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Lições de Direitos Humanos

NECA MACIEL
necavirgiliomaciel@gmail.com
CAPÍTULO II
DIREITOS HUMANOS SUBSTANTIVOS
 I. Aspectos gerais
 Os direitos humanos são, normalmente, encarados do ponto de vista seu “Standard” e do
ponto de vista “supervision”. Fala-se em “human right standard” de um direito humano
quando se analisa o seu conteúdo tal e qual é e foi consagrado nos diversos instrumentos,
quer universais, quer regionais. Na vertente de supervisão, estuda-se a dinâmica de
protecção dos direitos humanos49, matéria que neste manual se encontra reservada para
parte relativa ao direito institucional e processual.
 Portanto, o estudo da dimensão substantiva dos direitos humanos, matéria que constitui
este capítulo, é importantíssimo. No entanto, dada a sua multiplicidade e complexidade,
não serão abordados todos os direitos humanos substantivos, mas, sim, os mais
frequentemente invocados, os quais podem ser categorizados em vários grupos.
Cont.

 Para efeitos metodológicos, sem prejuízo da interdependência e indivisibilidade dos direitos


humanos, a orientação sistemática deste Manual divide entre os direitos substantivos em Direitos
Civis e Políticos (I), Direitos Económicos, Sociais e Culturais (II) e os Direitos Colectivos (III).
 II. Direitos Civis e Políticos
 A. O direito à vida
 Com referência à dignidade da pessoa humana, o direito à vida é o centro de todos os demais
direitos porque é em torno dele que se desenvolvem outros direitos humanos, para além disso, o
efectivo gozo dos outros direitos humanos depende da vida. Por isso, o direito à vida é o direito
humano básico.
 Integrado na ordem jurídica, a vida é um bem jurídico digno de tutela jurídica, elevado à categoria
dos direitos humanos, por se ter considerado inerente à pessoa humana. A inerência da vida em
relação à pessoa humana traduz a inseparabilidade entre o bem jurídico vida e a pessoa humana,
daí o direito à vida ser intransmissível e indisponível. É por esta razão, por exemplo, que a
tentativa de suicídio é punível por lei, na medida em que aquele que tenta suicidar-se pretende
dispor de algo que é indisponível.
Cont…

 O direito à vida encontra-se consagrado no artigo 3 da Declaração Universal (DU), no


artigo 6 do Pacto Internacional dos Direitos Civils e Políticos (PIDCP) e no artigo 4 da
Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos.
 Nenhum dos instrumentos acima referidos define o direito à vida, sendo certo que uma tal
tentativa seria sempre arriscada, uma vez que a dimensão deste direito é amplíssima e
multifacetada, compreendendo valores biológicos, religiosos, culturais, etc. O mais
importante é o reconhecimento de que o ser humano, pelo simples facto de o ser, tem o
direito de viver.
 O conteúdo deste direito compreende deveres positivos e negativos para os Estados. Em
primeiro lugar, conforme dispõe a segunda parte do n.º 1 do artigo 6 do PIDCP, o direito
à vida será protegido por leis, impondo-se ao Estado a adopção de leis que protejam a
vida dos seus cidadãos.
 Igualmente, o direito à vida implica a protecção eficaz de outros direitos humanos, tais
como o direito à saúde, o provimento de água potável, a garantia de alimentação
adequada e a segurança nutricional.
B. O direito à liberdade e segurança
 Essencialmente, o direito à liberdade e à segurança, reportam-se ao direito de o cidadão não
ser arbitrariamente preso ou encarcerado, impondo-se que o Estado deva ter um sistema
penal constituído por leis penais e processuais a partir das quais qualquer indivíduo saiba,
previamente, em que condições a sua liberdade pode ser coarctada através de prisão ou
outras medidas alternativas à prisão, mas aplicáveis no contexto de um eventual crime
cometido por ele.
 De acordo com o artigo 9 do PIDCP, toda a pessoa tem direito à liberdade e à segurança
pessoais, devendo garantir-se que ninguém poderá ser preso ou encarcerado arbitrariamente
e que ninguém poderá ser privado da sua liberdade, salvo pelos motivos previstos em lei e
em conformidade com os procedimentos nela estabelecidos. Além do PIDCP, este direito
consta do artigo 3 da Declaração Universal e do artigo 6 da Carta Africana dos Direitos
Humanos e dos Povos (CADHP).
Cont…

 Portanto, conforme proclamado na Declaração Francesa, as pessoas nascem livres e,


consequentemente, devem gozar dessa liberdade ao longo de toda a sua vida. Não se deve
limitar essa liberdade, senão nos casos em que a lei, expressamente, determine as condições
em que essa limitação deve ocorrer. Além de gozar da liberdade, o cidadão deve ver a sua
segurança garantida pelo Estado.
 A propósito da liberdade e da segurança, dizia Jean-Jacques ROUSSEAU que “renunciar à
liberdade é renunciar à qualidade de homem, aos direitos da humanidade, e até aos próprios
deveres. Não há recompensa possível para a quem tudo renuncia. Tal renúncia não se
compadece com a natureza do Homem, e destituir-se voluntariamente de toda e qualquer
liberdade equivale excluir a moralidade de suas acções”54. Percebe-se, neste excerto de
Rousseau que a liberdade e segurança são direitos inerentes e inalienáveis, porquanto são
pertinentes à própria natureza humana.
C. O direito a tratamento igual e de não ser
discriminado
 Os homens, para além de nascerem livres, nascem iguais em dignidade e em direitos57, por
isso devem ser tratadas de modo igual pelas leis dos Estados de que sejam cidadãos,
independentemente da sua origem racial, étnica ou filiação religiosa, partidária ou de qualquer
outra natureza. Segundo Boaventura Souza Santos, o direito a igualdade de tratamento é
chamado quando o tratamento desigual inferioriza a pessoa na sua dignidade.
 Pelo contrário, a invocação donecessário tratamento desigual é chamado quando o tratamento
igual descaracteriza a pessoa humana na sua dignidade.
 Em termos práticos, é fácil perceber o fundamento da posição do Prof. Boaventura Sousa
Santos, pois, o princípio da igualdade significa, simultaneamente, tratar de modo igual o que
for igual, do mesmo modo que se deve tratar de forma desigual aqueles que não estão em
igualdade de circunstâncias. Isto mostra que este princípio não é absoluto, já que se admite
que, perante circunstâncias objectivas, possa haver tratamento diferenciado das pessoas,58 se
critérios objectos, mostrar-se justo este tratamento desigual.
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Cont…

 É essa filosofia que permite a adopção das chamadas acções afirmativas ou


discriminação positiva, através da qual as pessoas são intencionalmente tratadas de
forma desigual, mas com o objectivo de compensar algum privilégio que algumas
possam ter por razões históricas, culturais, sociais, físicas, ou de outra natureza.
 Segundo Gomes Canotilho, o princípio da igualdade, não só significa que a lei deve
tratar de modo igual as pessoas, como também que a lei deve ser aplicada de modo
igual para todas as pessoas. Neste sentido, fala-se do princípio da igualdade enquanto
princípio estruturante do Estado do Direito. Contudo, para o autor em referência, este
princípio transcende o Estado do Direito, na medida em que é aplicável ao Estado
Social e por força dele os cidadãos devem gozar de igualdade de oportunidades perante
a lei.
 A manifestação da proibição da discriminação e do direito a tratamento igual encontra-
se plasmada no artigo 1 da DU, no artigo 2 do PIDCP e artigo 2 da CADHP.
D. O direito de acesso à justiça
 De acordo com o artigo 14 do PIDCP, todas as pessoas são iguais perante os Tribunais e as
Cortes de Justiça. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente e com as devidas
garantias por um Tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido por lei, na
apuração de qualquer acusação de caráter penal formulada contra ela ou na determinação de
seus direitos e obrigações de caráter civil.
 A imprensa e o público poderão ser excluídos de parte ou da totalidade de um julgamento,
quer por motivo de moral pública, ordem pública ou de segurança nacional em uma
sociedade democrática, quer quando o interesse da vida privada das partes o exija, quer na
medida em que isto seja estritamente necessário na opinião da justiça, em circunstâncias
específicas, nas quais a publicidade venha a prejudicar os interesses da justiça; entretanto,
qualquer sentença proferida em matéria penal ou civil deverá tornar-se pública, a menos que
o interesse de menores exija procedimento oposto, ou o processo diga respeito a
controvérsias matrimoniais ou à tutela de menores.
Cont…

 Porém, o direito humano de acesso à justiça não se preenche somente com a criação de
tribunais, sendo, ainda necessário que o Estado garanta que os tribunais actuem de forma
independente e imparcial.
 Da igualdade dos cidadãos perante a lei, decorre, segundo K. Hesse, citado por Gomes
Canotilho a exigência de que as leis devam ser aplicadas sem olhar às pessoas, isto é, os
tribunais julgam de acordo com os factos e o sentido objectivo da lei, não devendo
beneficiar ou prejudicar ninguém em razão da sua condição social, política, étnica ou
racial.
 Este direito integra, também, o direito ao recurso contra as decisões condenatórias, o que
lhe habilita a que exija que o seu caso seja reezaminado por um outro tribunal de recurso.
 O direito de acesso à justiça é garantido pelos artigos 8 e 10 da DUDH e pelo artigo 7 da
CADHP, para além do já citado artigo 14 do PIDCP.
E. O direito ao mecanismo de proteção efectivo e o direito a
reparação em direitos humanos
 A noção clássica de responsabilidade, implica a ideia de obrigação de reparação de um
dano. Nesta concepção conservadora, o prejuízo é o centro gravitacional do instituto da
responsabilidade. Não haveria de se falar em responsabilidade quando o facto que violasse
determinada obrigação não resultasse em prejuízo alheio.
 O direito a uma protecção efectiva, na eventualidade de ocorrência de violação dos direitos
humanos, esta previsto em quase todas as convenções, tanto específicas, como gerais, por
exemplo, no art.2 n˚. 3 da PIDCP e art.26 da Carta Africana. O direito à reparação, garante
o direito a um procedimento e um direito subjectivo de reclamação.
F. O direito a não retroactividade da lei penal

 A previsibilidade da lei penal exige que ninguém seja condenado por um facto que, no
momento em que o praticou, não era qualificado por lei como crime. É o princípio nulla
poena sine lege que foi elevado à dimensão de direito humano a não retroactividade da lei
penal62, por força do qual Ninguém poderá ser condenado por actos ou omissões que não
constituam delito de acordo com o direito nacional ou internacional, no momento em que
foram cometidos. Tão pouco? poder-se-á impor pena mais grave do que a aplicável no
momento da ocorrência do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a
imposição de pena mais leve, o delinquente deverá dela beneficiar-se.
 No entanto, a retroactividade das leis é admissível quando ela favorece o cidadão, conforme
resulta, por exemplo, do artigo 57 da Constituição da República.
G. O direito à protecção da vida privada
 O direito à protecção da vida privada representa a dimensão moral da dignidade humana,
porquanto o conhecimento e/ou a revelação de certos aspectos da vida da pessoa pode pôr em
causa sentimentos profundos do seu ser,
 Normalmente, aparecem como integrando o âmbito da intimidade privada aspectos relativos à
saúde da pessoa, à vida familiar e ao próprio domicílio da pessoa, bem como a sua
correspondência, os quais não deverão ser alvo de nenhuma ingerência, a não ser nos casos
previstos na lei. Tal é a realização de buscas no domicílio de um cidadão no âmbito de
investigação criminal que, constituindo uma excepção à protecção contra qualquer ingerência
na vida íntima, só pode ocorrer nos casos previstos na lei processual penal.
 Com o advento das tecnologias de informação, a protecção da vida privada inclui o dever de
protecção dos dados pessoais recolhidos por provedores de serviços ou no âmbito de utilização
de documentos electrónicos.
 A protecção da privacidade encontra-se, expressamente, referida no artigo 17 do PIDCP.
H. Liberdade de expressão e acesso à informação
 A dignidade da pessoa humana inclui uma dimensão moral, a qual respeita ao atendimento de
que a pessoa é um ser que pensa e sente, ou seja, a pessoa humana é dotada de razão e
consciência66. Uma das formas de manifestação da consciência e da razão pessoal é a
emissão de opiniões que expressam o próprio pensamento, baseado em informações que a
sua vida cultural quotidiana lhe propicia. Por isso, de acordo com o artigo 19 do PIDCP,
 Toda pessoa terá o direito à liberdade de expressão; esses direito incluirá a liberdade de
procurar, receber e difundir informações e idéias de qualquer natureza, independentemente de
considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, de forma impressa ou artística, ou
por qualquer meio de sua escolha.
 É obrigação do Estado garantir que as pessoas exprimam livremente as suas opiniões e que
lhes é garantido o acesso à informação útil para o exercício da sua cidadania, excepto se a
limitação decorrer da necessidade de defesa de outros direitos ou valores fundamentais.
III. Outros direitos civis e políticos
 A enumeração que consta do presente Manual não esgota o leque dos direitos civis e
políticos, pois o simples exame dos instrumentos cuja referência consta do texto revela a
existência de outros direitos civis e políticos. Não foram desenvolvidos direitos como a
protecção contra a tortura e outros tratamentos cruéis, degradantes e desumanos, a protecção
do direito ao reconhecimento da personalidade jurídica individual, a liberdade de circulação
e de residência, a liberdade de pensamento, consciência e religião, a proibição da
propaganda a favor da guerra.
 Igualmente, não constam direitos civis e políticos ou proibições pertinentes aos direitos
humanos constantes de outros instrumentos de direitos humanos, aplicáveis a grupos
específicos de indivíduos, como já acontece com a punição contra genocídio, os crimes de
guerra, etc.
IV. Direitos Económicos, Sociais e Culturais
A. Direito de propriedade
 Embora não haja consenso na doutrina sobre se o direito de propriedade é um verdadeiro direito humano
ou se o direito de propriedade faz parte de direitos económicos, sociais e culturais69, a doutrina
dominante defende que este é um verdadeiro direito humano inserido nos direitos económicos, sociais e
culturais.
 Estado de Direito Social, o direito de propriedade é o direito pleno e exclusivo de usar, fruir e dispor das
coisas próprias, dentro dos limites e restrições estabelecidas na lei.
 Os dois pactos internacionais sobre direitos humanos são omissos em relação ao direito de propriedade.
A consagração expressa do direito de propriedade podese encontrar no artigo 17 da Declaração
Universal, segundo a qual todo o indivíduo tem o direito à propriedade, só ou em sociedade com outros,
não podendo dela ser arbitrariamente privado. Este direito foi, igualmente, acolhido nos instrumentos
regionais de protecção dos direitos humanos tais como a Convenção Americana sobre os Direitos
Humanos de 1969 e a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos de 1981. Porém, tanto a
Convenção Americana sobre os direitos humanos artigo 21 nº 1 como a Carta Africana dos Direitos do
Homem e dos Povos, no seu artigo 14, condicionam o exercício deste direito ao interesse público
nacional e as leis nacionais em geral.
B. Direito ao trabalho e os direitos dos trabalhadores

 O direito ao trabalho compreende o direito que todas as pessoas têm de ganhar a vida por
meio de um trabalho livremente aceite 73e escolhido.
 Vários instrumentos internacionais de protecção de direitos humanos consagram o direito
ao trabalho, sendo a destacar o artigo 23 nº 1 da Declaração Universal dos Direitos do
Homem, o artigo 6, nº 1, do Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e
Culturais, artigo 26 da Convenção Americana e artigo 15 da Carta Africana dos Direitos
do Homem e dos povos.
C. Direito à segurança social e aos
direitos da família
 O PIDESC, no seu artigo 9, reconhece o direito à segurança social incluindo os
seguros sociais. Segundo o Comité dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais,
das Nações Unidas, o direito à segurança social é uma garantia fundamental à
dignidade da pessoa humana quando enfrenta situações da vida, os riscos sociais,
que o privam da sua capacidade de exercício dos demais direitos económicos e
sociais.

D. Direito a um nível de vida suficiente e á saúde
física e mental

 O artigo 11 do PIDESC, reconhece o direito a um nível de vida suficiente para si


e para sua família, incluindo alimentação, vestuário e alojamento suficientes, bem
como a melhoria contínua das suas condições de existência.
 Para o Comité dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais, o conteúdo
normativo deste direito vai para além do simples direito a ser saudável, pois ele
inclui liberdades e benefícios. Assim, no conteúdo deste direito encontra-se a
faculdade de a pessoa controlar a sua própria saúde e o seu próprio corpo,
incluindo, portanto, a liberdade sexual e direitos reprodutivos, bem com o direito
de estar livre de qualquer ingerência na sua integridade, nomeadamente, através
de actos de tortura, tratamento médico experimental não consentido.
E. O direito à educação

 O direito à educação é um direito de empoderamento, pois deste direito depende o cabal


gozo de outros direitos humanos tais como a liberdade de expressão, a liberdade de
informação direito ao voto e a ser eleito, direito de escolher trabalho, a usufruir das
novas conquistas da ciência entre outros. Isto quer dizer que o sujeito que passa por
processos educativos, fundamentalmente através do ensino escolar, é um cidadão que se
pode dizer estar em melhores condições de realizar e defender outros direitos
económicos, sociais e culturais79, bem como os direitos civis e políticos.
 Do ponto de vista normativo, o direito à edução compreende o direito de acesso à
formação escolar, mas não só, pois inclui, também a criação de oportunidades de
desenvolvimento de conhecimento ao longo de toda a vida através de vários mecanismos
que o Estado deve pôr ao dispor do cidadão.
F. Os direitos culturais

 O artigo 15, nº 1 do PIDESC reconhece a todos o direito de participar na vida


cultural, de beneficiar do progresso científico e técnico e de beneficiar da
protecção dos interesses morais e materiais, que decorrem de toda a produção
científica, literária e artística.
 Além disso, os Estados comprometem-se a respeitar a liberdade indispensável à
investigação científica e as actividades criadoras (artigo 15 nº 3 do PIDESC).
V. Direitos Colectivos
A. Direito ao ambiente
 Do ponto de vista histórico e conceitual, João Rocha83 afirma que direito ao ambiente foi
explicitamente proclamado na Conferência de Estocolmo de 1972, que estabeleceu o
princípio de que a pessoa humana tem o dirito a um meio ambiente de uma qualidade tal
quelhe perimita levar uma vida digna, vindo a ser reafirmado na Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvlviomento, realizado no Rio de Janeiro em 1992 e
em cuja Declaração Final foi alcançado o consenso de que os seres humanos têm o direito
a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza.

 A consagração do direito ao ambiente saudável é frequentemente associada ao artigo 28 da


Declaração Universal dos Direitos do Homen, segundo o qual toda a pessoa tem direito a
que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente
efectivos os direitos e liberades enunciados na presente Declaração.
B. Direito ao desenvolvimento e de não ser pobre

 O direito ao desenvolvimento foi proclamado em 1986, pelas Nações Unidas,


através da Resolução 41/28, de 4 de Dezembro de 1986 e foi definido pelo artigo
1 da referida resolução nos termos seguintes: o direito ao desenvolvimento é um
direito inalienável do homen em virtude do qual todo o ser humano e todos os
povos têm o direito de participar e contribuir para o desenvolvimento económico
social, cultural e político no qual todos os direitos do homem e todas as liberdades
fundamentais possam ser plenamente realizados, e beneficiar-se deste
desenvolvimento.
C. Direito autodeterminação
 Na Declaração da Conferência Munidal Sobre os Direitos Humanos (Conferência de Viena
1993)88, foi reafirmado o compromisso de que todos os povos têm direito à
autodeterminação, em virtude do qual determinam livremente a sua condição política e
promovem livremente o desenvolvimento económico, social e cultural. Por isso, aos povos
submetidos à dominação colonial ou outras formas de dominação estrangeira é-lhes
reconhecido o direito de tomar medidas legítimas89, em conformidade com a Carta das
Nações Unidas, para garantir o seu direito inalienável à autodeterminacão, visto que a
negação do deste direito constitui violação dos direitos humanos.
 O conteúdo do direito à autodeterminação, conforme se extrai do primeiro artigo, quer do
PIDCP, quer do PIDESC, integra, segundo Carol Divine, o direito dos povos de escolherem
os seus líderes e métodos de desenvolvimento90. Ainda segundo a mesma autora, a origem
da autodeterminação pode ser associada à Declaração de Independência Americana, de
1776, e à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, na França, porquanto
ambos os documentos proclamaram o direito intrínseco das pessoas escolherem os seus
governantes e a respectiva forma de governo .
D. Direitos das minorias
 Os direitos das minorias dirigem-se à protecção de grupos de cidadãos que, apresentando
necessidades especiais que os distinguem-se da maioria dos cidadãos, carecem, nessa medida, de
protecção específica. Portanto, quando se fala em minorias, refere-se, de uma forma ou de outra, a
todas aquelas pessoasque de certa maneira são objecto de discriminação na sociedade, ou seja, não
têm os seus dirietos como cidadãos respeitados.
 Embora o termo “direito das minorias” tenha-se popularizado mais através de movimentos que
reivindicam o reconhecimento de direitos sexuais dos grupos que se distinguem da maioria pela
sua orientação homossexual, a verdade é que outros casos existem, tais como a problemática das
minorias políticas, das minorias étnicas, minorias religiosas, das comunidades indígenas93, etc.
 A protecção das minorias aparece claramente consagrada no artigo 27 do Pacto Internacional dos
Direitos Civis e Políticos, nos termos do qual Nos Estados em que existam monorias étnicas,
religiosas, linguísticas, não se negará às pessoas que pertençam às referidas minorias o direito que
lhes corresponde, em comum com os demais membros de seu grupo, a ter sua própria vida
cultural, a prefessar e a praticar a própria religião e a empregar o seu próprio edioma.
Muito obrigado
Referencias Bibliográficas

 VARIMELO, Arquimedes Joaquim, et al. Lições


de Direitos Humanos. Associação Centro de
Direitos Humanos. 2013;

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