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ME AME - LIVRO 2 - Carolina Fernandes
ME AME - LIVRO 2 - Carolina Fernandes
ME AME - LIVRO 2 - Carolina Fernandes
LIVRO 2
Carolina Fernandes
Copyright © 2022 Carolina Fernandes
Os personagens e eventos retratados neste livro são fictícios. Qualquer semelhança com
pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência e não foi pretendida pelo autor.
ISBN-13: 9781234567890
ISBN-10: 1477123456
Mas o amor e atração que ela sente por Gabriel poderá interferir nos
seus planos, Julia terá que suportar a tentação de voltar para os
braços de seu grande amor, e um novo motivo aparecerá para que
ela o perdoe.
Me sinto culpada pelas palavras que falei para Gabriel, sei que
peguei pesado nas palavras, mencionei um assunto sério e delicado
para ele, toquei no assunto que mais o machuca e estou me
odiando agora.
Suspiro aliviada, mas ainda com receio, mas vou ter esperanças,
vou acreditar que quando eu chegar ao hospital Fernando já estará
acordado e vai me chamar de 'princesa', um apelido ridículo que ele
colocou em mim desde o nosso baile de formatura na escola, eu
estava usando um vestido rosa longo e ele foi meu par na festa.
— Obrigada por estar aqui, Fernando ficaria feliz com sua presença
querida.
— Ele vai ficar bem, calma — tento a acalmar, mas nem eu estou
calma.
Ainda não tive coragem de ligar a tela de meu celular para ver se
tem alguma ligação ou mensagem de Gabriel, e quando finalmente
ligo o aparelho vejo que há nenhuma ligação dele, há somente uma
mensagem curta...
Pela frase curta que ele me enviou percebo que ou ele pode estar
magoado ou bravo comigo, e logo lhe digito uma resposta, avisando
já cheguei na cidade, espero alguns minutos para ver se ele me
responde, mas não, ele apenas visualiza a mensagem.
— Tudo bem-querida?
— Almocei ao meio-dia.
— Precisa se alimentar, vou na lanchonete buscar algo para você
filha — ela se levanta, mas protesto.
Mesmo assim, meu coração continua magoado, sei que quando ela
está magoada ela quer magoar do mesmo jeito, a conheço a tempo
suficiente para notar esse detalhe em sua personalidade, mas sei
que não posso colocar toda a culpa em cima dela, eu que errei
primeiro, ela apenas reagiu ao meu erro de uma forma que me
magoou.
Há algumas horas depois que Julia saiu, Eve veio até mim e me
perguntou por que ela foi embora sem se despedir e lhe falei que ela
precisava resolver um assunto importante, triste e sentindo falta de
Julia, minha pequena apenas concordou e foi assistir tv.
Pelo seu semblante sei que minha filha já está com saudades de
Julia, e confesso que também estou sentindo falta de minha garota,
mas fui idiota demais com ela, e tenho esperanças de que tudo
entre nós voltará a ser como antes, antes de lhe esconder o fato de
que seu amigo foi baleado e estava em estado crítico.
Então resolvi que amanhã pela manhã voltaríamos para a cidade, fui
para o meu quarto e organizei minha mochila e logo perto da cama
vi sua bolsa e seus pertences, ela estava tão angustiada que não
levou nem os documentos, peguei suas coisas e as guardei para
levar comigo amanhã, precisava lhe devolver os documentos, ela
não poderia andar por aí sem a identidade.
Desde mais nova Eve só me pede para dormir com ela somente
quando acorda depois de um pesadelo ou quando está triste com
algo, e concluo que nesse momento ela está neste estado e logo
penso que pode ser por Julia.
Sua expressão está cansada e logo constato que ela passou a noite
aqui, mas seu rosto se enche de alegria quando abraça e beija Eve,
vejo Julia apresentar a pequena para sua mãe antes de levantar os
olhos para me encarar.
— Ele passou por uma cirurgia ontem, a bala atingiu seu tórax e
pode ser que ele piore...
E fiquei feliz em saber que ele ainda continua estável e que ficou
feliz em saber em eu estava ali, novamente me xinguei mentalmente
por esquecer documentos tão importantes e não conseguir entrar
para ver meu amigo por causa de minha estupidez.
E para minha total surpresa após alguns minutos ouço a voz de
Eve me chamando, por um momento penso que deve ser paranoia
de minha cabeça, mas quando me viro vejo minha pequena correr
até mim.
— Ele passou por uma cirurgia ontem, a bala atingiu seu tórax e
pode ser que ele piore — sinto meus olhos marejarem e logo
pergunto por que estou ficando desse jeito, talvez deva ser porque
existe uma probabilidade de ele piorar.
— Ok... — vou até Eve e beijo seu rosto antes de caminhar até a
recepção com os documentos em mãos, faço uma ficha e logo sou
liberada para entrar, ansiosa caminho pelos corredores procurando
o quarto em que Fernando está internado.
— Vou tentar princesa, juro que vou tentar... — uma fina lagrima
desce por minha bochecha enquanto o abraço tomando cuidado
para não o machucar.
Sei que ela está como eu, não sabe qual reação esboçar e o que
falar, me sinto do mesmo jeito.
Maya?
Assustado pego a mão de Eve e caminho apressadamente até
onde vi a mulher de cabelos negros, com um fisionomia idêntica à
de Maya, sei que isso é impossível e que pode ser minha mente me
pregando uma peça, talvez eu esteja imaginando coisa após passar
a noite de ontem relembrando dela.
— Nada meu bem, papai pensou que tinha visto uma amiga,
mas não era ela — suspiro controlando minha respiração
descontrolada.
No jantar, conversamos sobre tudo, afinal, não era todo dia que
meu pai chegava cedo e tínhamos uma oportunidade de jantar em
família, ele sempre chegava na manhã cedo ou de madrugada,
queria aproveitar a sua companhia ao máximo nessa noite, mas ele
estava cansado, e logo pela manhã voltaria a trabalhar.
Suspiro e ainda indecisa decido ligar para ele, queria ouvir a sua
voz antes de dormir, se passa alguns segundos e ele logo atende
minha ligação.
Mas paro de rir quando percebo que a situação pode ser séria
demais, ele nunca bebê desse jeito, e logo pergunto:
— Sim...
— Você não está ficando louco, talvez seja sua mente pregando
peças porque você está se lembrando muito dela nos últimos dias.
— Eu também...
Nunca gostei de comer essa coisa, parece que sou a única que
não como isso, até meus pais compram todas as vezes quando
fazem compras.
Sinto o enjoo ficar mais forte a cada minuto que se passa, aflita
me levanto num gesto brutal e digo:
Ai que vergonha.
Deixo Julia em sua sala e logo volto para a reunião em que todos
me aguardam.
Porra!
— E agora?
Até penso em pegar meu celular, mas não sei por quanto tempo
ficaremos presos aqui e decido poupar a bateria do aparelho para
quando realmente precisar, estou nervosa e ficando com mais calor
a cada minuto, ok, aqui dentro tem ventilação e ar de sobra, mas
deve ser por causa do meu nervosismo.
Talvez isso não seja uma boa ideia, pois a qualquer momento o
elevador voltará a funcionar e estaremos sem algumas roupas
quando isso acontecer, mas está muito abafado.
Droga!
Droga, droga...
Ai meu deus.
— Tem certeza? — ele pergunta, mas sei que ele também quer
isso, mas está com medo de me pressionar demais.
Ok, ela ainda não me disse que estou perdoado, mas ela
também não me negou, me deixou se aproximar dela, bom, isso já
um é começo.
Queria beijar seus lábios com fervor, mas não sei se ela está
arrependida com o que aconteceu entre nós dentro daquele
elevador, mas posso dizer que não me arrependo de nada do que
aconteceu.
— Sim?
JULIA
Logo começo a rir pensando que no dia de amanhã vou ter que
passar maquiagem ou usar um lenço para cobrir as marcas do meu
pescoço.
Minha mãe está com muito trabalho hoje e não quero incomoda-
la então eu mesma preparo panquecas, faço um suco de laranja
natural e logo vejo meu pai entrando na cozinha e se sentando na
mesa.
— Acho maravilhoso.
— Tudo bem.
Ai não...
Talvez sua reação seja boa, ou talvez, ele rejeite a gravidez por
pensar que estou tentando ocupar o espaço de seu filho falecido
com outro bebê...
Ai meu deus!
Ele retribui o beijo com fervor enquanto puxa meu corpo contra o
meu cada vez mais.
— Eu também te amo...
Capítulo 12
JULIA
É claro que Gabriel de ofereceu para me levar, mas falei que não
precisava e que logo estaria de volta. Ele hesitou, mas acabou
concordando comigo, e agora estou dirigindo nervosa até o hospital.
— Olá Julia, sou a Doutora Ellen, nervosa? — ela sorri, mas não
retribuo, apenas assinto com cabeça freneticamente.
— O pai ainda não sabe, então acho melhor esperar até a oitava
semana. — Digo querendo que Gabriel esteja aqui quando isso
acontecer.
Ainda não sei ao certo o que sinto, apenas penso nas mudanças
que minha vida sofrerá daqui para frente e sobre a reação de
Gabriel, ele não acompanhou a gravidez dos filhos e nem as
primeiras fases de crescimento de Eve e de seu irmãozinho.
— Não precisa, isso não vai demorar, já está tarde e não quero
prolongar meu tempo aqui.
Meu deus, meu amigo quase morreu, descobri que estou grávida
e agora o antigo amor morto do homem que amo resolve
ressuscitar?
Ainda sem entender olho para Gabriel que encara Stella com
curiosidade, Maya e Stella são gêmeas, isso quer dizer que elas são
idênticas, ou seja, olhar para Stella é quase a mesma coisa do que
está olhando para Maya.
Ai não...
Até poderia acreditar que Stella é Maya, mas sei que isso não é
verdade, lembro muito bem que Maya tinha uma marca de nascença
no braço e quando olho para Stella não encontro a tal marca.
— Sei que acha que peguei pesado com ela, mas não confio
nela e não sei se o que ela disse é verdade. — Digo a Julia.
— Você não é o único, também não gostei dela, mas talvez isso
seja porque ela te faz lembrar de Maya.
— Não sei, mas não quero falar disso agora. — Digo e puxo
Julia para se sentar em meu colo e logo acaricio seu rosto.
— Não sei qual será o assunto, mas você sabe que eu te amo
né? — digo tentando afastar seu nervosismo e logo me pergunto
mentalmente sobre o que ela quer conversar comigo.
— Sei que esse não é o melhor momento para conta isso, mas
sei que não vou aguentar esconder isso de você.
— Sim, mas tenho medo de que você não goste do que vou te
falar.
— Você está bem? Amor você me disse que estava bem e...
— Sim!
— Sei que estamos juntos a pouco te...— tento dizer, mas sou
surpreendida e calada por um beijo apaixonado.
Sorrio em seus lábios e agradeço a deus por ele não surtar num
momento como esse, retribuo o seu gesto de amor e carinho.
— Você me surpreende cada vez mais, meu amor! - ele exclama
me abraçando e logo pergunto:
— Eve te ama Julia, tenho certeza de que ela vai amar saber
que ganhará um irmãozinho em breve, não se preocupe com isso.
— Assinto com a cabeça e Gabriel beija minha testa e logo começa
a gargalhar, levanto a cabeça e franzo a testa.
— O que foi?
— Sei que quer esse filho, e que vai amá-lo com todo o seu
amor, mas me sinto na obrigação de pedir desculpas por ter sido tão
imprudente e descuidado, você é muito jovem Julia, e sei que se
tornar mãe agora não estava em seus planos. Mas prometo te
ajudar no que precisar amor, e tentar ser o melhor pai do mundo...
— Mas você já é, você é um pai perfeito para Eve, e sei que isso
não mudará em relação ao nosso filho. — Sinto meus olhos
marejarem e uma lágrima escorrer por minha bochecha.
— Não chore meu bem. — Ele seca meu rosto com o polegar e
me abraça novamente.
— Estou sensível, é melhor se preparar porque muitos
momentos como esse virá pela frente.
— Sim, isso seria perfeito, pois amanhã meu pai estará de folga
do trabalho.
Ele faz isso com frequência, diz que vai sair, mas sei muito bem
para o lugar que ele vai, Jacob frequenta aquele clube de Swing
quase todas as noites e ainda tem a ousadia de me chamar de
pervertido enquanto é ele que pratica aquele tipo de sacanagem.
— Não se preocupe mãe, isso não vai acontecer, mas não quero
falar sobre esse assunto hoje, aliás, Julia e eu queremos te convidar
para um jantar amanhã à noite em meu apartamento com os pais
dela.
Ainda não sei qual será a reação de meu pai quando descobrir,
mas sei que minha mãe vai me apoiar, é isso que ela sempre faz
quando eu mais preciso, ela fica do meu lado e me apoia em
algumas decisões.
Após algum tempo Gabriel nos chama avisando que o jantar está
pronto, jantamos e quando terminamos Eve vai para o quarto e logo
tento ajudar Gabriel a lavar louça, mas ele nega.
— Claro, papai!
— Vai ser legal, ele está na sua barriga mamãe? — Gabriel solta
risada diante da inocência da filha e logo lhe respondo:
— Acho que pode ser uma menininha, porque ela vai poder
brincar de boneca comigo — ela diz e sorrimos felizes que Eve
reagiu bem a notícia.
Pego meu celular no criado mudo e vejo que ainda é muito cedo
e que falta algumas horas para o trabalho, e logo me lembro da
conversa que tive com Gabriel ontem à noite, sobre continuar
trabalhando na Empresa, mas ele não concordou e sei que não vai
concordar.
Conheço Gabriel e sei que ele vai insistir sobre esse assunto,
mas quero continuar com meu estágio na Empresa, mas também
penso em como ficará a minha faculdade, já que vou ter um filho e
isso vai tomar boa parte do meu tempo.
Como esperado, ele continua dormindo, sei que ele pode não
gostar do que vou fazer, mas sempre quis experimentar isso.
— Você vai ficar preso aí até retirar a ideia absurda de que não
posso trabalhar na Empresa. — Digo e me sento em seu colo.
— Volta aqui Julia, juro que quando você chegar vai ficar sem se
sentar direito por uma semana inteira!
Por instinto dou alguns passos para trás, mas ele continua se
aproximando de mim com um sorriso safado vingativo no rosto.
Sei que posso estar exagerando sobre esse assunto, mas não
quero que ela continue fazendo esforços desnecessários, não quero
que nada aconteça com ela e com o bebê por uma coisa que eu
poderia evitar. Mas também não posso forçá-la a parar de fazer
algumas coisa que ela queira, eu passaria dos limites se isso
acontecesse.
Com cuidado para não colocar todo meu peso em cima dela, fico
sobre ela e digo:
— Responda, amor!
— Sim, eu entendi.
— Um...
Acaricio o lugar que acertei pela primeira vez e logo minha mão
acerta o outro lado observando sua pele adquirindo o tom rosado.
— Se comporte dessa vez bebê, não faça sua mãe sentir enjoo
num momento desses. — Digo lembrando da frustração da noite
anterior.
Com o rosto corado Julia apenas assente, mas quero ouvir sua
voz respondendo minha pergunta:
Pego sua nuca trazendo sua boca para a minha, ela geme
quando mordo seu lábio inferior suavemente. Ajeito meu corpo
sobre o seu, e logo levanto sua coxa direita para se encaixar em
meu quadril quando finalmente a penetro devagar.
Ainda não sei se minha mãe conseguiu convencer meu pai, mas
tenho quase certeza que ele aceitou, meu pai sabe a importância
disso para mim.
— Eu sei, mas tome cuidado por favor, não quero passar por
isso nunca mais.
— Sim.
Minha mãe do jeito que ela é quis que Gabriel ficasse mais
tempo, mas temos trabalho pela frente, então após alguns minutos
estamos a caminho da Empresa.
Hoje o dia será mais curto pois Gabriel tratou de desmarcar suas
reuniões para sair mais cedo da Empresa.
Quando olho para meus pais vejo que meu pai ainda está
tentando assimilar a notícia.
Ele se levanta e quando acho que vai nos parabenizar ele soca o
rosto de Gabriel que cambaleia para trás com o impacto.
Minha mãe corre para tentar afastar meu pai de perto de Gabriel.
—Pai, para, por favor! — grito e logo vejo Jacob correr em nossa
direção.
Meu pai acerta o rosto de Jacob que se junta a Gabriel, sei que
em outra situação eles revidariam, mas não vão por respeitar meu
pai.
— Pai, para! — me coloco em sua frente e seguro seu rosto para
fazê-lo me olhar:
—Está tudo bem Julia, mas seu pai é bom de briga! — Jacob
sorri.
— Não fique assim filha, estou muito feliz por você, parabéns
querida, você vai ser uma ótima mãe, e sei que seu pai sente o
mesmo, ele só ainda não assimilou que nossa filha cresceu.
— Não sei se posso falar sobre isso com você Julia. — Comenta
duvidoso.
Ai não...
Capítulo 21
JULIA
— O que foi?
O que?
— Ok, mas você disse que está gostando de uma pessoa que
nunca será sua e depois me encarou de uma forma estranha, claro
que pensei que estava se referindo a mim.
— Então por que disse que talvez não poderia falar sobre isso
comigo?
— Pode contar para mim, não sei exatamente como ajudar, mas
posso tentar.
— Obrigado Julia, meu irmão tem sorte em ter você. — Ele sorri.
— Eu...eu
— Gabriel te contou? — ele pergunta e apenas concordo com a
cabeça.
Pigarreio quando ouço ele se referir ao BDSM, ok, não sei muito
sobre esses clubes que Jacob costuma frequentar, mas não sei se o
que ele diz é verdade, que o mundo dele não é tão diferente do de
Gabriel.
— Já se relacionaram?
— Sim, nos relacionávamos dentro de um clube antes do
noivado dela.
— No começo até achei que sim, mas ela nunca me contou que
estava namorando, só fiquei sabendo quando ela me contou que
estava noiva.
— Não fique assim Jacob, ela não merece seu amor, ainda vai
aparecer uma mulher que vai te amar muito. — Toco seu ombro lhe
passando conforto.
— Não conte sobre isso a Gabriel por favor, você sabe como ele
é Julia.
— Sim?
Ninguém merece sentir isso, amar uma pessoa e saber que ela
não nutre os mesmos sentimentos que os seus é horrível.
Meu pai sempre sai muito cedo para trabalhar, mas decido que
amanhã vou para casa conversar com meu pai antes do seu
trabalho.
— Gabriel?
— Sim, amor?
— Não, não sinto falta, por que está perguntando isso? — ele
franze o cenho.
— O que quiser...
— Tem certeza? Se está fazendo isso por mim, já falei que não
precisa Julia, não precisa fazer isso — ele diz e acaricia meu rosto
com o polegar.
Suas mãos sobem devagar por minha coxas e num gesto rápido
ele retira a camiseta que uso, observo seus olhos azuis analisando
todo meu corpo com atenção.
— Ainda acho que vai ser um menino — ele diz num tom
convencido e balanço a cabeça sorrindo.
— Pode ser menino, ou talvez seja mais uma menina para deixar
os nervos do papai a flor da pele quando crescer. — Provoco e
Gabriel bufa sorrindo.
— Não quero que pense que não estou feliz por você, eu estou,
quero que seja feliz e sei que será uma mãe maravilhosa. — Ele
pega minha mão e entrelaça com a sua.
— Sim, estou feliz, eu quero isso mais do que tudo pai! — Digo
num tom sincero.
— Gabriel diz a mesma coisa, por que querem tanto que seja um
menino?
Para ser sincero não o culpo, ele apenas reagiu mal a notícia,
ele é um bom pai e sempre vai querer o bem para a filha.
Brinco com ela dizendo sobre ser um menino, mas digo isso
somente para provocá-la, sendo menino ou menina não faz
diferença para mim, pois será merecedor de todo o meu amor e
carinho.
Mas me apaixonar por ela foi a luz no fim túnel para mim, ela
veio para iluminar meu caminho, veio trazer toda a esperança que
faltava em mim, ela me trouxe a minha felicidade de volta.
JULIA
Não costumo bater na porta quando ele está sozinho, mas vejo
que me enganei dessa vez.
Meu ódio por aquela mulher é tão profundo que é difícil apontar a
origem.
— Não fique assim querida, vem cá! — ele gira a cadeira e bate
em suas pernas, obedeço a me sentando em suas coxas grossas.
— O que é isso?
Com a peça nas mãos sigo para o banheiro de seu quarto para
me trocar, retiro as roupas sociais que uso e observo melhor o
modelo do vestido.
Abro a boca para dizer alguma coisa, mas a fecho quando vejo a
peça em meu pescoço, é uma espécie de gargantilha de pedras
brilhantes com um pingente de letra G.
— Não, ninguém usou essa, pedi para fazerem depois que você
assinou o contrato e estava em dúvida se aceitaria usar. Essa foi
feita especialmente para você. — diz e contorna minha cintura com
as mãos me puxando de encontro ao seu corpo.
A música vai ficando cada vez mais alta à medida que seguimos
em frente, encontramos mais um par de portas em nossa frente,
Gabriel me olha como se perguntasse se quero continuar, concordo
com a cabeça o observando abrir os conjuntos de portas.
— Quer voltar?
— Responda, amor!
Mas isso deve ser normal, já que estou num clube de BDSM
prestes a fazer coisas das quais nunca me esquecerei em toda
minha vida, tentando controlar a respiração observo que várias
pessoas param de fazer o que estão fazendo para manterem a
atenção em nós.
— Não se preocupe, não vou fazer nada que não queira amor,
mas tem que me pedir para parar quando sentir que estou
ultrapassando os seus limites, ok?
Antes que sua mão se infiltre dentro da calcinha ele retira a mão
e num movimento rápido ele vira meu corpo, as algemas se cruzam
e mordo o lábio para não gritar.
Poderia pedir para ele parar, mas eu aguento, sei que aguento, a
dor não é muito intensa, mas ainda não estou no meu limite.
Não sei o que ele fará em seguida, mas de uma coisa eu tenho
certeza, eu confio nele, e sei que ele nunca passará dos limites que
posso suportar.
— Sim.
— Quero que saiba que hoje não será apenas dor, ainda vou te
recompensar muito amor. Sentirá muito prazer ainda, tudo bem? —
concordo com a cabeça e logo ouço o som de algo.
Sorrindo sou guiada por ele até uma das portas fechadas, franzo
o cenho quando vejo ele retirar uma pequena chave do bolso.
—Talvez, mas ele também poderá ter a cor dos seus. — diz me
encarando.
Por um segundo penso que ela deve estar confundido ele com
outro homem, mas sei que isso não é verdade pois sinto Gabriel
enrijecer ao meu lado.
Sei que posso estar exagerando, mas sei que qualquer uma
seria capaz de fazer a mesma coisa estando no meu lugar...
Capítulo 28
GABRIEL
Sempre foi uma boa submissa, até boa demais para mim, mas
ela foi uma das mulheres passageiras que fizeram parte do meu
passado, desde o encerramento do contrato Amélia sempre insistia
em querer mais, não era o mesmo homem que sou hoje naquela
época.
Até pensava que ela tinha adquirido sentimentos por mim, então
fiz o que tinha que fazer e não alimentar falsas esperanças e não a
iludir.
Sabia que Julia ficaria com ciúmes de Amélia, estava certo pois
minha namorada começa a marcar território e não ouso negar que
estou adorando ver isso.
Os ciúmes que ela sentiu foi tão grande que até se apresentou
como minha noiva para Amélia, e ao ouvir isso algo se acendeu em
meu coração.
— Mas parece que ela ainda gosta de você! — ela diz quando
passamos pelos seguranças seguindo até o estacionamento do
local.
— Sim, mas isso não importa. — Digo beijando sua testa antes
de abrir a porta do carro e ajudá-la a entrar.
— Também estou!
— A vida que tenho hoje não foi planejada, não estava nos meus
planos, mas você é tudo o que eu mais quero agora, quero construir
uma linda família com você, e envelhecer ao seu lado, porque eu te
amo Gabriel, e sempre vou amar.
Capítulo 29
JULIA
— Obrigada.
— Sei que você não cuidou de Eve quando ela era recém-
nascida Gabriel, mas Anthony tem razão, se preparem papais! —
ela sorri.
Ele quer ser o pai perfeito, um pai presente na vida dos filhos,
ele quer fazer as escolhas certas desta vez, e quero estar lá para
acompanha-lo nas decisões difíceis...
Capítulo 30
JULIA
Quando olho para Eve imagino seu irmã com ela, imaginado que
tudo seria diferente se eles estivesse aqui.
Era uma criança, não merecia pagar pelos meus erros, ele era
apenas uma criança inocente a caminho de conhecer o canalha do
próprio pai que o rejeitou.
JULIA
— Ela talvez fique magoada por você não contar antes, mas
tenho certeza que ela entenderá, é aquela moça que você estava
conversando na Universidade?
Mas também sei que no final ela ficará feliz por mim, sempre foi
assim desde quando nos conhecemos, ela é amiga protetora e que
adora dar sermões, mas sei que ela me ama e faz isso para tentar
me ajudar.
Ainda não sei o que fazer sobre isso, talvez mais tarde eu pense
no que fazer, suspiro e término de me vestir.
— Sim.
— Claro que pode, seria muito bom ter a mamãe por perto, não é
meu amor? — abraça a filha e começa a me encarar.
Ele também quer que eu me mude para cá, mas ainda não estou
pronta para dar um passo tão grande como esse, eu os amo, mas
não posso fazer isso ainda.
— É por que você não é casada com o papai? Papai, por que
você ainda não pediu a mamãe em casamento?
Jesus, como pode uma criança ser tão esperta mesmo sendo tão
nova?
— É que moro com meus pais e minha mãe fica sempre sozinha
quando meu pai fica o dia todo trabalhando, então tenho que fazer
companhia para ela, entende? — digo a primeira coisa que vem em
minha mente.
É claro que minha mãe não liga em ficar sozinha em casa, ela
até já se acostumou com isso.
— Sim, mas algum dia você vai se casar com o papai e morar
com a gente, né?
— Sim querida, se ela quiser ela pode morar com a gente, agora
vamos ou a mamãe vai se atrasar para encontrar a amiga. —
Gabriel responde por mim e sorrio aliviada.
— Hum, ele parece ser uma boa pessoa, está morando com ele?
— Pode me contar agora, sou sua amiga Ju, posso até ficar
magoada, mas eu te amo e será passageiro. — Ela bebe um gole
do suco e respiro fundo antes de contar.
— Estou grávida...— digo vendo que Sam começa a tossir e logo
uma crise de riso começa.
— Uau, nunca pensei que isso fosse acontecer tão cedo assim.
— Está grávida e não mora com ele? Ele rejeitou o bebê, é isso?
Porque eu juro que mato ele...
— Não, ele até quer que eu mude para o apartamento dele, mas
não me sinto pronta. — Digo e ela me olha como se achasse que
sou louca.
— Pelo amor de deus Ju, você está grávida e gosta dele, e ainda
não se sente pronta? — pergunta e nego com a cabeça novamente.
— Bem, você sabe como minha mãe é, ela reagiu bem, meu pai
não, mas depois tudo ficou bem e ele também está feliz.
— E o outro?
— Jacob? Ele é uma ótima pessoa, mas não sei se você aprecia
os gostos dele.
Também perguntei sobre sua vida amorosa, mas ela alegou que
ainda não conheceu ninguém que vale a pena ficar, Sam sempre foi
o contrário de mim, ela sempre foi a popular, a que todos os garotos
queriam ficar.
— Pode deixar.
E volta minutos depois com várias peças nas mãos, sorrindo ele
pega uma body branco e me mostra.
"Sou do papai"
NARRADOR DESCONHECIDO
Tão felizes...
Uma família perfeita e feliz, pena que isso não continuará por
muito tempo.
Me seguro para não ir até lá e faze-lo pagar pelo que fez comigo
com minhas próprias mãos, mas não posso, ainda não.
— Amor?
— Sim?
— Claro que sim amor, iríamos amar te você sempre por perto,
mas não posso te forçar a nada, entendo se não estiver totalmente
pronta. — diz entrelaçando nossas mãos enquanto caminhamos
pelos corredores cheios de brinquedos.
— Eu aceito, mas tenho que conversa com meus pais antes
Gabriel.
Ainda não sei qual será a reação deles, mas tenho um bom
pressentimento quanto a isso.
Sei que Gabriel não gostará nada disso, mas ele é meu amigo e
terá de entender que eu o amo e que não vou deixa-lo.
— Bem e você?
— Não precisa Fernando, isso não tem nada a ver como Gabriel.
— Fico feliz de ouvir isso, está morando com seus pais ou com
ele?
Ela nos pede para olhar para uma tela ao lado enquanto começa
o procedimento.
— Amor, não quero que você sofra com o parto normal, e além
do mais, você é muito pequena e apertada aí em baixo! — diz
apontando entre minhas pernas e me seguro ao máximo para não
desferir um tapa em sua cara.
O dia de hoje está sendo tão importante para mim que deixei de
trabalhar para acompanhar Julia na primeira ultrassonografia do
nosso filho.
— Não estou irritada com você Gabriel, mas se você fizer aquilo
novamente, juro que não vou me segurar em desferir um tapa no
seu rosto. — diz com a cabeça encostada no vidro da janela do
carro.
— Ok, vou lembrar da sua ameaça na próxima vez amor, sabe
que sou todo seu, fique à vontade para descarregar sua raiva em
mim a noite. — Pisco um olho arrancando um sorriso dos seus
lábios.
— Sim, não quer ter outro filho daqui a alguns anos? — pergunto
curioso.
— O que foi?
— Não deu para ver muito bem, ele ainda é pequeno e não
conseguimos vê-lo totalmente pelo ultrassom querida.
— Mas a mamãe não quer mais ter outro bebê depois desse
filha, isso é muito triste né? — provoco Julia que me olha com os
olhos estreitos como se soubesse o que estou prestes a fazer.
— Está falando isso, porque não será você que irá sofrer no
parto Gabriel!
— Papai, por que a mãe vai sofrer quando o bebê for nascer? De
onde eles saem? E como os bebês são feitos?
Droga!
Capítulo 35
GABRIEL
Não sei como iniciar uma conversa como essa com minha
própria filha, e em busca de ajuda dou uma olhada rápida para Julia.
Todos os pais sabem que uma situação como essa chegará, mas
em não sabia que esse momento chegaria tão rápido para mim.
Pelo canto do olho vejo que Julia se segura para não começar a
gargalhar dentro do carro.
— Seu pai explica melhor, e vai contar para você, não é amor?
— diz me olhando com uma expressão cínica.
Merda!
Eve abre a mochila e entrega uma folha de papel para Julia que
diz ser o que ela terá de fazer na festa da escola.
Mas Julia negou dizendo que não teria graça, e que nós
poderíamos preparar tudo.
— O que foi?
Não posso negar que não sei por onde começar, pois sou
totalmente inexperiente em relação a isso, percebendo minha
hesitação Gabriel levanta a cabeça para olhar em meus olhos.
— Também quero te dar prazer, mas não sei como fazer isso. —
Admito fechando os olhos sentindo meu rosto corar de vergonha.
— Abra os olhos amor, não precisa ficar com vergonha, vamos
começar devagar. — Concordo com a cabeça enquanto ele
posiciona sua mão sobre a minha por cima da calça, me ensinando
os movimentos certos.
Sentindo a ousadia tomar conta de mim, uso uma das mãos para
abaixar sua calça, Gabriel sorri contra minha boca percebendo
minhas intenções, ainda inexperientes envolvo seu membro com
uma das mãos e refaço os mesmos movimentos.
Sua mão serpenteia por minhas costas até alcançar minha nuca,
e seu olhar se mantém preso ao meu. Gabriel prende os fios do meu
cabelo em seus dedos e se inclina na minha direção, deixando
nossas bocas quase coladas uma na outra.
— Casa comigo?
Capítulo 37
GABRIEL
É claro que a amo demais, e desejo que seja minha esposa, mas
poderia fazer um pedido como esse numa ocasião especial como
todos fazem.
— Amor? — a chamo.
No dia seguinte:
— Será perfeito.
— Acredito que sim. — Agradeço sua visita mais uma vez antes
de ir embora.
Não comentei nada disso antes pois tinha quase certeza de que
o pedido de casamento fazia parte do sonho, mas agora percebo
que é real, Gabriel me pediu em casamento.
— Claro, amor.
— Meu deus Gabriel, quem pede uma mulher nua após transar
em casamento?
— Eu, eu faço isso, sei que não fiz o pedido em uma ocasião ou
local especial, mas posso fazer isso se quiser. — Ainda sem
acreditar me levanto e contorno a mesa para ficar de frente para ele.
— Acho que vou ter que repetir tudo já que quando fiz isso você
não ouviu. — diz com humor me fazendo rir.
— Você é meu grande amor e estou aqui para dizer que tenho
certeza de que é ao seu lado que quero passar o resto de minha
vida. Você me completa, me dá forças e me faz ser alguém melhor.
— diz segurando minha mão ainda ajoelhado a minha frente.
— Quero construir uma família com você, desejo viver cada dia
de minha vida sabendo que tenho alguém como você ao meu lado,
afastando as tempestades que me assombram.
— Pois é, ou ela acha que ele está apaixonado por ela, coitada,
acha mesmo que um homem como o Senhor Simon teria interesse
em uma mulher como ela? — começa a rir e nesse momento saio
de perto da parede e sigo fazendo elas perceberem minha
presença.
— Não importa, só quero que saiba que não importa o que dizem
sobre nós, estou apaixonada por você Gabriel, e eu te amo muito.
— Digo com sinceridade desejando esquecer as palavras que me
chatearam.
— Concordo...
GABRIEL
Saber que o aniversário de Julia acontecerá em dois dias me fez
pensar em querer preparar alguma surpresa.
— Eu sei que não quer me ouvir, mas por favor Gabriel, é muito
importante!
Por um momento penso que tudo isso não passa de uma bela
armação dela, mas parte de mim quer acreditar na palavras de
Stella, e o tom desesperado de sua voz na ligação confirma isso.
— Confesso que não sei amor, também não confio nela, mas
pareceu que ela estava desesperada. Talvez possa ser uma
armadilha, ou talvez isso seja verdade, mesmo sem sabermos
devemos tomar cuidado daqui para frente amor, nunca me perdoaria
se algo acontecesse com vocês por minha causa.
Bufo tentando ligar para o número que Stella me ligou, mas falho
como as outras tentativas anteriores.
— Querida, sei que não quer isso, mas quero te proteger, então
largue de ser teimosa e confie em mim, quero te proteger Julia,
então por favor, faça o que eu digo. — Digo sério, ela tenta
protestar, mas se cala sabendo que estou certo.
Tenho total noção do perigo que posso correr, mas preciso saber
sobre toda essa história.
— Escreva uma nova mensagem dizendo que terá de ser em um
local público. — Julia não faz o que peço, mas continua me
encarando.
— Gabriel, por favor, não faça isso. — Viro a cabeça vendo que
seus olhos estão marejados, está com medo do que possa
acontecer comigo.
— Vou ficar bem amor, confie em mim. — Retiro uma das mãos
do volante e entrelaço nossos dedos.
— Não vai, vou ficar bem, ok? — beijo sua mão vendo que Julia
faz o que pedi.
— Sou inexperiente nisso, mas vou tentar ser a melhor mãe que
uma pessoa poderia ter, espero que nas próximas ultrassonografias
consiga saber o seu sexo. Estou ansiosa para montar o seu
quartinho, comprar milhares de roupinhas que nós dois sabemos
que você crescerá muito rápido e não terá chances de usar. —
Sorrio com o futuro.
Pego sua mão e o levo até o sofá, ele se senta ao meu lado e
ergue a cabeça respirando fundo.
— O que?
O ódio que a família de Maya senti por Gabriel faz sentido, eles
acham que ele é o culpado pela morte da filha e do neto.
O caminho todo até o centro da cidade foi feito com pura tensão,
mas me sinto um pouco aliviado em saber que Julia está segura no
apartamento, antes de sair me encontrei com a governanta e pedi
para subir.
Antes da ida de Eve para escola, insistir em não deixar que ela
vá, mas minha pequena estava tão animada para encontrar os
amiguinhos que não resistir e deixei, não me sinto seguro depois do
aviso de Stella, mas parte de mim sabe que Eve está segura na
escola, depois de deixa-la dei instruções para a diretora para que
não liberasse a saída da minha filha com estranhos, que somente
familiares tinham esse poder.
— Sei que não confia em mim, e você tem razões para isso, mas
só estou tentando ajudar Gabriel. — diz me encarando.
Mas não posso ter tanta certeza assim, talvez não me lembre de
quem magoei há alguns anos.
— Por que me disse que estamos em perigo? Seu pai vai tentar
se vingar de mim, não é?
— Obrigado.
10 de novembro
Querido Diário...
O dia de hoje foi uma total exaustão para mim, mas para a minha
felicidade ele me olhou novamente, e não foi uma simples olhada
como todas as vezes anteriores.
Senti seus olhos azuis como os oceanos sobre mim foi um mix
de emoções e sentimentos tudo junto, percebi que seus olhares
sobre mim têm se intensificado, as vezes ele me flagra quando
estou o encarando, mas sei que qualquer uma seria capaz de fazer
o mesmo no meu lugar, ele é deslumbrante, sei que o meu principal
foco deveria ser o trabalho, desde pequena sempre sonhei em se
tornar uma CEO de sucesso e estou trabalhando para conseguir
chegar nesse patamar.
Ele não é apenas lindo e charmoso, tem algo a mais nele que
aumenta o meu fascínio cada vez mais, talvez seja os seus olhos
azuis, o seu olhar encantador que me alucina, não sei, mas espero
descobrir em breve.
15 de novembro
Querido diário...
04 de fevereiro
Querido diário...
Ainda não contei nada para Gabriel e nem sei qual será sua
reação, ninguém além de mim sabe disso, nem meus próprios pais
que tenho certeza de que vão me julgar após saber.
05 de fevereiro
Querido diário...
Sua reação foi a pior que uma pessoa poderia reagir, me sinto
magoada e muito triste por amar um homem que foi capaz de
rejeitar o próprio filho.
O pior foi que ele até propôs um aborto, e ouvir isso me doeu de
uma forma tão profunda, estava crescendo na carreira e não
precisava de mais uma "coisa" para se preocupar, mas ainda o amo
demais e me odeio por isso.
Não posso ficar com alguém que proponha tal ato, não posso
renunciar um bebê inocente que não tem culpa de nada, não posso
fazer isso, se continuar com a gravidez significa abrir mão de
Gabriel farei isso.
Mesmo que machuque, mesmo que tenha que criar meu filho
sozinha eu farei isso.
— Obrigado por existir Julia, não saberia o que fazer sem você.
— diz levando o polegar até meu rosto.
— Não diga isso, você é mais do que suficiente para mim Julia,
não pense que eu te amo menos do que amei Maya. Ela foi o meu
primeiro amor, mas você é o meu amor épico Julia. — diz
acariciando meu rosto.
— Mas está errada amor, fico desse jeito porque poderia impedir
o que aconteceu com eles, que pessoas inocentes morreram por
minha causa, mas eu te amo Julia, nunca duvide do amor que sinto
por você.
Dia seguinte
— Bom dia, Olívia, não vou tomar café agora pois estou quase
de saída. — Digo, mas meus olhos se fixam no arranjo de rosas em
cima da mesa.
Receba essa rosa como símbolo do amor que sinto por você...
Eu te amo!
Com cuidado para não a acordar beijo sua testa com carinho, ela
se remexe, mas não acorda.
Uma atendente usando roupas sociais vem até nós e lhe informo
o que estou à procura, e após vários minutos observando cada
modelo finalmente escolho um com a ajuda de Eve.
— Eu sei, mas isso não esconde o fato de que ele ainda está
apaixonado por você Julia...— e antes que eu possa o repreender
Gabriel continua:
Toco sua barba por fazer, contorno seu pescoço com meus
braços quase ficando na ponta dos pés devido a nossa grande
diferença de altura.
— Mas não vou estar tão bonita assim quando estiver no último
mês de gravidez e pronta para expelir um bebê enorme de dentro de
mim. — Digo com humor.
— Convencido!
Fico com a companhia do meu pai por alguns minutos, até minha
mãe o chamar para ajudá-la na cozinha, também ofereci, mas os
dois negaram no mesmo instante.
São tantos desejos que poderia pedir, são muitos que fica até
difícil de se escolher, mas decido ouvir meu coração.
— Sei que não fiz esse pedido de um jeito certo, mas pretendo
corrigir isso amor. — Rio lembrando do pedido de casamento feito
após o sexo.
— Eles vão ficar bem, minha mãe pode até ficar chateada no
início, mas vai ficar feliz por nós. — diz depositando um beijo casto
em minha mão.
— Sim?
— Mas seu pai me salvou, e foi ali que nos vimos pela primeira
vez, mas ele me tratou com arrogância e tive vontade de bater nele
naquele instante, mas não fiz, e muito irritada entrei na universidade
onde cursaria Administração. E dentro da sala eu o vi novamente,
descobri que ele era o CEO da empresa para onde estávamos
concorrendo para estagiar, sai da sala e ele me seguiu, nos
confrontamos mais uma vez, e a vontade de bater nele só
aumentava, mas também percebi que eu o irritava demais também.
— Sim, ele ficou muito bravo, mas fiquei surpresa quando não fui
demitida. — Fico emotiva lembrando dos acontecimentos citados.
— Não sabia que ele tinha uma filha, até a viagem para Itália que
fizemos juntos, foi ali que descobri sobre sua existência e fiquei
encantando sobre como um homem arrogante e seco como ele
poderia ser tão gentil e carinhoso com alguém.
— Papai sempre foi frio com todo mundo, mas você mudou isso
nele mamãe, as vezes via o papai chorando e nunca descobri o
motivo, mas você curou isso nele. — Fecho os olhos percebendo
que ela está se referindo a mãe e ao irmãozinho mortos sem saber.
— Ah, teve uma vez que estava chovendo muito e meu carro
quebrou em uma estrada escura e deserta, fiquei com medo, mas
seu pai apareceu, é claro que neguei, mas ele não aceitava minha
negação, me deixou tão brava que acertei um tapa no rosto dele...
— Bateu no papai? Coitadinho...— Eve não aguenta e começa a
rir.
— Só estava querendo ajudar, foi você que agiu como uma louca
no meio da chuva e me bateu sem motivos. — Ele rir provavelmente
lembrando do nosso momento.
— Ah sim, sua mãe era uma garota muito atrevida, ela te contou
que me queimou com café? — Eve concorda sorrindo e Gabriel me
encara com os olhos franzidos, finjo inocência balançando os
ombros.
— Sim...
— Gabriel...por favor...
Chupo seu seio esquerdo com força, faço o mesmo com o outro
antes de me afastar ouvindo seu protesto.
Sou boa na cozinha, herdei e aprendi isso com minha mãe, mas
nunca preparei comida japonesa, e nunca tive oportunidades de
experimentar.
— Não é a sua culpa amor, você fez tudo certo, mas o gosto não
me agradou muito. — diz fazendo uma careta ao lembrar do gosto.
— Minha japonesinha está muito bonita, acho que vou ter que
controlar meus ciúmes quando os garotinhos te olharem mocinha.
— Eve rir quando o pai a aperta nos braços.
Mas assim que entro em uma das cabines ouço vozes femininas:
— Meu deus, você viu como aquele cara é lindo? — umas delas
diz suspirando.
— Nunca vou parar te amar Eve, meu amor por você cresce a
cada dia, nunca serei malvada com você pequena, vou amar e
proteger para sempre, porque é isso que as mães fazem, elas
amam e protegem os filhos...
— Eu te amo mamãe...
Capítulo 51
JULIA
Mas acima de tudo estou feliz, me sinto grata pela vida que
estou levando ao lado de Gabriel, o passado quase não volta para
assombra-lo com frequência o que me deixa bastante aliviada,
mesmo não tendo mais contato com Stella isso deixou Gabriel em
alerta, já que ele alegou que tinha algo de estranho nisso, e para
manter a paz e proteção Gabriel contratou seu motorista como
nosso segurança particular já que ele também era profissional na
área e uma pessoa de confiança.
Queria fazer uma surpresa, mas sabia que ele surtaria quando
me visse ali, mas não ligava, também sabia que Gabriel ficaria em
sua sala a maior parte do expediente já que tinha poucas reuniões
ou compromissos para o dia. Com o meu afastamento do cargo de
Assistente Pessoal concordei com Gabriel que precisaria contratar
uma pessoa no meu lugar na minha ausência, mesmo tendo o bebê
não trabalharia nos primeiros meses pois prometi dedicar meu
tempo apenas para nosso filho enquanto seu nascimento ainda
estivesse recente.
Após ouvir sua voz pedindo para entrar, obedeço e vejo que ele
está prestes a pronunciar algo mas fica em silêncio quando seus
olhos azuis pousam em mim.
— Cancele o resto do meu dia Ryan, meu filho vai nascer! — ele
diz e Ryan acena.
— Estamos presos?
— Infelizmente sim.
— Ai meu deus!
— Minha bolsa estourou, mas pelo menos não estou com dor...
— grito quando uma onda intensa de dor mais forte que as
contrações anteriores me atinge.
Julia aperta minha mão com força enquanto um grito alto deixa
sua boca, ela ofega e respira fundo antes de voltar a empurrar
novamente aos comandos da médica que segue a auxiliando.
Ele corre para dentro do hospital e vem até mim com uma
expressão abatida no rosto.
Ele tenta passar por mim, mas puxo seu braço o forçando a me
encarar:
— O pai dela...
Capítulo 53
GABRIEL
— Julia...
— O que quer dizer com "ele não virá"? Ele ainda está
trabalhando, é isso? — pergunta, mas nego com a cabeça e seguro
sua mão, pelos seus olhos sei que ela que o que vou contar não é
nada bom.
— Ele não virá porque está...no hospital e sua mãe está com
ele...— digo com a voz embargada e seus olhos marejam.
— Ele não vai amor, ele vai ficar bem, vou conversar com o outro
hospital e pedir para transferi-lo para cá, assim você fica perto dele
enquanto não tenha alta. — Beijo sua testa e a deixo chorar
agarrada a mim.
— Ele vai ficar bem princesa...— Fernando diz num tom baixo
enquanto observa Julia chorando em meus braços.
— Posso cuidar disso, fique com ela, ela precisa de você, vou
voltar para o outro hospital e aviso a cada nova notícia! — Fernando
diz e assinto com a cabeça.
— Se quer ter filho, a primeira coisa é ter uma mulher, coisa que
você também não tem! — digo lhe arrancando uma risada.
— Sim, ela vai ficar, só está preocupada com o pai dela amor.
— Ela está com medo de perder o papai dela? — pergunta e
concordo com a cabeça.
— Deve ser ruim o que ela está passando, mas a mamãe é forte
e pode contar com a gente, não é?
— Sei que queria estar com a mamãe agora, mas tudo vai ficar
bem filho, logo ela ficará o tempo todo com a gente, a mamãe é
forte e não merece passar por isso, então vamos ficar quietinho aqui
com o papai enquanto ela descansa, ok? — o bebê se remexe no
meu colo e emite sons me arrancando um pequeno sorriso.
Mas não sabia que o medo poderia ser tão grande a ponto de
encarar a bicicleta por alguns minutos, como se implorasse para que
não me deixasse cair.
— Ela é muito grande, pai! — reclamei, mas meu pai apenas riu
do meu desespero.
Gritei mais alto que conseguia quando notei que o corpo imóvel
não havia sinais vitais presentes, fechei os olhos e me deitei sobre
seu peito.
— Pode trazer o Ben para mim? Ele deve estar com fome...—
suspiro lembrando do meu descuido em deixar meu próprio filho
com fome.
— Não, mas estou bem, fiquei o tempo todo ao lado do seu pai.
Meu pai está ali, sedado, imóvel, e cheio de tubos, observo seu
peito subir e descer acompanhado de curativos e fios, toco sua mão
vendo os vários hematomas no rosto claro.
— Você precisa acordar logo, precisa voltar para a gente, não sei
se consegue me ouvir e sei que pode estar sofrendo, mas você
precisa acordar pai...— comento com a voz embargada.
— Sim filha, vou ficar bem, vão para casa e descansem, aviso
quando tiver novas notícias sobre o estado dele.
— Ele vai ficar bem, mãe! Qualquer coisa me ligue que eu volto
pra cá rapidinho, ok? — pergunto beijando seu rosto antes de deixar
o quarto.
Não sou idiota, percebi o quanto Julia ficou estranha quando abri
a porra da caixa e mostrei os diários de Maya, percebo que meu
passado também não está fazendo bem para Julia.
Sei que ainda está duvidoso em confiar em mim, mas talvez isso
deva pertencer a você, sei que machuca relembrar do passado, mas
não quero jogar tudo isso fora, isso deve ficar com você, ela gostaria
que ficasse, não quero lhe fazer mal algum Gabriel, apenas desejo
que minha irmã não fique esquecida, ela merece isso. Ela foi uma
pessoa importante para você Gabriel, não esqueça disso, não
esqueça dela. Não consegui ler nenhum deles, essa história não
pertence a mim, pertence a você e ela.
— Você é mais!
— Você está certa, eu senti algo, mas não sei se foi realmente
amor, Julia, mas o que sinto por você é mais forte, mais forte de
tudo que já senti nesse mundo.
JULIA
— Ok, chegou sua vez, pequeno! — ela coloca Eve sobre uma
tapete que logo começa a brincar com alguns brinquedos.
Enzo...
— Te amo! — digo.
— Sim, mas ainda temos que ficar em alerta! — ele olha para
trás, mas o som de buzinas chama a minha atenção.
— Sim!
— Quero construir uma família com você, desejo viver cada dia
de minha vida sabendo que tenho alguém como você ao meu lado,
afastando as tempestades que me assombram.
— Nunca vou parar te amar Eve, meu amor por você cresce a
cada dia, nunca serei malvada com você pequena, vou amar e
proteger para sempre, porque é isso que as mães fazem, elas
amam e protegem os filhos...
— Eu te amo mamãe...
— Não! Volte para mim! Vamos, meu amor, volte para mim! —
peço deixando as lagrimas rolarem soltas.
— Por que leva as pessoas boas de mim? Por que me faz sofrer
tanto a esse ponto? Me diz! — sussurro soluçando abraçando meu
próprio corpo sentindo meu coração despedaçado.
— Você também está amor, quando acordei senti medo que algo
pior tivesse acontecido com você. — Seco uma lagrima de sua
bochecha e me abaixo para beijar sua testa, mas o movimento me
faz gemer de dor alertando Julia que arregala os olhos.
— Ainda não sei amor, não tive tempo de conversar com James,
mas prometo que vou descobrir e fazê-lo pagar!
Passando algum tempo no quarto de Julia, pedi para os pais de
Julia ligarem para minha mãe e trazer nossos filhos, também avisei
que precisava conversar com James o quanto antes e depois de
algumas horas ele finalmente chega ao hospital.
— Não sabemos, mas até que não saibam quem fez isso,
estamos todos desprotegidos...
Capítulo 59
JULIA
Nunca tive tanto medo de morrer em minha vida, para mim não
restava dúvidas que aquela seria minha morte, meu último de vida,
o dia que deixarei minha família e todos que amo.
— Ok, mas o que isso te a ver com esse tal de Bruce Willians?
— pergunto ainda em dúvida sobre comentar sobre o pen-drive
junto aos diários.
— O que?
— O que disse?
— James, não sei quando vamos ter alta daqui, mas preciso que
volte ao apartamento e me traga todos os diários de Maya que estão
numa caixa dentro do meu closet, Olivia te ajudará a encontrar, me
traga o mais rápido possível, James! — antes que o segurança saia
do quarto, levanto a cabeça e o encaro, ele devolve o olhar com
pesar, confirmando minha dúvida.
— Não fique assim, não vou deixar nada acontecer com você,
amor...
Capítulo 60
GABRIEL
— Isso é estranho...
— Não precisa continuar fazendo isso, Julia. Sei que não está
nada fácil ficar lendo isso. — Ela levanta a cabeça e nega com a
cabeça.
06 de junho
Querido querido...
Não é fácil, sei muito bem que nada vai ser fácil daqui para
frente, mas precisava sair daquele lugar, não estava me fazendo
bem e depois de ser magoada a única opção seria esquecer e
seguir com minha nova vida.
— O que foi?
1 de fevereiro:
Querido diário...
— Ela narra que está sendo seguida por alguém, talvez possa
ser o tal Bruce, continue lendo, essa pode ser uma prova que ele
realmente é o culpado do acidente de carro de Maya. — Julia diz,
mas fecho o diário suspirando.
Ainda não contei nada para Gabriel e nem sei qual será sua
reação, ninguém além de mim sabe disso, nem meus próprios pais
que tenho certeza de que vão me julgar após saber.
Era mãe agora, e nunca na vida teria coragem e sangue frio para
rejeitar meu filho quando ele mais precisasse de amor e carinho,
passei a manhã toda em sofrimento profundo, o que mais desejo no
momento é ir para longe e tentar viver sem dor nenhuma.
A tarde me reergui e sai a procura de ajuda Médica para iniciar o
meu pré-natal e procurar saber sobre tudo que mudaria dali para
frente, mas voltando para casa numa chuva escassa fui pega
totalmente de surpresa, minha vida já estava ruim o suficiente, mas
ele apareceu novamente e me empurrou para dentro de um carro
escuro...
Capítulo 61
JULIA
São relatos fortes e cheios de pura emoção, não está fácil ler
cada paragrafo preenchido pela caligrafia de Maya, ler tudo o que
aquela mulher passou no passado me faz sentir tudo com mais
intensidade, é como se eu pudesse sentir tudo o que ela sentiu
nesses momentos, como se eu estivesse presenciado tudo ao lado
dela.
Suspiro antes de abaixar a cabeça e me concentrar nos
parágrafos que ainda completam a mesma data do diário:
— Então, ela não foi embora apenas por minha causa...— ele diz
num tom baixo ainda sem virar a cabeça.
— Foi há muitos anos, mas sim, ainda me lembro bem dela, foi
minha primeira submissa desde quando entrei no mundo de BDSM,
estava começando e não sabia muito bem como me relacionar com
as escolhidas para aquilo, mas coloquei a ideia na cabeça que
precisava manter meus sentimentos intactos ou atrapalharia tudo.
Quando o período do contrato se encerrou cada um foi para o seu
lado viver a vida como se aquilo nunca estivesse acontecido, nunca
me relacionei com a mesma submissa além de uma única vez, e
não foi diferente com Jenner.
— Maya sabia desse seu lado? Ela também praticou isso com
você? — questiono, mas Gabriel nega.
— Tudo bem, amor, você é minha vida, você faz parte dela! —
diz secando uma lagrima que desce por minha bochecha antes de
me beijar com vontade.
— Por deus, não quero passar por aquilo novamente, vocês dois
já bastam para mim. — Informo ouvindo a risada de Gabriel.
— Não vamos fazer mal algum a ela, mesmo que não goste
ainda somos avós dela e temos esse direito Gabriel, não somos
essa imagem de pessoas tão deploráveis que sua mente criou.
— Sim, é visível que você herdou a beleza dos seus pais, seus
olhos azuis são uma incrível combinação com os de Gabriel, olhar
para você me faz lembrar de sua mãe...— Petra diz sentimental
tocando o rosto da minha filha que levanta a cabeça para Julia.
— Minha mãe não tem olhos azuis, eu já tenho avós, e por que
apareceram somente agora? — Eve aponta Julia com o dedo como
se acreditasse que estão falando dela e volta a encarar a dupla.
— Querida, estou falando de Maya, essa moça não é sua
verdade...— meus olhos queimam sobre Petra como um aviso
silencioso para não que não conte a Eve sobre mãe verdadeira,
Maya deixou minha filha cedo demais e desde que conheci Julia ela
tem sido uma mãe perfeita, e não quero que tirem isso dela.
— Esse é o ponto, Maya não foi embora para França apenas por
minha causa, ela foi porque Bruce também estava a perseguindo e
quase conseguiu fazer mal a ela antes que partisse, está tudo nesse
diário se não acreditam em mim. — Estico o braço gemendo de dor
quando consigo pegar o diário correto, abro nas páginas que lemos
e entrego nas mãos de Albert que lê em silencio.
Tive alta do hospital há dois dias, mas Gabriel ficou mais alguns
dias para se recuperar da costela fraturada no acidente e pela
bancada na cabeça, com o perigo a solta podendo atacar a qualquer
momento sou guiada e perseguida por James em todo canto que
vou.
— Não sei, talvez seja cedo para ela conseguir processar tudo
isso, mas se ela perguntar ou quiser saber não vou esconder a
verdade da nossa filha.
GABRIEL
— Não fique assim filha, não me machucou, não liga para o seu
tio chato, papai sentiu saudades Eve. — Aperto seu corpinho em
volta do meu com carinho.
— Claro que está bem, ele é duro na queda mãe, fico feliz que
esteja melhor. — Troco um toque com Matteo antes de voltar minha
atenção a Benjamin que começa a chorar enquanto Julia o retira do
bebê conforto.
— Poderia ser a sua mão, meu bem! — grito ouvindo sua risada
de dentro do banheiro.
Pego um livro na mesinha perto da cabeceira tentando focar toda
minha concentração e retirar as imagens de Julia nua de minha
mente, mas falho quando minutos depois ela sai do banheiro com
apenas uma toalha branca em volta do corpo, meus olhos se fixam
nas curvas inchadas dos seios causados pelo nó apertado da
maldita toalha.
JULIA
Sabia muito bem que Gabriel não poderia fazer todo esse
esforço físico, minha mente pede para ser racional, mas meu corpo
traidor implora por mais de seus toques sobre mim, não resisto,
nunca consegui resistir na verdade.
Um mês depois
— Sim, tentei várias vezes, mas não obtive resposta, ela não
atende Senhor...
— Gabriel?
— Estão sozinhos?
— Não vou sair daqui, sei que está com medo, mas precisa ser
forte e enfrentar, vocês vão conseguir...
— Conseguiu?
— Ele não vai demorar muito para perceber que estamos aqui
dentro, e se ele tentar entrar? Gabriel, eu estou com medo, medo
que ele consiga entrar e machucar nossos filhos. — Sussurra
tentando manter o controle.
— Tem outro trajeto pela zona rural, vou acelerar o máximo que
puder, mas pode demorar alguns minutos, menos tempo do que se
continuarmos naquele trânsito.
— Eu sei, mas não sei usar uma arma e nem atirar! — com a
chamada no viva-voz logo as instruções de James são passadas
para Julia.
— Entendi!
— Papai, estou com medo, chega logo, por favor! — Eve diz
chorosa.
— Não vou deixar nada chegar perto de vocês, não vou permitir
que ele te machuque novamente...— digo a última palavra a mim
mesma referindo-me ao acidente que Eve sobreviveu.
— Tenta ficar calma, a porta é pesada demais para que ele tente
abrir com facilidade, mas preciso que esteja pronta, quando
perceber que ele está conseguindo entrar, quero que pegue a arma,
destrave e mire em uma das pernas...
— Ele vai tentar entrar, vou proteger vocês, mas quando eu gritar
para que corra, você aparece com Benjamin e corre para fora
quando eu mandar, ok? — toco seu rosto molhado de lagrimas
vendo-a assentir com a cabeça.
— Vai ficar tudo bem, todos nós vamos ficar bem! — beijo sua
testa e faço o mesmo com Benjamin ainda adormecido.
— Bruce, sei por que está fazendo tudo isso, seu problema é
comigo, então a deixe fora disso, vamos resolver entre você e eu.
— Sinto muito, mas não posso aceitar sua oferta, você tirou a
vida da pessoa que amei, tirou a vida da minha irmã, minha única
família, acho justo fazer o mesmo com você, tirando a vida de
alguém que você mais ama... — ele responde com os olhos fixos
em mim.
— Ele não matou a sua irmã, ela retirou a própria vida! — digo
alto bastante para que até Gabriel possa ouvir.
— Ok, você já provou isso, já fez o que acha justo com Maya,
então pare com esse jogo doentio! — arrisco.
— Desliga o celular!
— Não faça isso, não desligue esse celular, Julia! — ainda sem
saber o que fazer vejo Bruce levar uma das mãos até o bolso da
calça, me preparo para atirar, mas recuo quando o vejo segurar uma
espécie de botão.
— Corre! — grito para Eve que segura Benjamin sem jeito, mas
corre para fora do quarto.
Capítulo 66
JULIA
Me viro vendo que Bruce se rasteja até onde cair, tonta, tateio o
chão em busca da arma que caiu das minhas mãos, mas antes que
eu consiga a pegar ele me puxa e prende minhas mãos acima da
minha cabeça enquanto retira uma espécie de pano branco do outro
bolso.
— Não adianta lutar, ele não está aqui Julia, Gabriel não está
aqui para te salvar...— seu polegar desliza pelo meu rosto e Grunho
virando a cabeça tentando me afastar dos seu toques.
— Cubra o rosto com isso, tente não respirar tanta fumaça, ok?
— ela concorda com a cabeça e logo procuro outro jeito de nos tirar
daqui.
GABRIEL
— Tira ele daqui antes que eu pegue essa arma e acerte um tiro
na cabeça dele!
— JULIA?
— MALDITO!
— Graças a você que os retirou antes que algo pior pudesse ter
acontecido. — Murmuro lembrando o desespero de estar presa e
chegar perto o bastante da morte.
Aprofundo o beijo com ardor, não apenas com desejo, mas com
carinho, amor e todo tipo de sentimentos bom, o beijo sentindo
necessidade de seu calor e companhia perto da minha, nosso beijo
sai carregado de alívio, alívio por estarmos um com o outro.
Hoje!
Ela abre a boca para revidar, mas a fecha quando meu corpo
prende o seu contra a parede de metal fria do elevador nas suas
costas. Pelos anos que se passaram percebi que uma das minhas
maiores diversões é provocar Julia e observar atentamente cada
reação que causo nela, mesmo com o tempo passando isso não
muda, ela reage da mesma forma, ansiando e desejando mais.
— Gabriel, você sabe que está atrasado para levar nosso filho
até a casa do amigo, então para de provocar! — ela repreende, mas
a sinto estremecer quando minha língua alcança sua orelha.
— Ah, amor, já tenho até uma ideia do que podemos fazer nesse
tempo livre, minha ideia inclui, nós dois nus, corpos suados e
gemidos abafados... — brinco recebendo um tapa no ombro quando
minhas mãos começam a desabotoar os botões da camisa branca
que logo revela o sutiã da mesma cor.
— Noah! O nome dele é Noah, pai! Eu não sei, talvez ele esteja
já que é muito conhecido pela escola toda, ou talvez não. Mas não
estou indo por causa dele, estou indo porque é o aniversário da
minha melhor amiga.
— Então vai trocar de roupa, você só tem 12 anos, e eu mesmo
vou levá-la nessa festa. — anúncio e ela bufa novamente antes de
me rebater:
Após esperar Eve entrar na casa, sigo rumo de volta para casa,
desejando descansar e retirar toda a tensão do meu corpo dirijo o
mais rápido que consigo.
Mais uma obra finalizada com sucesso, o que não seria possível
sem o apoio de cada um de vocês.