Você está na página 1de 8

O IMPACTO DA PANDEMIA NO ENSINO-APRENDIZAGEM DOS ANOS

INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: REFLEXÕES/CONSTATAÇÕES DO


ESTÁGIO SUPERVISIONADO II

Evellyn Costa Gomes


Joana Darc Sena Lima
Laysa Vitoria do Nascimento Lima
Professora Lívia Sonalle do Nascimento Silva

Resumo
Este trabalho tem objetivo de refletir sobre os efeitos da pandemia na aprendizagem das
crianças de uma sala do Ensino Fundamental I, mais precisamente sobre o processo de
alfabetização e foi realizado durante o Estágio Supervisionado II do curso de pedagogia e
como essas circunstâncias resultaram em mudanças significativa. Este trabalho é uma
pesquisa qualitativa, com referências bibliográficas dos autores, PIMENTA& LIMA,
BARTHOLO, DIAS & ZALUCA. Os resultados evidenciaram que com a pandemia de 2019
houve um atraso na aprendizagem das crianças, em sua maioria crianças em situação de
vulnerabilidade social que não tiveram acesso as salas de aulas virtuais e não conseguiram
acompanhar o ritmo dos outros alunos.

Palavras-chave: Estágio Supervisionado. Pandemia. Ensino-aprendizagem

Introdução:
A alfabetização é a base para uma educação construtiva, o qual ajuda as crianças a
desenvolverem a leitura, a escrita, a comunicação, as ideias e os pensamentos. Desta forma, a
aprendizagem durante os primeiros anos do ensino fundamental é muito importante porque é
o tempo de alfabetização, a base para outros anos de ensino, mas quando acontece desses
alunos passarem um ou dois desses anos em casa sem a mediação de um professor ensinando
e sem um auxílio por parte da família a aprendizagem regressa. E foi isso que aconteceu com
esses alunos, durante a pandemia de 2019, o mundo foi afetado pelo vírus da COVID-19, e as
aulas que eram presencialmente, tornaram se cem por cento virtuais em casa, quando as aulas
voltaram normalmente, a escola observou que houve um prejuízo no aprendizado das
crianças, dessa forma, objetivamos refletir sobre as consequências desse período de pandemia
na aprendizagem das crianças de uma turma de 4º ano dos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental.

Há crianças que chegam à escola sabendo que a escrita serve para escrever coisas
inteligentes, divertidas ou importantes. Essas são as que terminam de alfabetizar-se na
escola, mas começaram a alfabetizar muito antes, através da possibilidade de entrar
em contato, de interagir com a língua escrita. Há outras crianças que necessitam da
escola para apropriar se da escrita. (Ferreiro, 1999, p.23)

De acordo com Ferreiro, algumas crianças precisam do espaço escolar para aprender a
ler e escrever, e não somente isso, se relacionar e conviver em sociedade, aprender que o uso
social da leitura e escrita é para nos comunicar, mesmo que a alfabetização plena não seja
algo que se aprende somente na escola é um processo para vida inteira.

Metodologia

Trata-se de um trabalho desenvolvido na disciplina de Estágio Supervisionado II, sob a


/orientação da professora Lívia Sonalle do Nascimento Silva. Este trabalho foi elaborado a
partir de leituras, uma sendo uma pesquisa bibliográfica embasando a discussão na
experiência do estágio. Buscamos explorar uma situação detectada e trabalhada por nós
enquanto estagiárias, a partir das principais dificuldades apresentadas pelos alunos após
algum tempo sem estudar devido a pandemia.

Sabemos que o pós-pandemia trouxe vários problemas relacionados à aprendizagem, como a


falta de atenção, diálogo e outros desafios, nesta perspectiva, a escola campo de estágio na
tentativa me minimizar os danos causados durante o período da pandemia, agrupou diversos
alunos do 4º ano em uma turma única para facilitar o processo de alfabetização, algumas
crianças ainda estão no nível silábica com valor sonoro, a maioria já na alfabética sabendo
escrever, mas sem saber a quantidade de silabas.
Desenvolvimento

O Estágio Supervisionado é a parte prática do curso, é a oportunidade de levar as teorias que


estudamos durante os semestres em sala e levar para o chão das escolas da educação básica.
Contudo, se discute que a teoria anda longe da pratica da nossa realidade, mas podemos
firmar que sem a teoria não dar para ir para os estágios, sem embasamento nenhum, porém
mesmo sabendo das teorias, é no estágio que desenvolvemos algumas habilidades especificas
para atuar que somente na pratica se desenvolve. Pois, habilidades que não são ensinadas na
sala de aula do curso de pedagogia, como: o controle de sala, relacionamento com
funcionários da instituição e pais dos alunos e principalmente como se dar a aula, os
conteúdos, fazer com que os alunos interajam nas aulas e não somente transmitir
conhecimento. (PIMENTA& LIMA, 2005) já discorria sobre a profissão docente ser uma
prática social, ou seja, como tantas outras, é uma forma de se intervir na realidade social, no
caso, por meio da educação que ocorre, não só, mas essencialmente nas instituições de
ensino, e o estágio é o primeiro campo de pesquisa, é nas escolas que descobrimos as
realidades distintas.
A primeira etapa do estágio supervisionado obrigatório é a observação, em que buscamos
contemplar todos os aspectos, como: físicos, pedagógicos e as interações, observando desta
forma, os alunos, os professores, como as crianças constroem os conhecimentos conteúdos,
como interagem entre si, com o corpo docente da escola, como acontece a rotina de todos os
dias, observar a maioria das as dificuldades e possibilidades facilidades na sala de aula.
Observando também a didática da escola, como se dar os planejamentos semanais, os auxílios
que a instituição tem para oferecer como o AEE, atendimento educacional especializado,
biblioteca e aulas de reforço.
A segunda parte do estágio consistiu no planejamento e a partir das observações realizadas
na sala de aula, elaboramos planos com o objetivo de desenvolver aulas que investisse em
auxiliar as dificuldades dos alunos que era principalmente a leitura. Enfrentamos algumas
dificuldades barreiras, pois a sala era bastante diversificada em termos de níveis de
aprendizagem e também tinha existia a falta de materiais, como os livros didáticos para os
alunos.Assim, buscamos relacionar o conteúdo com o cotidiano dos alunos, incentivando
ações que refletissem suas experiências diárias.
No momento da pandemia, teve um período que as aulas se tornaram 100% online no nosso
país, apesar de ainda acontecerem as aulas, poucos alunos dessa turma participaram
ativamente, e os professores não tinham como mediar a aula se os alunos não entrassem na
sala virtual, alguns por desinteresse ou até por não ter acesso a aparelhos com internet, isso
por ser um retrato da desigualdade em nosso Brasil, pois, mais de 3 milhões de alunos não
tiveram acesso à internet durante a pandemia, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Embora os professores fizessem esforço para garantir que todos os alunos
aprendessem, isso não foi possível porque, além da pouca idade das crianças,
o estilo de ensino era novidade imaturo e a falta de supervisão eficaz por parte dos tutores
adultos realçavam as diferenças entre os alunos com dificuldades de aprendizagem, e
diferenças entre estudantes cuja situação socialmente desfavorecida piora (DIAS &
ZALUCA, 2022)
Ademais as consequências deixadas por esse período de pandemia foram muitas e atingiram
os(as) estudantes nos aspectos cognitivo, afetivo, emocional e economicamente. (DIAS&
ZALUCA, 2022) crianças que brincavam na rua, nesse momento foram trancadas em casa,
com tão pouca idade, as crianças viram seus entes queridos partindo, a fome batendo na
porta, e ainda ter que conseguir assistir aula sem ter acesso a internet.
Diante desse cenário, as crianças que eram da nossa sala de estágio não estava muito
diferente dessa realidade, a maioria em vulnerabilidade social, que tinha presenciado mortes
de entes queridos a pouco tempo, muitos dos alunos vêm de um contexto familiar
desestruturado, sem acompanhamento na escola, sem auxílio nas tarefas de casa, e que não
participam dos projetos e atividades escolares com seus filhos.
Também crianças com TDAH, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade que
precisava de um auxílio maior. Mediante a nossa atuação como estagiárias, a professora
regente da sala de aula da escola campo de estágio solicitou flexibilidade nas atividades e no
conteúdo, de forma que buscássemos alternativas para reverter contribuir com aquela
situação.
A turma em questão tinha vinte aulos registrados na turma, porém apenas 16 frequentava
ativamente, a faixa etária era de 9 a 12 anos de idade. Mediante do estágio supervisionado
nos anos iniciais devemos observar e considerar o “nível intelectual de cada aluno, e
compreender que mesmo de idades iguais, cada um aprende de uma forma distinta, o
processo da aquisição da leitura e da escrita ocorre de maneira individual, sendo um processo
de construção da criança” (FERREIRO, 1987, p. 14).
Agora falando de aprendizagem devemos mencionar a importância do ensino. Podem-se
buscar novos métodos, procurar o seu aprimoramento e melhorias em suas didáticas através
de pesquisas e os mais afetados foram as crianças e jovens de vulnerabilidade social
(BARTHOLO et al., 2022) tanto por não ter o acesso a internet, e a qualidade desse ensino no
ambiente em casa e a escola é a instituição responsável por essa construção de saberes
(Werneck, 2019) é nela que o aluno terá contato com conteúdos de ordem social, natureza,
científico, a escola deve se preocupar com esse tempo que os alunos estão demorando para
ser alfabetizados e ver a necessidade de recuperação desse aprendizados dos alunos, cabe a
escola investir em reforços, em suporte e em estratégias que entre com a necessidade de cada
aluno que tem direito de uma educação, e uma educação de qualidade. É a escola pública,
com todos os seus desafios, que garante oportunidades para essas crianças e os jovens
brasileiros.
Diante desses desafios adotados algumas estratégias que facilitasse, nossa parte pratica
durante a regência:
Estratégias utilizadas no Estágio Supervisionado II mediante constatação de déficit de
aprendizagem no processo de ensino.
Entrevistas e Conversas: Interagimos regularmente com o aluno por meio de conversas
informais. Isso pode fornecer insights sobre sua compreensão oral, vocabulário emergente e
confiança ao se comunicar específico e construtivo, destacando áreas de sucesso e fornecendo
orientações claras sobre como o aluno pode melhorar em seu desenvolvimento. Os alunos
dessa sala eram bem participativos então aproveitamos o máximo para participarem de todo o
ensino do conteúdo, perguntando se o que já sabiam do conteúdo fazendo associações com a
nossa realidade do dia a dia, diante disso tentamos envolver sempre os alunos nesse processo,
levando várias alternativas diferentes e linguagens, como filmes, slides temáticos,
brincadeiras e recursos paradidáticos.

Colaboração com os Pares: Observamos como os alunos interagiam e colaboravam com


seus colegas, o que nos pode forneceu informações valiosas sobre seu nível de compreensão
e habilidades sociais. Além disso, observamos as interações do aluno com o ambiente de
aprendizagem, incluindo sua capacidade de se envolver com materiais, seguir instruções e
responder a estímulos verbais e visuais. Reconhecemos portanto, que os alunos não
alfabetizados podiam progredir em ritmos diferente. Essa estratégia foi usada durante as
atividades para uns auxiliarem os outros, durante as aulas havia muita briga e alguns alunos
não gostavam de fazer atividades em grupos com certas pessoas, então as atividades serem
resolvidas deixamos que juntassem quem tinha mais facilidade com quem não tinha para se
ajudar, um exemplo de atividade foi a frase fatiada, os alunos teriam que colocar a frase na
ordem correta e que fizesse sentido. A avaliação então foi adaptada às necessidades
individuais, garantindo que cada aluno recebesse o suporte necessário. Sempre tínhamos a
preocupação de Mantermos uma comunicação regular com a professora de sala de aula.

SINGULARIDADES DA SALA
A sala em questão é uma sala que foi criada com o objetivo de alfabetizar essas crianças,
foram escolhidos das outras salas de 4º anos, esses alunos que tinham dificuldade na escrita e
na leitura. Essas crianças não participavam das aulas no período da pandemia de 2019, a
família não apoiava e não colaborava com o trabalho da escola, já haviam repetido o ano
anterior e no ano em questão que estava, havia passado por três professores na sala, por tudo
isso a sala era bem desmotivada e indisciplinada.
Então, como o objetivo era alfabetizar, foram usadas atividades com nível de outros anos
como 1º e 2º anos, não havia livros para trabalhar com eles, além desses do 2º ano que a
professora já tinha utilizado quase todo durante o ano. Observamos que deveria ser adotada
outra estratégia por ser também uma turma que interagia bastante com o professor e gostava
de falar sobre coisas do cotidiano, levamos textos de usos sociais que tivesse a haver com o
dia a dia deles, juntamente com brincadeiras e atividades lúdicas para melhor trabalharmos os
conteúdos, dessa forma fazendo que eles participassem ativamente desse processo.
Não é apenas a habilidade de decodificar letras, mas a capacidade de compreender,
interpretar e utilizar a linguagem de maneira significativa eficaz, tanto na leitura quanto na
escrita, para participar plenamente na sociedade, assim não haver a preocupação somente
com o aprender a decodificar e codificar, mas interpretar, refletir sobre os diversos textos de
diversos gêneros, e trazer esse uso social em desenvolvimento das habilidades (Soares,1998)

Conclusão

Por fim, mesmo com todas as especificidades no processo do estágio observados na sala que
houve o estágio, registramos uma preocupação por parte da escola em auxiliar esses alunos
para alcançar sanar suas necessidades específicas. A pandemia de 2019 e o ensino remoto
trouxeram resultados difíceis em vários aspectos, como o emocional, o cognitivo e o
econômico e como resultado devemos entender que é de suma importância levar em
consideração o contexto, o ambiente em que os alunos estão inseridos ao avaliarmos, e
considerar o tempo e as necessidades e principalmente como esses alunos aprendem.
Embora tenhamos enfrentado desafios, é crucial enfrentar essas dificuldades com
determinação conclui-se que devemos sempre elaborar estratégias de ensino e aprendizagem
de acordo com as necessidades dos alunos da sala. Nesse sentido, é imperativo que nos
tornemos profissionais comprometidos para auxiliar os alunos, contribuindo cada vez mais
para o processo educacional e a realização de objetivos.

REFERENCIAS
DUARTE, Karina; ROSSI, Karla; RODRIGUES, Fabiana. O processo de alfabetização da
criança segundo Emilia Ferreiro. Revista Científica Eletrônica de Pedagogia, v. 3, 2008.
LIMA, Maria Socorro Lucena; PIMENTA, Selma Garrido. Estágio e docência. Cortez
Editora, 2018.
WERNECK, V. R. O papel da educação na aprendizagem e no conhecimento. Revista
Teias, Rio de Janeiro, v. 20, n. 57, p. 62-81, abr.-jun. 2019.
https://doi.org/10.12957/teias.2019.35241 acessado quando?

BARTHOLO, T.; KOSLINSKI, M.; TYMMS, P.; CASTRO, D.. Learning loss and
learning inequality during the Covid-19 pandemic. In: ENSAIO: Avaliação e Políticas
Públicas em Educação, v. ahead, pp. 1-24, 2022.

KOSLINSKI, Mariane; BARTHOLO, Tiago. Impactos da pandemia na educação


brasileira. Nota Técnica, 2022.
DE BARROS DIAS, Marli Pereira; ZALUCA, Cheila Cristina. O Impacto da Pandemia da
Covid19 no Ensino Fundamental I em Curitiba. Revista de Educação da Unina, v. 3, n.
3, 2022.

Você também pode gostar