1 - INIC1 - Rescisão Ribeiro

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ª VARA CÍVEL DA COMARCA

DE XAXIM-SC.

RIBEIRO EMPREENDIMENTOS LTDA., pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ sob o n. 21.308.581/0001-01, sito à Rua Severino Tombini, nº
223, Bairro Frei Bruno, Xaxim-SC, por seu procurador que ao final subscreve, ut
instrumento anexo, com escritório profissional na Avenida Santa Catarina, nº 288,
Centro, 89500-121, Caçador/SC, onde recebem intimações e outros papéis judiciais,
bem como podendo ser intimados pelos e-mails prigol.adv@terra.com.br e
melsilveira@gmail.com, e contatados pelos telefones/WhatsApp (49) 999810246 e (48)
999238002, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DE RESOLUÇÃO CONTRATUAL C/C REINTEGRAÇÃO DE POSSE,


COBRANÇA PELA FRUIÇÃO DO IMÓVEL E PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

contra IRINEU CARDOSO, brasileiro, inscrito no CPF sob o nº


646.154.649-91 e portador do RG nº 2.075.847, celular (49) 99902 9860, e-mail
desconhecido, NEIVA APARECIDA CARDOSO, brasileira, inscrita no CPF sob o nº
726.153.979-15 e portadora do RG nº 2.074.697, celular (49) 98409 5192, e-mail
desconhecido, residentes e domiciliados na Rua Duque de Caxias, nº 284, apto 802, Ed.
Alphaville, Bairro Frei Bruno, Xaxim-SC, com fulcro no artigo 475 do Código Civil, pelo que
passa a expor e, ao final, requerer:

1. DOS FATOS.
A requerente é empresa sediada na cidade de Xaxim desde o ano
de 2014, atuando na área de construção e incorporação, tendo, dentre outras
atividades, construído o Edifício Alphaville, cujo apartamento n. 802 é o objeto desta
ação.
Conquanto, as partes celebraram, em maio de 2020, o
Compromisso Particular de Compra e Venda de imóvel Urbano, tendo por objeto a
compra e venda do apartamento 802 do Edifício Alphaville, situado no nono pavimento,
localizado na Rua Duque de Caxias, nº 284, Bairro Frei Bruno, nessa cidade de Xaxim-
SC, com área total de 131,00m2, matriculado perante o Ofício de Registro de Imóveis
desta Comarca sob o nº. 27.067, conforme documento anexo.
O preço ajustado entre as partes, de acordo com a Cláusula
Segunda do instrumento foi de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais), que
deveriam ter sido pagos da seguinte forma:

O valor referente às primeiras duas parcelas, no importe de R$


30.000,00 (trinta mil reais) e R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais) foram
efetivamente adimplidos pelos Requeridos.
Ocorre que o pagamento da parcela prevista na alínea "c", da
Cláusula Segunda acima transcrita, até o presente momento não aconteceu, incorrendo
assim as partes nas possibilidades previstas na Cláusula Sexta do contrato firmado que,
em caso de inadimplência, prevê a rescisão do pacto, com incidência da respectiva
cláusula penal.
Importante consignar que o Requerente tentou por inúmeras vezes
contatar os Requeridos no intuito de regularizar a pendência financeira.
Conquanto, inexitosas as tentativas, os requeridos restaram
notificados extrajudicialmente, e assim devidamente constituídos em mora, conforme
documento e comprovante de recebimento, anexos.
Contudo, até o presente momento os Requeridos não mais se
manifestaram ou sequer apresentaram contra-notificação, sendo fato que os valores
seguem inadimplidos, não restando alternativa ao Requerente, a não ser o ajuizamento
da presente actio.
2. DO DIREITO.
2.1. DA RESOLUÇÃO DO CONTRATO – FACULDADE DA PARTE
LESADA.
Dispõe o artigo 475 do Código Civil acerca da faculdade da parte
adimplente com o contrato pactuado em rescindi-lo ao invés de executá-lo, nos casos de
inadimplemento.
Cita-se:
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a
resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento,
cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
Em complemento a letra da lei, assevera o insigne Silvio
Rodrigues:
“Dado o inadimplemento unilateral do contrato, pode o
contratante pontual, em vez da atitude passiva de defesa, adotar
um comportamento ativo na preservação de seus direitos. De fato,
se o inadimplemento resulta de culpa de um dos contratantes, a
lei concede ao outro uma alternativa. Com efeito, pode ele: a)
exigir do outro contratante o cumprimento da avença; b) pedir
judicialmente a resolução do contrato”. (In Direito Civil, dos
Contratos e das Declarações Unilaterais da Vontade, vol. 3, Ed.
Saraiva, 29ª edição, pgs. 88 e 89). (gn)
Considerando o inadimplemento dos Requeridos da parcela de
maior monta prevista no contrato e, mesmo instados para pagar via Notificação
Extrajudicial, os mesmos quedaram-se inertes, a melhor solução para o imbróglio
certamente é a resolução do contrato pactuado, com o retorno das partes ao status quo
ante, sem prejuízo da incidência das penalidades previstas no contrato entabulado.
2.2. DAS CAUSAS PARA A RESCISÃO CONTRATUAL. NECESSIDADE
IMPOSITIVA. INADIMPLEMENTO. PENALIDADES INCIDENTES.
Conforme delineado linhas acima, os Requeridos descumpriram
com o disposto na Cláusula Segunda, alínea “C” do contrato pactuado, que discorre:

Diante da ausência do pagamento de referido valor na data


aprazada, em 31/08/2021 foi enviada aos Requeridos Notificação Extrajudicial,
cientificando-lhes da constituição destes em mora desde o inadimplemento, em
22/10/2020.
Mediante o recebimento da referida Notificação, restou concedido
o prazo de 03 (três dias) aos Requeridos para pagar o valor devido, no importe de R$
233.538,08 (duzentos e trinta e três mil, quinhentos e trinta e oito reais e oito centavos),
valor este na ocasião já acrescido dos consectários legais.
Convém demonstrar que referida Notificação foi recebida pelos
Requeridos em 09/09/2021, como fazem prova os Avisos de Recebimento abaixo
colacionados:
E:

Apesar do recebimento do aviso supra, o qual fazia menção


expressa quanto a possibilidade da rescisão do contrato e também da fixação de aluguel
pelo período de fruição do imóvel, ainda assim, os Requeridos nada fizeram na tentativa
de saldar o débito.
Ante as questões pontuadas, necessário se mostra o deferimento
da resolução contratual em questão, porquanto o inadimplemento dos Requeridos em
relação ao contrato firmado é indiscutível.
2.2.1. DA DEVOLUÇÃO DOS VALORES PAGOS E DO IMÓVEL DADO
EM GARANTIA. COMPENSAÇÃO, TODAVIA, DA CLÁUSULA PENAL,
ALUGUEL ANTE A FRUIÇÃO DO BEM E INCIDÊNCIA DE
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PREVISÃO CONTRATUAL EXPRESSA.
REINTEGRAÇÃO NA POSSE.
2.2.1.1. Da Cláusula Penal.
Para fins de resolução do “Compromisso Particular de Compra e
Venda de Imóvel Urbano” pactuado entre as partes, além da aplicação das regras gerais
insertas no Código Civil, aplicável à espécie, resta necessária também a invocação da Lei
nº. 4.591/64, que dispõe especificamente acerca das incorporações imobiliárias, in
casu, especificamente o disposto no artigo 67-A, que leciona:
Art. 67-A. Em caso de desfazimento do contrato celebrado
exclusivamente com o incorporador, mediante distrato ou
resolução por inadimplemento absoluto de obrigação do
adquirente, este fará jus à restituição das quantias que houver
pago diretamente ao incorporador, atualizadas com base no
índice contratualmente estabelecido para a correção monetária
das parcelas do preço do imóvel, delas deduzidas,
cumulativamente:
(...)
II - a pena convencional, que não poderá exceder a 25% (vinte e
cinco por cento) da quantia paga.
(...)
§ 2º Em função do período em que teve disponibilizada a unidade
imobiliária, responde ainda o adquirente, em caso de resolução ou
de distrato, sem prejuízo do disposto no caput e no § 1º deste
artigo, pelos seguintes valores:
(...)
III - valor correspondente à fruição do imóvel, equivalente à 0,5%
(cinco décimos por cento) sobre o valor atualizado do contrato, pro
rata die;

Acerca da dedução explicitada na legislação especial supra, o


Código Civil também é cristalino quanto à compensação, assim inferindo nos artigos 368
e 369:

Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e


devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde
se compensarem.
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas,
vencidas e de coisas fungíveis.

Assim sendo, em cumprimento parcial ao contrato pactuado, os


Requeridos pagaram ao Autor, em conformidade com o que dispôs a Cláusula Segunda,
alíneas “a” e “b”, as quantias de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), equivalentes a 15,397
CUB em maio de 2020 e R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais), equivalentes a 66,721
CUB, o que totalizou o montante de R$ 160.000.00 (cento e sessenta mil reais).
Todavia, como dito, os Requeridos deixaram de adimplir com o
pagamento previsto na Cláusula Segunda, alínea “c”, o equivalente a 97,516 CUB, o que
deveria ter ocorrido até novembro de 2020, conforme previsão contratual.
Assim, em virtude deste inadimplemento, e em cumprimento às
regras insertas no contrato livremente pactuado entre as partes, imperiosa a incidência
da penalidade equivalente a 20% do valor do Contrato, prevista na cláusula sexta, que
dispõe:

Considerando que o valor integral do Compromisso de Venda


firmado é de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais), conforme Cláusula
Segunda, o valor a ser pago pelos Requeridos a título de cláusula penal corresponde a
R$ 70.000,00 (setenta mil reais), montante a ser compensado do valor a ser restituído
pelo Autor, àqueles.
Vislumbra-se que o percentual entabulado entre as partes a título
de cláusula penal, atende ao previsto na legislação de regência, bem como ao
entendimento predominante proferido pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça e
Tribunal de Justiça de Santa Catarina, não havendo qualquer irregularidade neste
montante.
Colaciona-se:

2. Quanto ao percentual da multa, a jurisprudência desta Corte de


Justiça, nas hipóteses de rescisão de contrato de promessa de
compra e venda de imóvel por inadimplemento do comprador, tem
admitido a flutuação do percentual de retenção pelo vendedor
entre 10% e 25% do total da quantia paga. Precedentes (STJ,
AgInt no AREsp 1180352/DF, Rel. Ministro Lázaro Guimarães
(Desembargador Convocado do TRF 5ª Região), Quarta Turma, j.
em 20-2-2018).

Ainda:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


PROCESSUAL CIVIL. CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E
VENDA DE IMÓVEL. RESOLUÇÃO. RETENÇÃO. PERCENTUAL DE
10%. RAZOABILIDADE. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. A jurisprudência
desta Corte de Justiça, nas hipóteses de rescisão de contrato de
promessa de compra e venda por inadimplemento do comprador,
tem admitido a flutuação do percentual de retenção pelo vendedor
entre 10% a 25% do total da quantia paga (STJ, AgRg no AREsp
600.887/PE, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, j. em 19-5-
2015).

Neste sentido, o valor a ser restituido pelo Autor aos Requeridos,


abatida a cláusula penal, seria de R$ 90.000,00 (noventa mil reais).
2.2.1.2. Dos Aluguéis pela Fruição do Bem.
Entretanto, além da cláusula penal, há que se proceder também à
compensação dos valores referentes ao período de fruição do bem, por parte dos
Requeridos, desde sua imissão na posse.
Tal previsão, conforme alhures, está expressa no artigo 67-A, § 2º,
III da Lei nº. 4.591/64, que considera como aplicável à espécie o equivalente a 0,5%
sobre o valor do contrato por mês de utilização.
Ademais, o Código Civil neste sentido também direciona para a
cobrança dos valores pelo período em que os promissários compradores detiveram a
posse do imóvel, em virtude da vedação ao enriquecimento sem causa, preconizado no
artigo 884 do Código Civil:
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de
outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a
atualização dos valores monetários.

É como se posicionam os Tribunais Pátrios, inclusive a Superior


Corte de Justiça:

A rescisão de contrato de promessa de compra e venda de


imóvel, na hipótese em que o promitente-comprador deixa de
pagar a prestação e continua usufruindo do imóvel, enseja ao
promitente-vendedor o direito de indenização pelo uso
do imóvel durante o período de inadimplência. Precedentes.
Aplicação da Súmula nº 83/STJ" (AgRg no AREsp n. 199.817/MS,
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva).
Do entendimento proferido pelo Egrégio Tribunal de Justiça de
Santa Cataria:
Nos termos da jurisprudência desta Corte, a cobrança de valores
correspondentes ao período de fruição do bem pelo comprador
não é abusiva e se mostra necessária para evitar o
enriquecimento ilícito da parte. Assim, "Decretada a resolução do
contrato de compra e venda de imóvel, com a restituição das
parcelas pagas pelo comprador, o retorno das partes ao estado
anterior implica o pagamento de indenização pelo tempo em que o
comprador ocupou o bem, desde a data em que a posse lhe foi
transferida" (AgInt no REsp 1.216.477/RS, Rel. p/ acórdão
Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, DJe de
07/06/2018)" (STJ, AgInt no AREsp 1378049/SE, rel. Min. Raul
Araújo, Quarta Turma, j.. 10.8.2020).
Especificamente acerca do percentual aplicado:
"TAXA DE FRUIÇÃO. PLEITO PELA MANUTENÇÃO DO PERCENTUAL
ESTIPULADO EM CONTRATO QUAL SEJA, DE 1% AO MÊS SOBRE O
VALOR DO IMÓVEL. INACOLHIMENTO. REDUÇÃO AO PATAMAR
DE 0,5% PROMOVIDA PELO MAGISTRADO DE PISO QUE SE
AFIGURA ADEQUADA.
"VERBA DEVIDA, ENTRETANTO, DESDE A POSSE
DO IMÓVEL. INSURGÊNCIA COLHIDA NO PONTO.
"A pretensão de que apenas fosse indenizada a posse do imóvel a
partir do momento em que o comprador se tornou inadimplente
ensejaria enriquecimento ilícito do ocupante, uma vez que as
prestações pagas serão devolvidas como efeito da própria
rescisão (STJ, Quarta Turma, AgInt no REsp 1216477/RS, Rel. p/
acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, j. 10/04/2018)
E:
PROMESSA DE COMPRA E VENDA IMOBILIÁRIA. RESCISÃO POR
INADIMPLEMENTO. REGRESSO AO STATUS QUO ANTE,
ASSEGURADAS PERDAS E DANOS AO CONTRATANTE INOCENTE
(ART. 1.056, CC/16). CLÁUSULA PENAL COMPENSATÓRIA - 10%
(ART. 918, CC/16). BASE DE CÁLCULO: VALOR DAS PRESTAÇÕES
AMORTIZADAS. REDUÇÃO ENQUANTO FATOR DE RESTAURAÇÃO
DO EQUILÍBRIO (ART. 924, CC/16 C/C ART. 51, IV, E §1°, II E III,
CDC). POSSIBILIDADE. TAXA DE OCUPAÇÃO - 0,5%. TERMO
INICIAL: DATA DA IMISSÃO DO COMPRADOR NA
POSSE, EXTENSIVA A TODO O PERÍODO CONTRATUAL
DE FRUIÇÃO. MULTA E TAXA: ELEMENTOS DE PREFIXAÇÃO DAS
PERDAS E DANOS. LIQUIDAÇÃO EQÜÂNIME DO ASPECTO
ECONÔMICO DA RELAÇÃO. RECURSOS DESPROVIDOS.
"A taxa de ocupação, de 0,5% (meio por cento) sobre o valor
do imóvel, tem como termo inicial de fluência a data da
efetiva imissão do promitente-comprador na posse, de forma a
abranger todo o período contratual de ocupação indevida, até a
ulterior reintegração do promitente-vendedor na posse." (Apelação
Cível n. 2006.048952-7, de Criciúma, rela. Desa. Maria do Rocio
Luz Santa Ritta, j. 08.04.08)
Portanto, considerando o valor do contrato e o percentual de 0,5%
aplicável, o aluguel mensal permeia a quantia de R$ 1.750,00 (um mil setecentos e
cinquenta reais).
Assim, haja vista que os Requeridos foram imitidos na posse no
imóvel sob comento em novembro de 2020, e nele permanecem até a presenta data,
são devidos ao Autor, até o momento, o equivalente a 13 meses de fruição, o que
contabiliza a quantia de R$ 22.750,00 (vinte e dois mil, setecentos e cinquenta reais), a
qual deve ser cumulada e atualizada até a efetiva reintegração do autor, na posse do
bem.
Portanto, abatido o equivalente à cláusula penal devida ao Autor, o
crédito dos Requeridos seria de R$ 90.000,00, compensados os valores dos aluguéis
pelo tempo de ocupação do imóvel, na quantia de R$ 22.750,00, o valor a ser devolvido
aos Requeridos seria de R$ 67.250,00 (sessenta e sete mil, duzentos e cinquenta reais).
2.2.1.3. Dos Honorários Advocatícios.
Inobstante as penalidades advindas do inadimplemento dos
Requeridos, como já elencado, caberá ainda aos Requeridos, conforme disposição da
Cláusula Sexta do contrato firmados pelas partes, restituir o Autor os honorários
advocatícios despendidos por este com a contratação de advogado para a propositura da
presente ação.
Segundo previsão contratual expressa, tais honorários foram
previamente acordados no equivalente a 20%, montante que deverá incidir sobre o valor
rescindendo, que perfectibiliza a monta de R$ 160.000.00 (cento e sessenta mil reais),
equivalente àquele que originariamente deveria ser devolvido aos Requeridos, não
fossem as penalidades aplicáveis àqueles que deram causa à rescisão.
Nesta seara, o valor devido pelos Requeridos à título de restituição
dos honorários advocatícios já despendidos pelo Autor contabiliza a monta de R$
32.000,00 (trinta e dois mil reais).
2.2.2. DA QUANTIA A SER EFETIVAMENTE DEVOLVIDA AOS
REQUERIDOS E DEVOLUÇÃO DO IMÓVEL DADO EM GARANTIA –
RESTABELECIMENTO DO STATUS QUO ANTE.
De acordo com todas as argumentações supra, considerando o
entendimento de Vossa Excelência pela PROCEDÊNCIA do pedido inicial, o que
efetivamente se espera, DEFERINDO a resolução do Compromisso de Compra e Venda
firmado entre as partes, resta esclarecer, portanto, os termos para efetivação da
resolução.
Assim, considerado o valor efetivamente desembolsado pelos
Requeridos a ser a eles devolvidos, na quantia de R$ 160.000,00 (cento e sessenta mil
reais), compensados nos termos dos artigos 368 e 369 do Código Civil: (i) a cláusula
penal livremente pactuada; (ii) os honorários advocatícios e (iii) os valores devidos
decorrentes da utilização do imóvel rescindendo no período em que persistiu o contrato
pactuado, tudo especificado nos itens anteriores, há que ser restituída aos Requeridos
da quantia de R$ 35.250,00 (trinta e cinco mil, duzentos e cinquenta reais), calculado
até a presente a data.
Desta feita, com o acolhimento dos pleitos iniciais e a efetiva
resolução do compromisso entre as partes pactuado, será devolvido também à esfera
patrimonial dos Requeridos, o imóvel descrito no parágrafo único da Cláusula Segunda,
devidamente registrado no CRI de Xaxim/SC, Matrícula nº. 21.970, outrora entregue
como garantia.
2.3 DA TUTELA DE URGÊNCIA.
Prescreve o artigo 300 do CPC/2015:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo.
(...)
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou
após justificação prévia.
De pronto, evidente nos autos o fumus bonis juris, destacado no
comprovado descumprimento aos termos do Compromisso Particular de Compra e Venda
de Imóvel Urbano pactuado, que é corroborado também pelo envio e recebimento pelos
Requeridos da Notificação Extrajudicial que instrui a presente.
O periculum in mora, por sua vez, resta comprovado também ante
o inadimplemento dos Requeridos em relação ao pagamento da última parcela da
avença entabulada que, mesmo instados a fazê-lo, quedaram-se inertes.
Assim, a antecipação da tutela perquirida, objetivando a
reintegração imediata do Autor na posse do imóvel objeto do contrato rescindendo, é
medida salutar para efetivação da Justiça!
Conforme comprovado alhures, os valores até então pagos pelos
Requeridos já restaram praticamente superados pelas penalidades decorrentes da
resolução contratual pretendida.
Não se descura ainda dos eventuais débitos que devem emergir
decorrentes da fruição do imóvel em questão (IPTU, condomínio, reparos e demais
despesas inerentes à sua utilização).
A respeito da concessão da tutela de urgência em casos do jaez do
presente, ensinam Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhardt e Daniel Mitidiero:

(...) A probabilidade que autoriza o emprego da técnica


antecipatória para a tutela dos direitos é a probabilidade lógica -
que é aquele que surge da confrontação das alegações e das
provas com os elementos disponíveis nos autos, sendo provável a
hipótese que encontra maior grau de confirmação e menor grau
de refutação nesses elementos. O juiz tem que se convencer de
que o direito é provável para conceder tutela provisória.
(...) A tutela provisória é necessária simplesmente porque não é
possível esperar, sob pena de o ilícito ocorrer, continuar
ocorrendo, ocorrer novamente, não ser removido ou de dano não
ser reparado ou reparável no futuro. Assim, é preciso ler as
expressões perigo de dano e risco ao resultado útil do processo
como alusões ao perigo na demora. Vale dizer: há urgência
quando a demora pode comprometer a realização imediata ou
futura do direito (Código de processo civil comentado, 3ª ed. São
Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018, p. 412-413).
Diante do exposto, exsurge dos autos dois requisitos para a
concessão da medida de urgência: (i) a probabilidade do direito, que é a plausibilidade
dos fatos narrados na peça pórtica e que justificam a sua proteção, e (ii) o perigo de
dano, entendido como a possibilidade de a demora comprometer a realização imediata
ou futura do direito.
Sobre o novo regramento de concessão da tutela de urgência,
leciona, ainda, Nelson Nery Junior:

“Duas situações, distintas e não cumulativas entre si, ensejam a


tutela de urgência. A primeira hipótese autorizadora dessa
antecipação é o periculum in mora, segundo expressa disposição
do CPC 300. Esse perigo, como requisito para a concessão da
tutela de urgência, é o mesmo elemento de risco que era exigido,
no sistema do CPC/1973, para a concessão de qualquer medida
cautelar ou em alguns casos de antecipação da tutela. [...]

Também é preciso que a parte comprove a existência da


plausubilidade do direito por ela afirmado (fumus boni iuris).
Assim, a tutela de urgência visa assegurar a eficácia do processo
de conhecimento ou do processo de execução. (Comentários ao
novo código de processo civil, 1ª ed. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2015, p. 857-858).

Assim, porque preenchidos os requisitos ensejadores para a


concessão da tutela de urgência perquirida, SE PUGNA PELO SEU DEFERIMENTO
LIMINAR, no intuito de que se determine a REINTEGRAÇÃO DO AUTOR na posse do imóvel
objeto do contrato rescindendo, descrito na Cláusula Primeira.
Alternativamente, não sendo o entendimento imediato de Vossa
Excelência pela concessão da tutela de reintegração de posse requerida, requer seja
determinado aos Requeridos, a título de aluguel, o pagamento mensal no valor de R$
1.750,00 (um mil, setecentos e cinquenta reais), fixados a partir da propositura da ação,
acrescidos de correção monetária e juros de mora, até a data da efetiva restituição da
posse à Requente.
3. DO REQUERIMENTO.
Ex positis, requer se digne Vossa Excelência a:
a) receber a presente, deferindo, forte nas razões e
fundamentações alhures declinadas, a TUTELA DE URGÊNCIA para se conceda a
reintegração imediata do autor na posse do bem, com a expedição do competente
mandado;
a) - 1. Alternativamente, caso não seja este o entendimento de
Vossa Excelência, requer seja determinada fixação do aluguel mensal, na ordem de R$
1.750,00 (um mil, setecentos e cinquenta reais), o que representa o percentual de 0,5%,
sobre o valor do contrato, incidentes a partir da propositura da ação, até a efetiva
restituição da posse à Requerente, acrescido de correção monetária e juros de mora, em
caso de inadimplência.

b) determinar a citação dos Requeridos por meio eletrônico, nos


termos do caput do art. 246 do CPC, para, querendo, apresentarem resposta no prazo
legal, sob pena de revelia e confissão;
c) fixar alugueres pela fruição do bem, na ordem de R$ 1.750,00
(um mil, setecentos e cinquenta reais), o que representa o percentual de 0,5%, sobre o
valor do contrato, incidentes a partir imissão dos réus na posse do bem, ocorrida em
novembro/2020, até a efetiva restituição da mesma ao Requerente, acrescido de
correção monetária e juros de mora, em caso de inadimplência, forte no artigo 67-A, §
2º, III da Lei nº. 4.591/64;

d) julgar PROCEDENTE a presente ação, com a declaração de


rescisão do “Compromisso Particular de Compra e Venda de Imóvel Urbano” firmado
entre as partes, reintegrando o Autor definitivamente na posse do Apartamento nº. 802
do Edifício Alphaville, situado no novo pavimento, sito à Rua Duque de Caxias, nº. 284,
Bairro Frei Bruno, Xaxim/SC, retornando as partes ao status quo ante, confirmando a
tutela que se espera seja deferida para reintegrar definitivamente o autor na posse do
bem acima, devidamente quitado e livre e desimpedido de quaisquer ônus, inclusive
débitos de IPTU, condomínio, agua, energia, gás e afins, com a conseguinte restituição
aos réus da garantia descrita no parágrafo primeiro, da cláusula segunda do contrato,
desde que inexistam quaisquer outros débitos.

e) com fundamento nos artigos 368 e 369 do Código Civil,


DEFERIR a compensação dos valores pagos pelos Requeridos, pelas penalidades
entabuladas no contrato firmado entre as partes, quais sejam, cláusula penal, aluguel
por fruição do bem e honorários advocatícios, apontando saldo a favor dos Requeridos
na ordem de R$ 35.250,00 (trinta e cinco mil, duzentos e cinquenta reais), conforme
cálculos alhures declinados, montante do qual devem ser ainda abatidos os alugueres
pela fruição do bem, que se vencerem até a efetiva retomada da posse pelo autor
f) CONDENAR os Requeridos ao pagamento das custas
processuais e honorários advocatícios;

g) DEFERIR a produção de todos os meios de prova em direito


moralmente admitidas que se fizerem necessárias, tais como a documental inclusa,
pericial e testemunhal, enfim, tudo o que mais se fizer necessário para o fiel deslinde do
feito, sem nenhuma exceção, o que fica desde já expressamente requerido, reservando-
se, porém, o direito de especificá-las oportuna e motivadamente.

Dá-se à causa o valor de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta


mil reais).
Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Caçador-SC, 16 de dezembro de 2021.

MELISSA SILVEIRA RODRIGO PRIGOL


OAB/SC 21.344 OAB/SC 15.436

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