejam
1 - Estelionato previdenciário: presentes os elementos previstos no
Arrependimento posterior; dispositivo (conjunção carnal ou outro ato
2 - Apropriação indébita previdenciária/ libidinoso).
sonegação de contribuição previdenciária:  O estado de sono, que diminua a
Causa de extinção da punibilidade; capacidade da vítima de oferecer resistência,
3 - Estelionato mediante cheque sem caracteriza a vulnerabilidade prevista no art.
fundos: Causa "supralegal" de extinção da 217-A, § 1º, do Código Penal - CP.
punibilidade  No crime de estupro em que a
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL vulnerabilidade é decorrente de enfermidade
- A ação penal relativa ao crime de lesão ou deficiência mental, o magistrado não está
corporal resultante de violência doméstica vinculado à existência de laudo pericial para
contra a mulher é pública incondicionada. aferir a existência de discernimento ou a
- O crime de estupro de vulnerável se possibilidade de oferecer resistência à
configura com a conjunção carnal ou prática prática sexual, desde que a decisão esteja
de ato libidinoso com menor de 14 anos, devidamente fundamentada, em virtude do
sendo irrelevante eventual consentimento da princípio do livre convencimento motivado.
vítima para a prática do ato, sua experiência  O beijo lascivo integra o rol de atos
sexual anterior ou existência de libidinosos e configura o CRIME DE
relacionamento amoroso com o agente. ESTUPRO se obtido mediante emprego de
- O crime de assédio sexual é geralmente força física do agressor contra vítima maior
associado à superioridade hierárquica em de 14 anos.
relações de emprego, no entanto pode  Em razão do princípio da
também ser caracterizado no caso de especialidade, é descabida a
constrangimento cometido por professores desclassificação do crime de estupro de
contra alunos vulnerável para o crime de importunação
- A doutrina e jurisprudência sustentam a sexual, uma vez que este é praticado SEM
prescindibilidade do contato físico direto do violência ou grave ameaça, e aquele traz
réu com a vítima, a fim de priorizar o nexo
ínsito ao seu tipo penal a presunção absoluta exigência da vantagem indevida (e não no
de violência ou de grave ameaça. instante da entrega). Isso porque
 O delito de estupro de vulnerável se a concussão é crime FORMAL, que se
consuma com a prática de qualquer ato de consuma com a exigência da vantagem
libidinagem ofensivo à dignidade sexual da indevida. Assim, a entrega da vantagem
vítima. indevida representa mero exaurimento do crime
 A contemplação lasciva configura o ato que já se consumou anteriormente.
libidinoso constitutivo, sendo irrelevante, para - Configura crime de contrabando a
a consumação dos delitos, que haja contato importação de colete à prova de balas sem
físico entre ofensor e vítima. prévia autorização do Comando do Exército
 A prática de crime contra a dignidade - O principio da insignificancia é inaplicável
sexual por professor faz incidir a causa de aos crimes contra a administração pública.
aumento de pena, por sua evidente posição STJ (Sumulado do tribunal superior) – Não
de autoridade e ascendência sobre os aceita
alunos. STF – Sim, excepcional
 Não há bis in idem na incidência da - Comete o crime de peculato, na modalidade
agravante genérica concomitantemente com a desvio, em continuidade delitiva o servidor
causa de aumento de pena, no CRIME DE público que se utiliza ilegalmente de
ESTUPRO. passagens e diárias pagas pelos cofres
públicos
 No estupro de vulnerável a condição
de a vítima ser criança é elemento ínsito ao
tipo penal, tornando impossível a aplicação - Nos crimes de falso testemunho ou falsa
da agravante genérica, sob pena de bis in perícia, o legislador entendeu configurar
idem. causa extintiva da punibilidade do agente o
 O fato de o ofensor valer-se de fato de ele retratar-se (ou dizer a verdade) em
relações domésticas para a prática do crime juízo, antes de proferida a sentença.
de estupro não pode, ao mesmo tempo, ser  É possível o agravamento da pena-
usado como circunstância judicial base nos delitos praticados contra a
desfavorável e como agravante genérica, sob Administração Pública com fundamento no
pena de bis in idem. elevado prejuízo causado aos cofres
 No estupro de vulnerável, o trauma públicos, a título de consequências do crime.
psicológico que justifica a valoração negativa  A regularidade contábil atestada pelo
das consequências do crime é aquele cuja Tribunal de Contas não obsta a persecução
intensidade for superior à inerente ao tipo criminal promovida pelo Ministério Público,
penal. ante o princípio da independência entre as
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO instâncias administrativa e penal.
- Consumação do crime de peculato-desvio  A agravante não é aplicável nos casos
ocorre no momento em que o funcionário em que o abuso de poder ou a violação de
efetivamente desvia o dinheiro, valor ou outro dever inerente ao cargo configurar elementar
bem móvel, em proveito próprio ou de terceiro, do crime praticado contra a Administração
ainda que não obtenha a vantagem Pública.
indevida.  Os advogados dativos, nomeados
- A prática de crime contra a Administração para exercer a defesa de acusado
Pública por ocupantes de cargos de elevada necessitado nos locais onde não existe
responsabilidade ou por membros de poder Defensoria Pública, são considerados
justifica a majoração da pena-base. funcionários públicos para fins penais.
- No crime de concussão, a situação de
flagrante delito configura-se no momento da
 A notificação do funcionário público, formal e o recebimento se consubstancia em
não é necessária quando a ação penal for mero exaurimento.
precedida de inquérito policial.  Comete o crime de extorsão e NÃO o
 A elementar do crime de peculato se de concussão, o funcionário público que se
comunica aos coautores e partícipes utiliza de violência ou grave ameaça para
ESTRANHOS ao serviço público. obter vantagem indevida.
 A consumação do crime de peculato-  A competência para o processo e
apropriação ocorre no momento da inversão julgamento por crime de contrabando ou
da posse do objeto material por parte do descaminho define-se pela PREVENÇÃO do
funcionário público. juízo federal do LUGAR da apreensão dos
 A consumação do crime de peculato- bens.
desvio ocorre no momento em que o  Configura crime de contrabando a
funcionário efetivamente desvia o dinheiro, importação não autorizada de arma de
valor ou outro bem móvel, em proveito pressão por ação de gás comprimido ou por
próprio ou de terceiro, ainda que não ação de mola, independentemente do
obtenha a vantagem indevida. calibre.
 A reparação do dano antes do  A importação não autorizada de
recebimento da denúncia NÃO exclui o crime cigarros ou de gasolina constitui crime de
de peculato doloso, diante da ausência de contrabando, insuscetível de aplicação do
previsão legal, podendo configurar princípio da insignificância.
arrependimento posterior.  O crime de sonegação de
contribuição previdenciária, não exige dolo
específico para a sua configuração.
 A instauração de ação penal
 A importação clandestina de
individualizada para os crimes de peculato e
medicamentos configura crime de contrabando,
sonegação fiscal em relação aos valores
aplicando-se, excepcionalmente, o princípio
indevidamente apropriados não constitui bis
da insignificância aos casos de importação
in idem.
não autorizada de pequena quantidade para
 Não há bilateralidade entre os crimes
uso próprio.
de corrupção passiva e ativa, uma vez que
 Para a caracterização do delito de
estão previstos em tipos penais distintos e
contrabando de máquinas programadas para
autônomos, são independentes e a
exploração de jogos de azar, é necessária a
comprovação de um deles não pressupõe a
demonstração de fortes indícios (e/ou
do outro.
provas) da origem estrangeira das máquinas
 No crime de corrupção passiva, é
ou dos seus componentes eletrônicos e a
indispensável haver nexo de causalidade
entrada, ilegalmente, desses equipamentos
entre a conduta do servidor e a realização de
no país.
ato funcional de sua competência.
 É desnecessária a constituição
 O crime de corrupção passiva
definitiva do crédito tributário na esfera
praticado pelas condutas de aceitar promessa
administrativa para a configuração dos
ou solicitar é formal e se consuma com a
crimes de contrabando e de descaminho.
mera solicitação ou aceitação da vantagem
 O pagamento ou o parcelamento dos
indevida.
débitos tributários não extingue a
 O crime de corrupção ativa é formal e
punibilidade do crime de descaminho, tendo
instantâneo, consumando-se com a simples
em vista a natureza formal do delito.
promessa ou oferta de vantagem indevida.
 Quando o falso se exaure no
 Não há flagrante quando a entrega de
descaminho, sem mais potencialidade lesiva,
valores ocorre em momento posterior a
é por este absorvido, como crime-fim,
exigência, pois o crime de concussão é
condição que não se altera por ser menor a
pena a este cominada.
 O crime de sonegação de
contribuição previdenciária é de natureza
material e exige a constituição definitiva do
débito tributário perante o âmbito administrativo
para configurar-se como conduta típica.
 O delito de sonegação de
contribuição previdenciária NÃO exige
qualidade especial do sujeito ativo, podendo
ser cometido por qualquer pessoa, particular
ou agente público, inclusive prefeitos.
 O crime de falso, quando cometido
única e exclusivamente para viabilizar a
prática do crime de sonegação de
contribuição previdenciária, é por este
absorvido, consoante diretrizes do princípio
penal da consunção.
 Configura o crime de corrupção ativa o
oferecimento de vantagem indevida a
funcionário público para determiná-lo a omitir
ou retardar ato de ofício relacionado com o
cometimento do crime de posse de drogas
para uso próprio.
 O delito de corrupção passiva trata de
crime formal, bastando para a sua
consumação a prática de um dos verbos
nucleares previstos no art. 317 do Código
Penal, isto é, solicitar ou receber vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem, sendo, pois, prescindível a efetiva
realização do ato funcional ou de que a ação
indevida esteja dentro das atribuições formais
do funcionário público, bastando que, em razão
da função pública, o agente possa interferir
para que se alcance o resultado prometido
em troca da vantagem ilícita.

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