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O racionalismo de René Descartes
O racionalismo de René Descartes
DE RENÉ DESCARTES
Da dúvida ao cogito
O projeto cartesiano
a dúvida?? Ela é
Dú
metódica e hiperbólica.
OBJETIVO
Encontrar uma ou mais crenças indubitáveis.
Da dúvida ao cogito
METÓDICA?
Metódica
•Porque aplica a regra metódica da evidência que exige
considerar falso o que for duvidoso – separar o verdadeiro do
falso
•O que vai considerar falso?
1. Considerar falsa qualquer opinião ou crença em que
detetarmos a mínima fragilidade, isto é, sobre a qual possamos
ter uma razão para duvidar, por mais ténue que seja.
2. Considerar que qualquer faculdade que usamos para
conhecer não merece confiança se alguma vez nos tiver
enganado ou se tivermos alguma razão para suspeitar de que
nos pode enganar.
FILOSOFIA 11.º ano
Da dúvida ao cogito
HIPERBÓLICA?
O EXERCÍCIO DA DÚVIDA
O EXERCÍCIO DA DÚVIDA
OUTRAS CARATERÍSTICAS…
• Provisória ????
• Universal?????
• P. 20
• É metódica porque …
• Não se trata de uma suspensão permanente do juízo, mas sim de uma
decisão de considerar provisoriamente falso tudo o que seja minimamente
duvidoso.
• Assim, Descartes vai começar por averiguar se temos boas razões para
confiar nos nossos sentidos e, em seguida, irá tentar perceber se podemos
confiar nos nossos raciocínios.
RAZÕES PARA DUVIDAR
– Os erros de raciocínio
“Sem dúvida, tudo aquilo que até ao presente admiti como maximamente
verdadeiro foi dos sentidos ou por meio dos sentidos que o recebi. Porém,
descobri que eles por vezes nos enganam, e é de prudência nunca confiar
totalmente naqueles que, mesmo uma só vez, nos enganaram. ”
René Descartes (1641). Meditações sobre a Filosofia Primeira.
Trad. Gustavo de Fraga. Coimbra: Almedina, 1992, p. 107
“mais
E porque há homens que se enganam ao raciocinar, mesmo a propósito dos
simples temas de geometria […], ao considerar que eu estava sujeito a
enganar-me como qualquer outro, rejeitei como falsas todas as razões de que
anteriormente me servira nas demonstrações.
”
René Descartes (1637). Discurso do Método.
Trad. João Gama. Lisboa: Edições 70, 2013, pp. 49-50
2) Se podemos cometer erros mesmo nos raciocínios mais simples, então não
podemos justificadamente acreditar em crenças que tenham origem no
nosso raciocínio.
3) Aplicando o princípio hiperbólico….
“génio
Vou supor, por consequência, não o Deus sumamente bom, fonte da verdade, mas um certo
maligno, ao mesmo tempo extremamente poderoso e astuto, que pusesse toda a sua
indústria em me enganar. Vou acreditar que o céu, a terra, as cores, as figuras, os sons, e todas
as coisas exteriores não são mais do que ilusões de sonhos com que ele arma ciladas à minha
credulidade. Vou considerar-me a mim próprio como não tendo mãos, não tendo olhos, nem
carne, nem sangue, nem sentidos, mas crendo falsamente possuir tudo isto. […]
Por conseguinte, suponho que é falso tudo o que vejo. Creio que nunca existiu nada daquilo que
a memória enganadora representa. Não tenho, absolutamente, sentidos; o corpo, a figura, a
extensão, o movimento e o lugar são quimeras. Então, o que será verdadeiro? Provavelmente
uma só coisa: que nada é certo.
” René Descartes (1641). Meditações sobre a Filosofia Primeira.
Trad. Gustavo de Fraga. Coimbra: Almedina, 1992, pp. 113-118
A HIPÓTESE DO GÉNIO MALIGNO
1) Não podemos saber se existe um Génio Maligno.
Aplicando o princípio da duvida hiperbólica….
2) Se não podemos saber se existe um tal Génio Maligno, então não temos
justificação para acreditar que as nossas crenças, mesmo as demonstrações
matemáticas, não têm origem nas suas maquinações.
3) Se não temos justificação para acreditar que as nossas crenças não têm
origem nas maquinações de um tal Génio Maligno, então não temos
conhecimento.
“falso,
Mas, logo a seguir, notei que, enquanto assim queria pensar que tudo era
era de todo necessário que eu, que o pensava, fosse alguma coisa. E
notando que esta verdade: penso, logo existo, era tão firme e tão certa que
todas as extravagantes suposições dos céticos não eram capazes de a abalar,
julguei que a podia aceitar, sem escrúpulo, para primeiro princípio da filosofia
”
que procurava.
René Descartes (1637). Discurso do Método.
Trad. João Gama. Lisboa: Edições 70, 2013, pp. 50-51
1) Se fosse verdade que nada se pode saber, então nem sequer poderíamos
saber que existimos.
2) Mas sabemos que existimos (essa ideia não pode ser seriamente posta em
causa).
O solipsismo ????
A DESCOBERTA DE UMA VERDADE ABSOLUTAMENTE
INDUBITÁVEL – MAS….
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por
LIMITAÇÕES DO COGITO
. O Cogito corresponde ao “grau zero” do conhecimento
no que respeita aos objetos físicos e inteligíveis –
Solipsismo – só temos verdades na primeira pessoa. O
conteúdo do pensamento (a priori e a posteriori) pode
ser falso. Só temos a certeza da existência do
pensamento (substância pensante) mas não do seu
conteúdo objetivo – LIMITAÇÃO DA PRIMEIRA
VERDADE.
A IDEIA DE DEUS
• Entre as várias ideias que Descartes encontra na sua mente, existe uma
que se distingue de todas as outras: a ideia de Deus, ou ser perfeito.
• Esta ideia é especial porque provar que Deus existe e não é enganador
talvez seja a única forma de podermos estar certos de muitas outras coisas
para além da nossa existência enquanto pensamento, pois um criador
supremo e sumamente bom não nos teria criado de forma que
estivéssemos permanentemente a ser enganados e nunca pudéssemos
conhecer a verdade.
• Para provar que Deus existe, Descartes recorre, entre outros, ao chamado
“argumento da marca”.
O que falta aqui?
O ARGUMENTO DA MARCA
“inteiramente
Depois disto, tendo refletido que duvidava e que, por consequência, o meu ser não era
perfeito, pois via claramente que conhecer é uma maior perfeição do que
duvidar, lembrei-me de procurar de onde me teria vindo o pensamento de alguma coisa
mais perfeita do que eu; e conheci, com evidência, que se devia a alguma natureza que
fosse, efetivamente, mais perfeita. […] De maneira que restava apenas que ela tivesse
sido posta em mim por uma natureza que fosse verdadeiramente mais perfeita do que
eu, e que até tivesse em si todas as perfeições de que eu podia ter alguma ideia, isto é,
para me explicar com uma só palavra, que fosse Deus.
”
René Descartes (1637). Discurso do Método.
Trad. João Gama. Lisboa: Edições 70, 2013, pp. 52-53
5) Logo, existe outra coisa (além de mim) que é o ser perfeito e que
deu origem à minha ideia de perfeição.
O PAPEL DA EXISTÊNCIA DE DEUS
“creio
E por mais que os melhores espíritos estudem isto, tanto quanto lhes agradar, não
que possam apresentar alguma razão que seja suficiente para eliminar essa dúvida,
se não pressupuserem a existência de Deus. Pois, primeiramente, aquilo mesmo que há
pouco tomei como regra, isto é, que são inteiramente verdadeiras as coisas que
concebemos muito clara e distintamente, só é certo porque Deus é ou existe, e porque é
um ser perfeito e tudo o que existe dele nos vem. Donde se segue que as nossas ideias
ou noções, sendo coisas reais e que provêm de Deus em tudo aquilo em que são claras e
distintas, unicamente podem ser verdadeiras.
”
René Descartes (1637). Discurso do Método.
Trad. João Gama. Lisboa: Edições 70, 2013, pp. 59
Aquilo que concebo de forma clara e distinta só é certo porque Deus existe.
O PAPEL DA EXISTÊNCIA DE DEUS
o Objeção ao cogito:
• Alguns autores consideram que o cogito não é algo absolutamente certo
e indubitável. Em vez de o entenderem como uma proposição simples,
que se limita a afirmar: “Há pensamento”, veem nessa afirmação uma
conjunção de várias ideias: “Há pensamento e há um e apenas um ser
pensante a quem esse pensamento pertence e esse ser pensante sou Eu”.
Ora, Descartes não se encontrava em condições de afirmar que sabia
tudo isso.
OBJEÇÕES AO RACIONALISMO CARTESIANO