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Pneumo - Thayná Martins

Turma 104

Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)


Definição
- É uma doença comum, prevenível e tratável
- Caracterizada por sintomas respiratórios persistentes e limitação
ao fluxo aéreo devido anormalidades de pequenas vias aéreas ou
destruição parenquimatosa causadas por exposição significativa a
partículas ou gases nocivos e influenciada por fatores do próprio
indivíduo

Epidemiologia
- Prevalência no Brasil: 10-20%
- A prevalência aumenta com a idade
- Maior prevalencia no sexo masculino
- Mulheres tabagistas são mais susceptíveis
- 3° principal causa de morte no mundo

Etiologia
- Tabagismo ativo e passivo (principal causa)
- Relembrando o cálculo da carga tabágica(CT)
- CT = (maços por dia)x(anos que fumou)
- Ex: pacientes que fumava 2 maços de cigarro por dia e
fumou durante 30 anos > CT = 60 maços/ano
- A maioria dos pacientes com DPOC possui uma carga tabágica
de 40 maços/ano
- Queima de biomassa (madeira, carvão, alimentos)
- Exposição ocupacional (sílica, fibra de vidro)
- Maconha
- Deficiência de alfa 1 antitripsina (essa enzima combate a elastase
neutrofílica do pulmão, caso não haja essa inibição haverá uma
destruição do parênquima pulmonar;
- Nesse caso, o enfisema se concentra nos lobos inferiores
- Acomete pacientes mais jovens)
- Poluição (ainda não tem muita comprovação

Fisiopatologia
- Inalação de agentes nocivos > reação inflamatória > perda da função
da camada ciliar > aumento da quantidade de células caliciformes >
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maior produção de muco e maior acúmulo desse muco devido a
disfunção das células ciliares
- Associada a isso, há uma destruição do epitélio alveolar > enfisema
- Bronquite Obstrutiva crônica + Enfisema Pulmonar = aprisionamento
aéreo

Quadro clínico
- Tosse crônica > sintoma mais frequente
- O paciente tabagista é hipopercebdor, não dá muita
atenção/importância aos sintomas > quando busca o auxílio
médico já está em uma fase avançada
- Tosse seca
- Expectoração
- Dispneia aos esforços > progride com o tempo
- DPN e ortopneia
- Chiado > presente mais quando o paciente está exacerbado
- Fadiga
- Anorexia, emagrecimento, perda de massa muscular

Fenótipos Clássicos:
- Pink Puffer > soprador rosado
- Pacientes mais enfisematosos; dispneia é a principal queixa;
paciente sarcopênico, emagrecido, menos cianóticos; faz
biquinho para soprar; não é um perfil exacerbador
- Blue Bloater > “inchados azuis”,
- Pacientes obesos, mais cianótico, hipoxêmico; perfil
exacerbador; expectoração
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Exame Físico
- Aumento do diâmetro AP do tórax (tórax em tonel)
- Hiperressonância a percussão
- MV globalmente reduzido
- Estertores grossos, sibilos
- Sarcopenia > pacientes mais graves

Exames Complementares
- Espirometria
- DVO sem resposta ao BD
- VEF1/CVF < LIN ou 0,7
- Observa se uma barriguinha/depressão na curva de
fluxo/volume
- RX de tórax
- Redução da vascularização na periferia > destruição dos
capilares
- Retificação do diafragma
- Aumento do diâmetro AP (> 2,5 cm)
- Pulmão fica mais preto nas áreas de enfisema
- Traquéia em lâmina de sabre (afilamento da região próxima da
carina)
- TC de tórax
- Áreas de enfisema > áreas mais pretas
- Espessamento das paredes brônquicas

Diagnóstico

Diagnóstico diferencial:
- Asma
- IC
- Bronquiectasias
- Tuberculose
- Bronquiolite obliterante
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Avaliação
- É feita com base em 4 parâmetros: espirometria, sintomas,
comorbidades e exacerbações
Espirometria
- Classificação de GOLD > usada apenas para DPOC
- Critério utilizado: VEF1 pós BD
- GOLD 1, 2, 3 e 4
- Cortes: 30, 50 e 80

Sintomas
- Classificação da dispneia: Escala mMRC (mais utilizada)

- CAT (COPD assessment test) > outra forma de avaliar os sintomas


(ver no final do resumo)
- 8 perguntas, pontuação de 0 a 40
- Valor maior ou igual a 10 > pacientes mais sintomáticos
- Questionário mais subjetivo
- A prof falou para fazer no ambulatório
Comorbidades
- É sempre importante perguntar se o paciente tem
- Doenças cardiovasculares (HAS, AVC, IC..), Desordens
musculoesqueléticas, Sd metabólica, Osteoporose,
Depressão/Ansiedade
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Exacerbações
- O principal fator de risco para exacerbações é ter tido
exacerbações prévias
- Classificação da exacerbações:
- Perfil exacerbador: pct que teve 2 ou mais exacerbações
prévias no último ano ou 1 exacerbação grave no último ano
- Perfil não exacerbador: pct que teve 1 ou nenhuma
exacerbação

Classificação
Primeiro classifica em GOLD 1,2,3 OU 4 de acordo com a espirometria e
depois classifica em A.B,C ou D de acordo com os sintomas e exacerbações
- Essa classificação é feita somente na consulta inicial

Resumindo:
- GRUPO A – “baixo risco e pouco sintomático”
- GRUPO B – “baixo risco e muito sintomático”
- GRUPO C – “alto risco e pouco sintomático”
- GRUPO D – “alto risco e muito sintomático
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Tratamento
- Objetivos: Alívio dos sintomas, aumentar a tolerância ao exercício,
melhorar a qualidade de vida, reduzir a progressão da doença,
tratar e prevenir exacerbações
- A base fundamental da abordagem terapêutica está nos seguintes
pontos: (1) abstinência ao tabagismo; (2) tratamento farmacológico
das exacerbações; (3) tratamento farmacológico crônico; (4)
programas de reabilitação cardiopulmonar; (5) oxigenoterapia nos
pacientes francamente hipoxêmicos; (6) avaliação da indicação de
transplante pulmonar ou cirurgia pneumo redutora.
- Opções medicamentosas:
- LABA (broncodilatador de longa duração): cerne do tratamento
- Formoterol (disponível no SUS), Salmeterol...
- LAMA (antimuscarínico de longa duração): cerne do tratamento
- Tiotrópio
- SABA (broncodilatador de curta duração): SOS
- Salbutamol, Fenoterol
- SAMA (antimuscarínico de curta duração): SOS
- Ipratrópio
- CI (corticóide inalatório): não é cerne de tratamento do DPOC,
diferente do tratamento da ASMA
- É reservado para perfis mais graves/exacerbadores
- Budesonida, beclometasona
- CO (corticoide oral): indicado para exacerbações
- Prednisona
- Imunomodulador: casos mais graves (GOLD D)
- Azitromicina
- Inibidor da PDE4 (fosfodiesterase 4): casos mais graves (GOLD
D) > muitos efeitos colaterais
- Roflumilaste
- Xantinas: casos graves refratários; são medicações com
estreito limiar terapêutico e alto risco cardiovascular
- Aminofilina
- Mucolíticos: utilizado em pacientes com queixa de tosse
produtiva crônica
- Acetilcisteína
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Opções terapêuticas

Outras medidas
- Cessação do tabagismo > diminuem a mortalidade
- Não voltar a fumar em hipótese alguma e evitar contato com
pessoas tabagistas
- Controla a progressão da doença
- Vacinação: influenza, covid 19, pneumo 13, pneumo 23, dTPa
- Reabilitação cardiopulmonar: atividade física (incluindo musculação),
acompanhamento fisioterápico
- Oxigenioterapia em pacientes hipoxêmicos > diminuem a mortalidade
- Indicações
- Pa02< 55 e/ou SaO2 < 88%
- PaO2 < 55-60 mmHg ou Sa02 88-99% com Hipertensão
Pulmonar ou policitemia (hematócrito > 55%)
- Ressecção pulmonar (cirurgia redutora, bulectomia) > casos bem
específicos
- Transplante pulmonar > diminuem a mortalidade
- Tratar comorbidades

Exacerbação
- Definição: piora aguda dos sintomas que o paciente habitualmente já
tem (dispnéia, tosse, expectoração, chiado) com necessidade de
terapia adicional
- Há piora inflamatória, aumento da secreção e aumento do
aprisionamento aéreo
- Contribui para a progressão da doença
- Pode haver perda da função pulmonar após uma exacerbação
- Importante prevenir e tratar corretamente
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- É um fator de mau prognóstico: IH = mortalidade de 50% em 5 anos

Classificação
É feita de acordo com o tratamento necessário para tratar:

Causas
- Infecções agudas de vias aéreas
- Exposição ambiental aguda
- Mudança climática

Quando internar?
- Condições associadas:
- Comorbidades graves
- Condição socioeconômica
- Falha ao tratamento ambulatorial
- Nível de consciência
- Sinais de alerta: sonolência, torpor, confusão mental, agitação
- Padrão respiratório
- Fala entrecortada
- Uso de musculatura acessória
- Senta ancorado
- Cianose
- Sinais vitais
- PAS < 90 mmHg
- FC > 120 bpm
- FR > 30 irpm
- SpO2 < 90%

Manejo
- Intubação orotraqueal se:
- Glasgow < ou igual a 8 ou
- Sinais de franca IRPA
- O2 suplementar se Sp02 < 92%
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- Meta 88-92%
- Inalatórios:
- Salbutamol: 100 mcg 4-10 puffs a cada 4-6 horas ou
- Nebulização: a cada 4-6 horas ; SF 0,9% 5 mL + Fenoterol
(Berotec®) 10-20 gotas ou Ipratrópio (Atrovent®) 20-40 gotas
- Corticoide sistêmico (em todo paciente que interna):
- Hidrocortisona 200 mg EV bolus ou
- Metilprednisolona 62,5-125 mg EV bolus ou
- Prednisona 40 mg VO 5-7 dias (pacientes menos graves)
- Antibiótico se:
- Sinais de infecção bacteriana!
- Alteração do padrão da expectoração
- IOT (intubação orotraqueal)
- VNI (ventilação não invasiva): diferente da asma, na DPOC ela tem
um papel importante, se o nível de consciência do pct permitir
sempre deve se tentar VNI

Alta do Pronto Socorro


- LABA/LAMA na alta (não há necessidade de dar CI)
- Concluir 5-7 dias de CO em casa (caso o paciente tiver feito uso de
corticoide sistêmico durante a internação)
- Reavaliação ambulatorial o mais breve possível
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Relembrando a interpretação da espirometria com o caso clínico:

1. Certificar se o exame é do paciente mesmo


2. No gráfico fluxo/volume, verificar se há um pico (indica que o pct fez
o esforço adequado); comparar a curva do paciente com a curva
prevista para ele (também estará indicada no gráfico)
a. Esse paciente tem uma redução de VEF1
3. Na curva de volume/tempo, verificar se o platô permanece até 6s
4. CVL = capacidade vital lenta
5. CVF = capacidade vital forçada
6. Linhas mais importantes de olhar: terceira e quarta
7. Distúrbio ventilatório obstrutivo = VEF1/CVF < LIN
a. Classificação do DVO é feita com base no VEF1 (cortes 60%,
40%)
b. Caso CVF estivesse abaixo de 50% = Distúrbio Ventilatório
Restritivo associado
8. Resposta satisfatória ao broncodilatador = melhora de 12% do pré ou
7% do predito
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9. No DVR isolado há uma redução proporcional de CVF e VEF1 que
acaba normalizando VEF1/CVF
a. DVR: CVF abaixo de 50% = DVR

Escore CAT

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