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 Método científico na Idade Média

Apesar de ter sido um período considerado nefasto para a história da ciência, houve
cientistas que se interessaram pelo método científico durante o intervalo entre os séculos
IX e XV, como alguns muçulmanos (al-Haytham, Avicenna, entre outros) e cristãos
(Oresme, Occam, entre outros).

De certa forma, o pensamento medieval foi muito eclipsado pela influência


aristotélica. A popularização das suas traduções a partir do século XIII fez com que
deturpações de suas ideias ocorressem por escolásticos medievais. Para saber mais sobre
esse tópico, clique aqui.

 Método científico para Francis Bacon

O prenúncio do nascimento da ciência moderna deve ser creditado a Francis


Bacon, filósofo e jurista inglês. Para ele, o objetivo da ciência deve ser melhorar a vida
do ser humano no planeta, e a maneira certa de fazer isso é por meio das
experimentações.

Bacon era partidário do método indutivo puro, baseado na acumulação de resultados


experimentais e sem o uso de hipóteses, sendo assim suficiente para descobrir todas as
verdades naturais. Para ele, o método dedutivo era o porquê de os filósofos anteriores se
alongarem em discussões e nunca chegarem a respostas concretas.

Ele atacou escolásticos medievais e a certeza do conhecimento, contribuindo para o


desenvolvimento de uma ciência que dependa de uma experimentação formal como
uma forma adequada de testar hipóteses. Para saber mais sobre Bacon, clique aqui.

 Influência do positivismo no método científico

Os séculos seguintes aos trabalhos de Bacon ajudaram os filósofos a desenvolverem a


ciência por meio do método indutivo com simples generalizações a partir de uma série
de observações.

O método científico ficou restrito a três etapas:

◦ descrição;

◦ indução das generalizações;

◦ testes das generalizações, observando-se novamente os mesmos fenômenos a


fim de verificar se as generalizações ainda eram válidas.

Tal forma de fazer ciência permaneceu dominante até o fim do século XIX (ou até o
século XX, no caso da Biologia e as Ciências Sociais), sob o nome de
positivismo (cunhado por Augusto Comte) ou positivismo-lógico (cunhado por filósofos
e matemáticos do Círculo de Viena).
Segundo essa vertente, só é possível produzir um conhecimento verdadeiro se for
possível demonstrá-lo logicamente ou empiricamente. Ou seja, era uma visão linear
da ciência, em que dados brutos experimentais poderiam ser transformados, de forma
metódica, em verdades. Essa visão não tinha o interesse em produzir explicações para
fenômenos, mas sim proliferar generalizações descritivas.

 Método científico para David Hume

O filósofo escocês David Hume teceu uma importante crítica ao método indutivo ao
dizer que a única garantia que temos para o sucesso do método indutivo é o seu sucesso
no passado. Suas ideias foram importantes para demonstrar que o método indutivo não
poderia justificar, racionalmente, qualquer forma de ciência experimental, pois esse
método carece de certeza quanto a conhecimentos de Lógica e de Matemática.

 Método científico para Karl Popper

Popper foi um dos mais importantes filósofos a tentarem resolver as questões levantadas
por Hume. Segundo ele, cientistas não trabalham apenas fazendo observações sobre um
dado fenômeno, mas também produzem hipóteses sobre a natureza, as quais
são submetidas a testes rigorosos.

Segundo o próprio Popper, esses testes serviriam para refutar uma teoria, e não
prová-la, pois segundo o filósofo, provar algo é uma coisa logicamente impossível. Ou
seja, apenas podemos ter certeza ao refutar, uma única contraprova pode ser capaz de
refutar uma generalização.

Assim, segundo Popper, os experimentos devem ser projetados para falsificar ou


refutar hipóteses sob teste, e não para demonstar sua verdade, assim rompendo o ciclo
vicioso do método indutivo. Para Popper, a contraprova é a maior marca da ciência.

Contudo, na prática, nem sempre cientistas descartam teorias assim que ocorrem erros
em suas previsões. Muitas vezes, eles preferem encontrar formas de justificar seus erros.
Se assim o fosse, rapidamente os cientistas ficariam sem hipóteses para testar, já que seu
conhecimento do mundo é limitado.

 Método científico para Thomas Kuhn

O físico e historiador da ciência norte-americano Thomas Kuhn percebeu que a ciência


caminha aos arrancos, o que quer dizer que grandes novas ideias dão origens às
chamadas “revoluções científicas”. Nesse ponto, todos os atores de uma disciplina
concordam sobre uma nova abordagem ou interpretação, o chamado paradigma. Depois
que ocorre uma mudança de paradigma, segundo Kuhn, todos os cientistas tornam a
trabalhar dentro do que ele chamou de “ciência normal”.

Nesse período, os cientistas atuam de forma conservadora: estendem o novo paradigma,


testam suas implicações e realizam experimentos que se acomodem a ele, assim
definindo seus limites, ou seja, sua fronteira. Porém, chegará um ponto em que novas
previsões dentro dessa teoria serão falseadas.
Segundo Kuhn, em um primeiro instante, os cientistas agirão para defendê-lo, criando
hipóteses auxiliares, até que, eventualmente, o peso das previsões falsas se tornem tão
significativas que a teoria tem que ser abandonada. Então, algum cientista vai sugerir
um novo paradigma, e o ciclo será reiniciado. Para saber mais sobre Kuhn,

Fontes

MARCELLO, C. A Escola de Atenas de Rafael Sanzio: análise detalhada da obra. Cultura


Genial. Disponível em: https://www.culturagenial.com/a-escola-de-atenas-de-rafael-sanzio/.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 5ª ed. São Paulo:


Atlas, 2003.

ROQUE, A. C. O método científico. Evolução dos Conceitos da Física. FFCLRP – USP.


Disponível em: http://sisne.org/Disciplinas/Grad/EvolConcFis/metodo%20cient%EDfico.pdf.

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