Modelo Petição Loas

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DOUTO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CÍVEL DE ARAGUAÍNA – TO.

ODINALVA LEITE DA SILVA, brasileira, união estável, portadora do RG n°


38604 e CPF 558.074.021-20, residente e domiciliada à Rua dos Angicos, 47, Setor
Imaculada Conceição, Araguaína TO, vem, por sua advogada subscritora,
respeitosamente à presença do nobre juízo propor a presente

AÇÃO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL (LOAS)

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, Autarquia


Federal com agência nesta cidade, pelos fatos e fundamentos que passa a expor para
ao final requerer.

PRELIMINARMENTE RENÚNCIA AOS VALORES EXCEDENTES A 60 SALÁRIOS


MÍNIMOS PARA FINS DE ALÇADA

A Parte Autora, de acordo com os poderes conferidos na procuração anexada,


renuncia ao valor excedente a 60 (sessenta) salários mínimos na data do ajuizamento
da ação, considerando-se dentro deste limite todas as prestações vencidas, para fins
de fixação da competência deste Juizado Especial Federal, conforme jurisprudência
da TNU (PEDILEF 2008.70.95.00.1254-4).
Frisa-se que o valor da causa para efeito de alçada não se confunde com o
valor da condenação. Assim, o ajuizamento da ação em Juizado Especial Federal não
acarreta renúncia tácita aos valores da condenação que ultrapassam os 60 salários
mínimos, devendo ser observado o artigo 17, parágrafo 4º da Lei 10.259/01.

1. DOS FATOS

Em 24/06/2021 foi requerido junto ao INSS (Canal NOVO REQUERIMENTO) um


pedido de benefício assistencial à pessoa com deficiência/pessoa com doença grave
que tramitou administrativamente com o número NB: 709.419.982-2. O requerimento
foi indeferido com a alegação de que a mesma era titular de uma empresa na cidade
(Panificadora Dois Irmãos).

Além disso, restou alegado pela autarquia que a mesma não compareceu às
perícias agendadas, o que não procede, pois a mesma teve sua perícia realizada em
casa, após impetrar mandado de segurança referente à ilegalidade de agendamento
para cidade diversa da sua residência.

De acordo com os laudos médicos a Parte Autora é portadora de doença grave


(paciente de hemodiálise) e quanto à sua renda, está devidamente demonstrada com
seu CAD único atualizado, com R$132,00 por pessoa. Comprovada também está a
baixa da empresa citada que era apenas uma padaria simples que seus filhos abriram
próximo à sua casa, há anos atrás, que nem renda aufere mais, não estando em
funcionamento.

É de se saber que os analistas da Previdência Social têm por prática comum


analisar superficialmente a condição de seus requerentes, se submetendo apenas e
tão somente ao que está inserido no sistema de dados da Previdência, sem qualquer
análise efetiva, em consequência, a realidade financeira da Autora é muito aquém.
Essa conduta afronta o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana e fere
ainda os Direitos Sociais que estão elencados dentro dos Direitos e Garantias
Fundamentais que tem como objetivo fundamental erradicar a pobreza e a
marginalização e reduzir as desigualdades sociais.

Para a concessão do benefício assistencial, LOAS, é necessária a comprovação


dos requisitos estabelecidos no artigo 203, V, da Constituição Federal, sendo a
miserabilidade e portador de deficiência. Já o artigo 20, §2°, da Lei n° 8.742/1993,
conceitua pessoa deficiente como aquela que tem impedimento de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou
mais barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdade de condições com as demais pessoas.

Em recente decisão do STJ, relativo à apreciação de pedido de concessão de


amparo assistencial ao deficiente, esclareceu sobre a incapacidade laborativa, ainda
que parcial e temporária, bem como a possibilidade de recebimento de benefício
nestes casos. Resta, pois, verificar se está presente o requisito financeiro,
indispensável para a concessão do benefício, devendo ser analisada por perito a
condição em que vive, que passa longe de uma grande empresária, sendo que o
CNPJ sequer existe mais.

De tal sorte, preenchendo, cumulativamente, os requisitos necessários à obtenção


do benefício assistencial, tem a autora direito à concessão deste. No que diz respeito
ao termo inicial do pagamento das parcelas vencidas, deve recair à data do
requerimento administrativo, porquanto já implementados, à época, os requisitos
necessários à concessão do benefício.

2. DOS FUNDAMENTOS

O benefício assistencial está regulado no artigo 20 e respectivos parágrafos e no


artigo 38 da Lei n.º 8.742, de 1993. No que tange à exegese da expressão "pessoa
portadora de deficiência", O Tribunal já decidiu que o fato de a incapacidade ser
temporária não afasta o direito à percepção do benefício assistencial, visto que a
legislação não estabelece que a incapacidade seja irreversível. (AC AC 0022374-
46.2014.404.9999/TRF4) A TNU também já sumulou seu entendimento, afirmando
que não precisa ser permanente:

Sum. 48 - A incapacidade não precisa ser permanente para fins de


concessão do benefício assistencial de prestação continuada.
3. DA VULNERABILIDADE SOCIAL

Sobre vulnerabilidade, tem-se que é encontrada quando a pessoa está exposta à


exclusão social. No que tange ao limite da renda familiar per capita, para fins de
concessão do benefício assistencial, é sabido que tem uma base de análise com o
valor de ¼ do salário mínimo, e, conforme CAD único da autora, sua renda por
pessoa está muito abaixo disso.

4. DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA

A Autora pleiteia a concessão imediata do benefício para custear a própria vida,


tendo em vista que não reúne condições de patrocinar seu sustento, e como ficou
perfeitamente demonstrado, o direto é caracterizado pela comprovação inequívoca do
cumprimento dos requisitos legais à concessão do benefício, sendo que, conforme
cópia do processo administrativo, foi equivocadamente indeferido por motivo de não
cumprimento de exigências, não comparecimento em perícias, e ainda sob a
alegação de que a autora é empresária, e, conforme cópia do processo
administrativo, todos os documentos foram devidamente juntados e a autora teve sua
perícia realizada em casa, as perícias que não compareceu foi por ser objeto de
mandado de segurança, da qual foi vencedora, obrigando o juízo a autarquia de se
deslocar à cidade da autora, conforme comprovante da perícia realizada anexada.

DO PERIGO DA DEMORA: Trata-se de benefício devido e única forma de garantir


a subsistência da Autora, especialmente por tratar-se de verba alimentar, ou seja, tal
circunstância confere grave risco pela demora do processo. Os requisitos exigidos
para a concessão do benefício encontram-se perfeitamente demonstrados para o
deferimento a medida antecipatória, motivo pelo qual imperiosa a sua concessão,
conforme precedente jurisprudencial. Aliás, não há óbice de concessão de tutela
antecipada para a concessão de benefício assistencial do LOAS, dado o seu caráter
alimentar.

Os documentos apresentados no processo e nas perícias são os seguintes: 1.


CAD Atualizado; 2. Documentos pessoais; 3. Procuração; 4. Laudos Médicos; 5.
Comprovantes da baixa da empresa que era dos seus filhos; 6. Comprovante de
Residência, dentre outros.
5. DO CÁLCULO DE VALORES DEVIDOS À AUTORA

Segue cálculo do valor devido à autora, desde a data do primeiro requerimento,


tendo em vista ter sido indeferido equivocadamente e ter a autora direito ao benefício
desde então, tendo em vista sua deficiência se dar anteriormente, conforme laudos.

Meses 06/2021 a 03/2022 = TOTAL


R$10.236,00
R$ 24.780,00
12 meses vincendos: R$14.544,00

6. REQUERIMENTOS

À vista do exposto, REQUER a Vossa Excelência:

a) O recebimento da presente AÇÃO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO


ASSISTENCIAL (LOAS), pelo Procedimento Sumaríssimo, com os documentos que a
instruem, deferindo-se o pedido da Gratuidade da Justiça visto que a Parte Autora
não possui recursos para arcar com as custas processuais, sem que haja prejuízo de
sua subsistência, bem como os benefícios da prioridade na tramitação, tendo em vista
a Parte Autora ser portadora de deficiência, de acordo com a Lei 12.008/2009, art. 4º,
II.

b) CITAÇÃO DO RÉU – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS,


na pessoa de seu representante legal, para, querendo, apresentar defesa, no prazo
legal, e junto com esta trazer aos autos o processo administrativo referente a todos os
benefícios já percebidos pela Parte Autora, necessários e indispensáveis para o
deslinde da demanda, consubstanciado no artigo 11 da Lei nº 10.259/01, sob pena de
revelia e presunção de verdade quanto aos fatos articulados;

c) PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. A procedência da presente ação, condenando o


INSS a:
c.1) conceder o benefício assistencial desde a data do requerimento
administrativo, visto a comprovação dos requisitos necessários para a referida
concessão, ou seja, 24/06/2021;

c.2) pagar à Parte Autora (via judicial – mediante RPV) as diferenças verificadas
relativamente às prestações vencidas até a última competência referida nos cálculos
a ser realizado, com a correção monetária pelo INPC desde o vencimento de cada
parcela, acrescida de juros moratórios no mesmo percentual de juros incidentes sobre
a caderneta de poupança, não capitalizáveis, contados desde a citação, nos termos
da Lei 11.960/2009;

c.3) pagar à Parte Autora (na via administrativa), mediante Complemento Positivo
(CP), juntamente com a prestação do mês da implantação, os valores vencidos e que
se vencerem entre a competência inclusa nos cálculos e a data da efetiva
implantação administrativa da revisão, com incidência sobre estas parcelas dos
mesmos critérios do item anterior, relativamente aos juros e à correção monetária;

c.4) pagar os valores atrasados por meio de RPV/Precatório expedido(a) de


acordo com a Resolução 438/05 do Conselho da Justiça Federal, sendo que os
valores contratados a título de honorários advocatícios sejam expedidos conforme
contrato de honorários;

d) Que seja deferida a antecipação dos efeitos da tutela, em caráter liminar, no


sentido de obrigar a ré a conceder o benefício assistencial do LOAS, no prazo
máximo de 30 dias conforme comprovantes de requisitos para a concessão
apresentados; e, caso não seja deferida em sede liminar a antecipação dos efeitos da
tutela, pede-se que seja concedida a tutela antecipada após a apresentação da
defesa da ré. Que seja ao final confirmada a antecipação dos efeitos da tutela e
julgada procedente o pedido da autora para condenar a ré para que proceda a
concessão do benefício assistencial do LOAS e pague os retroativos devidos desde a
data do requerimento administrativo;

e) EMOLUMENTOS JUDICIAIS E SUCUMBÊNCIA. A condenação da autarquia,


ao pagamento das custas processuais, dos honorários de advogado, a título de
sucumbência, observando-se o disposto no art. 85, §3º e 8º do CPC/2015, além dos
demais emolumentos judiciais que se fizerem necessários, na forma da Lei;
f) PREQUESTIONAMENTO. Requer-se o prequestionamento dos artigos 5º, inciso
XXXVI, LV, 6º, e 203, V da Constituição Federal, caso haja o entendimento contrário
ao que está sendo requerido nesta peça processual;

g) PROVAS. Seja deferida a produção antecipada da prova pericial, sendo


designado perito oficial médico da área, para que responda aos quesitos elaborados
pelo nobre juízo, e ainda a produção de todas as provas em direito permitidas com
fundamento no art. 370, do CPC/2015.

g) DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO. Nos termos do artigo 319 inciso VII do


CPC, a Parte Autora opta pela não realização de audiência de conciliação/mediação,
requerendo, alternativamente, que eventual proposta de acordo seja apresentada por
escrito aos autos pelo Réu.

Dá-se à causa o valor de R$24.780,00.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Araguaína, 10/03/2022.

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