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International Journal of Sports Physiology and Performance,2013, 8, 600-610 © 2013

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BREVE REVISÃO

Exercício Intermitente de Alta Intensidade:

Aspectos Metodológicos e Fisiológicos

Gerhard Tschakert e Peter Hofmann

O exercício intermitente de alta intensidade (HIIE) tem sido aplicado em esportes competitivos há mais de 100 anos. Nas últimas
décadas, estudos intervalados revelaram uma infinidade de efeitos benéficos em vários indivíduos, apesar de uma grande
variedade de prescrições de exercícios. Portanto, pode-se supor que uma prescrição precisa do HIIE não é relevante. No entanto, a
manipulação das variáveis HIIE (pico de carga e duração do pico de carga de trabalho, carga de trabalho média, intensidade e
duração da recuperação, número de intervalos) afeta diretamente as respostas fisiológicas agudas durante o exercício levando a
adaptações específicas de treinamento de médio e longo prazo. A diversidade de regimes de exercícios intermitentes aplicados em
diferentes estudos pode sugerir que os mecanismos fisiológicos agudos durante o EIIE forçados por prescrições de exercícios
particulares não são claros em detalhes ou não são levados em consideração. Ainda falta uma abordagem padronizada e
consistente para a prescrição e classificação do HIIE. Uma configuração ideal e individual das variáveis HIIE requer a consideração
das respostas fisiológicas induzidas pelo regime HIIE. Nesse sentido, particularmente as intensidades e durações das fases de pico
de carga de trabalho são altamente relevantes, uma vez que essas variáveis são as principais responsáveis pelos processos
metabólicos durante o EIIE no músculo em trabalho (por exemplo, metabolismo do lactato). Além disso, a forma de prescrever a
intensidade do exercício também influencia marcadamente as respostas metabólicas e cardiorrespiratórias agudas. Sugere-se que
os modelos de ponto de virada ou limiar sejam mais apropriados e precisos para prescrever a intensidade HIIE do que usar
porcentagens de frequência cardíaca máxima ou consumo máximo de oxigênio.

Palavras-chave:exercício intervalado, prescrição HIIE, respostas agudas, estado estável de lactato, conceito de ponto de virada

O exercício intervalado é um modo descontínuo de exercício de
resistência que se caracteriza por períodos relativamente curtos de
cargas de trabalho de alta intensidade intercaladas por períodos de
descanso ou atividade de baixa intensidade. A lógica por trás dos
programas de treinamento intervalado é que o tempo total acumulado
de exercício vigoroso é maior do que poderia ser alcançado durante uma
única sessão de exercício contínuo na mesma intensidade até a
exaustão.1Portanto, o treinamento intervalado de alta intensidade deve
produzir maiores efeitos de treinamento no desempenho de resistência,
particularmente em atletas altamente treinados.2mas hoje em dia
também é aplicado com sucesso na reabilitação de diferentes tipos de
doenças crônicas.3Uma infinidade de investigações revelou uma ampla
gama de adaptações benéficas após o exercício intermitente de alta
intensidade (HIIE) em várias populações de estudo. No entanto, a
interpretação desses efeitos do treinamento é difícil se as respostas
fisiológicas agudas durante o exercício são desconhecidas ou não são
indicadas, como é o caso em muitos estudos HIIE publicados. As
adaptações de treinamento alcançadas são consequência de uma
perturbação da homeostase durante o exercício (respostas agudas). A
extensão dessas respostas fisiológicas agudas é fortemente influenciada
pela prescrição específica dos componentes individuais do exercício,
como intensidade e duração do pico de carga de trabalho e fases de
recuperação.4Até hoje ainda falta
Os autores são do Instituto de Ciências do Esporte da Universidade de
Graz, Graz, Áustria.
de conhecimento sobre as respostas fisiológicas agudas detalhadas
induzidas por vários regimes de exercícios intervalados, e ainda
falta uma abordagem sistemática consistente para a prescrição de
exercícios intermitentes. Parece ser muito importante entender,
esclarecer e padronizar a metodologia do exercício intervalado para
otimizar os efeitos do treinamento e simultaneamente minimizar os
riscos à saúde, principalmente em pacientes que sofrem de
diferentes tipos de doenças.3,5Portanto, esta revisão enfoca os
aspectos metodológicos do treinamento intervalado e os
mecanismos fisiológicos agudos causados por prescrições
específicas de exercícios intermitentes.
Revisão histórica
Conforme revisado por Billat,6O treinamento intervalado tem
sido aplicado em esportes competitivos desde o início do
século XX. Corredores de média e longa distância, como os
atletas finlandeses Hannes Kolehmainen (3 vezes campeão
olímpico em Estocolmo 1912) e Pavoo Nurmi (9 vezes campeão
olímpico entre 1920 e 1928) usaram o treinamento intervalado
para treinar em velocidades próximas à sua competição
específica velocidade. Além disso, a corrida cross-country e o
esqui em diferentes intensidades (subida, descida e plano),
chamados de “fartlek”, foram incluídos no processo de
treinamento de vários esportes de resistência. O atleta mais
famoso a popularizar o treinamento intervalado foi Emil
Zatopek, o corredor tchecoslovaco e tricampeão olímpico

600

medalhista de ouro em 1952, que usou treinamento intervalado curto,
incluindo até 100×Corridas de 400 m intercaladas por corridas de
recuperação de 200 m por dia.6Naquela época, os treinadores utilizavam
velocidades específicas de competição de 800 a 5000 m para a prescrição
da intensidade intervalada, não levando em consideração nenhum
parâmetro fisiológico.6
A primeira descrição do treinamento intervalado em uma revista
científica foi feita por Reindell e Roskamm em 1959.7Em 1960, o grupo de
pesquisa sueco de Irma e Per Olaf Astrand8e Erik Hohwü Christensen9
publicaram estudos sobre treinamento intervalado, com foco nas
respostas agudas de lactato (La), consumo de oxigênio (VO2) e
frequência cardíaca (FC) durante o exercício intervalado de diferentes
durações de trabalho e durante o exercício contínuo. Em sua revisão em
1976, Saltin et al.10apontaram os baixos níveis sanguíneos de La e as
pequenas oscilações do VO2entre o pico de carga de trabalho e as fases
de recuperação durante intervalos curtos (intervalos com curta duração
de trabalho), enquanto intervalos longos (intervalos com longa duração
de trabalho) produziram altos níveis de La e diferenças marcantes entre
o VO2valores das fases de trabalho e recuperação.
Baixado pela Universidade de Calgary em 17/09/16, Volume 8, Artigo Número 6
Os estudos acima mencionados sobre treinamento
intervalado focaram em melhorias no desempenho do
exercício em atletas de resistência e usaram intensidades de
pico entre a velocidade no estado estável máximo de La (max
LaSS) e a velocidade mínima que induz o VO máximo2max(vVO
2max) ou ligeiramente acima.
No entanto, durante os últimos 20 anos, o treinamento intervalado
tem sido cada vez mais aplicado também em indivíduos recreativamente
ativos,3,11bem como em jogadores de esportes de equipe e de raquete.12–
14Como consequência, cargas de trabalho de pico mais altas até esforços
máximos foram usadas no treinamento e teste do HIIE. O chamado
treinamento intervalado de sprint ou treinamento de sprint repetido,
incluindo sessões curtas de intensidade máxima, entrou no foco da
pesquisa em fisiologia do exercício, e foi demonstrado que sprints
máximos breves repetidos induziram efeitos semelhantes no sistema
aeróbico em indivíduos recreativamente ativos como resistência
tradicional. treino, mas de uma forma muito eficiente em termos de
tempo (treino intervalado de baixo volume e alta intensidade).3,15
Nos últimos 10 anos, o exercício intervalado ganhou importância
adicional em relação ao treinamento de resistência, uma vez que o
treinamento aeróbico intervalado de alta intensidade foi aplicado não
apenas em pessoas saudáveis, mas também na reabilitação de
diferentes tipos de doenças crônicas.16,17
Componentes
e prescrições do HIIE
Em contraste com o exercício contínuo que compreende apenas a
intensidade da carga de trabalho e a duração total, o exercício
intermitente consiste em 5 componentes principais: intensidade de
pico de carga (Ppico), duração da carga de trabalho de pico (tpico),
carga de recuperação (Pgravando), duração da recuperação (tgravando), e
a carga média (Psignifica), dos quais o resultado dos últimos 4 pode
ser calculado em conformidade ou definido como um determinante
separado.10O número de intervalos que significa a duração total do
exercício é outra variável da prescrição do HIIE. Em sua recente
revisão, Buchheit e Laursen14também mencionou o número de
séries, a duração e intensidades nas fases de recuperação
Metodologia de Exercícios Intermitentes 601
entre a série e a modalidade de exercício (por exemplo, corrida versus
ciclismo) como outros determinantes do exercício intervalado. No
entanto, eles não consideraram Psignificacomo uma variável relevante.
Ppicoé geralmente definido entre a saída de potência
no limiar anaeróbico2e exercício “all-out”, e tpico
varia de alguns segundos a vários minutos. O Ppico
fases são separadas por períodos de exercício de baixa (ou
moderada) intensidade ou recuperação passiva com pelo menos
gravandoque pode ser menor, igual ou maior que tpico. Notavelmente,
informações muito escassas estão disponíveis sobre as
configurações do Psignifica. Dadas as diferentes combinações
potenciais de Ppico, tpico, Pgravando, e Tgravando, não surpreende que haja
uma pluralidade de diversas prescrições de exercícios intermitentes
utilizadas em estudos científicos e treinamento físico. Por exemplo,
Trapp e cols.18aplicou exercício de sprint por 8 segundos durante as
fases de trabalho e pedalada lenta por 12 segundos durante as
fases de recuperação, enquanto Helgerud et al16usou (entre outros)
fases de trabalho de 4 minutos em 90% a 95% HRmáximoe fases de
recuperação de 3 minutos a 70% HRmáximo.
Apesar dessa diversidade de regimes HIIE aplicados,
efeitos benéficos podem ser alcançados em diferentes estudos
HIIE e em vários indivíduos (indivíduos altamente treinados,
bem como sedentários e doentes saudáveis). Portanto, pode-se
supor que uma prescrição precisa do HIIE não é relevante. No
entanto, a manipulação isolada de cada variável
presumivelmente tem um impacto direto nas respostas
metabólicas e cardiopulmonares (e neuromusculares) agudas
durante o exercício.4Se 2 ou mais componentes são
manipulados simultaneamente, os impactos nas respostas
fisiológicas são mais complexos e também mais difíceis de
prever.14Essas reações agudas levam a adaptações específicas
de treinamento de médio e longo prazo, por um lado, e, por
outro, podem representar certos riscos à saúde,
principalmente em pessoas doentes. Portanto, a compreensão
dos mecanismos fisiológicos agudos provocados pela
manipulação de configurações de exercício (intervalo) é de alta
relevância na pesquisa em fisiologia do exercício.
A variedade de regimes de exercícios intermitentes aplicados
em diferentes estudos pode sugerir que as respostas fisiológicas
agudas durante o EIIE forçadas por determinadas prescrições de
exercícios não são claras em detalhes ou não são levadas em
consideração; ainda falta uma abordagem padronizada e
consistente para a prescrição de HIIE.
Deficiências nas Denominações e
Classificações de Intermitente
Exercício e na Prescrição
de Intensidades de Exercício
Denominações e Classificações
Além da enorme variedade de prescrições de exercícios intervalados, há, não
menos importante, também um crescimento descontrolado de tipos e
denominações de exercícios intermitentes na literatura: exercício intermitente,
exercício intervalado, treinamento intervalado, treinamento intervalado de alta
intensidade, exercício aeróbico treinamento intervalado de alta intensidade,
exercício de sprints repetidos, intervalos de sprints e exercícios de alta
intensidade de baixo volume
 602 Tschakert e Hofmann
treino intervalado. Um outro problema é que os mesmos termos são
usados de forma diversa por diferentes autores: Burgomaster et al.15
usou o termotreinamento intervalado de alta intensidade de baixo
volume para intervalos de sprint (all-out) de 30 segundos, enquanto
Currie et al19usaram o mesmo termo para exercício intermitente a 89%
de potência de pico por 1 minuto.
Mais importante, as respostas fisiológicas agudas reais
produzidas por diferentes regimes de intervalo não são
consideradas para a denominação e classificação do exercício
intermitente, exceto para o termoHIIE aeróbico. No entanto, são
raras as informações sobre comoaeróbicoé definido. Billat6
definiram o treinamento intervalado aeróbico como o treinamento
que elicia o metabolismo aeróbico em uma proporção maior do que
o metabolismo anaeróbico. Com relação à teoria de La shuttle,20
sugerimos definir o termoaeróbicocomo uma condição equilibrada
entre a produção de La no músculo de trabalho e a eliminação de
La no próprio músculo em trabalho e no sistema (através de outros
órgãos, como cérebro, coração, fígado e músculos esqueléticos em
repouso), resultando em um estado de equilíbrio de La no sangue.
Baixado pela Universidade de Calgary em 17/09/16, Volume 8, Artigo Número 6
Nos livros didáticos alemães de ciência do treinamento,21o
exercício intermitente é classificado em 2 métodos. Um modelo é
figura 1—Modelo sugerido para a classificação do exercício intermitente. Abreviaturas: PLTP2, segundo ponto de virada do lactato determinado em um teste de
exercício incremental; Ppico, carga de trabalho de pico durante o exercício intermitente; LaSS, estado de equilíbrio do lactato sanguíneo.
caracterizada por períodos de descanso que terminam
prematuramente, permitindo apenas uma recuperação parcial, mas
não total; este modelo é normalmente aplicado em estudos HIIE
(em alemão chamadoMétodo de intervalo). O outro modelo inclui
períodos de descanso consideravelmente longos, permitindo a
recuperação total entre as sessões de exercícios de alta intensidade
(Método Wiederholungs). Ambos os métodos são divididos nas
categorias de intensidade “extensivo” e “intensivo”, e essas
categorias de intensidade são novamente divididas em
subcategorias que indicam a duração dos picos de carga de
trabalho. Por fim, um determinado intervalo de durações de
recuperação é atribuído a cada subcategoria.
No entanto, os marcadores fisiológicos também não são
suficientemente levados em consideração para este modelo de
categorização do exercício intermitente. Além disso, a alocação
das respostas fisiológicas agudas reais para subcategorias
particulares é parcialmente incorreta devido às faixas
relativamente amplas das categorias de intensidade e das
categorias de duração da carga de trabalho.
Portanto, recomendamos a aplicação do modelo
mostrado na Figura 1 para a classificação do exercício
intermitente.
 Metodologia de Exercícios Intermitentes 603

Prescrição da Intensidade do Exercício Além disso, se a intensidade do exercício for prescrita

via %FCmáximo, não está claro quanto tempo leva até que
A intensidade do exercício intermitente referida em livros didáticos
cada participante atinja sua FC alvo individual, e nenhuma
alemães ou aplicada na primeira metade do século XX é prescrita por
informação está disponível sobre a potência e a situação
meio de porcentagens de velocidade de corrida. Este modo de
metabólica até que a FC alvo seja atingida. Portanto, uma
configuração de intensidade de exercício é principalmente adequado
prescrição precisa da intensidade do exercício por meio da
para atletas de resistência. No entanto, jogadores de esportes de equipe
%FCmáximo— também para exercícios intermitentes com
e de raquete, atletas recreativos e pacientes precisam de abordagens
durações de pico de carga curtas de até 30 segundos —
diferentes para configurações de intensidade de exercício.
não é possível.
Em uma infinidade de investigações metodológicas e
Outra deficiência das prescrições reais de
estudos de intervenção de treinamento, a intensidade do
exercícios intermitentes é que Psignificararamente é
exercício intermitente é definida por meio de porcentagens da
considerado, apesar de controlar as respostas
FC máxima (FCmáximo), FC reserva (HRR), VO máximo2(VO2max) e
cardiorrespiratórias agudas. No entanto, já Astrand
VO2reserva. No entanto, prescrever a intensidade do exercício
et al.8mencionou a relevância de Psignificapois
via %FCmáximo(ou HRR) e saídas de energia em %HR fixomáximo(ou
indicaram que FC e VO2os valores oscilam em torno
HRR) resulta em diferenças interindividuais consideráveis no P
da potência média de saída.
relativosignifica, Ppico, e Pgravando. Como consequência, a tensão
cardiopulmonar e metabólica, bem como os estímulos do
exercício, também são substancialmente diferentes entre os
Sugestões
Baixado pela Universidade de Calgary em 17/09/16, Volume 8, Artigo Número 6

indivíduos. Essa diversidade é causada por diferentes tipos de
curva de desempenho de FC. Este fato foi recentemente
apontado por Hofmann e Tschakert22e previamente
demonstrado por Hofmann et al23e Wonisch et al.24
Além disso, o ajuste da intensidade do exercício intermitente
por meio do %VO2max(ou VO2reserva) leva a diferenças
substanciais nas demandas fisiológicas entre os indivíduos.25
Particularmente em intervalos com longas durações de pico de
carga, prescrições de intensidades de exercício via %FCmáximoou
%VO2maxnão são apropriados, pois a heterogeneidade das respostas
fisiológicas agudas aumenta com a duração das fases de pico de
carga de trabalho.
Uma vez que as classificações do exercício intermitente
acima mencionadas não consideram as reações fisiológicas
eliciadas pelo regime de intervalo específico, queremos
enfatizar que o exercício em si deve ser descrito em termos
da resposta metabólica que ele provoca.26
Provou-se razoável prescrever intensidades de
exercício para exercícios contínuos em relação ao primeiro
e segundo pontos de virada para lactato (LTP1, LTP2) ou
ventilação (VT1, VT2) determinado em um teste de exercício
incremental preliminar (Figura 2).22,27Portanto, sugerimos
que também para a prescrição de exercício intermitente é
favorável a utilização de limiares submáximos ou

Figura 2—Modelo trifásico do metabolismo do lactato (La) durante um teste de exercício incremental.22Abreviaturas: LTP1, primeiro ponto de virada de
lactato determinado em um teste de exercício incremental (IET); LTP2, segundo ponto de virada do lactato determinado no IET; Pmáximo, potência máxima
de saída do IET; M, músculo de trabalho; S, sistema; P, produção de lactato; E, eliminação de lactato.
 604 Tschakert e Hofmann
pontos de virada,14bem como a potência máxima de saída (Pmáximo)
a partir de um teste de exercício incremental que representa o
desempenho individual do exercício aeróbico. Os 2 limiares e 3
fases do metabolismo, respectivamente, também podem ser
detectados durante uma série de exercícios contínuos (Figura 3) e
intermitentes.
Entre descanso e LTP1(fase 1), todo La produzido nos
músculos em trabalho é eliminado aerobicamente nos
músculos em trabalho; portanto, há um equilíbrio de produção
e eliminação de La (estado estacionário de La) no músculo em
atividade; os valores de La no sangue permanecem no nível de
repouso. Entre LTP1e LTP2(fase 2) La não pode ser oxidado
inteiramente no músculo esquelético e tem que ser
parcialmente transferido para o sangue, mas pode ser
metabolizado por outros órgãos. Portanto, nesta fase há
novamente condições metabolicamente equilibradas (estado
estacionário), mas agora em nível sistêmico. Acima do LTP2
(fase 3), mais La é produzido nos músculos em atividade do
que pode ser eliminado muscular e sistemicamente, resultando
Baixado pela Universidade de Calgary em 17/09/16, Volume 8, Artigo Número 6
em um acúmulo de La no sangue (condições metabolicamente
desequilibradas, sem La estado estacionário).22
Em relação ao modo de prescrição de intensidade de
exercício, sugerimos o uso de %PLTP2como Psignifica, %Pmáximocomo P
pico, e PLTP1como Pgravandoe aplicando a equação Psignifica= (Ppico
×tpico+ Pgravando×tgravando)/(tpico+ tgravando) para exercícios intermitentes.
Além disso, destacamos que P.significanão deve ser calculado apenas como
o resultado de Ppico, tpico, Pgravando, e Tgravandomas conscientemente
definido para considerar o esforço cardiorrespiratório durante o
exercício intermitente.
Essa nova abordagem metodológica permite
correlacionar as respostas fisiológicas e as adaptações
induzidas pelo treinamento físico intervalado às intensidades
de exercício relacionadas às 3 fases individuais do
fornecimento de energia. Baseia-se no conceito de ponto de
viragem,22que é fortemente apoiado pela teoria La shuttle.20
Figura 3—Lactato sanguíneo (La) durante o exercício contínuo em intensidades correspondentes à fase I, fase II e fase III. Fase I, desde o repouso até o
primeiro ponto de virada do lactato (LTP1)—os valores de La sangüíneo mostram um estado estável em nível de repouso devido a um equilíbrio
metabólico no músculo em atividade; fase II, faixa de LTP1para o segundo ponto de virada de lactato (LTP2)—os valores de La no sangue estão elevados,
mas mostram um estado estável em nível sistêmico; fase III, faixa de LTP2para a potência máxima do teste de exercício incremental - nenhum estado
estável de La é alcançado.
Respostas Fisiológicas Agudas a
Manipulações de Variáveis HIIE
Fosfato de Creatina, Oximioglobina
Uma das questões mais interessantes no contexto do exercício
intermitente é o rendimento energético para a ressíntese de
ATP obtido pelo metabolismo anaeróbio e/ou aeróbico.
Achados importantes e fundamentais sobre os efeitos
metabólicos agudos (e cardiopulmonares) do exercício
intermitente já foram revelados há mais de 50 anos por Irma e
Per-Olaf Astrand, Bengt Saltin, Erik H. Christensen e colegas.
Eles se concentraram particularmente no impacto fisiológico
da combinação de tpicoe Ppico.
Na fase inicial do trabalho e, portanto, também durante a
maior parte das fases de pico de carga de curtos intervalos, a
respiração e o transporte de oxigênio pelo sangue para os
músculos em atividade não atingem os valores que correspondem
à demanda real de oxigênio devido ao atraso no VO2cinética.
Portanto, a energia para a ressíntese de ATP deve ser obtida por
meio do oxigênio armazenado intracelular e/ou anaerobicamente.
Nesse sentido, a importância da oximioglobina como reserva
intracelular de oxigênio e da creatina fosfato (CrP), um fosfagênio
rico em energia, foi enfatizada por vários autores, uma vez que
mesmo altas demandas energéticas são atendidas por essas vias
nos primeiros segundos de trabalho.1,8,10,14As reservas de
oximioglobina e CrP podem ser restauradas rápida e totalmente
durante os períodos de recuperação, a menos que Ppicoé muito alto
ou as fases de recuperação são muito curtas ou muito intensas.14
Metabolismo do Lactato
Os estudos fundamentais de Astrand et al.8revelou que longos
intervalos de 2 ou 3 minutos em intensidades próximas ao

potência de saída em VO2maxforam extremamente exigentes,
produzindo altos níveis de La no sangue de 16,6 mmol/L. Em
contraste, intervalos curtos de 30 segundos ou 1 minuto no mesmo
pico e carga de trabalho média induziram níveis baixos de La no
sangue de 2 mmol/L e foram bem tolerados por 1 hora. Esses
dados foram surpreendentes devido às altas cargas de trabalho de
pico, mas os resultados foram apoiados por estudos subsequentes
de Christensen et al.9e Carlson e Pernow.28
Deve-se ter em mente que a concentração de La no
músculo de trabalho e no sangue reflete a concentração de
hidrogênio (H+) íons no local específico. O H+concentração é
expressa por meio do valor de pH e influencia fortemente o
estado ácido-base. Lá e H+
os íons são o resultado da dissociação do ácido lático, que é
produzido através da glicólise anaeróbica.29
Com relação ao metabolismo anaeróbio durante o exercício
intermitente, supõe-se que a acidose metabólica ocorre
principalmente durante as fases de pico de carga de trabalho.10
A taxa de produção de La depende de Ppico, a quantidade
Baixado pela Universidade de Calgary em 17/09/16, Volume 8, Artigo Número 6
de produção de La depende principalmente do produto de
Ppico×tpico, e a concentração de La no sangue resulta do
equilíbrio entre a produção e a eliminação de La.20
Acumulações graves de La no sangue podem ser evocadas por
durações de exercício de vários minutos em cargas de trabalho
entre a potência de saída em LaSS máximo (Pmax LaSS) e Pmáximoa
partir de um teste de esforço incremental,8mas também por fases
de exercício mais curtas de 30 segundos ou mais em intensidade
máxima (por exemplo, teste de Wingate).3Se tais períodos de pico
de carga de trabalho forem aplicados em exercícios intermitentes,
supõe-se que o LaSS não pode ser alcançado. Em contraste, os
intervalos com durações de pico de carga curtas de cerca de 20 ou
30 segundos (ou menos) demonstraram ser realizados em
condições de LaSS, mesmo se Ppicoestá marcadamente acima da
saída de potência no LaSS máximo (mas abaixo do exercício total),
embora tgravandonão é maior que tpico.8–10Nesse caso, o La é
produzido em quantidades tão pequenas que as curtas durações de
recuperação são suficientes para alcançar um equilíbrio entre a
produção e a eliminação do La.10Isso significa que a definição das
fases de pico de carga de trabalho é um fator muito mais crítico,
esteja o sangue La acumulando ou não, do que a duração das fases
de recuperação. Esse achado já foi enfatizado por Saltin et al.10Uma
infinidade de combinações de tpicoe Ppicopode levar a LaSS, mas
deve-se estar ciente de que La e, claro, H+concentrações (no
músculo e no sangue) aumentam com tpicoSe ppicoé definido acima
do LaSS máximo.27,30,31Quanto maior Ppicoé, quanto menor tpicotem
que ser!
A vantagem de um exercício de LaSS é que ele pode ser
sustentado por um tempo total mais longo, resultando em uma
duração de treinamento acumulada mais longa em altas
intensidades do que com exercício não-constante.
Além disso, no entanto, o HIIE que evoca altos níveis de
produção de ácido lático no músculo em trabalho, falhando em
atingir LaSS durante a duração total do exercício, desencadeia
respostas hormonais específicas.32e pode trazer certos
benefícios, principalmente para atletas, como a melhora da
tolerância ao La. A esse respeito, acredita-se que altos níveis de
ácido lático intracelular e altos níveis de La no sangue levam
Metodologia de Exercícios Intermitentes 605
a uma restrição da glicólise durante as sessões de trabalho
subsequentes devido a uma limitação da enzima fosfofrutoquinase,
33,34forçando o organismo a uma maior contribuição do
metabolismo aeróbico para a ressíntese de ATP, apesar de cargas
de trabalho acima de max LaSS. Este mecanismo pode ser uma
razão para melhorias consideráveis no VO2maxapós o treinamento
HIIE com longas durações de pico de carga, como o
frequentemente aplicado 4×Protocolo HIIE de 4 minutos.16,17
No entanto, dadas as respostas fisiológicas agudas
acentuadas durante longos intervalos, surge a questão se
esse regime de intervalo é adequado para indivíduos
doentes, pois os riscos à saúde se mostraram maiores.5
Nosso grupo de trabalho comparou intervalos longos e curtos
pareados por carga média e duração total do exercício em
indivíduos saudáveis e sujeitos em reabilitação cardíaca. Em
ambas as investigações, os dados mostraram valores de La
significativamente maiores durante o EIIE longo do que com o EIIE
curto. Durante o EIIE longo, o aumento do La líquido sangüíneo,
bem como da razão de trocas respiratórias, tornou-se menor a cada
intervalo, sugerindo uma produção considerável de ácido lático
durante a primeira fase de pico de carga de trabalho que levou a
uma inibição da glicólise nos intervalos seguintes (resultados não
publicados). Esses dados corroboram os resultados de Von
Duvillard et al.35obtidos em esquiadores alpinos de elite.
VO2
VO2é um parâmetro metabólico, mas é limitado pelo sistema
cardiopulmonar que transporta O2para o local de consumo de
oxigênio. Uma vez que as respostas induzidas por HIIE de
parâmetros cardiorrespiratórios (por exemplo, FC) são adaptadas a
Psignifica, VO agudo2durante o exercício intermitente também é
baseado em Psignifica. Nesse contexto, Astrand et al.8indicaram que
quanto menor a duração do pico de carga de trabalho, menor é a
oscilação do VO agudo2valores em torno da demanda por Psignifica.
Esses achados foram apoiados por nossos próprios resultados
(Figura 4[a]).36Foi demonstrado que em intervalos curtos de 30
segundos ou 1 minuto apenas 63% VO2maxfoi alcançado.8Em
contraste, Christensen e cols.9descobriram que durante o exercício
intervalado com períodos curtos de alta intensidade de 15
segundos no mínimovVO2maxe com fases de recuperação passiva de
15 segundos, VO2maxos valores foram alcançados no final do
exercício apesar dos baixos níveis sanguíneos de La. Durante HIIE
com longas durações de pico de trabalho de 2 a 3 minutos na
mesma carga de pico, o VO2oscilação aumentada, atingindo o VO
máximo2valores no final dos períodos de pico de carga de trabalho.
Essas descobertas foram apoiadas por Seiler e Sjursen.37
Além de %VO2maxvalores, o tempo gasto próximo ou em
VO2max( t@VO2max) foi relatado como um critério relevante
sobre os efeitos musculares e cardiovasculares periféricos do
exercício intermitente.14Portanto, os autores enfatizaram que
um estímulo HIIE ideal é aquele em que os atletas mantêm
longos períodos de tempo acima de 90% do seu VO2maxe que
longas durações de pico de carga de 2 a 3 minutos permitiram
um t@VO acumulado mais longo2maxdo que HIIE curto. No
entanto, eles se concentraram principalmente na
 606 Tschakert e Hofmann

(uma) (b)

Figura 4— (a) %VO2maxe (b) %HRmáximodurante curto HIIE e CE combinados por Psignificae duração total em estudantes de esporte jovens e saudáveis. Os
valores não mostraram diferenças significativas entre os testes, apesar das cargas de trabalho de pico substancialmente diferentes.36CE: carga de
trabalho alvo = 63% de Pmáximo, duração total = 28 min. Curto HIIE: Psignifica= 63% de Pmáximo, Ppico= Pmáximo, tpico= 20 s, Pgravando= ligeiramente abaixo de PLTP1, t
Baixado pela Universidade de Calgary em 17/09/16, Volume 8, Artigo Número 6

gravando = calculado por meio da equação Psignifica= (Ppico×tpico+ Pgravando×tgravando)/(tpico+ tgravando). Abreviaturas: VO2max, consumo máximo de oxigênio avaliado em
teste de exercício incremental (TEI); RHmáximo, frequência cardíaca máxima avaliada em um IET; HIIE, exercício intermitente de alta intensidade; CE,
exercício contínuo; Psignifica, carga de trabalho média durante o HIIE; Pmáximo, potência máxima avaliada em um IET; Ppico, pico de carga de trabalho no HIIE;
tpico, duração das fases de pico de carga de trabalho; Pgravando, carga de recuperação; tgravando, duração das fases de recuperação.

objetivos de treinamento de atletas de resistência e, em menor
grau, em outros atletas, como jogadores de raquete e esportes de
equipe ou em pacientes. Já há mais de meio século, Astrand et al.8
relataram altos efeitos do treinamento na circulação e na
respiração induzidos por intervalos longos, mas também
apontaram a carga submáxima dos órgãos circulatórios e
respiratórios durante intervalos curtos, o que é de alto interesse
prático e fisiológico na fisiologia do trabalho e na reabilitação. Além
disso, queremos enfatizar que o exercício intermitente de longa
duraçãopicopode habilitar %VO mais alto2maxe t@VO2maxmas, ao
mesmo tempo, longos intervalos também podem levar a altos
valores de La e baixos valores de pH.
Midgley e McNaughton38sugerido usar durações de pico
de carga curtas de 15 a 30 segundos e intensidades de carga
de trabalho entre 90% e 105% vVO2maxpara aumentar t@ VO
2max; no entanto, eles sugerem um Pgravandoentre 50% vVO2maxe
a velocidade La-limiar e um período preliminar de aquecimento
de 5 a 10 minutos realizado 1 a 2 km/h abaixo da velocidade
La-limiar para atingir o VO2maxvalores o mais rápido possível
durante as fases de trabalho subsequentes.
Na última década, mais investigações revelaram que mesmo o
treinamento de intervalo de sprint com um curto tpicode 30
segundos11,15,39ou até menos de 10 segundos18produziu melhorias
significativas no desempenho de resistência e VO2max. A intensidade
do exercício foi relatada como o fator mais importante nas
adaptações ao treinamento.38Evidências sugerem que melhoras da
capacidade oxidativa muscular periférica e consequentemente do
VO2maxe o desempenho aeróbico estão relacionados com a
intensidade do exercício.40Bartlett et ai41e Gibala et al.3apontaram
que a intensidade do exercício é considerada o fator chave da
ativação do coativador-1α do receptor ativado pelo proliferador de
peroxissoma γ (PGC-1α), o regulador mestre da biogênese
mitocondrial no músculo, e da expressão do mRNA de PGC-1α.40
Portanto, surge a questão de saber se as altas
porcentagens de VO2ou as saídas de alta potência de pico
causam efeitos aeróbicos consideráveis após o HIIE.
Nesse sentido, as melhorias no VO2maxrevelados em
estudos de intervalo de sprint foram devidos principalmente a
adaptações do potencial oxidativo muscular, como aumentos
no conteúdo mitocondrial e na atividade enzimática
mitocondrial. Os efeitos sobre a função cardíaca precisariam de
durações de pico de carga de pelo menos 2 ou 3 minutos.14No
entanto, Helgerud et al.16não revelou diferenças significativas
no aumento do VO2maxe volume sistólico (SV) entre HIIE curto
com pelopicode 15 segundos e os 4×HIIE de 4 minutos
combinado para o trabalho total.
A suposição de que intervalos curtos mais provavelmente podem
ser sustentados por um tempo geral mais longo do que EIIE longo é
apoiada por valores de razão de troca respiratória que foram
encontrados mais altos durante EIIE longo do que durante EIIE curto.9
Isso indica uma maior contribuição da oxidação de gordura para o
rendimento de energia durante o HIIE curto do que com o HIIE longo,
mas não foram encontrados dados explícitos sobre esse assunto. No
entanto, Christmass et al.42comparou as taxas de oxidação do substrato
durante 2 regimes HIIE diferentes com uma relação trabalho-repouso de
6:9 ou 24:36 segundos (em que mesmo HIIE compicode 24 s geralmente
não é caracterizado como um intervalo longo). Eles mostraram uma
oxidação significativamente maior de gordura e menor de carboidratos
com níveis concomitantes de La e piruvato, bem como,
surpreendentemente, maior VO2valores durante omais curtaintervalos.
Débito cardíaco
RH.Astrand e outros8enfatizou que em HIIE com t longopico
de 3 minutos, as oscilações dos valores de FC entre as fases
de pico de carga de trabalho (188 batimentos/min)

e os períodos de recuperação (118 batimentos/min) mostraram-se
ótimos, atingindo altos valores de pico. Em contraste, intervalos
curtos combinados com carga média e de pico (tpico= 30 s) levou a
oscilações de FC muito menores (150-137 batimentos/min) e, de
acordo com valores de FC que foram semelhantes à FC de exercício
de carga constante com correspondência de carga média. Isso é
notável, dado que o pico de carga de trabalho foi duas vezes maior
em intervalos curtos do que no exercício contínuo. No entanto, os
valores de pico de oscilação e de FC mínima em torno de FCsignifica
foram pequenos durante o HIIE curto por causa do t curtopico, e RH
significa(semelhante ao VO2médiacomo mencionado antes) segue P
significa. Esses resultados foram apoiados por investigações de nosso
próprio grupo de trabalho, conforme mostrado na Figura 4(b).36
A esse respeito, é importante ressaltar que a FC aguda
durante o exercício intermitente não necessariamente fornece
informações sobre a tensão metabólica muscular periférica. Valores
de FC relativamente baixos podem ser acompanhados por níveis de
lactato extremamente elevados, quase atingindo valores máximos.
Baixado pela Universidade de Calgary em 17/09/16, Volume 8, Artigo Número 6
Portanto, as medidas de lactato em estudos de exercícios
intervalados são altamente relevantes.
SV.A opinião comum geralmente prevalece de que, durante as
fases de recuperação do exercício intermitente, as melhorias
na função cardíaca são alcançadas por meio de um aumento
do volume do ventrículo esquerdo (VE) (uma resistência
periférica diminuída leva a um volume diastólico final [VED] e
VS aumentados).14,43No entanto, as investigações de Pokan et
al.44revelaram que em estudantes de esportes, o VDFVE
diminuiu durante a recuperação do exercício incremental.
Como o VS permaneceu inalterado, houve aumento da fração
de ejeção do VE (porcentagem do VS no VDFVE) imediatamente
após o exercício. Foi apontado pelos autores que esse aumento
da fração de ejeção do VE não foi resultado de uma melhora do
débito cardíaco, mas foi causado por uma redução do
ventrículo esquerdo juntamente com um VS inalterado após o
término do exercício. Esses achados são apoiados por Dawson
et al.45
Intensidade e Duração
das Fases de Recuperação
Embora o tempo e a intensidade das cargas de pico sejam os
principais responsáveis pela extensão das respostas
fisiológicas agudas ao exercício intermitente, a intensidade
aplicada e a duração das fases de recuperação também são
variáveis relevantes. Por um lado, a configuração das fases de
recuperação afeta o VO2valores durante a recuperação,
influenciando o tempo necessário para atingir o VO2max
valores durante as seguintes fases de pico de carga de trabalho.
Por outro lado, P.gravandoe Tgravandoafetam a recuperação metabólica
muscular que é crucial para maximizar a capacidade de trabalho
durante os intervalos subsequentes.14A recuperação metabólica
muscular foi relatada como sendo manipulada por diversas
variáveis.
A diminuição do H sanguíneo+e as concentrações de La durante a
recuperação tornaram-se maiores com a duração da recuperação.46
A intensidade ideal de recuperação para reduzir o La sanguíneo é
discutida de forma controversa, mas deve estar entre
Metodologia de Exercícios Intermitentes 607
repouso (recuperação passiva) e PLTP1uma vez que nesta faixa
de intensidade nenhum “novo” lactato é transferido do
músculo para o sangue. No entanto, Hermansen e Stensvold47
mostraram que a remoção de La no sangue foi mais rápida quando a
intensidade de recuperação foi maior (até 65%VO2max), concluindo que
uma recuperação ativa facilita a oxidação do La nos músculos em
atividade. O desempenho de sprints repetidos, a ressíntese de CrP e a
oxigenação muscular foram relatados como sendo menores ao usar a
recuperação ativa em comparação com a recuperação passiva.14
A ressíntese de CrP,14bem como a restauração do estoque de
oximioglobina no músculo de trabalho,8mostrou-se prejudicado apenas
se tgravandofoi muito curto. Seiler e Hetlelid48descobriram que corredores
moderadamente treinados que foram solicitados a auto-selecionar sua
modalidade de recuperação durante o HIT preferiram um modo de
recuperação de caminhada (baixa intensidade).
Um aspecto adicional é que se a equação acima, Psignifica= (Ppico
×tpico+ Pgravando×tgravando)/(tpico+ tgravando), é aplicado para a prescrição
do HIIE, e se Psignifica, Ppico, e Tpicosão compatíveis, um modo de
recuperação passiva implica uma duração de recuperação muito
mais curta do que um modo de recuperação ativo, de modo que as
respostas fisiológicas agudas (mesmo as respostas
cardiorrespiratórias) podem ser marcadamente mais altas durante
o HIIE com recuperação passiva.
Aplicações práticas
Para prescrever a intensidade HIIE por meio de %Pmáximo, PLTP2
(ou PVT2), e PLTP1(ou PVT1) avaliado em um teste de exercício
incremental preliminar permite uma configuração individual e
muito precisa de cada parâmetro de intervalo único. Isso é de alta
relevância em estudos científicos, bem como no processo de
treinamento de atletas e pacientes. No entanto, a implementação
do treinamento HIIE no campo, principalmente em grupos, pode
ser difícil, pois Ppicoe Pgravandosão pensados para não serem
controlados por HR, mas pela potência de saída (velocidade ou
Watts). Este problema pode ser resolvido se as velocidades das
fases de trabalho e descanso forem definidas por meio de tempo
por distância ou controladas por um marcapasso.
Além disso, este modo de prescrição HIIE baseado na
equação Psignifica= (Ppico×tpico+ Pgravando×tgravando)/(tpico+ tgravando) tem
outro aspecto interessante. Através da manipulação de tgravando,
diferentes cargas de trabalho médias (Psignifica) pode ser obtido.
Dado um curto tpico(que está associado a uma baixa produção
de La), Psignificae a tensão cardiorrespiratória pode ser
substancialmente reduzida por uma extensão de tgravando, e,
portanto, sugerimos que esse tipo de HIIE possa ser aplicado
em treinamento de alto volume no primeiro período
preparatório, apesar das altas cargas de trabalho de pico. Isso
é particularmente importante para atletas de resistência, que
gastam de 70% a 80% de seu volume total de treinamento na
zona 1 (abaixo de 60% VO2maxou 70% RHmáximo).49Em
contrapartida, setrecé encurtado (ou tpicoé alongado), Psignifica(e
esforço cardiorrespiratório) aumenta, e esse tipo de intervalo
pode ser usado diretamente antes do período de competição,
dependendo da estrutura do esporte específico.
Desta forma, a aplicação de altas intensidades entre P
e exercícios completos são de alta relevância não
LTP2
apenas para atletas de resistência50mas também mais para
 608 Tschakert e Hofmann
jogadores de raquete ou esportes de equipe, uma vez que a habilidade de
sprints repetidos é considerada o principal aspecto da competição neste tipo
de esporte.12
Conclusões
Existe uma grande variedade de esquemas HIIE aplicados em
treinamento físico e estudos científicos, e ainda falta um
modelo padronizado e consistente para a prescrição e
classificação do HIIE. A esse respeito, sugerimos que os
modelos de ponto de virada ou limiar são a solução apropriada
para obter estímulos de exercício homogêneos entre os
sujeitos, em contraste com o uso de FC percentualmáximoe VO
2max. Além disso, o modo de prescrição HIIE baseado na
equação Psignifica= (Ppico×tpico+ Pgravando×tgravando)/(tpico
+ tgravando) representa uma abordagem sistemática e
consistente para padronizar a metodologia HIIE. A prescrição
de exercício intermitente afeta substancialmente o nível de
Baixado pela Universidade de Calgary em 17/09/16, Volume 8, Artigo Número 6
respostas fisiológicas agudas e, posteriormente, a obtenção de
adaptações específicas ao treinamento. As reações fisiológicas
induzidas pelo exercício intermitente, como produção e
eliminação de La ou %VO2max, deve ser levado em consideração
para a configuração das variáveis HIIE Ppico, tpico, Pgravando, t
gravando, e Psignificae para a classificação e denominação do
exercício intermitente.
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