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Prof. Murilo Zibetti (cap 13.

Neurobiologia
dos transtornos mentais)

Neurobiologia
dos transtornos
de ansiedade
• Ansieade é um estado mental suscitado em
antecipação de ameaça ou de ameaça
potencial resultando em estado de maior
vigilância mesmo na ausência de ameaça
Ansiedade imediata. (Quaglito e Nardi, 2019)

• Advém de estímulos internos e externos
(sensações)
Níveis de resposta
• Resposta psicológica: emoção sentida, preocupação excessiva e
pensamento negativo

• Fisiológica: suor, tontura, aumento da frequência cardíaca.


Ansiedade normal
• Sentir ansiedade (assim como estrese) é normal no repertório
emocional auxiliando na sobrevivência
• Aumenta consciência (situacional)
• Permite respostas rápidas a perigos (reais ou imaginados)
• Experiência comum (a resolução de uma ansiedade pode ser também de um
problema).
Característica da Ansiedade Patológica

PERSISTENTE DISRUPTIVA (SEM DESPROPORCIONAL AO


CAUSA APARENTE) PERIGO REAL
Ansiedade Patológica

PARALIZANTE
Manual diagnóstico DSM-5
• Transtorno de ansiedade de Separação (comum em crianças)
• Mutismo Seletivo
• Fobias Específica (ex.: aranha)
• Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
• Transtorno de Pânico (crises)
Síndromes Ansiosas
• Comuns a todos os quadros com impactos negativos pessoais e
financeiros.

• Ansiedade:
• Angustiada
• Tensa
• Preocupada
• Nervosa
• Irritada
• Taquicardia
• Queimaçãoses
TAG

• Ansiedade Generalizada: sintomas ansiosos excessivos na maior parte


dos dias, por pelo menos 6 meses.

• Termos populares: gastura, cabeça ruim


Crises de Pânico
• Crises intermitentes, eclosão de vários
sintomas ansiosos e intensidade significativos.

• Descarga do S. N. Autômo: batedeira, suor frio, tremores,


respiratório, formigamento lábios. As vezes despersonalização e
desrealização.
• Obs.: medo de infarto, de enlouquecer, em palestras shoppings.
• Desenvolvimento de medo de ter novas crises.
Cognição e Ansiedade
Eu não sou capaz de dar
conta dessa prova

Percepção aumentada de
risco ou ameaça
(essa prova é muito difícil)
.......
Perpetuação e Ampliação da Ansiedade
Ciclo comportamental Terapia Principal (exposição
controlada)
Comportamento de Esquiva

Comportamento
Evitativo
Sensação
Alívio
desagradável
Não enfrenta situação
ansiogênica
Reforço Negativo (retirada
de um estímulo aversivo)
Avaliação Risco (emocional)
Pré Frontal
• Sensoriais: identificação de estímulos
potencialmente aversivos (perigosos)
• Circuitos neurais (eme)
• Amígdala (resposta de afeto negativo)
• Núcleo leito da estria terminal (BNST) (não
desenhado) (resposta de afeto negativo)
• O hipocampo ventral (lembranças semelhantes)
• Córtex frontal-medial (ponderação de risco - avaliação)

• Avaliação de risco e valor emocional dos


estímulos ambientais (circuitaria que pode
modificar-se a si próprio)
Amígdala
• Uma das estruturas responsáveis por caracterizar o ambiente como
ameaçador ou não
• Valência Negativa – Ativa –Vias de Ameaça
• Valência Neutra
• Valência Positiva  Ativa Vias de Recompensa

• Recebe estímulos das sensações via tálamo


• Bottom-UP
• Recebe projeções de hipocampo e frontal medial
• Top-Down
Lesões na amigdalas
• Sindrome de Kluver-Bucy (perder o medo) (região da amígdala),
resultando em alterações de comportamento relacionadas com a
memória, interação social e funcionamento sexual
Uma nova região (região antirreforço)
• Reações de Medo e Ansiedade
Sustentada dependem de ativação do
Núcleo leito da estria terminal (BNST)

• Ativação do BNST é decorrente de ação


de vias da Resposta Amígdala,
Hipocampo e Pré-Frontal (várias regiões
do PF)

• Certa sobreposição (BNST e Amígdala) 


garantir aprendizagem emocional • Retirado de Avery, Clauss & Blackford (2016)
• Transtornos de Ansiedade: hipótese de
Hipótese da alteração na capacidade de avaliação da
ameaça
Avaliação da
Ameaça • Estímulos externos (sensações) são
recebidos e interpretados como ameaça.
• Quando estímulo ambíguo é interpretado assim
temos ansiedade patológica
• Órgãos sensoriais
Detecção (contexto)

• Ameaça é
Interpretação interpretada
Estímulo + Memória

• Aprofundamento de
acordo com
Avaliação expectativas e
interesses (ou não)
(preparando resposta
adequada)

• Resposta ansiosa ou
Resposta não (sistemas
efetores para
adequada demonstração em
forma de
comportamento)
• Circuitaria envolvida
• Detecção
• Interpretação
• Avaliação
• Resposta
Interpretação
• 1 estímulo, detectado por 2 sujeitos
• Respostas comportamentais opostas
Interpretação
• 1 estímulo, detectado por 2 sujeitos
• Respostas comportamentais opostas

• Sem avaliação • Com avaliação


de Risco de Risco
• Ativação de • Ativação de
circuitos Apoio circuitos
Exploratórios defensivos
• Sistemas de • Sistemas de
recompensa Medo
Interpretação
• 1 estímulo, detectado por 2 sujeitos
• Respostas comportamentais opostas

Amigdala Partes da
Amigdala
• Sem avaliação de • Com avaliação de
Risco Risco
• Ativação de circuitos • Ativação de circuitos
Apoio Exploratórios defensivos
• Valência Positiva • Valência Negativa
Núcleo
Accumbens
• Sistemas de • Sistemas de Medo
Região centro
recompensa medial amigdala
Interpretação
• 1 estímulo, detectado por mesmo sujeito
• Respostas comportamentais opostas

Amigdala Partes da
Amigdala
• Sem avaliação de • Com avaliação de
Risco Risco
• Ativação de circuitos • Ativação de circuitos
Apoio Exploratórios defensivos
• Valência Positiva • Valência Negativa
Núcleo
Accumbens
• Sistemas de • Sistemas de Medo
Região centro
recompensa medial amigdala
Interpretação

• Exposição Estresse Contínuo (supervalência dessa rede)


• Expressão de Gens relacionados a maior resposta ansiosa
• Liberação de Monoaminas (partitularmente Serotonina em
regiões corticais e límbicas
• Polimorfismo do Gene ligado a Serotonina
• Últimos dois tem relação com depressão
• Sexo feminino

Vulnerabilidad • Temperamento Inibido


e para
ansiedade • Estressores da vida diária (adultos jovens)

• Relações
• familiares (excessivas e negativas)
• Menores com pares

• Histórico familiar (presença e precocidade)


• TAG ou Depressão dos pais (TP e TAG)
Fatores genéticos
• Herdabilidade de 40% (mas loci não foram identificados)

• Genética (contribuição geral ansiedade) e algumas mais


específicas (impacto em diferentes regiões)

• Foco das pesquisas atuais (compatível com RDoC)


• Menos nos sintomas
• Mais na circuitaria (conectividade)
• Resposta sobre o RISCO
• Ex.: maior responsividade da amigdala e menor conectividade com outras regiões
Interações GENE e AMBIENTE
• Novas perspectivas (genética menos
determinística)
Interação
Gene- • Estresse no início da vida impacto na circuitaria
da ansiedade futura
Ambiente
• Variante genética mais estudada é a 5HTTLPR
(transportador da 5HT)
• Maus tratos e adversidades na infância (impacto
nesse gene)

• Boa notícia: crianças com maior escore


poligênico para questões ambientais respondem
mais a Terapia Cognitivo Comportamental.
Mecanismos Epigenéticos
• Moldam a expressão gênica (evidências suportam transmissão)

• Vulnerabilidades para ansiedade (mais frequente)

• Respostas aos tratamentos


• Farmacológico
• Psicológico
• Eixo Hiperativado em modelos animais
Eixo HHS • Disfunções Límbicas (regulação emocional)
(ou HPA)
• Cortisol
• Níveis reduzidos de Cortisol Circulante
• Hipersensibilidade a Glicocorticoides

• Não é unânime ainda


• Serotonina em geral diminuído em pacientes
com Ansiedade (mas, depende da região de origem a relação)
Neurotransmissor • Aumenta resiliência (+)
• Diminui resposta de fuga (+)
• Aumento de Medo e Ansiedade (núcleo da Rafe para
Amigdala) (-)

• Noradrenalina: hiperfunção (associada


ativação do simpático)

• GABA: inibitório auxilia inicialmente


(benzodiazepínicos)
Benzodiazepínicos
• Nomes: Alprazolan, Diazepan

• Função: Sedativos ou Hipnóticos

• Efeito imediato na ansiedade

• Contras: não facilita a condição de aprendizagem, paraefeitos (riscos),


efeito de dependência
Tratamento farmacológico TAG
Buspirona ou
SIM Antidepressivo
Leve moderada,
sem depressão Não
Antidepressivo
Uso prévio
Ansiedade
BZD
Retirada gradual
do BZD (mantém
Severa ou com Boa AD)
Antidepressivo +
depressão ou
BZD
ataques de pânico Ruim ou Antipsicótico,
Paraefeito
Antihistamínico,
Beta Bloqueador
Resposta
Baseado em Andreatini et al. 2001
Eletrofisiologia, Cognitivo entre outros
• Dificuldade de estabelecer os perfis (particularmente entre outro

• Dados mais gerais


• EEG instabilidade de excitação cortical (áreas frontais e centrais)
• Avaliação neuropsicológica: inespecífico, mas associação com memória verbal
(e funções executivas)
• Associação via neuroimagem em regiões como:
• Amigdala, pre-frontal, hipotálamo e hipocampo.
Outros
• Marcadores imunológicos:
• Inflamação identificada em alguns estudos (indução de estresse)
• Evidências muito menores do que para depressão

• Fator Neurotrófico (BDNF)


• Amplitude da categoria e das manifestações

• Dificuldade de uma definição mais biológica


Conclusões
• Pacientes refratários (alguns não respondem
a qualquer tratamento)

• Mesmo com avanço a patologia ainda não


está totalmente compreendida. Uma vez
definida faltarão:
• Traduzir estes ganhos e práticas clínicas para diagnóstico e
tratamento
Referencias adicionais
• Andreatini, Roberto, Boerngen-Lacerda, Roseli, & Zorzetto
Filho, Dirceu. (2001). Tratamento farmacológico do transtorno
de ansiedade generalizada: perspectivas futuras. Brazilian
Journal of Psychiatry, 23(4), 233-242.
https://doi.org/10.1590/S1516-44462001000400011

• Avery, S., Clauss, J. & Blackford, J. The Human BNST: Functional


Role in Anxiety and Addiction. Neuropsychopharmacol 41, 126–141
(2016). https://doi.org/10.1038/npp.2015.185

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