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Bobbio ordenamento jurídicos.

Por isso o direito é um Normas de estrutura (destinada a regular a postulados são colocados por convenção ou
Teoria do ordenamento jurídico tipo de sistema normativo e não um tipo de produção de outras normas) ´= normas de por uma pretensa evidência destes, o
norma. produção. mesmo se pode dizer da norma
Qual o contexto das normas? fundamental: ela é uma convenção, ou, se
Pluralidade de normas / Ordenamento de um Normas que mandam ordenar; normas que
Colocar a norma em seu conjunto ou norma só proíbem ordenar; normas que permite ordenar; quisermos, uma proposição evidente que é
complexo de normas=ordenamento normas que mandam proibir; normas que posta no vértice do sistema para que a ela
1) Tudo é permitido, negação do ordenamento se possam reconduzir todas as demais
Direito romano/brasileiro=ordenamento jurídico, seria o estado de natureza permite proibir; normas que mandam permitir;
normas que proíbem permitir; normas que normas. (...) A única resposta que se pode
Falta de estudo do ordenamento, focava-se 2) Tudo é proibido: impossibilita qualquer dar a quem quiser saber qual seri o
muito nas normas, nas árvores. permitem permitir.
vida social, essa norma equipara ações fundamento do fundamento é que para
Kelsen, ciência dinâmica, normas em relação possíveis e impossíveis Unidade: normas não estão no mesmo plano / sabe-lo seria preciso sair do sistema. Assim,
com outras normas em um ordenamento. escalonamento do orden. Jurídico. no que diz respeito ao fundamento da
3) Tudo é obrigatórios, ações possíveis entram
Diferenças entre normas: em conflito. Norma fundamental: ela é quem dá unidade a norma fundamental pode-se dizer que ele
todas as outras normas. A unidade que define se constitui num problema mais jurídico,
Critério formal: positivas ou negativas / se Vs. ordenamento que proíba só uma ação. as normas serem um ordenamento é dadao cuja solução deve ser procurada fora do
queres A, deve B; categóricas ou hipotéticas Norma geral exclusiva: que extrai da porque “todas as fontes do direito podem ser sistema jurídico, ou seja, daquele sistema
/ se é A (fato jurídico; lícito), deve ser B regulamentação particular todas as ações remontadas a uma única norma” que para ser fundado traz a norma
(consequência: sanção) possíveis (X é obrigatório; não-X é permitido). fundamental como postulado.
Poder de fazer normas jurídicas e o poder de
gerais (abstratas) ou individuais (concretas) Unidade e hierarquia entre normas obedecer, é preciso ir além das normas SAINDO DO SISTEMA
Critério material: do conteúdo chega-se a Ordenamentos jurídicos simples e complexos. constitucionais. Saímos da teoria do direito positivo e
ações Norma significa imposição de obrigações entramos na secular discussão em torno do
Multiplicidade de fontes das quais afluem
Ações possíveis dos homens: aquelas que (imperativo, comando, prescrição, etc.), onde fundamento, ou melhor, da justificação, em
regras de conduta.
não são necessárias, nem impossível há obrigação, como já vimos, há poder. sentido absoluto do poder.
41 “Estrutura do ordenamento jurídico: busca
Inútil: uma norma que comanda uma ação pelo ponto de referência último de todas as Norma fundamental é ao mesmo tempo Respostas para além da norma fundamental:
necessária ou proíbe uma ação impossível normas é o poder originário, o poder além do atributiva e imperativa: “o poder constituinte a) Todo poder emana de deus. O poder
qual não existe outro pelo qual se possa está autorizado a estabelecer normas para toda constituinte derivaria de deus, sendo
Inexequível: uma norma que proíbe uma
justificar o ordenamento jurídico. Esse ponto é a coletivaidade ou a coletividade é obrigada a autorizado por deus a formular as
ação necessária ou ordena uma ação
necessário para fundar a unidade do obedecer as normas estabelecidas pelo poder regras válidas
impossível
ordenamento. Chamamos esse poder originário constituinte.
Definição de direito: norma jurídica é aquela b) Obedecer ao poder constituinte
cuja execução é garantida por uma sanção de fonte das fontes. Como Aristóteles: “posto um ordenamento de deriva da lei natural, pelo ditame da
externa e institucionalizada / a resposta ao Ordenamento não nasce do deserto, o normas de diversas procedências, a unidade do reta razão. O direito natural encontra
ordenamento emerge de uma mescla de vários ordenamento postula que as normas que o um direito para além do positivo que
que é uma norma jurídica encontra sua
ordenamentos, morais, religiosos, usuais. Poder compõem sejam unificadas. Essa reduction ad seria derivado da razão comum a
reposta localizada em uma teoria do
originário jurídico. unun não pode ser realizada se no ápice do todos os homens. / como se um dos
ordenamento jurídico 28
sistema não se põe uma norma única, da qual preceitos da razão fosse a
29 o problema da validade e da eficácia Atribuição de órgãos executivos competentes. todas as outras, direta ou indiretamente, obediência aos governantes.
diminui se nos referirmos ao ordenamento Direito natural de Locke, onde nasce o positivo derivem”
jurídico, no qual a eficácia é o próprio c) Convenção originária em torno do
de modo limitado externamente. Postulado (deriva-se o sistema, mas ele mesmo
fundamento de validade. poder, na medida em que o contrato
Fontes do direito não tem derivação de nada) 60 trata-se do social entre aqueles que se reúnem
Como pensar que uma norma fundamento subentendido da legitimação de
São atos dos quais o ordenamento faz depender na sociedade o admitem o respeito
consuetudinária pode pertencer ao todo sistema /62 fundamento de validade de
a produção de normas. Isso significa que o ao poder.
ordenamento jurídico? 30 todas as normas do sistema 62 “os
ordenamento jurídico além de regular o Esforço para desconectar a força do poder,
Não existem ordenamento porque existem comportamento das pessoas regula também o postulados são aquelas proposições
primitivas das quais se deduzem outras, mas pois poder não implica em violência,
normas, mas existem normas porque existem modo pelo qual se deve produzir as regras. 45
que, por sua vez, não são dedutíveis. Os podendo ser obtido pelo consenso.
Norma fundamental Kelsen Teoria Pura Deus e pai?!?!?!?!?! epistemológica (teorético-gnosiológica) da 3. Logo, o sentido individual citado na
do Direito (1999) 138 Entrelaçamento de princípio estático e Teoria Pura do direito é: soba c condição de premissa menor é uma norma que
Dicussão inicial sobre a lógica da norma dinâmico: “na fundamentação das normas que pressupormos a norma fundamental: devemos corresponde à norma geral citada na
fundamental utilizando o exemplo dos 10 são logicamente deduzidas do mandamento de conduzir-nos como a Constituição prescreve, premissa maior.
Mandamentos: deus e do mandamento de cristo entra em quer dizer, a harmonia com o sentido subjetivo Não se trata de um silogismo prático ou
aplicação o princípio estático; na do ato de vontade constituinte, de harmonia normativo, mas teorético: a premissa menor é
Silogismo cuja premissa maior é a com as prescrições do autor da constituição. A
proposição do dever-ser que enuncia a norma fundamentação dos mandamentos pela norma uma norma que corresponde à premissa
fundamental: devemos obedecer aos função desta norma fundamental é: maior / a validade da norma individual citada
superior: devemos obedecer os mandamentos fundamentar a validade objetiva de uma ordem
de deus e cuja conclusão é a proposição de mandamentos de deus está o princípio na premissa menor é fundamentada pela
dinâmico. jurídica positiva, isto é, das normas, postas validade da norma geral citada na premissa
dever-ser que enuncia a norma inferior: através de atos de vontades humanos, de uma
devemos obedecer os dez mandamentos, 139 ordem jurídica é dinâmico, norma maior.
ordem coercitiva globalmente eficaz, quer dizer:
premissa menor deus estabeleceu os 10 fundamental sem conteúdo, “pois não pode ser interpretar o sentido subjetivo destes atos como Objetivo: o sentido subjetivo de um ato de
mandamentos. 135 deduzido de um raciocínio lógico; mas porque seu sentido objetivo. vontade dirigido à conduta de um outro e
136 Competência de fazer normas: norma é uma forma fixada por umas norma também seu sentido objetivo, e isto
fundamental pressuposta” 143 norma fundamental é logicamente significa uma norma válida, obrigatória, se
que confira poder para tanto. indispensável para a fundamentação da
Natureza da norma fundamental esse ato é autorizado pela norma válida de
Norma pressuposta: norma fundamental da validade objetiva das normas jurídicas positivas. uma ordem moral ou jurídica.
ordem 141 A norma fundamental não produto de uma Fragilidade em relação aos silogismos
descoberta livre EU: Isso é uma redescrição do imperativo
Sistema de norma estático: moral Kelsen percebe a fragilidade de quando fala de categórico: aja segunda uma máxima
Norma mais fundamental da moral: estar em 141: “Aqui permanece fora de questão qual seja silogismos e tenta corrigir isso na Teoria Geral (subjetiva) que possa ser transformada em lei
harmonia com o universo, donde se deduz: o conteúdo que tem esta constituição e a ordem das Normas 1986. universal (objetiva)???
não mentir, não fraudar, respeitar jurídica estadual erigida com base nela, se esta
ordem é justa ou injusta e também não importa Silogismo teórico de enunciados sobre validade 325 Juiz: “como a decisão judicial, a norma
compromissos, não prestar falsos de normas. individual fixada ou a ser fixada pelo juiz em
testemunhos etc. a questão de saber se esta ordem jurídica
efetivamente garante uma relativa situação de 323 Sem fundamento: suposição de um aplicação de uma norma jurídica geral é o
137 Norma que fornece ao mesmo tempo o paz dentro da comunidade por ela constituída. silogismo normativo, no qual a validade de sentido de um ato de vontade – que pode
fundamento de validade e o conteúdo de Na pressuposição da norma fundamental não uma norma geral hipotética resultará a validade resultar, mas não precisa resultar com
validade das normas = sistema estático de afirmado qualquer valor transcendente ao de uma norma individual categórica necessidade lógica, mas sempre via de regra
normas = princípio estático. direito positivo” correspondente à norma geral. resulta – pode-se a partir da comprovação do
Sistemas morais em geral partem de normas fato de que os juízes, se eles constataram a
EU: justiça é transcendente agora? Correto: sob o pressuposto de que uma norma existência de um tip legal que é definido in
evidentes, obtidas pela razão com clareza. geral valha e seja existente o sentido de um ato
Kelsen acusa isso de ser impossível porque Questão kantiana, por analogia: “pode a norma abstrato numa norma jurídica geral
fundamental, na sua descrição pela ciência de vontade a ela correspondente, pode haver pressuposta como válida, via de regra fixam
pressupõe uma razão prática (razão um silogismo no qual tem lugar uma norma
legisladora) porém a função da razão é jurídica, ser designada como a condição uma norma individual, na qual é estatuído
lógico-transcendental desta interpretação. geral e uma norma individual a esta como devida uma concreta consequência do
conhecer e não querer e legislar é um ato de correspondente.
vontade (de onde ele tirou isso?). Sua crítica Assim como Kant pergunta: como é possível ilícito que é determinada in abstrato na norma
continua: “quando uma norma da qual se uma interpretação, alheia a toda metafísica, Exemplo: jurídica geral” (...) “Então se se aceita uma
deriva o fundamento de validade e o dos fatos dados aos nossos sentidos nas leis 1. Norma geral: lógica da probabilidade, pode-se enunciar:
conteúdo de validade de normas morais é naturais formuladas pela ciência da natureza, que é provável que o juiz, também neste caso,
a Teoria Pura do Direito pergunta: como é “todas as pessoas devem cumprir suas fixará uma norma individual que corresponde
afirmada como imediatamente evidente é promessas feitas a outras pessoas”
porque se crê que ela é posta pela de Deus ou possível uma interpretação, não reconduzível a à norma geral. Pois existe um silogismo,
de uma outra vontade supra-humana, ou autoridades metajurídicas, como deus ou 2. Existe um ato de vontade, cujo sentido é: porém não normativo, mas um silogismo
natureza, do sentido subjetivo de certos fatos teórico, cuja proposição conclusiva não é a
porque foi produzida através do costume e, “A deve cumprir sua promessa feita a B,
como um sistema de normas jurídicas norma individual da decisão judicial, mas o
por essa razão, como acontece com tudo o de eles se casarem”
que é consuetudinário é considerada per si objetivamente válidas descritíveis em enunciado sobre a probabilidade de um ato,
evidente (natural).” proposições jurídicas? A resposta
cujo sentido é uma decisão correspondente à BOBBIO Coerência do ordenamento a ideia defendida por ele sobre a norma possibilidade de um conflito entre o Direito
norma geral. jurídico fundamental, seu poder, sua competência, natural e o Direito positivo, isto é, uma
Fundamento supremo da validade de uma obediência, estaria ligada a uma teoria da ordem coerciva eficaz, implica a
ordem normativa Premissa maior: o natureza como a defendida por Cálicles, por possibilidade de considerar como não válida
enunciado asseveram que o sentido subjetivo exemplo, os mais fortes dominam os outros uma tal ordem coerciva [Kelsen acha que
de um ato de vontade dirigido à conduta de KELSEN: 143 Unidade lógica da ordem animais na natureza e na civilização acontece o todo direito natural iria se antepor a
outrem também é seu sentido objetivo jurídica: conflitos de normas. mesmo, por isso, quando o mais forte assume o importância de uma ordem coercitiva? Ele
Unidade na pluralidade de normas: proposições poder ele irá legislar e ninguém pode ignora que no direito natural também se
A questão é como chegar a esse premissa questionar isso. Segundo Kelsen, talvez pode defender uma norma coercitiva como
fundamental sem cair em um regressus in jurídicas que não se contradizem.
antecipando essa crítica, o direito natural desse ele defende? Em outras palavras, nem
infinitum? Quando tentamos encontrar a Existem caos em que órgãos do judiciário, tipo que justifica o seu direito positivo deixaria todo direito natural considera inválido
autorização para essa premissa maior em buscando atos em que o sentido subjetivo de de ser natural (??!?!?!?!?!?!?) e se tornaria uma tal ordem coercitiva, há aqueles que
uma norma da moral ou do direito? um dever-ser é pensado como sentido objetivo positivo. justificam exatamente essa coerção natural
Exemplo cristão – Deus: 326 “Como cristão, entram em contradição, as normas umas com as
outras. 153 Seu argumento é o seguinte: Uma doutrina e esse poder natural. O problema dessa
se pressupõe que se deve obedecer ao conseqüente do Direito natural distingue-se de norma fundamental transcendental que na
mandamento de jesus. É o enunciado sobre a Normas de conduta inconciliáveis entre si. Esse uma teoria jurídica positivista pelo fato de verdade é fictícia é justamente quando ela
validade de uma norma que tem de ser casos não são contradições estristas. aquela procurar o fundamento da validade do legitima sistemas totalitários]. Somente na
pressuposto no pensamento de um cristão 144 “princípios lógicos e particularmente o Direito positivo [ora se qualquer investigação medida em que o Direito positivo, quer dizer,
para fundamentar a validade das normas na que pretender compreender o fundamento uma ordem coerciva globalmente eficaz,
princípio de não-contradição são aplicáveis a
Moral cristã; um norma-fundamento, porque de validade do direito positivo é direito pode, quanto ao seu conteúdo, não só
afirmações que podem ser verdadeiras ou falsas
acerca da razão de sua validade nada mais e uma contradição lógica entre duas afirmações natural, bom, os fundamentos do direito corresponder como também não
pode ser indagado. Não é norma positiva, consiste em que apenas uma ou a outra pode ser positivo quer simplesmente apagar os corresponder ao Direito natural e, portanto,
nenhuma norma fixada por um real ato de rastros de sua origem e coloca-lo num altar pode não apenas ser justo mas também
verdadeira; em que se uma é verdadeira, a outra
vontade, senão uma norma pressuposta no de pureza e isenção], isto é, de uma ordem injusto, é que o Direito natural poderá servir
tem que ser falsa. Uma norma, porém, não é
pensamento do cristão, quer dizer, uma coerciva globalmente eficaz, num Direito como critério ético-político do Direito
verdadeira nem falsa, mas válida ou não
norma fictícia.” válida” (...) esses princípios aplicam-se natural diferente do Direito positivo e, portanto, positivo e, conseqüentemente, como possível
Só há sentido na norma se houver norma numa norma ou ordem normativa a que o justificação ético-política do Direito positivo
indiretamente a proposições jurídicas, como
fundamental: “somente se ela é pressuposta Direito positivo, quanto ao seu conteúdo, pode [oi? Não entendi? A questão do conteúdo que
quando um ato coercitivo que esteja em
pode ser interpretado o sentido subjetivo dos corresponder mas também pode não seria fundado por um direito natural? E esse
harmonia com tal lei pode ser considerado
atos de vontade dirigidos à conduta de corresponder; por tal forma que, quando não conteúdo seria critério ético-político ou
verdadeiro ou falso.
outrem, podem esses conteúdos de sentido corresponda a esta norma ou ordem normativa, justificação ético-político do direito positivo?
Conhecimento do direito busca compreender Ora, é isso, Cálicles dá uma justificativa
ser interpretados como normas jurídicas ou deve ser considerado como não válido [mas
seu objeto como um todo de sentido e ético-político para o direito positivo, para as
morais obrigatórias. Visto que esta descrevê-lo em proposições isentas de estamos fora do direito, como Kelsen pode
interpretação depende do pressuposto da ousar falar em validade se estamos fora do leis]. Ora é esta precisamente a função
contradição, ele parte do pressuposto de que os essencial do Direito natural. Quando uma
norma fundamental, precisa ser admitido conflitos de normas no material normativo direito positivo, em seus fundamentos. Nesse
que proposições normativas apenas nesse sentido, procurar determinar ou questionar teoria jurídica que se designe a si mesma
podem e devem ser resolvidos pela via da como teoria jusnaturalista formule a norma
sentido condicional podem ser interpretadas interpretação. o conteúdo da norma fundamental, que
como normas do Direito ou da Moral Kelsen diz só formal, mas ao qual atribui um ou ordem normativa que representa o
objetivamente válidas” 152: a norma fundamental, como norma conteúdo, seria incorrer em direito natural]. fundamento de validade do Direito positivo
pensada ao fundamentar a validade do direito Segundo uma genuína doutrina do Direito por forma tal que fique excluído qualquer
Norma fundamental é um ato pensado (não positivo é apenas a condição lógico- conflito entre esta e o Direito positivo,
positivo) e uma norma fictícia (não como um natural, portanto, não pode - ao contrário do
transcendental desta interpretação normativa, que se dá com a Teoria Pura do Direito como afirmando, v. g., que a natureza prescreve a
ato real de vontade) / Filosofia do como se; ela não exerce qualquer função ético-política obediência a toda ordem jurídica positiva,
as if teoria jurídica positivista - toda e qualquer
mas tão-só uma função teorético-gnosiológica. ordem coerciva globalmente eficaz ser pensada qualquer que seja a conduta por esta ordem
A essa norma não há um correspondente como ordem normativa objetivamente válida preceituada, anula-se a si própria como
Eu: seria possível critica Kelsen dizendo
na realidade (diferente de hipótese) [não entendi porque não pode?]. A teoria jusnaturalista, quer dizer, como teoria
justamente que em determinadas circunstâncias
da Justiça. Desse jeito, ela renuncia à longe de fornecer o critério firme que dela se menos que qualquer outra, ser afirmada como Limite da onipotência do legislador: lacuna:
função, essencial ao Direito natural, de espera. imediatamente evidente. casos não regulamentados de determinadas
fornecer um critério ético-político, e, Com efeito, para a ciência a natureza é um relações ou situações. Defendem alguns que
Ilusão da busca pelo fundamento último do
portanto, uma possível justificação do sistema de elementos determinados pela lei da as lacunas serão preenchidas com o direito
direito positivo no direito natural
Direito positivo [argumento absolutamente causalidade. [OK] Ela não tem uma vontade e natural.
frágil, como se uma teoria a respeito da Mas também a suposição de que uma teoria do
não pode, portanto, estabelecer normas. [Não? Metáforas: o direito positivo não destróis,
physis ao fundamentar um nomos Direito natural poderia dar uma resposta
A natureza não tem uma vontade? Mas que mas recobre ou submerge o direito natural; se
deixasse de ser uma teoria da physis, e incondicional à questão do fundamento da
diabos é a vontade Kelsen?] As normas há um buraco no direito positivo, através
renunciasse a função do direito natural validade do Direito positivo se baseia sobre
somente podem ser assumidas como imanentes deste pode aflorar o direito natural.
em tentar definir o que é justiça. Uma uma ilusão. Uma tal doutrina vê o fundamento
à natureza quando se admita que na natureza Direito natural preenchendo lacunas no XVII
teoria da justiça que defenda que a de validade do Direito positivo no Direito
está a vontade de Deus. [Só assim? Oras, e as e XVIII: Hobbes, De Cive, cap. SIV, ss14:
obediência à lei é a instância máxima de natural, quer dizer, numa ordem posta pela
chamadas leis da natureza ou se se quiser leis “uma vez que é impossível promulgar leis
justiça ou a essência da justiça abdicaria natureza como autoridade suprema colocada
da evolução humana defendida por Darwin, gerais com as quais se possa prever todas as
de ser uma teoria sobre a natureza e acima do legislador humano. Neste sentido, o
inclusive?] Mas dizer que Deus, através da controvérsias a surgir, e são infinitas,
essência? Ora, Kelsen parece nunca ter Direito natural é também Direito posto, isto é,
natureza como manifestação da sua vontade - evidencia-se que, em todo caso não
lido Crátilo, onde há autores justamente positivo. Direito posto, porém, não pela
ou por qualquer outra forma - ordena aos contemplado pelas leis escritas, se deve
que defendem que a convenção segue a vontade humana, mas por uma vontade supra-
homens que se conduzam de determinada seguir a lei da equidade natural, que ordena
natureza de algo!!!!! humana. Uma doutrina do Direito natural pode,
maneira, é uma suposição metafísica que não atribui a pessoas iguais coisas iguais; o que
na verdade, afirmar como fato - se bem que não
154 Contradições no direito natural: “A possa demonstrar - que a natureza ordena que
pode ser aceita pela ciência em geral e pela se cumpre por força da lei civil, que pune
história das doutrinas do Direito natural ciência do Direito em particular, pois o também os transgressores materiais das leis
os homens se conduzam de determinada
mostra, porém, que tal não é o caso. Logo conhecimento científico não pode ter por objeto naturais, quando a transgressão aconteceu
maneira.
que a teoria do Direito natural intenta qualquer processo afirmado para além de toda a consciente e voluntariamente” Leibniz: nova
determinar o conteúdo das normas imanentes Possibilidade de fundamento experiência possível. [Ok, mas e se eu dissesse methodus discendae docendaeque
à natureza, deduzidas da natureza, enreda-se Como, porém, um fato não pode ser o que não se trata de Deus, mas de um princípio juriprudentiae: in iis casibus, de quibus lex
nas mais insuperáveis contradições. Os seus fundamento de validade de uma norma, uma bom e mal que naturalmente regem o mundo ao se no declaravit, secundum jus naturae esse
representantes não proclamaram um único teoria jusnaturalista logicamente correta não acaso, sem deus?] judicandum ss71.
Direito natural, mas vários Direitos naturais, pode negar que apenas podemos pensar um
Sobre a equidade: juiz se torna fonte do
muito diversos entre si e contraditórios uns Direito positivo harmônico com o Direito
direito e julgaria de acordo com a consciência
com os outros. Isto é especialmente verdade natural como válido se pressupusermos a
e com base no próprio sentimento de justiça.
em relação às questões fundamentais da norma: devemos obedecer aos comandos da
propriedade e da forma do Estado. Segundo natureza. 172 CPC italiano, art. 113. “ao se pronunciar
uma doutrina do Direito natural, só é sobre a causa, o juiz deve seguir as normas
Erro na fundamentação pela evidência
“natural”, isto é, justa, a propriedade [como cálicles que diria ser evidente o mais
do direito, a menos que a lei lhe atribua o
individual, segundo outra, só o é a poder de decidir por equidade. O conciliador
forte legislar]
propriedade coletiva; segundo uma, só é decide por equidade as causas cujo valor não
“natural”, isto é, justa, a democracia, E esta a norma fundamental do Direito natural. exceda duas mil liras. / art. 114 o juiz, seja
segundo outra, só o é a autocracia. Todo Também a doutrina do Direito natural só pode em primeiro grau ou em apelação, decide o
Direito positivo que corresponde ao Direito dar à questão do fundamento da validade do mérito da causa por equidade, quando este se
natural de uma das teorias e que, por isso, é Direito positivo uma resposta condicional. Se refere a direito disponíveis pelas partes e
afirma que a norma segundo a qual devemos BOBBIO, N. O positivismo jurídico: lições de
tido como justo, contradiz o Direito natural estas unanimente lhe façam o pedido.
obedecer às prescrições da natureza é filosofia do direito.
de outra teoria e é, conseqüentemente, Juiz como árbitro, limitado ao direito: art 822:
condenado como injusto. A doutrina do imediatamente evidente, erra. Esta afirmação é Direito natural e questão das lacunas.
os árbitros decidem segundo as normas do
Direito natural, tal como efetivamente tem inaceitável. Não só em geral, por não poder Onipotência do legislador XIII direito, a não ser que as partes lhe tenham
sido desenvolvida -e não pode ser haver normas de conduta humana
Jusnaturalismo na constituição américa e autorizado, mediante qualquer expressão, que
desenvolvida de outra maneira - está muito imediatamente evidentes; mas também em
revolução francesa se pronunciem por equidade.
particular, porque esta norma não pode, ainda
Doutrina: três tipos de equidade: substitutiva, que este não previu tal caso, mas se o tivesse Ideologia do positivismo (nosso dever ético): neminem laedere. O suum cuique significa
o juiz estabelece uma regra que supre a falta previsto o teria regulado de tal modo. Assim o dever absoluto ou incondicional de obedecer a atribuir a cada um o que lhe cabe segundo um
de uma norma legislativa; integrativa, intérprete positivista imputa sempre as normas lei enquanto tal; obrigado juridicamente e certo sistema normativo; nemnem laedere
quando a norma existe, mas é muito genérica por ele formuladas à vontade do legislador: a moralmente, não somente porque é significa não superar os limites postos à
e não defini os elementos de fatti specie ou sua vontade expressa, no caso da interpretação constrangindo, mas porque está convencido é conduta humana pelo sistema normativo.
todos os efeitos jurídicos. Completa as partes em sentido estrito; sua vontade presumida, no algo bom: obediência não por constrição, mas QUESTÃO DO BEM
faltantes; interpretativa, não se pode com caso da integração. por convicção. P. 226
base em critérios equitativos definir o A versão moderada do positivismo ético
Falta no positivismo a possibilidade de leis difere da extremista porque diferente desta
conteúdo de uma norma existente. injustas corruptio legis porque não se
Crítica de Bobbio ao positivismo: última não diz que o direito é um bem em si,
CALAMANDREI: O significa compreende ou qualifica de justa a lei, mas de mas diz somente que o direito é um meio (em
constitucional dos juízos de equidade il O fracasso do positivismo em ser somente uma válida. 227
leitura neutra e teórica do mundo sem ideologia termos kelsenianos, uma técnica de
significato constituzionale dei giudizi di 1. Cético; realismo da justiça: a justiça é a organização social) que serve para realizar
equità, em seus estudos sobre o processo /
expressão da vontade do mais forte, que busca um determinado bem, a orem da sociedade,
civil. Studi sul processo civile. A ideologia implica um comportamento sua vantagem própria. Trasímaco, Rep. com a consequência de que, se desejamos tal
avaliativo que o homem assume face a bem, devemos obedecer ao direito. Porém, a
realidade, consistindo num conjunto de juízos 2. Convencionalista: a justiça é o que os
Lugar da interpretação no direito homens concordam como justo, nasce do versão moderada não diz que a ordem seja o
de valores relativos a tal realidade e q busca valor supremo; se, num determinado
Diferença entre código Justiniano, influir sobre a mesma. 1995, p 223 relativismo ético em Hobbes. Não há justo e
injusto objetivamente, só se sai da controvérsia momento histórico, um certo valor parece
reprodução do direito / juristas medievais, Ideologias em Bentham, crítica ao direito e superior à ordem existente e com ela
que buscavam descobrir as regras que com árbitros e o maior de todos é o soberano.
expectativa de que corresponda as suas constrastante, pode-se então romper a orem
disciplinavam as relação sociais (produção concepções ético-políticas; Austin, formula 3. sagrado: o poder de mandar se funda em um (mediante um movimento revolucionário)
do direito). juízo de valor quando considera o direito um carisma, sobre uma investidura sagrada, divina. para realizar tal valor. P. 232
Positivismo jurídico sustenta uma concepção comando e não uma regra consuetudinária; Weber: a) racionalidade do poder, atribuição
racional de comando (contratualismo Conclusão: Críticas FUNDADAS: De fato
estática da interpretação, que deveria escola da exegese, lei como única forma de a) um ordenamento jurídico não é
reproduzir e reconstruir a vontade subjetiva criação do direito; Jurisprudência alemã, democrático); b) tradicionalidade do poder:
força do costume, tradição, dinastia; c) carisma necessariamente coerente, porque podem
do legislador posta nas normas; o oposto da influenciados por Hegel e o Estado Ético, o coexistir no âmbito do mesmo
leitura antipositivista que adapta essas leis às estado não é somente um instrumento de do poder, qualidades sobre-humanas, o povo
deposita uma confiança cega e absoluta ordenamento duas normas incompatíveis e
condições e exigências históricas-sociais. realização dos fins dos indivíduos TÉCNICO, serem ambas válidas; b) um ordenamento
214 mas um valor ético, é a manifestação suprema (sagrado)
jurídico não é necessariamente completo,
Hermenêutica positivista: 1) Léxical; 2) do espírito no seu devir histórico e o fim ao 4. Estado ético. Laicização do conceito de porque a completude deriva da norma
teleológico (ratio legis) intenção e finalidade; qual os indivíduos estão subordinados. 1995, p. autoridade, o estado se conecta diretamente à geral exclusiva, ou norma de clausura, que
3) sistematicidade, coerência entre tudo que 224 obediência incondicional pelos súditos. na maior parte dos casos – excluído o
o legislador disse; 4) historicidade: Origem da crítica: 1. Crítica do realismo Versões do positivismo ético: obediência à lei direito penal – não existe; c) a
documentos que mostram a preparação e jurídico (ou jurisprudência sociológica), não o direito é o meio necessário para realizar um interpretação do direito feita pelo juiz não
discussão legislativa. representam a realidade do direito; 2. Crítica certo valor: o da ordem (valor instrumental) e consiste jamais na simples aplicação da lei
Analogia: modo de integrar o direito com jusnaturalista aos aspectos ideológicos do isso explica a importância que o elemento de com base num procedimento puramente
lacunas, como formas incompletas da juspositivismo. coação tem na doutrina juspositivista. 230 lógico. Mesmo que disto não se dê conta,
vontade do legislador. Integração também Horror: reductio ad Hitlerum, força do para chegar à decisão ele deve sempre
Não é uma ordem qualquer, mas a ordem justa: introduzir avaliações pessoais, fazer
com jurisprudência. Integração ocorre no juspositivismo no nazismo. P. 225 Mas o e justiça seria a legalidade; homem justo é
interior do ordenamento, com meios nazismo é antipositivista porque defendia não o escolhas que estão vinculadas ao esquema
aquele que adequa o próprio comportamento à legislativo que ele deve aplicar. 237
dispostos pelo próprio ordenamento. princípio de legalidade, mas que “deveriam ser lei; homem ético é aquele que age com base
219 ao estender, em via analógica, uma certa considerados como delitos todos os atos numa livre escolha responsável.
norma a um caso por esta não previsto, o contrários ao “são sentimento popular!, mesmo
não previstos como crimes pela lei. P. 236. Máximas de justiça enunciadas pelos
intérprete (segundo o positivismo jurídico) jurisconcultos romanos: suum cuique tribure e
aplica ainda a vontade do legislador, visto

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