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UNIVERSIDADE LICUNGO

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

LICENCIATURA EM PSICOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES

AMADEU CLÁUDIO JEMUCE


ELISA JANOVE IBRAIMO
RUI EUSÉBIO RUI

5º Grupo

PROBLEMAS GERAIS DO DESENVOLVIMENTO

QUELIMANE
2022
2

Amadeu Cláudio Jemuce


Elisa Janove Ibraimo
Rui Eusébio Rui

3º Grupo

Problemas Gerais De Desenvolvimento:

Psicopatologia

Trabalho realizado no
âmbito da cadeira de
Psicopatologia, a ser entregue no
Departamento de Psicologia.
Lecionado pela Dr. Cremildo
Jorge, de carácter avaliativo.

Quelimane
2022
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Sumário

Introdução..................................................................................................................................4

Gerais.........................................................................................................................................4

Específicos.................................................................................................................................4

1. Problemas Gerais de Desenvolvimento..............................................................................5

1.1. O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH)....................................5

1.1.1. TDAH Em Adultos......................................................................................................6

1.1.2. Causas de TDAH.........................................................................................................7

1.2. Transtornos do espectro autista.......................................................................................7

1.2.1. Características de pessoas autistas...............................................................................7

1.2.2. Causas de Os transtornos do espectro autista (TEAs).................................................8

1.3. A deficiência intelectual..................................................................................................9

1.4. Os distúrbios de aprendizagem.......................................................................................9

1.5. A síndrome de Rett........................................................................................................10

2. Bases Morfofuncionais do Desenvolvimento...................................................................10

3. Dinâmica da Organização funcional (Inato e o adquirido)...............................................11

4. Maturação e Ambiente......................................................................................................14

4.1. Maturação - As mudanças físicas..................................................................................14

4.2. Ambiente...........................................................................................................................14

4.3. Problemas de Maturação...............................................................................................15

Conclusão.................................................................................................................................17

Referencias...............................................................................................................................18
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Introdução

Sabemos que o desenvolvimento humano é dotado por diversos marcos ao longo da


vida. Que somos seres atuantes no meio e influenciados pelo mesmo. Mas é fundamental
entender quais as influências que são consideradas determinantes, entender como elas podem
influenciar aspectos tanto positivos quanto negativos. No decorrer desse trabalho
explicaremos quais os principais factores, que são: Hereditariedade, Ambiente (meio) e
Maturação.

A pesquisa sobre o nosso desenvolvimento é focada nos aspectos universais, no que


acontece com todos os seres humanos, então factores sociais não entram nessa categoria,
porque apesar da sociedade influenciar muito nossas características, o factor social varia
muito de cultura para cultura e consequentemente não seria universal. Apenas por
curiosidade, um factor sócio cultural seria a menarca, como marco de entrada da menina na
puberdade o que, para outras sociedades, os critérios seriam outros. Porém, sabemos que o
início da puberdade se dá pelo aumento e produção de certos hormônios e que ocorre antes da
menarca, e essa última é apenas consequência desse novo ciclo no organismo feminino.

Objectivos

Gerais

 Abordar sobre problemas gerais de desenvolvimento

Específicos

 Descrever os problemas;

 Caracterizar os problemas;

 Explicar os problemas.

Metodologia
Na elaboração deste trabalho usamos o método bibliográfico que, de acordo com GIL
(2002:59), é desenvolvida com base em livros e artigos elaborados por outros autores que
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tiveram interesse sobre o mesmo tema. Após uma certa colecta miniciosa das informações,
os textos foram comparados para decisão da ordem e relevância das informações para a
produção da revisão da literatura e de pesquisa.

1. Problemas Gerais de Desenvolvimento

Transtornos globais do desenvolvimento (TGD) são alterações em diversas áreas do


desenvolvimento da criança. O TGD afeta o desenvolvimento neuropsicomotor,
compromete as relações sociais, a comunicação ou as estereotipias motoras (movimentos
intencionais ou repetitivos, sem finalidade). Os transtornos costumam se manifestar,
normalmente, até os cinco anos. Os transtornos globais do desenvolvimento incluem :

 Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade;


 Transtornos do espectro autista;
 Dificuldades de aprendizagem, como dislexia e deficiências em outras áreas
acadêmicas;
 Deficiência intelectual;
 Síndrome de Rett.

1.1. O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH)


O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) consiste em uma
capacidade de concentração ruim e/ou excesso de atividade e impulsividade impróprias para a
idade da criança que interferem no desempenho ou no desenvolvimento.

O TDAH é um distúrbio cerebral presente desde o nascimento ou que se desenvolve


logo após o nascimento.

Algumas crianças com este problema de desenvolvimento têm dificuldades


principalmente com a atenção prolongada, com a concentração e com a capacidade de
concluir tarefas; algumas crianças são hiperativas e impulsivas e algumas têm ambos os
problemas. O transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é um distúrbio do
neurodesenvolvimento. Embora crianças com TDAH geralmente se comportem de maneira
hiperativa e impulsiva, o TDAH não é um distúrbio de comportamento.

Muitas características do TDAH são notadas antes dos quatro e invariavelmente antes
dos 12 anos de idade, mas podem não interferir significativamente no desempenho acadêmico
e social até os anos escolares intermediários.
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O TDAH era chamado anteriormente apenas transtorno do déficit de atenção (TDA).


No entanto, a ocorrência comum de hiperatividade nas crianças afetadas, que é na verdade
uma extensão física do déficit de atenção e impulsividade, levou a uma alteração da
terminologia atual.

Existem três tipos de TDAH

 Desatento;
 Hiperativo/impulsivo;
 Combinado.

Os sintomas do TDAH vão de leves a graves e podem se tornar exagerados ou se


tornar um problema em certos ambientes, como em casa ou na escola. As restrições da escola
e estilos de vida organizados tornam o TDAH um problema, enquanto que em gerações
anteriores os sintomas podem não ter interferido significativamente no desempenho das
crianças porque as pessoas tinham expectativas diferentes sobre o comportamento infantil
normal. Embora alguns dos sintomas do TDAH possam também ocorrer em crianças sem
esse transtorno, eles são mais frequentes e graves nas crianças com o déficit.

1.1.1. TDAH Em Adultos


Embora o TDAH seja considerado um transtorno que afeta crianças e sempre tem
início na infância, algumas vezes ele pode não ser reconhecido até a adolescência ou idade
adulta. As diferenças neurológicas continuam na idade adulta e cerca de metade das pessoas
continuam a ter sintomas comportamentais na idade adulta.

Os sintomas em adultos incluem:

 Dificuldade de concentração;
 Dificuldade para completar tarefas (habilidades executivas ruins);
 Inquietação;
 Oscilações do humor;
 Impaciência;
 Dificuldade em manter relacionamentos.

Pode ser ainda mais difícil diagnosticar o TDAH na idade adulta. Os sintomas podem
ser semelhantes àqueles dos transtornos mentais, incluindo os transtornos do humor e os
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transtornos da ansiedade. Adultos que praticam o abuso de álcool e de drogas recreativas


podem ter sintomas semelhantes. Para poder diagnosticar o TDAH, o médico pede ao adulto
para responder questionários, mas ele pode também examinar o histórico escolar para
confirmar a existência de um padrão de desatenção ou impulsividade.

1.1.2. Causas de TDAH


O TDAH não tem uma causa única específica, mas fatores genéticos (hereditários)
estão com frequência presentes. Pesquisas indicam ser provável que o TDAH envolva
anomalias dos neurotransmissores (substâncias que transmitem impulsos nervosos no
cérebro). Alguns fatores de risco incluem baixo peso ao nascimento (abaixo de 1.500 g),
traumatismo craniano, infecção cerebral, deficiência de ferro, apneia obstrutiva do sono e
exposição a chumbo, assim como exposição a álcool, tabaco ou cocaína antes do
nascimento.

1.2. Transtornos do espectro autista


São quadros clínicos nos quais as pessoas têm dificuldade em desenvolver
relacionamentos sociais normais, usam linguagem de maneira anormal ou não a usam em
absoluto e apresentam comportamentos restritos ou repetitivos.

1.2.1. Características de pessoas autistas


 As pessoas afetadas têm dificuldades para se comunicar e se relacionar com terceiros;
 As pessoas com transtornos do espectro autista também têm padrões de
comportamento, interesses e/ou atividades restritas e com frequência seguem rotinas
rígidas;
 O diagnóstico é feito com base na observação, relatos dos pais e outros cuidadores, e
testes de triagem padronizados específicos para o autismo;
 A maioria das pessoas responde melhor a intervenções comportamentais altamente
estruturadas.

Os transtornos do espectro autista (TEAs) são considerados um espectro de


transtornos, porque as manifestações variam amplamente em tipo e gravidade.
Anteriormente, os TEAs eram classificados como autismo clássico, síndrome de Asperger,
síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância e transtorno generalizado do
desenvolvimento não especificado. Contudo, os médicos atualmente não usam essa
terminologia e consideram todos esses como TEAs (exceto para a síndrome de Rett, que é um
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distúrbio genético distinto). Os TEAs são diferentes da deficiência intelectual, ainda que
muitas crianças com TEAs tenham ambas as coisas. O sistema de classificação enfatiza que,
dentro desse amplo espectro, diferentes características podem ocorrer de maneira mais ou
menos intensa em um dado indivíduo.

Esses transtornos ocorrem em cerca de uma em cada 59 pessoas e são quatro vezes
mais frequentes em meninos do que em meninas. O número estimado de pessoas
identificadas como sendo portadoras de um transtorno do espectro autista aumentou porque
médicos e cuidadores aprenderam mais sobre os sintomas do transtorno.

1.2.2. Causas de Os transtornos do espectro autista (TEAs)


As causas específicas dos transtornos do espectro autista não são completamente
compreendidas, embora elas frequentemente estejam relacionadas a fatores genéticos. No
caso de pais com um filho com um TEA, o risco de ter outro filho com um TEA é 50 a 100
vezes maior. Diversas anomalias genéticas, como a síndrome do X frágil e o complexo da
esclerose tuberosa e a síndrome de Down, podem estar associados a um TEA. Infecções pré-
natais, como infecções virais como a rubéola ou o citomegalovírus, também podem ter
alguma participação. No entanto, está claro que os TEAs não são causados por má educação,
condições adversas da infância ou por vacinação.

Algumas crianças com TEA apresentam diferenças em como o seu cérebro é formado
e como funciona.

A dislexia é um distúrbio específico da leitura que envolve dificuldade na separação


de palavras de grupos de palavras assim como de partes de palavras (fonemas) dentro de cada
palavra.

 As crianças afetadas podem demorar para começar a falar, ter problemas de


articulação ou dificuldade para combinar sons ou identificar sons em palavras;

 Testes acadêmicos e de inteligência são aplicados;

 O tratamento envolve instrução direta no reconhecimento de palavras.

A dislexia é um tipo específico de distúrbio de aprendizagem. Não existem


estimativas do número de crianças afetadas pela dislexia, mas cerca de 15% das crianças em
idade escolar recebem adaptações ou instruções especiais para dificuldades de leitura. Ela é
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identificada mais em meninos do que em meninas. Contudo, ela pode simplesmente


permanecer não reconhecida mais frequentemente nas meninas. A dislexia tende a ser um
problema de família.

Ela ocorre quando o cérebro tem dificuldade em fazer a conexão entre sons e símbolos
(letras). Essa dificuldade é provocada por problemas pouco compreendidos com certas
ligações no cérebro. Os problemas estão presentes desde o nascimento e podem provocar
erros de ortografia e de escrita e redução na velocidade e na precisão de leitura em voz alta.
Ainda que as confusões de letras, que com frequência ocorrem em crianças com dislexia,
possam sugerir problemas visuais, na maioria dos casos, os problemas se relacionam a como
os sons são percebidos pelo cérebro, ou seja, como eles são entendidos e interpretados pelo
cérebro. As pessoas com dislexia não têm problemas para compreender a linguagem falada.

1.3. A deficiência intelectual

A deficiência intelectual é um funcionamento intelectual significativamente abaixo da


média desde o nascimento ou período inicial da vida do bebê, causando limitações na
capacidade de realizar atividades normais da vida diária.

 A deficiência intelectual pode ser genética ou resultado de um distúrbio que interfere


no desenvolvimento do cérebro;

 A maioria das crianças com deficiência intelectual não desenvolve sintomas


observáveis até estarem na pré-escola;

 O diagnóstico se baseia nos resultados de testagem formal;

 A realização de cuidados pré-natais adequados reduz o risco de se ter um filho com


deficiência intelectual.

Apoio de muitos especialistas, terapia e educação especial ajudam as crianças a


alcançar o nível de desempenho mais elevado possível.
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1.4. Os distúrbios de aprendizagem

Os distúrbios de aprendizagem envolvem uma incapacidade de adquirir, reter ou usar


habilidades ou informações gerais, o que resulta de dificuldades com a atenção, com a
memória ou com o raciocínio e afeta o desempenho acadêmico.

 As crianças afetadas podem ser lentas para aprender os nomes das cores ou das letras,
para contar ou para aprender a ler e escrever;

 As crianças fazem uma série de testes acadêmicos e de inteligência administrados por


especialistas em aprendizagem e médicos podem aplicar critérios estabelecidos para
fazer o diagnóstico;

 O tratamento envolve um plano de aprendizagem feito sob medida para as habilidades


da criança.

Os distúrbios de aprendizagem afetam somente certas funções, enquanto que nas


crianças com deficiência intelectual as dificuldades afetam de maneira ampla as funções
cognitivas.

1.5. A síndrome de Rett

A síndrome de Rett é um distúrbio raro do neurodesenvolvimento causado por um


problema genético que ocorre quase exclusivamente em meninas e afeta o desenvolvimento
após um período inicial de desenvolvimento normal de seis meses.

A síndrome de Rett é causada pela mutação de um gene ou genes necessários para o


desenvolvimento do cérebro. Ela prejudica as interações sociais, causa perda das capacidades
linguísticas e movimentos repetitivos das mãos. As meninas com a síndrome de Rett são
geralmente bebês a termo que passaram por uma gestação e parto sem intercorrências.
Embora muitos sintomas se pareçam com os sintomas de um transtorno do espectro autista,
incluindo dificuldade nas habilidades sociais e de comunicação, a síndrome de Rett é um
distúrbio separado.
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2. Bases Morfofuncionais do Desenvolvimento

Segundo autores citados (ARCE, MARTINS 2012), estudos de imagem funcional do


cérebro revelaram que a estimulação precoce aumenta a função encefálica, ao passo que a
ausência de estimulação precoce leva a perda de função encefálica. Pesquisas sobre
desenvolvimento mostraram que existem janelas desenvolvimentais de oportunidade para
diferentes funções encefálicas.

Consequentemente as janelas de oportunidade são de 0 a 2 anos para o


desenvolvimento emocional, 0 a 4 anos, para matemática e lógica, 0 a 10 anos, para
linguagem e de 3 a 10 anos para música. E finalmente, elas apontam o fato de que o
desenvolvimento encefálico não é linear, mas sim episódico, com janelas de oportunidades a
serem utilizadas. E ainda sob este mesmo enfoque Luria (1980), citado por Freitas (2006),
afirma que os processos mentais, que incluem sensações, percepção, linguagem, pensamento
e memória não podem ser considerados simples faculdades localizadas em territórios
corticais restritos do cérebro, mas sistemas funcionais complexos, que fazem do ser humano
único em sua construção morfo funcional e comportamental.

Quanto ao paralelo do sistema nervoso e a aprendizagem, Metring (2011) enfatiza


que, não há possibilidades de ensinar sem o conhecimento de como funciona o cérebro, como
ele recebe e processa os conteúdos. Citando Sampaio (SAMPAIO, apud, 2010, p.33), ele diz
que cada criança é um ser diferente e único, e cada aluno tem sua forma diferente de aprender
e não aprender. Frente á mesma forma de ensinar 21 alguns aprendem e outros não. Para
Metring, o problema é exatamente este, a mesma forma de ensinar para todos os alunos,
como se todos fossem iguais. Os docentes precisam de formação adequadas para ensinar a
cérebros. Cada um dentro do seu jeito e nível de desenvolvimento.

3. Dinâmica da Organização funcional (Inato e o adquirido)

A tendência atual, com contribuições importantes das neurociências, defende que a


circuitaria cerebral emerge e é modelada pela combinação de influências ambientais e
genéticas. O debate antigo entre herdado e adquirido, como dicotômicos e até antagônicos,
tem sido substituído pela investigação de como ambos interagem e contribuem para a
construção da rede cerebral (Oliva et al. 2009). Achados das neurociências apontam para a
existência de janelas desenvolvimentais durante as quais a microcircuitaria geneticamente
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determinada de estruturas ligadas à emocionalidade no SNC está suscetível às influências do


ambiente precoce. Essas influências modelam de forma poderosa a responsividade individual
a fatores entressorres psicossociais e também a resiliência ou vulnerabilidade a várias formas
de psicopatologia na vida adulta (Mayes et al. 2005).

Desenhos experimentais que envolvam aspectos genéticos podem ser úteis para testar
o quanto fatores hereditários contribuem para a associação entre fatores de risco do meio
ambiente e fenótipos saudáveis (Dias et al. 2009; Rice et al. 2010). Um dos pontos a serem
explorados é o conceito de epigenética (transmissão epigenética) (Gartside et al. 2003;
Holmes et al. 2005; Dias 2009; Neigh et al. 2009 Bale et al. 2010), uma forma de transmissão
intergeracional de caracteres adquiridos, de forma diferente da genética mendeliana
tradicional (Francis et al. 1999). Daí, o estudo destas interações no nível do SNC é uma
importante área para estudos futuros.

A disposição genética pareada com estresse precoce em fases críticas do


desenvolvimento pode resultar num fenótipo neurobiologicamente vulnerável aoestresse e
assim aumentar o risco de desenvolver depressão ou ansiedade diante de uma futura
exposição ao estresse (Heim e Nemeroff 1999, 2001). Este modelo fisiopatológico
proporciona uma nova forma de pensar a prevenção e o tratamento de psicopatologias, de
modo especial aquelas associadas à existência de estresse precoce.

A fim de avaliar o efeito das manipulações realizadas nesta pesquisa experimental, os


procedimentos podem ser replicados em sujeitos com conhecida carga genética para
ansiedade, como é o caso dos ratos Cariocas (CAC – Cariocas de Alto Congelamento),
linhagem desenvolvida pelo grupo de pesquisa do Prof. J. Landeira-Fernandez na PUC-Rio
(Gomes e Landeira-Fernandez, 2008), no intuito de verificar se os mesmos resultados seriam
encontrados nestes ratos. O debate Genética X Ambiente

A contribuição relativa dos fatores Genética e Ambiente para o desenvolvimento de


desordens psiquiátricas tem sido há muito debatido (Heim e Nemeroff 1999, 2001; Oliva et
al. 2009). Dentro desta discussão, surge a indagação sobre a mediação dessas influências
ambientais pelo fator genético (Gross e Hen 2004). Alguns estudos apontam que o estresse
precoce será determinante para o desenvolvimento de doenças mentais se houver uma maior
vulnerabilidade genética (Mello et al. 2007; Bradley et al. 2010; Lupien et al. 2009; Neigh et
al. 2009; Ressler et al. 2009; Coplan et al. 2010; Gatt et al. 2010ab)
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As disposições genéticas são compreendidas como fatores de risco (Heim et al. 2008;
Bradley et al. 2010) que, juntamente com o estresse ambiental, aumentam a vulnerabilidade
para o desenvolvimento de doenças mentais; ao mesmo tempo, no entanto, podem servir
como fator de proteção (Neigh et al. 2007; Gatt et al. 2010b). Trabalhos recentes visam
compreender melhor a interação entre aspectos genéticos e ambientais para a expressão de
fenótipos psiquiátricos, como ansiosos e depressivos. Muito se tem evoluído neste campo,
com o conhecimento atual sobre a necessária existência de determinados genes ou
polimorfismos (Mello et al. 2007; Ressler et al. 2009; Bradley et al. 2010; Coplan et al. 2010)
para o desenvolvimento de determinadas doenças, incluindo as psicológicas. Cross-fostering
Um dos modelos mais importantes e reconhecidamente válidos para este estudo é o
procedimento de cross-fostering (adoção cruzada), realizado entre indivíduos de diferentes
endogenótipos. É possível aplicar este procedimento na modelagem experimental, usando
animais de diferentes linhagens: filhotes de uma linhagem são criados por mães pertencentes
à outra linhagem (Landgraf e Wigger 2002; Uchida et al. 2010). Neste modelo, é possível
isolar determinados fatores (como herança genética e ambiente de criação, por exemplo) e
estudar a interação entre eles (Bartolomucci et al. 2004; Holmes et al. 2005; Dias 2009). Este
modelo de estudo tem apontado interessantes interações entre genética e ambiente, e tem sido
largamente aplicado para o estudo da emocionalidade (Francis et al. 1999; Landgraf e Wigger
2002; Dias 2009; Rice et al. 2010; Uchida et al. 2010): num dos estudos realizados com ratos
High/Low Anxiety Behavior (HAB/LAB) (Landgraf e Wigger 2002), o paradigma de
crossfostering revelou que as diferenças comportamentais referentes a emocionalidade dos
dois grupos é devida a fatores genéticos.

Estes resultados foram compreendidos como um indício de que a ansiedade é um


traço (e não um estado), onde faz sentido uma maior herdabilidade. Entretanto, estes autores
frisam que os aspectos não-genéticos têm importância crucial para a clínica dos transtornos
ansiosos; num outro estudo, os resultados encontrados apontaram tanto para a influência de
fatores genéticos quanto para o ambiente (fatores maternos) na emocionalidade (Uchida et al.
2010), em especial na vulnerabilidade ao estresse; outro estudo apontou que o paradigma de
cross-fostering para o estudo de comportamentos ansiosos demonstrou que o fator mais
importante para este comportamento foi o ambiente de criação, especialmente para os ratos
machos (Curley et al. 2010); de modo similar, Holmes et al. (2005) encontraram uma
importante influência do ambiente social durante o período crítico do neurodesenvolvimento,
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e apontaram de que maneira os fatores genéticos determinam como as experiências iniciais


podem moldar o SNC e o comportamento ao longo da vida.

Como pôde ser visto, um dos mais frequentes usos do procedimento de cross-fostering
é o que visa determinar a contribuição relativa da genética e fatores ambientais iniciais na
modelagem dos traços fenotípicos característicos (Bartolomucci et al. 2004)

. A pergunta-chave que este procedimento procura responder é se variações no


comportamento materno e/ou outros elementos do ambiente inicial de desenvolvimento
podem alterar o desenvolvimento das diferenças individuais comportamentais e fisiológicas
na vida adulta (Bartolomucci et al. 2004; Holmes et al. 2005). Uma extensão natural deste
trabalho de Mestrado será a execução do procedimento de cross-fostering com os ratos
Carioca CAC (Gomes e Landeira-Fernandez, 2008; Dias, 2009; Dias et al. 2009). Esta
continuidade se dará ainda na busca por um melhor entendimento de como fatores ambientais
podem ser determinantes para o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos.

4. Maturação e Ambiente

4.1. Maturação - As mudanças físicas

Podemos considerar maturação como a ocorrência de sucessivas modificações


biológicas, que têm como consequência o desenvolvimento da capacidade funcional dos
tecidos, órgãos, dos sistemas fisiológicos e do indivíduo no seu todo, e que acontecem no
respeito estrito das diferenças morfológicas sexuais (Vieira & Fragoso, 2006). Para Malina e
Bouchard (1991) maturação é o processo de se tornar maduro, que varia conforme o sistema
biológico em análise. “Dois indivíduos morfologicamente semelhantes podem ter idades
cronológicas diferentes ou, dito de outra forma, dois indivíduos com a mesma idade podem
estar em fases de crescimento diferentes” (Vieira & Fragoso, 2006). O processo maturacional
que determina a direcção do desenvolvimento e a sequência dos estádios evolutivos ocorre de
forma semelhante nos indivíduos da mesma espécie.

Segundo Sinclair e Dangerfield (1998), os indivíduos que em termos físicos têm uma
maturação avançada obtêm melhores resultados em testes de inteligência, em comparação
com outros indivíduos da mesma idade mas que ainda não atingiram um estádio de
desenvolvimento tão avançado. Por outro lado, parece evidente que os indivíduos mais
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desenvolvidos fisicamente, ou seja, mais maturos têm mais sucesso em algumas tarefas
motoras em comparação com os menos maduros (Payne & Isaacs, 1995).

4.2. Ambiente

O ambiente, ou meio, é o mundo externo com que temos contato, é o meio que se
desenrola o aprendizado relacionado à experiência. É importante lembrar que somos
influenciados pelo ambiente desde a vida uterina e, após o nascimento, continuamos
vivenciando um turbilhão de experiências e é por isso que o ambiente, assim como a nossa
genética (hereditariedade), é fator fundamental no nosso desenvolvimento humano pois é
através dessa interação com o mundo fora do eu que podemos desenvolver nossa
cognoscência e melhorar nossas habilidades.

4.3. Problemas de Maturação

A maturação do sistema nervoso central depende de diretrizes genéticas, da


complexidade e do grau da estimulação ambiental e de alimentação adequada, sendo a
desnutrição um dos principais factores não genéticos que afetam o desenvolvimento cerebral.
A maturação cerebral envolve uma série de estágios sobrepostos temporalmente e que
seguem uma sequência precisa, que difere de região para região cerebral e mesmo dentro de
uma região em particular, variando temporalmente de uma espécie animal para outra.

O conceito relativo ao impacto do agravo precoce ao cérebro está baseado na


concepção de que há períodos do desenvolvimento durante os quais o organismo é
particularmente vulnerável. Este denominado período crítico representa uma única janela de
desenvolvimento, que não pode ser revertida ou repetida em um período posterior. Enquanto
cada sub-região segue uma cuidadosa e intrincada programação seqüencial de
desenvolvimento, deve sincronizar-se temporalmente com outras regiões interligadas, de tal
forma que o produto final resulte intacto e apto na estrutura madura. Uma das maiores
incumbências no cérebro em desenvolvimento é estabelecer padrões corretos de conexões em
um determinado período de tempo. Distorções na maturação coordenada de diferentes
componentes cerebrais poderão romper o crescimento ordenado e a elaboração do circuito
neural, segundo Kawaguchi & Hama, citados por Morgane. Atraso em apenas poucos eventos
neurológicos isolados, resultantes da desnutrição, podem ser causa de reação em cadeia,
amplificando erros funcionais. Interferências temporais na progressão dos processos
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morfológicos, fisiológicos e bioquímicos de desenvolvimento do SNC, podem levar a déficit


funcional permanente.

Há hipóteses de que a esquizofrenia seja uma enfermidade no desenvolvimento neural


que ocorre, em parte, como decorrência de eventos primários no útero e cujas manifestações
ocorrem mais tardiamente na vida. Estudos epidemiológicos do Inverno de Fome Holandês
mostram que fetos expostos à condição de desnutrição peak famine durante o primeiro
trimestre de vida Intrauterina, apresentam risco de desenvolver esquizofrenia. Possivelmente
nesta população previamente e subsequentemente bem nutrida, não apenas a exposição à
fome, mas as transições de privação nutricional durante a gestação para adequada nutrição
posteriormente tenham aumentado os conflitos metabólicos.

Replicando os dados do estudo holandês para outro grupo racial, cuja situação de
déficit nutricional prévio e posterior à epidemia diferia significativamente da população
holandesa, a epidemia de fome chinesa, de 1959-1961, foi estudada 40 anos após, mostrando
também um maior risco de esquizofrenia nesta população.
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Conclusão

Na elaboração do quando abordamos assunto como a maturação vimos que: A maturação do


sistema nervoso central depende de diretrizes genéticas, da complexidade e do grau da
estimulação ambiental e de alimentação adequada, sendo a desnutrição um dos principais
factores não genéticos que afetam o desenvolvimento cerebral. A maturação cerebral envolve
uma série de estágios sobrepostos temporalmente e que seguem uma sequência precisa, que
difere de região para região cerebral e mesmo dentro de uma região em particular, variando
temporalmente de uma espécie animal para outra.

Também abordamos sobre assunto como influências inatas e adquirida e falamos


Assunto de tendência atual, com contribuições importantes das neurociências, defende que a
circuitaria cerebral emerge e é modelada pela combinação de influências ambientais e
genéticas. O debate antigo entre herdado e adquirido, como dicotômicos e até antagônicos,
tem sido substituído pela investigação de como ambos interagem e contribuem para a
construção da rede cerebral (Oliva et al. 2009).
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Referencias

MIRANDA, Mônica Carolina (2012). Neuropsicologia do Desenvolvimento: Transtornos do


Neurodesenvolvimento Editora Rubio.

MACHADO-VIEIRA R, BRESSAN RA, FREY B, SOARES JC. As bases neurobiológicas


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