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O objeto da psicologia: as dicotomias

Problemas e conceitos teóricos estruturadores


O que estuda a Psicologia?

O comportamento e os processos
mentais, incluindo não só o que as
pessoas fazem, mas também os
seus pensamentos, emoções,
perceções, memórias e atividades.
Comportamento e Dicotomias

Tendo em conta este objeto de estudo, a Psicologia ocupa-se


igualmente das dicotomias relacionadas com o ser humano,
nomeadamente com polos opostos:

Inato/Adquirido

Continuidade/descontinuidade

Estabilidade/mudança

Interno/externo

Individual/social
Comportamento e Dicotomias

Inato/Adquirido

O nosso comportamento é inato (com influências genéticas) ou adquirido


(influenciado pelas aprendizagens e pelo meio)?

Há várias perspetivas dicotómicas que colocam a ênfase num dos polos.


Comportamento e Dicotomias

Inato

• Konrad Lorenz – a agressividade nas espécies animais


é um mecanismo natural e instintivo, essencial à
sobrevivência;

• Gesell – o desenvolvimento do indivíduo é devido à


maturação do organismo e não tanto a influências
externas do meio.
Comportamento e Dicotomias

Adquirido

• Comportamentalistas – é possível moldar o comportamento do


indivíduo através de uma sequência de estímulos-respostas,
independentemente da genética;

• Bandura – o comportamento deve muito à aprendizagem por


observação e modelagem.
Comportamento e Dicotomias

Interno/externo

A dicotomia anterior leva-nos a


outra: o nosso comportamento e a
nossa identidade dependem mais
de fatores internos ou de fatores INSIDE OUT
externos?

Que fatores são estes?


Comportamento e Dicotomias

Interno

Quando falamos de fatores internos, referimo-nos à genética, ao


funcionamento do SNC, ao sistema endócrino, às competências
cognitivas de resolução de problemas, entre outros (maturacionistas).
Comportamento e Dicotomias

Externo

Quando falamos de fatores externos, referimo-nos aos estímulos que


provêm do meio e nos influenciam: padrões culturais; educação;
processos de condicionamento; relações interpessoais, etc…
(behavioristas)
Comportamento e Dicotomias

Individual/social

Questionar o que em nós é interno e externo releva-nos para uma


segunda dicotomia: somos seres individuais ou sociais? Somos
capazes de autodeterminar o nosso comportamento ou este é
condicionado por fatores sociais?
Comportamento e Dicotomias

Individual

As perspetivas que valorizam o individual enfatizam os aspetos


relativos ao inconsciente, ao controlo das emoções, à satisfação das
necessidades básicas e até mesmo os comportamentos reflexos.

Mas será possível perspetivar o indivíduo na sua singularidade sem


conexão com o social?
Comportamento e Dicotomias

Social

As perspetivas que valorizam o social enfatizam os aspetos relativos ao


meio, à cultura, aos hábitos, normas e valores, contextualizando o
comportamento individual.

Mas é necessário compreender que o indivíduo se auto-organiza e


constrói a sua identidade pessoal mesmo inserido numa trama social.
Comportamento e Dicotomias

Continuidade/descontinuidade

Como se dá o desenvolvimento
humano? De forma contínua e
gradual (continuidade) ou por
ruturas, saltos qualitativos e
quantitativos (descontinuidade)?
Comportamento e Dicotomias

Continuidade

O desenvolvimento é gradual, por um processo contínuo e cumulativo


de experiências e competências. As variações ao longo da vida
explicam-se por grau de complexidade e não tanto por diferenças
estruturais (Gesell e os comportamentalistas).
Comportamento e Dicotomias

Descontinuidade

O desenvolvimento é descontínuo,
processa-se por mudanças que
implicam rutura ou novos modos de
agir e de pensar. São apologistas da
descontinuidade alguns psicólogos
do desenvolvimento por estádios,
como Erikson ou Freud.

Sigmund Freud
Comportamento e Dicotomias

Estabilidade/mudança

Sendo a evolução nas nossas vidas


uma realidade, poderemos dizer que a
nossa identidade se mantém fiel a si
mesma com o passar do tempo?
Permanecemos os mesmos
(estabilidade) ou há alterações
(mudança)?
Comportamento e Dicotomias

Estabilidade

Muito embora a mudança seja


reconhecível (e desejável), continua a
existir na identidade pessoal um
conjunto de traços característicos e
estáveis ao longo da vida que nos
permitem identificar alguém como
sendo determinado indivíduo.
Comportamento e Dicotomias

Mudança

Somos sujeitos à mudança nos


mais diferentes aspetos da
existência (física, emocional,
afetiva). As experiências vividas
marcam a nossa identidade, que
evolui em função das situações e
do que aprendemos com elas
(Erikson).

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