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Dias Bicca
16/06/2008-16:00
Autor: Dilvar Dias Bicca ;
Como citar este artigo: BICCA, Dilvar Dias. O controle difuso: do concreto ao abstrato.
Disponível em http://www.lfg.com.br 16 junho. 2008.
1. INTRODUÇÃO
Diante de tal quadro, percebe-se que há algum tempo vem se desenvolvendo um processo
de reforma, tanto no que diz respeito à legislação como no âmbito do entendimento
jurisprudencial do STF. A finalidade precípua é dar preferência à atuação do STF de
guardião da constituição, afastando-o de lides com interesse meramente privados.
Essa última é a que mais chamou a atenção, a abstração do controle difuso. E é nesse
tema que o presente trabalho lança suas bases.
Inicialmente dá-se uma breve noção sobre controle de constitucionalidade dos atos
normativos frente à Constituição Federal. Faz-se um pequeno apanhado dos métodos de
controle. Depois, reservam-se dois tópicos para o controle difuso, também denominado
controle por via de exceção ou de defesa.
Tudo isso, tendo como pano de fundo a insuficiência da Corte Suprema de nosso país de
acumular as funções de tribunal constitucional e julgador de causas de natureza
meramente privada em sede de recurso extraordinário.
Há no Brasil um controle desde a criação da lei, feito, a priori, pelo poder Legislativo e
Executivo. Aquele é feito quando da tramitação do projeto pelas casas do Congresso
Nacional. Já o controle pelo executivo é posterior, no momento de sancionar ou vetar o
projeto de lei. Dispõe a o §1º do art.66 da Constituição Federal que se o Presidente da
República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional vetá-lo-á. É o
chamado veto jurídico. Todavia, estando a lei vigente, somente o Poder Judiciário, em
regra[2] , fará o controle de constitucionalidade.
Para realizar tal mister, o de controle Judicial-Repressivo, o legislador pátrio dispôs para o
Poder Judiciário dois métodos de controle. O primeiro denomina-se reservado ou
concentrado efetuado por via de ação. O segundo recebe o nome de difuso ou aberto,
realizado pela via de exceção ou defesa.
A respeito do controle concentrado pode-se afirmar que tal denominação é assim pelo fato
de "concentrar-se" em um único tribunal [3], o Supremo Tribunal Federal. Este controle
também chamado por via de ação tem no ato normativo o objeto do pedido. Nesse método
o legitimado tem em mira a invalidação da norma, a qual é o objeto principal da ação. Por
isso, é também denominado de controle principalir tantum.
Em relação ao controle por via de exceção, de defesa, difuso, por ser o centro do presente
trabalho, tratar-se-á dele nos tópicos a seguir.
O controle difuso é caracterizado por permitir que todo e qualquer juiz ou tribunal possa
realizar no caso concreto a análise sobre a compatibilidade da norma infraconstitucional
com a Constituição Federal. Até então, entendimento solidificado era o da nítida distinção
entre o controle Principalir tantum (concentrado) e o controle Incidenter tantum (difuso). O
primeiro caracterizado como controle de constitucionalidade abstrato; o difuso como
controle de constitucionalidade concreto. Neste, feito por via de exceção, houve sempre
características marcantes.
A despeito disso, vem o STF através de seus julgados, sinalizando claramente uma
mudança de paradigma no que diz respeito ao controle difuso fei[5]to em sede de Recurso
Extraordinário. O Professor Fredie Dedier dá o nome de "objetivação" do Recurso
Extraordinário à manifestação desse fenômeno. Marcus Vinícius Lopes Montez intitula
artigo publicado sobre o assunto na rede mundial de computadores de "A abstravização do
controle difuso"[6] . O próximo tópico é reservado a apresentar mais detidamente essa
mudança no STF.
5. CONCLUSÃO
Diante de tal desenho é perceptível uma mudança de paradigmas. E isso ocorreu tanto
pela reforma judicial inserida pela emenda constitucional n.45/2004 como por
remodelagem de institutos jurídicos como o controle difuso de constitucionalidade. Não
somente se limitando ao concreto, mas incrementado pela abstração.
REFERÊNCIAS:
3) DIDIER JR., Fredie. CUNHA, José Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil, Meios
de impugnação às decisões judiciais e processo nos tribunais. Vol.3, 5ª rev. ampl. e atual.
Bahia: Editora JusPODIVM/ 2008.
4) Item baseado nos Relatórios Anuais e Sistema de informatização do STF. Disponivel em:
http://www.stf.gov.br/portal/cms/verTesto.asp?
servico=estatitica&pagina=movimentoProcessual. Acesso 05 de junho de 2008.
5) LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado -10. ed. Ver., atual. e ampl. - São
Paulo: Editora Método, mar./2006.
8) MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 15ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.
1. Item baseado nos Relatórios Anuais e Sistema de informatização do STF. Disponível em:
http://www.stf.gov.br/portal/cms/verTesto.asp?
servico=estatistica&pagina=movimentoProcessual. Acesso 05 de junho de 2008.
3. LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado -10. ed. Ver., atual. e ampl. - São
Paulo: Editora Método, mar./2006. pág. 115
4. Cabe alertar, contudo, que o STF, já entendera que, mesmo no controle difuso, poder-se-
á dar efeito ex nunc ou pro futuro a uma decisão do STF. Trata-se de modular os efeitos do
controle de constitucionalidade. O leading case foi o julgamento do RE n.197.917 pelo qual
o STF reduziu o número de vereadores do Município de Mira Estrela. Entretanto isso será
tratado mais detidamente quando da abordagem sobre o controle difuso abstrato.
Entretanto confere-se a íntegra do voto em Inf. STF n.341, Rel. Min. Maurício Corrêa.
5. DIDIER JR., Fredie. CUNHA, José Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil, Meios
de impugnação às decisões judiciais e processo nos tribunais. Vol.3, 5ª rev. ampl. e atual.
Bahia: Editora JusPODIVM/ 2008. pág. 323.
http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20080616114453254#7