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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Centro de Recursos de Nampula

Actividades da 2ª Sessão

Identidade Cultural Guineense em Hélder Proença e Amílcar Cabral

Fernandes Rodrigues Gabriel - 708205824

Nampula, Julho/2022
Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Centro de Recursos de Nampula

Actividades da 2ª Sessão

Identidade Cultural Guineense em Hélder Proença e Amílcar Cabral

Fernandes Rodrigues Gabriel - 708205824

Curso: Licenc. Ens. da Língua Portuguesa


Disciplina: Metodologias de Investigação
Cientifica
Ano de Frequência: 3º, Turma D
Docente: MA. Isidoro Mendes Momade

Nampula, Julho/2022
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Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuação Nota
maxima do
tutor
Capa 0.5
índice 0.5
Aspectos introdução 0.5
estrutura Organizacionai discussão 0.5
s conclusão 0.5
Bibliografia 0.5
Contextualização
(indicação clara do 1.0
problema)
Introdução Descrição dos 1.0
objectivos
Metodologia adequada 2.0
ao objecto do trabalho
conteúdo Articulação e domínio
Do discurso académico
(expressão escrita 2.0
cuidada,
Análise coerência/coesão
Discussão textual)
Revisão bibliográfica
nacional e
internacionais 2.0
relevante na área de
estudo
Exploração dos dados 2.0
Conclusão Contributos teóricos 2.0
práticos
Aspectos Paginação, tipo e
gerais Formatação tamanho de letra, 1.0
parágrafo, espaçamento
entre linhas
Referencias Normas APA Rigor e coerência das
Bibliográficas 6ª edição em citações/referências 4.0
Recomendações de melhoria:

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Introdução

O trabalho em alusão trata de Identidade Cultural Guineense, que nos interessa


directamente nesta pesquisa, é abordado através de diferentes situações: a humilhação
do colonizado, a alienação ou assimilação e a necessidade de afirmação de uma nova
identidade nacional.

Pois, o presente trabalho tem como o foco central, analisar e descrever a identidade
cultural conforme as obras literárias dos autores Guineenses Hélder Proença e Amílcar
Cabral. O trabalho tem entre outros objectivos específicos, compreender a identidade
guineense no pré e pós-moderna; analisar a construção da identidade de cultura de um
jovem país; e avaliar o papel da literatura cultural guineense.

A metodologia usada para a realização deste trabalho, baseei-me na leitura do módulo


da cadeira acima referenciada e também de consultas na internet, onde ajudou muito na
conciliação das ideias aqui explanadas. Estruturalmente o trabalho esta organizado em:
introdução, desenvolvimento, conclusão e bibliografia.
Identidade cultural Guineense em Herder Proença e Amílcar Cabral

O tema da identidade do guineense, que nos interessa directamente nesta pesquisa, é


abordado através de diferentes situações: a humilhação do colonizado, a alienação ou
assimilação e a necessidade de afirmação de uma nova identidade nacional.

De acordo com a Constituição da República da Guiné-Bissau (CRGB, 1996), no seu


artigo 17º, ponto,

É imperativo fundamental do Estado criar e promover


as condições favoráveis à preservação da identidade
cultural, como suporte da consciência e dignidade
nacionais e fator estimulante do desenvolvimento
harmonioso da sociedade. O Estado preserva e defende
o património cultural do povo, cuja valorização deve
servir o progresso e a salvaguarda da dignidade humana
(CRGB, 1996, p.3).

De acordo com Embaló (2004),

note-se porém que a questão de identidade não é apresentada como um factor de


oposição entre o indivíduo e a sociedade na qual este evolui. Ela é analisada como um
conflito pessoal do indivíduo, que consciente do seu defasamento cultural em relação à
sociedade de origem, procura identificar-se com as suas raízes, da qual foi afastado pela
assimilação colonial. Por conseguinte, nesta abordagem não se põe em causa a pertença
do indivíduo à sociedade em questão.

Helder Proença (temas: reconstrução e esperança)

É assim que vamos tecendo as nossas manhãs


de ferro e terra batida
são as cores da nossa vida
onde a juventude se forja
ardente e gloriosa no peito palpitante do futuro…

Hélder Proença trata carinhosamente o seu país, a Guiné-Bissau, como “a minha


Pátria amada” (ADJP: 19) ou simplesmente “Pátria” (NPAAP: 34; 87). E
também Tony Tcheka, no poema Sonho-caravela, de 1977, trata a Guiné-Bissau
como a sua Pátria, mas acrescenta “pátria-tabanca”, ou seja, um país pequeno,
pobre, não industrializado. Ele descreve nesse seu poema o sonho do regresso de uma
nova caravela, “Tudo gente de nação valente” que, desta vez, viria e seria acolhida de
braços abertos porque viria para ajudar “a construir/a minha pátria-tabanca” (NDINTA:
55).

- Compreender a identidade cultural guineense no pré e pós-modernidade

A Guiné-Bissau como Estado ainda está envolta em indefinições, herança indigesta do


colonialismo, buscando ser nação, buscando uma identidade amalgamadora para
cimentar definitivamente as muitas pedras do seu mosaico étnico, fortuitamente ligadas
pela argamassa das fronteiras arbitrárias levantadas pelas potências imperialistas.

Sendo a libertação nacional um acto de cultura, como argumentava Amílcar Cabral, a


literatura, nesse contexto, apresenta uma importância ímpar, pois “a construção da
identidade é indissociável da narrativa e consequentemente da literatura” (Bernd, 2003,
p. 19). Nesse sentido,

Na Guiné-Bissau a literatura que hoje se está fazendo pode contribuir para um processo
de tomada de consciência, por parte da população, da história colectiva, do
especificamente guineense, mas também das belezas e das singularidades da cultura de
cada etnia, respeitando as identidades de cada uma, ressaltando a multiplicidade cultural
e contribuindo para o entendimento entre os grupos e a superação dos antigos conflitos
étnicos (Augel, 2007, p. 183).

depois dessas duas obras importantes acima referidas, houve uma sucessão de
obras antológicas, como Os continuadores da revolução e a recordação do
passado recente, antologia publicada em 1979; Antologia poética da Guiné-
Bissau, de 1991;  O Eco do pranto: a criança na moderna poesia guineense,  de
1992, organizada pelo António Soares Lopes Júnior, conhecido no mundo
literário como Tony Tcheka. Essa coletânea reuniu grandes vozes poéticas da
época até aos dias de hoje, entre eles: Agnello Regalla, Conduto de Pina, Hélder
Proença, Vasco Cabral, Mariana Marques Ribeiro, Jorge Cabral e Pascoal D'
Artagnan Aurigemma. (IÉ, 2019, p. 30).

Segundo Augel (1999, p. 25), devem ser consideradas obras de escritores isolados como
Carlos Semedo ( Poemas, 1963), Francisco Conduto de Pina (Garandessa di nô
tchon (Grandeza de nossa terra), 1978), Vasco Cabral (A luta é a minha primavera,
1981), Hélder Proença (Não posso adiar a palavra, 1982) que engrossam o elenco da
produção literária escrita, da Guiné-Bissau, no pós-independência até 1990.

O uso instrumentalizado da palavra poética empenhada em conscientizar o guineense é,


pois, uma das vertentes do que pode ser considerado um sistema literário em evolução.
Já na década de 1990, oficialmente decretado o fim do regime colonial, apresenta-se um
despontar de grande significado para o campo literário da Guiné, principalmente, por ser
fruto de uma escritora. Nas palavras de Russel Hamilton:

a década de 90 certamente se destacará na história da expressão cultural pós-


colonial como um período de acontecimentos sem precedência no evoluir da
literatura da Guiné-Bissau. Em 1993, Domingas Samy emergiu como a primeira
mulher guineense com uma obra publicada quando saiu o seu A escola. Aliás,
esta colecção de contos também se qualifica como a primeira obra de prosa de
ficção guineense do pós-independência. (Hamilton, 2000, p. 196).

- Análise da construção da identidade cultural de um jovem país

As primeiras publicações poéticas surgem em 1977 com a edição da primeira


antologia Mantenhas para quem luta, editada pelo Conselho Nacional da Cultura. No
ano seguinte, é publicada a Antologia dos novos poetas / primeiros momentos da
construção. Estas duas obras consagram uma poesia que instiga à reconstrução do
jovem país.

Hélder Proença publicou em 1982 Não posso adiar a palavra com duas obras


poéticas.

Em 1990, surgiu uma nova colectânea poética, a Antologia Poética da Guiné-


Bissau editada em Lisboa pela Editorial Inquérito, reunindo obras de quinze poetas, dos
quais a maioria produz ainda uma poesia característica desta época.

Com a conquista da independência política, a Guiné-Bissau assume a tarefa de formar-


se como nação e construir sua identidade. Por acreditar que a literatura apresente
relevante papel para essa realização, esta análise busca, por meio da trilogia de Abdulai
Sila, ponderar como essa complexa construção se vem fundamentando. Os romances A
última tragédia (1995), Eterna paixão (1994) e Mistida (1997), ao tratarem de diferentes
períodos do território em questão, possibilitam uma apreciação abrangente e elucidativa.
Assim, a nação e a identidade guineenses, ainda em processo de construção, já deixam
entrever sua característica híbrida, na qual o tradicional e o moderno se conjugam e se
entrelaçam.

Esse hibridismo, em um país ainda em construção como a Guiné-Bissau, adquire traços


ainda mais volumosos. Pode-se mesmo afirmar, concordando-se com Moema Parente
Augel (2007, p. 266), que
A Guiné-Bissau como Estado ainda está envolta em indefinições,
herança indigesta do colonialismo, buscando ser nação, buscando uma
identidade amalgamadora para cimentar definitivamente as muitas
pedras do seu mosaico étnico, fortuitamente ligadas pela argamassa das
fronteiras arbitrárias levantadas pelas potências imperialistas.

Observa-se, na obra de Sila, que, para a construção nacional e identitária da Guiné-


Bissau, todas essas suas especificidades devem ser levadas em conta. Para tanto, a
desordem e o caos devem ser substituídos pela unidade e pelo trabalho coletivo. Afinal,
“o fundamento principal da unidade é que para ter unidade é preciso ter coisas
diferentes. Se não forem diferentes, não é preciso fazer unidade” (Cabral, 2011a).

Afinal, como dizia o grande líder africano,

Na medida em que somos capazes de pensar no nosso problema


comum, nos problemas do nosso povo, da nossa gente, pondo no devido
nível os nossos problemas pessoais e, se necessário, sacrificando os
interesses pessoais, somos capazes de fazer milagres (Cabral, 2011c).

Na Guiné-Bissau, constituída por mais de trinta diferentes grupos étnicos, é a história


compartilhada que propicia o sentimento de unidade essencial à nação. Segundo Augel
(2007, p. 290), essa convicção de pertencimento ancora-se no momento fundador da
nacionalidade que foi a libertação do jugo colonial. Com o fim do domínio colonial, em
que o colonizado perecia “condenado a perder progressivamente a memória” (MEMMI,
1967, p. 94), a união contra o inimigo comum, propagada e defendida pelo líder
Amílcar Cabral, marca a fundação da nação.

- Avaliar o papel da literatura cultural Guineense

Nos primeiros momentos de consciência nacionalista, os escritores e intelectuais


africanos identificavam-se como “filhos dum continente explorado e duma terra
tentando livrar-se do jugo da dependência colonial” . Em muitos poemas de Vasco
Cabral, esta mensagem de libertação nacional é constantemente repetida e reforçada. A
tomada de consciência nacionalista, ou seja, a busca da sua autenticidade “africana,
étnica e nacional contribuiu, entre os intelectuais consciencializados (a maioria
esmagadora oriunda dos estratos médios das sociedades coloniais), a uma espécie de
crise de identidade” (idem, ibidem). Por outras palavras, contribuiu para uma crise
de identidade étnica, linguística e psicológica. (Hamilton, 1989: 494)
Para alcançarem a autenticidade, como africanos, estes escritores têm vindo, desde o
século XIX, a procurar "formular os signos, imagens e símbolos duma identidade
individual e colectiva” (Hamilton, 1989: 494). Desta forma, o poeta, o contista, o
romancista ou o dramaturgo consciencializado, “à procura da expressão de
identidade étnica e /ou nacional, formula, na sua obra, situações locais e um discurso
característico destinados a transmitir uma mensagem culturalmente reivindicatória”
(idem, ibidem). Encontramos aqui, nas palavras de Hamilton, um “eu reivindicatório
e contrito”. Ou seja, um sujeito poético “desejoso de retornar, simbólica e
psiquicamente, às origens e reivindicar a humanidade e cultura do povo menosprezado,
mas com o qual ele se identifica e tenta integrar-se” (idem, ibidem: 495). É um “eu
intimista” que também pode ter uma “voz colectiva”, quando o próprio exílio do poeta o
coloca “na condição dum representante da colectividade lá na África” (idem, ibidem:
496).

Logo após a independência, na Guiné-Bissau, os jovens mobilizaram-se para


organizarem as primeiras antologias poéticas de uma Guiné independente.

Essa antologia surgiu numa determinada altura em que nós tínhamos criado a Casa da
Cultura, onde se vendiam livros mais de carácter ideológico, do PAIGC, do
sistema de partido único, e onde tínhamos também acesso a toda uma literatura
marxista, mas também a outras temáticas, romances. Nessa altura, os jovens
sentiram a necessidade de fazer alguma coisa. Então, juntaram-se alguns para
fazerem essa recolha, o Tony Tcheka, o José Carlos Shwarz, já falecido e nós não
tivemos como critério a qualidade. Era a necessidade de produzir alguma coisa,
de apresentar alguma coisa, de fazer com que as pessoas tirassem da gaveta aquilo
que tinham. E conseguimos! Foi um passo extremamente importante que abriu as portas
à poesia guineense.
Conclusão

Depois duma exausta leitura e analise minuciosa o autor concluiu que a construção da
identidade nacional, mais do que retomar as problemáticas discutidas ou os
argumentos que fomos apresentando, gostaríamos de olhar para todos os novos
caminhos que, no decurso da nossa viagem pelas obras selecionadas, fomos
identificando, configurando outras tantas possibilidades de percursos que, por
limitações decorrentes do próprio âmbito deste estudo, não podemos trilhar. São campos
de análise que, no futuro, gostaríamos de tratar, ou, noutros casos, de voltar o momento
seguinte caracteriza-se pela consciencialização do escritor, enquanto colonizado e,
como tal, liberta-se da alienação a que estava sujeito. Por último, o quarto
momento nasce com a independência nacional, onde é de todo eliminada a
dependência dos escritores africanos e reconstituída a sua plena individualidade.

Entretanto, a literatura africana não deixou de estar condicionada, durante o período


colonial, para Bernard Mouralis (1984: 18), pela existência de uma elite formada
pelo colonizador, que valorizava a língua europeia e sem um público que pudesse ler
nessa língua.
Referencia bibliografica

Embaló, Filomena. O Crioulo da Guiné-Bissau: Língua Nacional e Factor de Identidade


Nacional. Papia 18, França, 2008, p. 101-107.

Guiné–Bissau. Constituição da República. 1996.

Augel, Moema Parente. O desafio do escombro: nação, identidades e póscolonialismo


na literatura da Guiné-Bissau. Rio de Janeiro: Garamond, 2007.

Bernd, Zilá. Literatura e identidade nacional. 2. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS,
2003.

Mata, Inocência (2007) Literatura africana e a crítica pós-colonial. Reconversões.


Luanda: Nzila

Hamilton, Russell George (1999) “A literatura dos PALOP e a teoria pós-


colonial” Via Atlântica, 3, 12-22.

Cabral, Vasco (2011) “Alguns aspectos da actividade literária e do desenvolvimento


cultural na Guiné-Bissau” Vértice, 52 (2ª série), 123-125

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