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Reflexiones Sobre La Paz

´MADAME DE STAEL

LEGADO DA REVOLUÇÃO FRANCESA PARA O PENSAMENTO POLÍTICO DO SÉC.XIX

 Momento relevante: Derrota do governo jacobino do Terror e a consolidação da República


do 9 de Termidor;

MADAME DE STAEL

 Ao publicar as Reflexões sobre a paz em 1795, desenvolve os primeiros argumentos para tentar
encontrar uma solução para o impasse político que vigorava na França.
 O ano de 1794 marcou não só a queda dos jacobinos mas a reintegração dos girondinos à
Convenção Nacional.
o O debate termidoriano retoma de alguma forma a dimensão da monarquia
constitucional e do republicanismo girondino que marcava o debate revolucionário
até a morte de Luis XVI e a tomada de poder pelos jacobinos;
 Stael inscreve-se no legado que tenta encontrar uma justa medida para a revolução entre o
assédio dos realistas e o risco de uma nova radicalização democratizante dos republicanos.

REFLEXÕES SOBRE A PAZ INTERIOR (49 A 84)

Pág. 49 a 52

 Fixação dos Objetivos: Refusão das teses dos:


 Realistas: a instabilidade política seria inerente ao regime republicano adotado pela França
após a morte do rei, e que a restauração da monarquia absoluta, reconhecendo todas as
prerrogativas dinásticas da família real francesa, seria o único meio viável para restaurar a
paz e a ordem;
 Republicanos partidários de Robespierre e dos jacobinos (os adeptos da “tirania
demagógica”), responsáveis por reinar sob as “paixões vis” e “opiniões absurdas” das
camadas mais baixas da sociedade.
o Contra essas duas faces de um mesmo mal, o ódio pela liberdade, Staël examina os
sistemas das duas forças políticas que ela considera como partidário do “amor sacro
pela liberdade”: os adeptos de uma monarquia limitada (monarchie limitée) e os
defensores da República “proprietária” (République Proprietaire).

Pág.55 a 63

 O peso do interesse pessoal e da opinião do rei tem grande influência na natureza do trono hoje
em dia. Em circunstâncias normais, o governo pode funcionar independentemente de seu líder
aparente: a Inglaterra, sob um ministério enérgico, não foi afetada pelo intervalo causado pela
doença do rei. Mas quando uma revolução derruba o trono, quando partidos acirrados dividem
um país, a autoridade real assume completamente a natureza daquele que a exerce.
 Agora, na França, depois da lamentável morte do infeliz Luís XVI, para qual rei, em termos
legais, se pode olhar que não tenha demonstrado ser inimigo da liberdade? Condições podem ser
estabelecidas com ele, dizem. Será que ele pode cumpri-las? E, acima de tudo, será que podemos
acreditar que ele vai cumpri-las? Não houve maneira de confiar na palavra de um rei religioso.
 Há alguém em sua família mais digno de confiança do que ele, dado o atual rechaço pela
natureza das coisas? Será que alguém se preocupa com a durabilidade de uma constituição que o
faz descer do que pensava que era seu direito? E mesmo que ele desejasse, como acreditar que
seus amigos não reavivarão seus antigos desejos? Poderia este rei se separar de seu partido,
deixando na fronteira da França todos aqueles que o defenderam, sendo ingrato com o passado
para olhar para o futuro?(…) Opiniões extremas numas se rendem de boa fé.
 Existem desertores em direção à razão que devem ser recolhidos; mas a massa nunca perde sua
direção habitual; e quem conheceu os emigrados fora da França sabe que há muitos entre eles
cujas opiniões, tomadas separadamente, são muito sensatas; mas quando esses mesmos homens
estão reunidos, formam um partido, isto é, um corpo; isto é, uma única opinião soberanamente
intolerante e completamente inflexível. Enfim, mesmo que se transformassem em moderados, a
desconfiança que inspirariam tornaria completamente impossível que continuassem assim. Em
épocas de facções, os homens quase sempre acabam adotando a opinião pela qual geralmente são
acusados, e este é um dos efeitos mais lamentáveis da desconfiança. A suspeita de democracia
faz democratas fora da França; a suspeita atrai perseguições. Aqueles que lhe atribuem uma
opinião diferente da deles deixam de vê-lo; logo, você não terá outros amigos além daqueles do
partido que acredita ser o seu; e seu interesse, encontrando-se previamente ligado à opinião que
foi suposta a você, acabará sempre levando você a defendê-la. O mesmo acontecerá com a
suspeita que a aristocracia inspirará na França; a desconfiança a chamará de orgulho; o orgulho,
de desconfiança; e as melhores resoluções não poderão arrancá-la da força natural das
circunstâncias, única força que deve ser levada em conta nestes tempos, nos quais os homens são
arrastados pelas coisas.
 Escolha de um rei que não tenha nenhuma relação com o partido dos emigrados, isto é, que deva
tudo à revolução e só possa ser rei por ela: Contra aqueles que apoiavam a escolha de uma nova
dinastia que estivesse disposta a aceitar as limitações constitucionais, Staël retoma Burke e o
modelo da monarquia de direito (“monarchie de droit”) inglesa para reforçar o argumento de que
a possibilidade da restauração da monarquia está inevitavelmente ligada à restauração da
hereditariedade, na medida em que “um poder que não pode nunca advir dos homens deve
descer dos céus; pois se se admitir a escolha, o raciocínio chegará e todas as bases da realeza,
admitida como um princípio de fé, serão absolutamente invertidas”

ANÁLISE DA TESE REALISTA

 Para ela, a pressuposição existente fora da França nos meios realistas de que todo o
movimento revolucionário poderia ser identificado como “democrático” dificulta a
transigência nos meios legitimistas com um regime que destruiria as prerrogativas
aristocráticas.
o O conceito de “democracia” é ainda entendido no sentido de uma forma de governo
popular que, no caso da Revolução, encontra sua legitimidade na ideia de soberania
do povo;
o O assédio reacionário da aristocracia, portanto, estaria fadado a padecer diante da
“força natural das circunstâncias” que levam os homens em direção à consolidação
da igualdade, compreendida como o fim dos privilégios.
o Contra aqueles que apoiavam a escolha de uma de uma nova dinastia que estivesse
disposta a aceitar as limitações constitucionais, Staël retoma Burke e o modelo da
monarquia de direito (“monarchie de droit”) inglesa para reforçar o argumento de
que a possibilidade da restauração da monarquia está inevitavelmente ligada à
restauração da hereditariedade, na medida em que “um poder que não pode nunca
advir dos homens deve descer dos céus; pois se se admitir a escolha, o raciocínio
chegará e todas as bases da realeza, admitida como um princípio de fé, serão
absolutamente invertidas”.

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