Poder Judiciário São Paulo: Tribunal de Justiça

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2024.0000443834

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº


1024879-73.2022.8.26.0005, da Comarca de São Paulo, em que é apelante/apelado
TIM S/A, é apelada/apelante CRISTINA EDUARDO DA SILVA (JUSTIÇA
GRATUITA).

ACORDAM, em 27ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de


Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso
da ré e deram parcial provimento ao da autora, por votação unânime", de
conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores


ROGÉRIO MURILLO PEREIRA CIMINO (Presidente sem voto), DAISE
FAJARDO NOGUEIRA JACOT E LUÍS ROBERTO REUTER TORRO.

São Paulo, 21 de maio de 2024.

DARIO GAYOSO
RELATOR
Assinatura Eletrônica
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Voto 4468
Apelação 1024879-73.2022.8.26.0005
Apelante: TIM S/A
Apelada: CRISTINA EDUARDO DA SILVA
Origem: São Paulo 2ª Vara Cível Regional de São Miguel Paulista
MM. Juiz: Michel Chakur Farah

APELAÇÃO Telefonia Portabilidade indevida -


Fraude denominada “sim swap” - Indenizatória
Respeitável sentença de parcial procedência
condenando a empresa ao pagamento de indenização
por danos morais arbitrada em R$ 5.000,00.
Apelação da requerida. Busca a improcedência da ação.
Alternativamente quer redução da indenização por
danos morais.
Recurso adesivo da autora pela majoração da
indenização dos danos morais que estima em R$
15.000,00.
Em consonância com os parâmetros de razoabilidade e
proporcionalidade e levando-se em conta a privação de
usar aplicativos como ferramenta de trabalho, além de
ter sua imagem utilizada para aplicação de golpes por
terceiros, o valor arbitrado em R$ 5.000,00 comporta
majoração para R$ 10.000,00.
RECURSO DA RÉ DESPROVIDO.
RECURSO DA AUTORA PROVIDO
PARCIALMENTE.

Vistos.

Trata-se de apelação interposta contra respeitável sentença


proferida em ação de indenização por danos morais proposta por CRISTINA
EDUARDO DA SILVA contra TIM S.A.

A ação foi julgada procedente para condenar a ré a pagar à autora a


quantia de R$ 5.000,00 (p. 138/142).

Apela a empresa requerida (p. 147/157) buscando a improcedência


da ação. Alternativamente quer redução da indenizaçaõ por danos morais. Sustenta
que não agiu de má-fé e que não há prova da clonagem ou troca de "chip",
restringindo-se a alegações unilaterais afirmando a ocorrência de fraude e acessos

Apelação Cível nº 1024879-73.2022.8.26.0005 -Voto nº 2


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em plataformas de suas redes sociais e financeiras não administradas pela "Tim".

Contrarrazões pelo desprovimento do recurso (p. 163/174).

Recurso adesivo pela autora (p. 175/182) pela majoração dos


danos morais que estima em R$ 15.000,00.

Recursos tempestivos e preparado pela ré (p. 158-159).

É o relatório.

V O T O.

O recurso da ré não comporta provimento.

Preservado o convencimento do MM. Juiz, o recurso adesivo da


autora comporta parcial provimento.

Consta da inicial que a empresa requerida "Tim", autorizou


indevidamente, em 19/10/2022, a portabilidade de linha telefônica, usada pela autora
para atendimento de seus clientes e cadastrada nas redes sociais da autora.

Comprovação de que após a finalização da portabilidade irregular,


terceiros invadiram as redes sociais da autora, desconectaram a requerente dos "e-
mails", "WhatsApp", redes sociais, alteraram as senhas e passaram a aplicar diversos
golpes em consumidores (p. 31/45).

Alguns consumidores foram vítimas e realizaram pagamentos por


meio de "PIX" aos golpistas que se passavam pela autora.

Esta fraude é denominada de “SIM SWAP”, que permitiu o acesso


as contas da autora nos serviços "WhatsApp" e "Instagram".

A autora, guia turística, deixou de ter acesso por um período de


quase 30 dias da sua conta, gerando abalo moral, pois contava com mais de 17 mil
seguidores em suas redes sociais, cadastradas através de seu número de telefone,
anunciando pacotes de viagens.

A prática de ato ilícito pela requerida restou comprovada,


caracterizada pela falha na prestação de serviços consistente na portabilidade sem
autorização, e o fato ultrapassou a esfera do mero aborrecimento, gerando o dever de
indenizar.

As provas atestam que a pessoa física autora sofreu abalo ao seu


bom nome, credibilidade e imagem perante seus clientes.

Em consonância com os parâmetros de razoabilidade e


proporcionalidade adotado por esta Câmara e levando-se em conta o caso concreto e

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a privação de usar aplicativos como ferramenta de trabalho, além de ter sua imagem
utilizada para aplicar golpes por terceiros, o valor arbitrado em R$ 5.000,00
comporta majoração para R$ 10.000,00.

Em casos semelhantes assim decidiu este Egrégio Tribunal:

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TELEFONIA. AÇÃO


INDENIZATÓRIA. Sentença de procedência do pedido mantida.
Portabilidade de número de telefone celular realizada sem o
consentimento do consumidor, em fraude praticada por
terceiro, com êxito na alteração de dados de aplicativos
existentes em aparelho celular. Fato do serviço. Ré que não se
desincumbiu do ônus contido no art. 14, § 1°, do Código de
Defesa do Consumidor. Eventuais normas regulamentares, como
da ANATEL, não têm o condão de afastar a responsabilidade
solidária das rés perante os consumidores, nos exatos termos do
art. 7º do Código de Defesa do Consumidor. Danos morais
configurados. Indenização mantida em R$ 10.000,00, estando
em sintonia com a jurisprudência deste Egrégio Tribunal em
casos análogos. Verba honorária em sede recursal majorada.
RECURSO NÃO PROVIDO. (TJSP - 1063570-65.2022.8.26.0100
- Relator(a): Alfredo Attié - Órgão julgador: 27ª Câmara de Direito
Privado - Julgamento: 29/09/2023)

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Ação de reparação de danos


Fraude de SIM SWAP Portabilidade da linha de telefonia
móvel para um chip utilizado por terceiro Portabilidade
realizada indevidamente pela concessionária de telefonia
Transferência de chip de celular que permitiu ao terceiro ter
acesso à conta mantida em plataforma de e-commerce
"Mercado Livre" e sistema "Mercado Pago" Celebração de
vendas fraudulentas Falha na prestação dos serviços
Responsabilidade objetiva Dano moral caracterizado
Valor mantido em R$ 10.000,00. Recurso não provido. (TJSP -
1012308-45.2021.8.26.0348 - Relator(a): Sá Moreira de Oliveira -
Órgão julgador: 33ª Câmara de Direito Privado - Publicação:
23/04/2024)

Neste contexto, pelo meu voto, DÁ-SE PARCIAL


PROVIMENTO ao recurso da autora, para majorar a indenização por dano
moral para R$ 10.000,00 (dez mil reais); e, NEGA-SE PROVIMENTO ao
recurso da empresa requerida.

A verba honorária foi fixada no patamar máximo (20% sobre o


valor da condenação), o que impossibilita majoração.

Apelação Cível nº 1024879-73.2022.8.26.0005 -Voto nº 4


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Considera-se prequestionada toda a matéria constitucional e


infraconstitucional discutida, evitando-se, com isso, oposição de embargos de
declaração para este fim (Súmulas 211 do Superior Tribunal de Justiça e 282 do
Supremo Tribunal Federal).

DARIO GAYOSO
Relator

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