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Resumo D.C - 1 Unidade
Resumo D.C - 1 Unidade
DIREITO CIVIL 2
PROF. FLÁVIO LIMA
FONTES DA OBRIGAÇÃO
▪ Fonte como elemento gerador ou causa, fato jurídico que deu origem ao vínculo
obrigacional.
▪ Diversas variedades de tratamento do assunto, o que reflete suas múltiplas
concepções doutrinárias.
▪ Toda obrigação envolve principalmente um fato humano.
▪ Toda obrigação nasce da lei, pois esta é a fonte primária dos direitos, mesmo no campo
contratual, não haveria força jurígena da manifestação volitiva se não fosse o poder
obrigatório reconhecido pela lei.
▪ Logo, podemos mencionar duas fontes obrigacionais: a vontade humana e a lei
• Vontade Humana - cria espontaneamente, por uma ação ou omissão oriunda
do querer do agente, em conformidade com o ordenamento
• Lei - estabelece obrigação para o indivíduo, em face de comportamento seu,
independemente de manifestação volitiva.
▪ Ademais, considerando o fato jurídico dando origem ao vínculo obrigacional:
• Contratos - fonte principal do direito obrigacional.
• Atos ilícitos e o abuso de direito - geram o dever de indenizar.
• Os atos unilaterais - declarações unilaterais de vontade.
• Títulos de crédito - documentos que trazem em seu bojo, a existência de uma
relação obrigacional de natureza privada.
▪ Não existem leis oriundas apenas da lei, bem como só da vontade. Em ambas trabalha
o fato humano, em ambas está presente o ordenamento jurídico.
ÔNUS REAIS
▪ Encargos de prestação periódica que restringem o uso e o gozo da propriedade em
benefício de terceiros ou da própria coletividade, sendo postos a cargo do titular da
situação proprietária.
▪ O proprietário é o devedor de tal ônus, que pode ser exemplificado com os tributos cujo
fato gerador é a propriedade de um bem móvel. Ex: imposto sobre propriedade de
veículo automotor (IPVA) ou imóvel (IPTU ou IPTR).
▪ Têm sua responsabilidade restrita ao bem onerado, e seus efeitos cessam com o
perecimento da coisa, enquanto os da obrigação real podem subsistir.
▪ Os ônus reais implicam prestação positiva, enquanto as obrigações reais podem
expressar-se em prestação negativa.
▪ Características:
• O ônus real possui o atributo de sequela. Ou seja, mesmo que o bem seja
transferido a outro proprietário o gravame sobre o mesmo ainda perdura.
Quanto à manutenção dos ônus após a constituição de hipoteca se observa o
art. 1.474 do C.C./ 2002.
• A responsabilidade do ônus real é limitada ao objeto (É a coisa que deve e não
a pessoa).
• A diferença entre o dever e o ônus reside no fato de que, no primeiro, o
comportamento do agente é necessário para satisfazer interesse do titular do
direito subjetivo, enquanto que no caso do ônus o interesse é do próprio
agente.
DEVER JURÍDICO
▪ O dever jurídico é um comando estatal que impõe um determinado comportamento à
pessoa ou a qualquer figura jurídica que possa agir em seu próprio nome.
▪ É o comando imposto, pelo direito objetivo, a todas as pessoas para observarem certa
conduta, sob pena de receberem uma sanção pelo não cumprimento.
▪ “O dever não se esgota no cumprimento da regra prevista no ordenamento
(“perpetuidade”), possuindo, portanto, causa legislativa, direcionando-se não a um só
sujeito, mas a toda coletividade, não podendo ser convertido em pecúnia na hipótese
de desrespeito normativo, aplicando-se-lhe, ao invés, uma sanção”.
▪ O dever é um comando de comportamento que pode ter por fundamento uma
obrigação, a lei ou direito real. (Ex: É dever dos homens prestar o serviço militar. Dever
de alistamento eleitoral.)
OBRIGAÇÕES DE RESTITUIR
▪ A obrigação de dar, na modalidade de restituir, indica que o devedor entrega coisa que
não lhe pertence, mas pertence ao próprio credor.
▪ A obrigação de restituir é aquela que se encontra nas mãos do devedor, em sua posse,
e é devolvida para o credor.
▪ Sendo de restituir a obrigação, vigoram os mesmos princípios relativos à noção
segundo a qual “a coisa perece para o dono” ou res perit domino.
▪ O perecimento sem culpa aniquila o vínculo por falta do objeto, ocorrendo culpa, o
devedor é sujeito a pagar o equivalente pecuniário da coisa extinta e mais perdas e
danos (art. 238 e 239).
▪ Melhoramentos, acréscimos e frutos na obrigação de restituir
• O proprietário lucra os melhoramentos, acréscimos e frutos naturais.
• Se o acréscimo decorrer de trabalho do devedor então o regime será das
benfeitorias (úteis, necessários e voluptuárias). Podem ser de boa ou má fé do
devedor
o Boa-fé – Tem direito aos melhoramentos das benfeitorias úteis e
necessárias, podendo reter o bem pelo pagamento das necessárias e
úteis. Podendo levantar as voluptuárias.
o Má-fé – Somente tem direito aos melhoramentos às benfeitorias
necessárias. Não podendo levantar as voluptuárias.
OBRIGAÇÃO DE FAZER
▪ Tipo de obrigação positiva que se concretiza genericamente em um ato do devedor.
▪ É obrigação de fazer aquela que tem por objeto o podar as árvores de um pomar, de
realização singela e execução material, é uma prestação de fato. Mas é também a
promessa de contratar, cuja prestação é a realização de um negócio jurídico em toda
sua complexidade e efeitos.
▪ É aquela pela qual o devedor encontra-se obrigado quer pessoalmente, quer por
terceiro, a realização de ato positivo, material ou imaterial, em benefício de credor ou
de terceira pessoa.
▪ Na obrigação de dar – Não há, cumulativamente, a realização prévia de uma obrigação
de fazer embutida
▪ Na obrigação de fazer – A prestação é de realizar um determinado ato, a eventual
entrega do ato é mera consequência dele. Ex.: tela de pintura
▪ Naquelas obrigações em que somente o devedor pode realizar a prestação, sua recusa
terá como consequência sujeita-lo a indenizar ao credor perdas e danos.
▪ Nas demais, de prestação fungível, regra é que ou o credor é autorizado a manda-la
executar a expensas do devedor ou fica sub-rogado nas perdas e danos.
▪ A obrigação de fazer personalíssima leva em conta as condições especiais do devedor,
a exemplo de um quadro encomendado com um artista de prestígio e valor
particularmente ponderados.
INDIVISIBILIDADE
▪ Divisíveis são as obrigações suscetíveis de cumprimento fracionado
▪ Indivisíveis são as obrigações que somente podem cumprir-se na sua integralidade
▪ Na verdade, o que é caracterizado com div, ou indiv. não é a obrigação em si, mas sim
sua prestação, assim como aferível no art. 258 do C.C.
▪ Deve-se distinguir a indivisibilidade material e indivisibilidade jurídica:
• A análise da indivisibilidade exige a recordação da teoria e da classificação
dos bens considerados em si mesmos, permitindo a distinção entre prestação
que podem ou não ser fracionadas
• Sempre há de verificar se é admissível, juridicamente, o parcelamento do
objeto.
▪ Diz-se que a prestação é divisível quando as partes em que se fracione não perdem as
características essenciais do todo nem sofrem depreciação acentuada; e indivisível
em caso contrário.
▪ Exemplo na obrigação de dar:
• Divisível será, quando cada uma das parcelas, em que seccione, guardar as
características essenciais do todo. Se o devedor tem que entrar um conjunto
de unidade autônomas, a prestação poderá ser divisível, pois cada uma
conserva os requisitos que classificam o objeto em economicamente útil.
• Por sua vez, se a coisa devida for corpo certo e determinado, seja móvel
(diamante) ou imóvel (apartamento, terreno), não se poderá cogitar a
divisibilidade, pois, mesmo possível o fracionamento como corpo material,
não comporta pagamento de uma parte, porção ou pedaço da coisa devida.
▪ A obrigação de restituir é, em regra, indivisível.
▪ A obrigação de fazer pode ser divisível ou indivisível, dentro dos critérios jurídicos.
▪ A obrigação de não fazer é, via de regra, indivisível. Porém, é admissível a
divisibilidade da prestação negativa quando o objeto consiste em um conjunto de
omissões que não guardam relação orgânica.
▪ É licita a convenção no sentido da indivisibilidade quando a prestação juridicamente
divisível se torne indivisível devido a uma declaração de vontade. Se denomina
indivisibilidade convencional. Porém, a indivisibilidade que nasce de uma declaração
de vontade pode terminar por força de uma convenção contrária.
SOLIDARIEDADE
▪ Segundo o C.C, arts. 264 e 265, há solidariedade quando, na mesma obrigação,
concorre pluralidade de credores, cada um com direito à dívida toda, ou pluralidade de
devedores, cada um obrigado a ela por inteiro.
▪ Para que se possa existir solidariedade, é essencial a concorrência de mais de um
credor, ou de mais de um devedor.
▪ Se cada um dos devedores estiver obrigado a uma prestação autônoma, ou se cada um
dos credores tiver direito a uma certa parte da coisa devida, não há solidariedade. É
necessário unidade de prestação.
▪ Cada um dos credores tem o poder de receber a dívida inteira, e cada um dos
devedores tem a obrigação de solvê-la integralmente.
▪ Na obrigação solidária, a unidade objetiva se difere da que se dá na indivisível. Nesta,
impera a unidade do objeto, por um motivo de ordem técnica.
▪ O que caracteriza a solidariedade é a pluralidade subjetiva e a unidade objetiva.
▪ Solidariedade Ativa:
• Não é muito usual, inexistindo qualquer texto que a institua. É quando existem
credores solidários.
• O direito ao recebimento da prestação por inteiro é de todos os credores. Se,
em razão da solidariedade não prospera a credibilidade da prestação, não é
lícito a um credor receber uma parte da coisa devida, ainda que a título da sua
parte, que em verdade inexiste enquanto durar o vínculo solidário.
▪ Solidariedade Passiva:
• Ao contrário da ativa, é muito frequente.
• Cada um dos devedores se obriga para com o mesmo credor, tendo de ser
encarada internamente e externamente, ou seja, nas relações dos devedores
com o credor e nas dos devedores entre si.
• O credor tem a faculdade de receber de qualquer dos coobrigados a coisa
devida, total ou parcialmente.
• O credor tem a faculdade de acionar um, alguns ou todos os devedores, sem
que, em nenhuma das hipóteses, se possa induzir renúncia à qualidade
creditória contra os codevedores solidários.
MODALIDADES DE PAGAMENTO
▪ Por meio do pagamento, tem-se a liberação total do devedor em relação ao vínculo
obrigacional.
▪ Elementos subjetivos (pessoas envolvidas):
• Quem deve pagar?
o Como regra geral, o solvens será o devedor.
o Porém, outras pessoas também podem pagar, além do próprio sujeito
passivo da relação obrigacional.
o Obs: o terceiro interessado na dívida é a pessoa que tem interesse
patrimonial na sua extinção, caso do fiador, avalista ou herdeiro.
Havendo o pagamento por parte deste, sub-roga-se os direitos de
credor (legal ou automática)
• A quem se deve pagar?
o Como regra geral, o accepiens será o credor. Porém, o pagamento
também pode ser feito ao seu representante.
▪ Objeto e a prova do pagamento direto (elementos objetivos):
• O Código Civil traz regras quanto ao objeto de pagamento, entre os arts. 313 a
318.
• O objeto do pagamento é a prestação, podendo o credor negar o recebimento
do que não foi originalmente pactuado, mesmo sendo coisa mais valiosa.
• Mesmo sendo prestação divisível, não pode ser o credor obrigado a receber o
pagamento em partes, salvo previsão em contrato.
• As dividas pecuniárias (em dinheiro), devem ser pagas em moeda nacional.
• A quitação constitui prova efetiva de pagamento, sendo o documento pelo qual
o credor reconhece que recebeu o pagamento, exonerando o devedor da
relação obrigacional.
▪ Do lugar do pagamento direto:
• Trata do local do cumprimento da obrigação, em regra estipulado no negócio
jurídico.
• Em regra geral, os instrumentos obrigacionais estipularão o domicílio onde as
obrigações deverão ser cumpridas, podem ser:
o Obrigação quesível ou quérable - deverá ocorrer no domicílio do
devedor
o Obrigação portável ou portable - deverá ocorrer no domicílio do
credor
• Designados dois ou mais lugares, caberá ao credor escolher entre eles (art.
327), sendo uma das poucas vezes em que a escolha cabe ao credor.
o Porém, se tratando de imóvel, as prestações se darão no lugar onde
situado o bem (art. 328)
▪ Do tempo do pagamento:
• O vencimento é o momento em que a obrigação deve ser satisfeita, cabendo ao
credor a faculdade de cobrá-la. (Pode ser fixado pelas partes por força do
instrumento negocial)
• A obrigação pode ser:
o Instantânea (pagamento à vista)
o Execução diferida (pagamento deve ocorrer de uma vez só, no futuro)
o Execução periódica (pagamento de trato sucessivo no tempo)
• Em regra geral, o credor não pode exigir o adimplemento antes do vencimento,
muito menos o devedor pagar após a data prevista.
• Exceções: art. 331 a 333.
▪ Pagamento em consignação:
• Pode ser conceituado como o deposito feito pelo devedor, da coisa devida, para
liberar-se de uma obrigação assumida em face do credor.
• Depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida.
• Pode ter como objeto bens imóveis e móveis, estando relacionada como a
obrigação de dar.
• O depósito afasta a eventual aplicação das regras de inadimplemento.
• Poderá ocorrer:
o Se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar a receber o
pagamento
o Se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e
condições devidas
o Se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, for declarado
ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso
o Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do
pagamento
o Se pender litígio sobre o objeto do pagamento (única causa objetiva)
• Duas são as ações de consignação previstas no direito brasileiro:
o A consignação em pagamento (com regras elencadas entre os arts.
890 a 900 do CPC)
o Consignação de aluguéis e encargos da locação (conforme os arts. 58
e 67 da Lei 8.245/1991)
▪ Pagamento com sub-rogação:
• A sub-rogação é conceituada como a substituição de uma coisa por outro, com
os mesmo ônus e atributos ou de uma pessoa por outra.
o Na sub-rogação pessoal, o credor é substituído, como no caso do
fiador que satisfaz a dívida do credor.
o A sub-rogação real ocorre quando a coisa, objeto do vínculo jurídico, é
substituída por outra que passa a ocupar o lugar jurídico da coisa
original.
• O C.C trata da sub-rogação pessoal ativa, que vem a ser a substituição em
relação aos direitos relacionados com o crédito, em favor daquele que
adimpliu a obrigação alheia. (art. 346 a 351)
• Efetivado o pagamento por terceiro, o credor ficará satisfeito, não podendo
mais requerer o cumprimento da obrigação.
• Porém, o devedor originário continuará obrigado perante o terceiro que
efetivou o pagamento.
• Dessa forma, percebe-se que que não há extinção propriamente dita da
obrigação, mas a mera substituição do sujeito ativo, passando a terceira
pessoa a ser o novo credor da relação obrigacional.
• A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e
garantias do primitivo em relação à dívida contra o devedor principal e os
fiadores. (art. 349 do CC)
o Sub-rogação legal (art. 346 do CC) – são as hipóteses de pagamentos
efetivados por terceiros interessados na dívida
o Sub-rogação convencional (art. 347 do CC) – são os pagamentos
efetivados por terceiros não interessados na dívida
▪ Imputação do pagamento:
• Ocorre quando há mais de uma obrigação a pagar e o pagamento é realizado
sem indicar quais obrigações que serão satisfeitas, que possuem mesma
natureza (líquidas e vencidas)
• Art. 352 - “a pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a
um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos
forem líquidos e vencidos”
• A imputação visa favorecer o devedor ao lhe possibilitar a escolha do débito
que pretende extinguir.
• Se o devedor não fizer qualquer declaração, transfere-se o direito de escolha
ao credor, não podendo o primeiro reclamar, a não ser que haja violência ou
dolo do segundo (art. 353)
▪ Dação em pagamento:
• Satisfação do crédito por entrega de coisa diversa da pactuada na avença.
• Arts. 356 a 359, conceituam como uma forma de pagamento indireto em que há
acordo privado de vontades entre os sujeitos da obrigação. (necessário
consentimento expresso do credor)
• A dação em pagamento pode ter como objeto uma prestação qualquer, não
sendo necessariamente dinheiro, podendo ser entregue bem móvel ou imóvel.
• De acordo com os ensinamentos transcritos, a substituição pode ser de
dinheiro por bem móvel ou imóvel (datio rem pro pecuni), de uma coisa por
outra (datio rem pro re), de dinheiro por título, de coisa por fato, entre outros,
desde que o seu conteúdo seja lícito, possível, determinado ou determinável.