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Superintendência de Atenção à Saúde

Diretoria de Urgência e Emergência Especializada


Núcleo de Governança Clínica

Tipo do PC /ACA Versão:01


Protocolo Clínico
documento
PRT n°49 Pág.: 1/6
Data de emissão:
11/10/2023
Título do
PROTOCOLO PARA ATENDIMENTO DE CRISE DE ASMA
documento Revisão: de acordo com a
demanda

1. Introdução
Asma é definida como uma inflamação crônica e recorrente das vias
respiratórias, resultando em hiper-responsividade da via aérea, aumento da produção
de muco e obstrução do fluxo de ar.
2. Crise de Asma
A exacerbação ou crise de asma é caracterizada por dispneia, tosse, sibilância,
sensação de opressão torácica e diminuição da função pulmonar. Pode ocorrer em
pacientes com diagnóstico preexistente ou como primeiro episódio, lembrando que em
lactentes as causas mais frequentes de sibilância são as infecções virais. Geralmente é
causada por exposição aos aeroalérgenos e/ou por infecções virais, bem como em
pacientes com pouca aderência às medicações de controle.
3. A abordagem da crise de asma na criança deve ser focada nos seguintes aspectos:
 Avaliação no momento da chegada do paciente à Unidade de Pronto
Atendimento;
 Avaliação da gravidade da crise;
 Identificação do asmático de risco (Tabela 1);
 Tratamento da crise;

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Tabela 1. Identificação do asmático de risco
Internação prévia com necessidade de CTI e ventilação mecânica para controle das crises;

3 ou + visitas à emergência ou 2 ou + hospitalizações no último ano por crise;

Uso frequente de corticoide sistêmico;

Uso de 2 ou + frascos de beta 2 agonista ( salbutamol) de ação rápida ao mês;

Presença de comorbidades;

Baixa adesão a tratamentos prévios.

3.1 Anamnese
a) História prévia de asma (medicações de controle);
b) Crise atual: investigar quadros de infecção respiratória atual, tratamentos já
realizados antes de chegar na emergência
3.1.2 Exame físico
Avaliar:
a) Intensidade da dispneia;
b) Tiragens intercostais, subdiafragmática ou de fúrcula esternal;
c) Sinais vitais com FR e FC;
d) Presença de sibilos;
e) Dificuldade para falar;
f) Cianose;
g) Nível de consciência.

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4. Classificação da gravidade da crise
Tabela 2. Avaliação Clínica da gravidade da crise asmática (escore)
Normal (0) Leve (1) Moderada (2) Grave (3)

FR 40 40-50 50-60 >60

Tiragem costal sem discreta moderada acentuada

Chiado sem discreto audível com Audível sem


estetoscópio estetoscópio
Expiração sem discreta moderada Acentuada
prolongada (só se ouvem sons
expiratórios)
Fígado 0-2 cm 3 cm 4-5 cm >50 cm

ESCORE Normal: 0-1 Leve: 2-5 Moderada:6-11 Grave: 12-15

Saturação O2 >93% 91-93% <90%

ATENÇÃO: FAZER AVALIAÇÃO DA GRAVIDADE DA CRISE!!


4.1 Crise Leve a moderada
O paciente não apresenta alterações do estado geral e do nível de consciência.
Pode apresentar dificuldade respiratória leve, tiragens intercostais leves, FR aumentada,
sibilos localizados.
4.1.1 Crise Grave
Paciente com sinais mais evidentes de desconforto respiratório, com
taquidispneia, tiragens intercostais, de fúrcula e/ou esternocleidomastoideas, FC e FR
aumentadas.
5. Tratamento
5.1 Tratamento inicial

 De acordo com fluxograma item 5.4;


 Início precoce de corticosteroides na crise grave e na crise leve em > 6 anos;
 Suplementação de oxigênio de acordo com a gravidade da crise e resposta às
medidas iniciais.
5.2 Duração do tratamento
 Salbutamol inalatório 4 a 6x/dia por 5 dias;
 Corticoide oral por 5 dias (se recebeu no atendimento).
5.3 Indicação de exames de controle durante o tratamento
 Não há.

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5.4 Fluxograma de atendimento de crise de asma

Crianças com exacerbação da asma


Considere outros diagnósticos
Avalie a gravidade

Leve a moderada *< 2 meses> 60 irmp Grave


- Não está agitado; 2-11 meses> 50 irpm Pelo menos um dos sintomas:
- Sat O2 >92%; 1-5 anos > 40 irpm - Impossibilita de falar ou beber;
- FR aumentada;* 6-8 anos> 30 irpm
- Cianose central;
- Sem uso da musculatura > 8 anos-adultos >25 irpm
- Confusão ou letargia;
acessória; - Retração subcostal e/ou supraesternal;
- FC 100 e 120 bpm; - FC> 200 bpm (0-3 anos) ou >180bpm (4-5
- Cianose ausente; anos);
- Sat O2 < 92%;
- Tórax silencioso;
Urgente
Tratamento
- Resgate salbutamol spray de 4- 8 puffs(20/20
min -3x);
- Monitorizar a Sat O2, alvo> 94%;
- Prednisolona- 1 a 2 mg/kg/dose- VO se
clínica compatível- dose única ou
- hidrocortisona- dose de ataque(7-10mg/kg );
Solicitar AIH (Autorização de Internação
Hospitalar)
Enquanto aguarda Internação Hospitalar (Leito de
Avaliar rigorosamente a cada 1-2 horas estabilização)
- Resgate salbutamol spray, 10 jatos 20/20 min3X;
- Dose extra de salbutamol spray a cada 1-2 horas;
- Oxigênio (suporte) para manter Sat O2 > 94%;
Piora - Metilprednisolona (1 a 2mg/kg de 6/6 h) ou
- Continuar o tratamento e avaliar AIH; hidrocortisona (7-10 mg/kg ataque e após 2 a 4
Se sintomas recorrem em 3-4 horas: mg/kg a cada 4-6 h);
- Administrar salbutamol extra a cada 2-3horas; - Considerar sulfato de magnésio (tabela 5);
- : 25 a 75 mg/kg (máx.: 2 g).
Alta e planejamento de seguimento
- Certifique-se de haver condições para manter
Melhora ou manutenção do quadro o tratamento em casa;
- Continuar o tratamento; - Mantenha o tratamento de alívio
Se sintomas recorrem em 3-4 horas: (salbutamol);
- Administrar salbutamol extra 2-3 por h; - Verifique a técnica inalatória e a adesão ao
- Monitorizar a Sat O2, alvo> 94%; tratamento;
- Se hidrocortisona repetir (2-4 mg/kg a cada 4-6 - Se nova crise de asma solicitar retorno ao
h); serviço de urgência;
- Se crise repetida encaminhar ao pediatra ou
pneumopediatra da rede.

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6. Tabela de Medicações
Tabela 3. Beta 2 agonista de ação rápida

Salbutamol (Aerolin) 100 mcg/jato

Salbutamol inalatório 4 a 8 puffs ou 0,5 puffs/kg (máx.: 10 puff


s) a cada 20 min 3 vezes e depois a cada
1 a 4 horas- utilizar espaçador.
Fenoterol (Berotec) 5mg/ml

Fenoterol gotas 0,6 gotas/kg/dose (máx.: 20 gotas/dose)


+ 5 ml de SF 0,9% com fluxo de 6 a 8
L/min.
Obs.: usar salbutamol spray ou associar fenoterol + atrovent

Tabela 4. Anticolinérgico

Brometo de ipratrópio 0,25 mg/ml ( Atrovent)

Até 10 kg 10 gotas

Acima de 10 kg 20 gotas

Tabela 5. Corticoide sistêmico/ sulfato de magnésio

Prednisolona 3mg/ml Até 2 anos- máx 20 mg


1 a 2 mg/kg/dia 3 a 5 anos-máx 30 mg
>5 anos- máx 40 mg
Adultos: máx 50 mg
Metilprednisolona 62,5 mg/ml 1-2 mg/kg/dia (máximo 40 mg/dia para <12 anos
e 50 mg/dia para 12-17 anos) a cada 12-24h
Hidrocortisona- 100 mg e 500 mg 2-4 mg/kg a cada 4-6 h
Máximo: 250 mg/dose
**Sulfato de magnésio 50 25-75 mg/kg (máx. 2 g)
(500mg/ml) Infusão lenta (20-30 min)
Diluir a uma concentração de 60 mg/ml
( máx: 200 mg/ml em SF 0,9%)
**Obs.: 1. Constitui uma opção terapêutica para pacientes graves e refratários em sala de
emergência; 2. Paciente com indicação de uso de sulfato de magnésio necessita realizá-lo em

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leito de estabilização;3. Principais eventos adversos: rubor cutâneo, náuseas, fraqueza,
arreflexia, arritmias, hipotensão e depressão respiratória.

Referências
La Torre FPF et al. Emergências em pediatria: protocolos da Santa Casa. Barueri, SP: Manole,
2013.

Firmida M, Daniela B. Abordagem da exacerbação da asma em pediatria. Rev. Ped. SOPERJ, v.


17, supl. 1, p. 36-44, dez. 2017.

Maria e Silva J et al. Protocolo para Atendimento de Crises de Asma. Divisão de Imunologia e
Alergia Pediátrica Divisão de Emergências. Departamento de Puericultura e Pediatria.
Faculdade e Medicina de Ribeirão Preto.

Guia do Episódio de Cuidado. Crise Asmática em Adolescentes. Diretrizes para


diagnóstico e tratamento. Sociedade Beneficente Israelita Brasileira.

Nome cargo Área de Atuação


Gabriela de Souza Castro Coordenação médica
Elaboração Vieira Pediatra Urgência e Emergência
Núcleo de Governança
Thais Kato de Sousa Enfermeira Clínica
Coordenação médica da
Maternidade Marlene
Revisão Gyovanna Lourenço Luz Alves Pediatra Teixeira
Diretora de Urgência,
Emergência e Atenção
Aprovação Loanny Moreira Barbosa Diretora Especializada

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