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Manual de Curso de Licenciatura em Ensino de História

HO166-HISTÓRIA
ECONÓMICA I
Introdução à História Económica

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino à Distância
CED
Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância
(CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no
seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico,
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de
Moçambique-Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passivel a
processos judiciais.

Elaborado Pelos drs. Luís Manuel Chazoita e Romeu Pinheiro,

Licenciados em ensino de História pela UP- Beira,

Colaboradores do Curso de Licenciatura em ensino de História no Centro de Ensino à


Distância (CED) da Universidade Católica de Moçambique – UCM.

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino à Distância-CED
Rua Correira de Brito No 613-Ponta-Gêa·
Moçambique-Beira
Telefone: 23 32 64 05
Cel: 82 50 18 44 0

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Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique-Centro de Ensino à Distância e o autor do presente manual,
dr. Luís Manuel Chazoita e Romeu Pinheiro, gostariam de agradecer a colaboração dos seguintes
indivíduos e instituições na elaborção deste manual:

Pela Revisão Final dr.Edgar Quinicie

Pela Coordenação e Edição dra. Georgina Nicolau


HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica i

Índice
Visão geral 1
Benvindo a HISTÓRIA ECONÓMICA I. Introdução à História Económica. ................. 1
Objectivos da cadeira .................................................................................................... 2
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 2
Como está estruturado este módulo................................................................................ 3
Ícones de actividade ...................................................................................................... 3
Acerca dos ícones ........................................................................................ 4
Habilidades de estudo .................................................................................................... 4
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 4
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 4
Avaliação ...................................................................................................................... 5

Unidade I 7
Introdução à História Económica ................................................................................... 7
Introdução ............................................................................................................ 7
1.1. Definição da História Económica ................................................................... 7
1.2. Objecto de estudo de História Económica ...................................................... 8
1.3. Métodos utilizados na História Económica .................................................... 8
1.4. Conceitos chaves da História Económica ....................................................... 9
Sumário ......................................................................................................................... 9
Exercícios...................................................................................................................... 9

Unidade II 10
Introdução à História Económica ................................................................................. 10
2.1. A Interdisciplinaridade ......................................................................................... 10
Introdução .......................................................................................................... 10
2.1.1. Relação entre História Económica e Economia ......................................... 10
2.2. História Económica e fases históricas .......................................................... 11
2.3. Problemática de periodização da Antiguidade .............................................. 12
Sumário ....................................................................................................................... 13
Exercícios.................................................................................................................... 13

Unidade III 14
Introdução à História Económica ................................................................................. 14
Introdução .......................................................................................................... 14
3.1 Definicao de Economia, ......................................................................................... 14
Microeconomia ........................................................................................................... 15
Mercado ............................................................................................................. 15
Produção, custo e eficiência................................................................................ 16
Oferta e demanda ............................................................................................... 17
Externalidades .................................................................................................... 18
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica ii

Macroeconomia ........................................................................................................... 19
3.2. Surgimento da ciência económica, ........................................................................ 20
Pensamento econômico antigo ............................................................................ 20
3.3. Teoricos da ciência económica.............................................................................. 22
Economia clássica .............................................................................................. 22
Economia marxiana ............................................................................................ 24
Economia neoclássica ......................................................................................... 25
Economia keynesiana ......................................................................................... 26
3.4. Evolucao do pesamento economico ...................................................................... 27
Sumário ....................................................................................................................... 28
Exercícios.................................................................................................................... 29

Unidade IV 31
A Economia das Comunidades ditas Rudimentares: - Recolectores e Caçadores .......... 31
Introdução .......................................................................................................... 31
4.1. Características dos Homens na Fase Primitiva ............................................. 31
4.2. As Relações Económicas entre os Homens na Fase Primitiva ...................... 32
Sumário ....................................................................................................................... 33
Exercícios.................................................................................................................... 33

Unidade V 34
A O Advento, a Prática e o Desenvolvimento da Agricultura e da Pastorícia................ 34
Introdução .......................................................................................................... 34
5.1. A origem da Agricultura: a Agricultura como um dom divino ...................... 35
5.2. As teorias da origem da agricultura .............................................................. 36
5.3. Gordon Childe e a teoria de explicação adaptativa ....................................... 37
5.4. Teoria Etnocentrista da origem da Agricultura ............................................. 38
Sumário ....................................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 40

Unidade VI 42
O papel dos rios Nilo, Tigre e Eufrates no desenvolvimento da agricultura até a divisão
do trabalho .................................................................................................................. 42
Introdução .......................................................................................................... 42
6.1. O Próximo Oriente a sua importância .......................................................... 42
6.1.1. Situação geográfica do Próximo Oriente. .................................................. 43
6.2. O Egipto: o vale do Nilo e a agricultura ....................................................... 45
6.3. A Caldeia e a Assíria ................................................................................... 47
6.4. A Fenícia ..................................................................................................... 48
Sumário ....................................................................................................................... 49
Exercícios.................................................................................................................... 49

Unidade VII 50
A Economia esclavagista em Atenas e suas Consequências ......................................... 50
Introdução .......................................................................................................... 50
7.1. A Grécia: a terra e o mar .............................................................................. 50
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica iii

7.1.1. A escravatura na Grécia ............................................................................ 51


7.1.2. A cidade de Atenas e a democracia. .......................................................... 51
Sumário ....................................................................................................................... 52
Exercícios.................................................................................................................... 53

Unidade VIII 54
A Económia do Império Romano e o seu Impacto no Processo de sua Desagregação ... 54
Introdução .......................................................................................................... 54
8.1. A Economia do Império Romano ................................................................. 54
8.2. O impacto da Economia do Império Romano ............................................... 55
Sumário ....................................................................................................................... 57
Exercícios.................................................................................................................... 57

Unidade IX 58
Características Gerais das Economias da Idade Média Europeia e Asiática .................. 58
Introdução .......................................................................................................... 58
9.1. Epistemológia de Idade Média ..................................................................... 59
9.2. Periodização de Idade Média ....................................................................... 59
9.3. As Fases da Idade Média ............................................................................. 60
9.4. A Economia predominante na Idade Média.................................................. 60
Sumário ....................................................................................................................... 65
Exercícios.................................................................................................................... 66

Unidade X 67
Características Económicas do Feudalismo no Reino Franco ....................................... 67
Introdução .......................................................................................................... 67
10.1. Localização geográfica e figuras políticas do Reino Franco ....................... 67
10.2. Transição do Reino Franco para Império Carolíngio .................................. 69
10.3. Reformas económicas adoptadas por Carlos Magno ................................... 69
Sumário ....................................................................................................................... 71
Exercícios.................................................................................................................... 71

Unidade XI 72
O Império Romano do Oriente e o Desenvolvimento das Relações Esclavagistas ........ 72
Introdução .......................................................................................................... 72
11.1. O Império Romano do Oriente/Império Bizantino ............................................... 72
11.2. Decadência económica do império Romano ........................................................ 74
Sumário ....................................................................................................................... 74
Exercícios.................................................................................................................... 74

Unidade XII 76
O Carácter Económico da Expansão Islâmica e o Bloqueio Medterrâneo Ocidental ..... 76
Introdução .......................................................................................................... 76
12.1. Localização geografica da Arábia .............................................................. 76
12.2. Características Económicas........................................................................ 77
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica iv

Sumário ....................................................................................................................... 79
Exercícios.................................................................................................................... 80

Unidade XIII 81
A Formação do Sistema Capitalista Mundial: séc. XVI-XVIII ..................................... 81
Introdução .......................................................................................................... 81
13.1. Antecedentes do Processo da Formação do Capitalista ............................... 81
13.2. O Processo da Formação do Sistema Capitalista ........................................ 82
13.3. Aspectos Económicos do Sistema Capitalista ............................................. 82
13.3.1. Fases do Capitalismo .............................................................................. 83
Sumário ....................................................................................................................... 84
Exercícios.................................................................................................................... 84

Unidade XIV 86
O Mercantilismo e o seu Papel na Pilhagem das Colónias e a Acumulação de Capitais
da Europa .................................................................................................................... 86
Introdução .......................................................................................................... 86
14.1. O Mercantilismo ........................................................................................ 86
14.2. O mercantilismo no século XVI ................................................................. 88
14.3. O mercantilismo dos séculos XVII e XVIII ................................................ 89
Sumário ....................................................................................................................... 90
Exercícios.................................................................................................................... 91

Unidade XV 93
As Consequências da Primeira Expansão Marítima Europeia ....................................... 93
Introdução .......................................................................................................... 93
15.1. Consequências da Primeira Expansão Europeia ......................................... 93
15.2. O nascimento da economia-mundo .................................................................... 94
Sumário ....................................................................................................................... 95
Exercícios.................................................................................................................... 96

Unidade XVI 97
O A Revolução Burguesa na Inglaterra ........................................................................ 97
Introdução .......................................................................................................... 97
16.1. A Revolução Burguesa na Inglaterra .......................................................... 97
16.1.1 Consequências da revolução burguesa na Inglaterra ................................. 99
16.1.2. Significado histórico da Revolução Burguesa Inglesa ........................... 100
Sumário ..................................................................................................................... 100
Exercícios.................................................................................................................. 101

Unidade XVII 102


A Revolução Burguesa na França .............................................................................. 102
Introdução ........................................................................................................ 102
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica v

17.1. Revolução Francesa 1789-1795 ........................................................................ 102


17.2. Causas económicas da Revolução Francesa ...................................................... 103
Sumário ..................................................................................................................... 109
Exercícios.................................................................................................................. 109

Unidade XVIII 110


Introdução ........................................................................................................ 110
18.1. O Antigo regime – a economia................................................................ 110
18.2. A acumulação primitiva de capitais ......................................................... 111
Sumário ..................................................................................................................... 114
Exercícios.................................................................................................................. 114
Referências Bibliográficas ......................................................................................... 115
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 1

Visão geral
Benvindo a HISTÓRIA
ECONÓMICA I. Introdução à
História Económica.

Este módulo apresenta os principais aspectos consagrados a História


Económica, desde a Antiguidade a Idade Moderna, passando pela Idade
Média.

Além de portar aspectos fundamentais do ciclo de vida económica do


povo do ‘’Crescente Fértil’’ a Moçambique, é uma ferramenta nas mãos
de quem irá estudar ou deseja conhecer o que vem a ser a História
Económica, nos seus aspectos, a.C. a séc. XVIII e sua relação com outros
ramos de ciências, em particular sociais.

O seu objectivo é aprofundar o estudo da História Económica ramificada


da vasta História (Política, Social e da Arte) e posicionar melhor o
estudante como o profissional, docente e investigador, no sentido de
melhorar o processo de ensino-aprendizagem e trazer inovações à
História Económica, respectivamente.

O conteúdo deste Módulo será útil para os que devem aprofundar a


História, em particular Económica, para o ensino como para a
investigação.

Metodologicamente, O módulo é constituído por treze unidades (13),


cujos conteúdos tratados, por vezes, se apresentam como um
‘’Compêndio de História Económica’’ porque, por um lado, de modo a
facilitar o estudante à distância a não se sentir lacunoso em material para
a disciplina, e por outro, visto que as Brochuras feitas de forma
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 2

rigorosamente sintética-síntese, poderão ou podem, de certa forma, trazer


lacunas na compreensão e interpretação dos fenómenos para quem as lê,
neste caso, o estudante à distância. As Brochuras feitas a rigor análise são
bem vindas na medida em que constituem apontamentos pessoais, tanto
para o docente como para o estudante, pois, ‘’dispensam’’, por
momentos, a consulta das obras recomendadas. Para ultimar, as treze (13)
unidades a cima referidas, a cada uma é iniciada de uma pequena
introdução para mostrar o que pretendemos abordar, e termina com
actividades que devem ser realizadas pelo caro estudante, como forma de
avaliar e consequentemente aprofundá-la.

Objectivos da cadeira
Quando terminar o estudo de História Económica II - Da Revolução
Industrial à Partilha de África; o cursante será capaz de:

 Definir História Económica;


 Identificar o objecto de estudo de História Económica;
 Situar as balizas cronológicas da História Económica I;
Objectivos
 Explicar a relação entre História, Antropologia, Sociologia,
Geografia, Economia e História Económica;
 Identificar conceitos básicos da História Económica
 Definir os conceitos básicos da História Económica
 Identificar e explicar as fases históricas.

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles estudantes que queiram ser
professores da disciplina de História, que estão a frequentar o curso de
Licenciatura em Ensino de História, do Centro de Ensino a Distância.
Estende  se a todos que queiram consolidar os seus conhecimentos sobre
a História Económica I.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 3

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Católica de
Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados
da seguinte maneira:

Páginas introdutórias
 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os
aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo


O curso está estruturado em unidades. Cada unidade ncluirá uma
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um summary da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.

Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista
de recursos adicionais para você explorer. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


Tarefas de avaliação para este módulo encontram-seno final de cada
unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do modulo.

Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários
sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 4

Acerca dos ícones


Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada
um com uma descrição do seu significado e da forma como nós
interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao
longo deste curso / módulo.

Habilidades de estudo
Caro estudante, procure reservar no mínimo 2(duas) horas de estudo por
dia e use ao máximo o tempo disponível nos finais de semana. Lembre-te
que é necessário elaborar um plano de estudo individual, que inclui, a
data, o dia, a hora, o que estudar, como estudar e com quem estudar
(sozinho, com colegas, outros).

Lembre-te que o teu sucesso depende da tua entrega, tu és o responsável


pela tua própria aprendizagem e cabe a ti planificar, organizar, gerir,
controlar e avaliar o teu próprio progresso.
Evite plágio.

Precisa de apoio?
Caro estudante:
Os tutores têm por obrigação monitorar a sua aprendizagem, dai o
estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.

Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interação. Em caso de


problemas específicos, ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa
fase posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for da
natureza geral, contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.

Os contactos só se podem efectuar nos dias úteis e nas horas normais de


expediente.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto-
avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante
que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do período
presencial.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 5

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não


cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante

As trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser


dirigidos ao tutor/docentes.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os


mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do
autor

Avaliação
Tu serás avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação. Os trabalhos de campo por ti
desenvolvidos , durante o estudo individual, concorrem para os 25% do
cálculo da média de frequência da cadeira.

Os testes são realizados durante as sessões presenciais e concorrem para


os 75% do cálculo da média de frequência da cadeira. Os exames são
realizados no final da cadeira e durante as sessões presenciais, eles
representam 60% , o que adicionado aos 40% da média de frequência,
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.

A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.


Nesta cadeira o estudante deverá realizar: realizar 3 (três) trabalhos, 2
(dois) teste e 1 (um) exame.

Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizadas como


ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações,
os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência
textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referencias utilizadas, o respeito pelos
direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação estão
indicados no manual. consulteos.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 7

Unidade I
Introdução à História Económica

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos de
conceptualização da História Económica e a interdisciplinaridade desta
com outras ciências, em particular sociais.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir História Económica;


 Identificar o objecto de estudo de História Económica;
Objectivos  Situar as balizas cronológicas da História Económica I;
 Explicar a relação entre História, Antropologia, Sociologia,
Geografia, Economia e História Económica;
 Identificar conceitos básicos da História Económica;
 Definir os conceitos básicos da História Económica;
 Identificar e explicar as fases históricas.

1.1. Definição da História Económica


Actualmente levanta-se um debate aceso para identificar e definir termo
correcto sobre História Económica. Uns sugerem o seguinte termo:
História da Economia; outros Economia da História; por fim, sugerem
História Económica. Para nós, é preferencial a última sugestão visto que a
História Económica ser um campo do conhecimento que se situa na
confluência de duas áreas, História e Economia. E é por definição, um
território interdisciplinar que permite estabelecer relações entre diversas
sub-áreas de cada uma das matrizes.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 8

1.2. Objecto de estudo de História Económica


Segundo alguns estudiosos, o objecto de estudo de História Económica é
o Homem. Neste aspecto, temos a referir que a História Económica liga-
se estreitamente à actividade humana; debruça-se sobre os sistemas
produtivos, que são criação humana. É dos sistemas produtivos que os
homens retiram a produção que depois distribuem entre si.

1.3. Métodos utilizados na História Económica


A História Económica em particular e História em geral, como ciência
envolve hoje um considerável conjunto de regras de pesquisa, tanto para
a procura de documentos como para o estudo da sua autenticidade,
autoria, datação, interpretação. Neste contexto a História comporta a sua
metodologia que é crítica interna e externa (hermenêutica) e no seu todo,
a História é ciência porque utiliza o método Crítica histórica. Outros
métodos que podemos utilizar na História Económica são: Método
Indutivo ou Dedução que por definição é, segundo Lehfelde, um processo
mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares,
suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal
não contida nas partes examinadas. Fundamentando-se em Lakatos,
devemos considerar alguns aspectos principais para toda a indução:

- observação dos fenómenos; observamos os fenómenos e os analisamos


com a finalidade de descobrir as causas de sua manifestação. Outro
método científico utilizado na História Económica é Dedutivo/Dedução
que é um raciocínio que caminha do geral para o particular. Ainda a
História Económica utiliza o método histórico que consiste em investigar
acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar a sua
influência na sociedade de hoje; e método estatístico que consiste na
redução de fenómenos sociológicos, políticos, económicos, etc. a termos
quantitativos e a manipulação estatística.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 9

1.4. Conceitos chaves da História Económica


São vários conceitos que a História Económica pode trazer para a
compreensão dos fenómenos e acontecimentos em causa. Convenciona-se
a utilização de conceitos fundamentais para a disciplina tais como
Economia Natural ou Fechada; Economia Monetária ou Urbana;
Feudalismo; Capitalismo.

Sumário
A História Económica é um campo do conhecimento que se situa na
confluência de duas áreas, História e Economia. E é por definição, um
território interdisciplinar que permite estabelecer relações entre diversas
sub-áreas de cada uma das matrizes.

Exercícios
1. O que entende por História Económica.
2. Identifique o método predominante na História Económica. E em
que consiste.
3. Explique a importância de estudar História Económica.

Resolva os exercícios indicados.


Auto-avaliação Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 10

Unidade II
Introdução à História Económica

2.1. A Interdisciplinaridade
Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos da
interdisciplinaridade desta com outras ciências, em particular sociais.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a relação entre História e outras ciências;


 Identificar conceitos básicos da História Económica;
Objectivos  Definir os conceitos básicos da História Económica;
 Identificar e explicar as fases históricas.

2.1.1. Relação entre História Económica e Economia


As ligações da História com a Economia resultam do carácter tradicional
do fenómeno económico, que nunca surge desligado de antecedentes
históricos.

Toma-se como exemplo, Adam Smith e Karl Marx, ambos basearam as


suas construções em estudos desenvolvidos de antecedentes históricos.

Ora, a História Económica, História e Economia não diferem quanto ao


objecto de estudo, o homem e as suas interacções sociais e económicas,
mas diferem quanto as teorias.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 11

A História é, segundo Marc Bloch, a ciência dos homens no tempo.


Acrescenta-se o termo espaço. E o seu objecto de estudo são os homens.
Ao passo que a Economia é, segundo Samuelson e Nordhaus, o estudo da
forma como as sociedades utilizam recursos escassos para produzir bens
com valor e de como os distribuem entre os vários indivíduos. E os
clássicos da Economia, Adam Smith, consideravam que o objecto da
Economia era a riqueza.

A importância de trazermos esta interdisciplinaridade é analisar os


recursos utilizados por vários povos, em particular do ‘’Crescente Fértil”,
como fonte de criação da riqueza. E que estes recursos jogaram um papel
extremamente importante na fixação e aumento populacional.

2.2. História Económica e fases históricas


Segundo Eduardo J. Costa Reizinho na sua obra Introdução à Economia,
são três as grandes fases históricas: a primitiva, a esclavagista e a
capitalista.

A fase primitiva é a mais desconhecida e a mais longa. Nasceu com o


homem há dezenas de milhares de anos e a que se fez também nestes
anos. O seu modo de vida não se distinguia dos irracionais. Só com o
passar de tempo, inventou a palavra, base do pensamento e da acção
racional.

Findo a fase supracitada, veio a esclavagista que presume-se ter origem


entre as regiões do Danúbio e do Indo. Estas regiões ofereciam boas
condições naturais para diversa actividades económicas: agricultura e
pecuária cujas consequências se traduziram na sedentarização dos povos;
e exploração de metais. Ao praticarem esta actividades, este povo
diferenciou-se do dos primitivos em que a comunhão de bens era o que os
caracteriza, ao que este último povo, é caracterizado por ser conquistador
e escravizador. O povo esclavagista lançou-se na conquista pela Ásia e
pela Europa. Mais tarde, também a África e América.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 12

A organização esclavagista, diferente da primitiva, da simplicidade dos


laços primitivos, assentou numa autoridade que comandou as
transformações e obrigou os homens a viverem de outro modo, a
profissionalizarem-se. Essa autoridade foram os senhores esclavagistas.

A nova organização exigiu a divisão do trabalho e que muitos


passassem a estar unidos através do seu trabalho complementar em vastas
regiões. Formaram-se assim sociedade divididas em classes, em que uma
classe minoritária, detentora de poder, oprimia as outras classes. Dentro
dessas sociedades, classes em embrião espreitavam e viriam a desalojar
as minorias esclavagistas do poder. Eram os comerciantes e os
industriais, detentores de poder económico; esta classe burguesa
mercantil revelou-se com mais força que os senhores, que assentavam os
seus direitos antigos, na hereditariedade.

Aparece então o capitalismo, comercial, que depressa se tornara industrial


devido a Revolução Industrial na Inglaterra, e se estendeu depois à
Europa e mais tarde a globo inteiro.

2.3. Problemática de periodização da Antiguidade


A História Económica I abarca o período que vai desde a Antiguidade1 a
Idade Moderna, passando pela Idade Média. É importante sublinhar que
tratar-se-á de forma exaustiva e aprofundados aspectos económicos, ou
seja, os recursos naturais que bem usados criaram riquezas e diferentes
estágios de desenvolvimento económico de regiões que contribuíram para
a história da humanidade.

1
História da Aantiguidade é por vezes denominada História do Mundo Antigo
ou História Antiga, tem o seu início no IV milénio a.n.e em que se verifica o
surgimento da escrita, e termina no V milénio n.e., no ano 476, em que se deu a
queda do Império Romano do Ocidente.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 13

Ao referirmos que na presente cadeira iniciaremos pela Antiguidade,


importa sublinhar que a periodização desta história é problemática na
medida em que há validade limitada, isto é, verifica-se a disparidade de
datas e localização de actores; há uma forte presença de concepção
eurocentrista, pois é uma história feita e escrita pelos europeus2. As datas
são projectados a lendários e acontecimentos europeus; há insuficiência
de fontes seguras.

Sumário
As ligações da História com a Economia resultam do carácter tradicional
do fenómeno económico, que nunca surge desligado de antecedentes
históricos. Toma-se como exemplo, Adam Smith e Karl Marx, ambos
basearam as suas construções em estudos desenvolvidos de antecedentes
históricos.

Exercícios
1. Que relação existe entre História Económica e Antropologia?
2. Identifique as fases históricas e caracterize a esclavagista sob
ponto de vista económico.
3. Explique porque razão a periodização da História Antiga é
problemática.
4. Como estudante de História, apresente sugestões de modo que a
problemática de periodização da História Antiga seja
ultrapassada, precisamente no que concerne a eurocentrismo.

Resolva os exercícios indicados.


Auto-avaliação Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

2
Joseph Ki-Zerbo (História Geral de África, Vol. I. p.21-22) sugere que a
história de África em particular, e da humanidade em geral, deve ser reescrita
para reconstruir o cenário verdadeiro—ciência. A este proposito, Adam Schaff
na sua obra História e verdade, também recomenda que é preciso reescrever a
história com factos novos.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 14

Unidade III
Introdução à História Económica
Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos da ciencia
economica, sua evolucao e alguns teoricos.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:


 Conhecer o conceito Economia
 Descrever o processo de surgimento da ciência económica,
 Identificar alguns teoricos da ciência económica,
 Conhecer a evolucao do pesamento economico,
Objectivos

3.1 Definicao de Economia,

A Economia, ou atividade económica, consiste na produção,


distribuição e consumo de bens e serviços. O termo economia vem
do grego oikos (casa) e nomos (costume ou lei) ou também gerir,
administrar: daí "regras da casa" (lar) e "administraçao da casa"

É também a ciência social que estuda a atividade económica,


através do desenvolvimento da teoria económica, e que tem na
administração a sua aplicação. Os modelos e técnicas atualmente
usados em economia evoluíram da economia política do final do
século XIX, derivado da vontade de usar métodos mais empíricos à
semelhança das ciências naturais. Pode representar, em sentido
lato, a situação económica de um país ou região; isto é, a sua
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 15

situação conjuntural (relativamente aos ciclos da economia) ou


estrutural.

A economia é geralmente dividida em dois grandes ramos: a


microeconomia, que estuda os comportamentos individuais, e a
macroeconomia que estuda o resultado agregado dos vários
comportamentos individuais. Atualmente, a economia aplica o seu
corpo de conhecimento para análise e gestão dos mais variados
tipos de organizações humanas (entidades públicas, empresas
privadas, cooperativas etc.) e domínios (internacional, finanças,
desenvolvimento dos países, ambiente, mercado de trabalho,
cultura, agricultura, etc.).

Microeconomia
Mercado
A microeconomia, tal como a macroeconomia, é um método
fundamental de análise à economia enquanto sistema. Examina o
comportamento dos agentes (tais como os agregados familiares e as
firmas) e as suas interações em mercados específicos, considerando
a escassez de recursos e a regulação governamental.

Um determinado mercado pode ser para de um produto, por


exemplo milho, ou de serviços de um fator de produção, por
exemplo, os serviços de um pedreiro. A teoria considera agregados
de uma quantidade demandada por compradores e quantidade
ofertada por vendedores para cada preço possível por unidade.

A microeconomia une esses dois aspectos para descrever como o


mercado pode atingir o equilíbrio entre o preço e a quantidade
negociada ou explicar as variações do mercado ao longo do tempo.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 16

Esta análise é geralmente referido como análise de oferta e


demanda.

As estruturas do mercado, como concorrência perfeita e monopólio,


são também estudadas para as suas implicações no comportamento
e na eficiência econômica. A análise das alterações num mercado
geralmente parte do pressuposto simplificador de que o
comportamento nos outros mercados permanece inalterado (ceteris
paribus), ou seja, é uma análise de equilíbrio parcial. A teoria do
equilíbrio geral permite alterações em diferentes mercados e
agregados de todos os mercados, incluindo a sua evolução e
interações em direção ao ponto de equilíbrio.[4][5]

Produção, custo e eficiência

Em microeconomia, produção é um processo que usa insumos para


criar produtos, destinados ao comércio ou ao consumo. A produção
é um fluxo, logo é mensurável através de um rácio por unidade de
tempo. É comum distinguir entre a produção de bens de consumo
(alimentos, cortes de cabelo, etc.) vs. bens de investimento (novos
tratores, edifícios, estradas, etc.), bens públicos (defesa nacional,
segurança pública, protecção civil, etc.) ou bens privados
(computadores novos, bananas, etc.).

O custo de oportunidade está relacionado com o custo económico:


é o valor da melhor alternativa dispensada, quando se tem que fazer
uma escolha entre duas ações desejadas, mas mutuamente
exclusivas. É descrita como sendo a expressão da "relação básica
entre escassez e escolha." O custo de oportunidade é um fator que
garante a utilização eficiente dos recursos escassos, pois o custo é
ponderado face ao valor gerado, no momento de decidir aumentar
ou reduzir uma atividade. Os custos de oportunidade não se
restringem a custos monetários. Podem também ser medidos em
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 17

tempo, lazer, ou qualquer outra coisa que corresponda a um


benefício alternativo (utilidade)

As entradas para o processo de produção incluem fatores de


produção básicos como o trabalho, capital (bens duradouros usados
na produção, como uma fábrica) e terra (incluindo recursos
naturais). Outros fatores incluem bens intermédios usados na
produção dos bens finais, como seja o aço num carro novo.

A eficiência económica descreve o quanto um sistema utiliza bem


os recursos disponíveis, dada a tecnologia disponível. A eficiência
pode aumentar se conseguirmos obter um maior resultado sem
aumentar os recursos usados, ou seja, se conseguirmos reduzir o
"desperdício". Dizemos que temos uma eficiência de Pareto
quando estamos num ponto onde nenhuma alteração na forma
como usamos os recursos disponíveis consegue melhorar o
resultado para alguém sem piorar a situação de outro.

Oferta e demanda
O modelo de oferta e demanda descreve como os preços variam de
acordo com o equilíbrio entre a disponibilidade e a procura. A teoria de
oferta e demanda explica os preços e as quantidades dos bens
transacionados numa economia de mercado a as respetivas variações. Na
teoria microeconômica em particular, refere-se à determinação do preço e
quantidade num mercado de concorrência perfeita. Tem tido um papel
fundamental na construção modelos para outras estruturas de mercado
(como monopólio,oligopólio e competição monopolística) e para outras
abordagens teóricas.

A lei da demanda diz que, regra geral, o preço e a quantidade


demandada num determinado mercado estão inversamente
relacionados. Por outras palavras, quanto mais alto for o preço de
um produto, menos pessoas estarão dispostas ou poderão comprá-lo
( tudo o resto inalterado). Quando o preço de um bem sobe, o poder
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 18

de compra geral diminui (efeito renda) e os consumidores mudam


para bens mais baratos (efeito substituição).

Outros fatores também podem afetar a demanda. Por exemplo, um


aumento na renda desloca a curva da demanda em direção oposta à
origem, como é exemplificado na figura.

Oferta é a relação entre o preço de um bem e a quantidade que os


fornecedores colocam à venda para cada preço desse bem. A oferta
é normalmente representada através de um gráfico relacionando o
preço com a quantidade ofertada. Assume-se que os produtores
maximizam o lucro, o que significa que tentam produzir a
quantidade que lhes irá dar o maior lucro possível.

A oferta é tipicamente representada como uma relação diretamente


proporcional entre preço e quantidade (tudo o resto inalterado).
Por outras palavras, quanto maior for o preço pelo qual uma
mercadoria pode ser vendida, mais produtores estarão dispostos a
fornecê-la.

O preço alto incentiva a produção. Em oposição, para um preço


abaixo do equilíbrio, há uma falta de bens ofertados em
comparação com a quantidade demandada pelo mercado. Isso faz
com que o preço caia. O modelo de oferta e demanda prevê que,
para curvas de oferta e demanda dadas, o preço e quantidade irão se
estabilizar no preço em que a quantidade ofertada é igual à
quantidade demandada. Esse ponto é a intersecção das duas curvas
no gráfico acima, o equilíbrio do mercado.

Externalidades
Esta área da economia estuda se os mercados levam em
consideração de maneira adequada todos os benefícios e custos
sociais. Uma externalidade ocorre quando há custos ou benefícios
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 19

sociais significativos advindos da produção ou do consumo que não


são refletidos nos preços de mercado.

Por exemplo, a poluição do ar pode ser considerada uma


externalidade negativa e educação pode ser uma externalidade
positiva. Os governos, no papel de um planejador social
benevolente, frequentemente estabelecem impostos ou restringem a
venda de bens que geram externalidades negativas e fornecem
subsídios ou de alguma forma promovem a compra de bens que
causam externalidades positivas com o intuito de corrigir distorções
nos preços causadas por essas externalidades.

Macroeconomia
A macroeconomia, também conhecida como "cross-section",
examina a economia como um todo, "de cima para baixo", para
explicar amplos agregados e suas interações.

Tais agregados incluem as medições do produto nacional bruto, a


taxa de desemprego, e inflação dos preços e subagregados como o
consumo todas e os gastos com investimento e seus componentes.
Ela também estuda os efeitos da política monetária e política fiscal.

Desde pelo menos os anos 1960, a macroeconomia tem sido


caracterizada pela integração cada vez maior com a modelagem de
base micro de setores, inclusive a racionalidade dos agentes, o uso
eficiente da informação no mercado, e a competição imperfeita.[43]
Isso tem abordado uma antiga preocupação sobre as inconsistências
no desenvolvimentos da disciplina. A análise macroeconômica
também considera fatores que afetem o nível de crescimento da
renda nacional no longo-prazo. Tais fatores incluem a acumulação
de capital, mudança tecnológica e crescimento da força de trabalho.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 20

3.2. Surgimento da ciência económica,

Pensamento econômico antigo

O pensamento econômico na Antiguidade remonta às civilizações


mesopotâmicas, Grega, Romana, Indiana, Chinesa, Persa e àrabe.
Dentro os autores mais notáveis estão Aristóteles, Chanakya, Qin
Shi Huang, Tomás de Aquino e Ibn Khaldun. Joseph Schumpeter
considerou inicialmente a escolástica tardia do período que vai do
século XIV ao XVII como a "que chega mais perto do que qualquer
outro grupo de ser os 'fundadores' da economia científica quanto às
teoria monetária, de juros e do valor dentro de uma perspectiva das
leis naturais

Depois de descobrir a obra Muqaddimah de Ibn Khaldun, no


entanto, Schumpeter mais tarde considerou Ibn Khaldun o mais
próximo antecedente da economia moderna,[69] uma vez que muitas
das suas teorias econômicas não eram conhecidas na Europa até
épocas modernas.[70]

Dois outros grupos, mais tarde chamados de ' mercantilistas e


'fisiocratas', influenciaram mais diretamente o desenvolvimento
subsequente da disciplina. Ambos os grupos estavam associados
com a ascensão do nacionalismo econômico e do capitalismo
moderno na Europa. O mercantilismo era uma doutrina econômica
que floresceu do século XVI ao XVIII através de uma prolífica
literatura de panfleto quer de autoria de mercantes ou estadistas.
Defendiam a idéia de que a riqueza de uma nação dependia da sua
acumulação de ouro e prata. Nação que não tinham acesso à minas
poderiam obter ouro e prata através do comércio internacional
apenas se vendessem bens ao exterior e restringissem as
importações que não fossem de ouro e prata.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 21

A doutrina advogava a importação de matérias-primas baratas para


serem transformadas em produtos manufaturados destinados à
exportação e também o intervencionismo estatal no sentido de
impor tarifas protecionistas à importação de produtos
manufaturados e a proibição de manufaturas nas colônias.

Os fisiocratas, um grupo de pensadores e escritores franceses do


século XVIII, desenvolveram a idéia da economia como um fluxo
circular. Adam Smith descreveu esse sistema com "todas as suas
imperfeições" como "talvez a mais pura aproximação da verdade
que já foi publicada" no assunto.

Os fisiocratas acreditavam que somente a produção agrícola gerava


um claro excedente sobre o custo, de forma que a agricultura
constituía a base de toda riqueza. Assim, eles se opunham às
políticas mercantilistas de promoção das manufaturas e do
comércio em detrimento da agricultura, inclusive tarifas de
importação. Advogavam a substituição do complexo e custoso
sistema de arrecadação de tributos por um único imposto sobre a
renda dos proprietários de terra.

Variações sobre tal imposto fundiário foram retomadas por


economistas posteriores (inclusive Henry George um século mais
tarde) como uma fonte de receita que não distorcia tanto a
economia. Como reação ás copiosas regulamentações
mercantilistas, os fisiocratas defendiam uma política de laissez-
faire, que consistia numa intervenção estatal mínima na economia.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 22

3.3. Teoricos da ciência económica

Economia clássica
Adam Smith, autor da The Wealth of Nations, A Riqueza das
Nações em português (1776), geralmente tido como pai da
economia moderna.

Apesar das discussões sobre produção e distribuição terem uma


longa história, a ciência econômica no seu sentido moderno como
uma disciplina separada é convencionalmente datada a partir da
publicação de A Riqueza das Nações de Adam Smith em 1776.
Nesse trabalho, ele descreve a disciplina nesses exatos termos:

Economia política, considerada um ramo da ciência do estadista


ou do legislador, propõe dois objetos distintos: primeiro, suprir
renda ou produtos em abundância para o povo, ou, mais
apropriadamente, possibilitar que provenham tal renda ou
provento por si sós; e segundo, suprir o Estado ou
Commonwealth com uma renda suficiente para os serviços
públicos. Ela se propõe a enriquecer tanto o povo quanto o
soberano.

Smith se referia à disciplina como 'economia política', mas esse


termo foi gradualmente substituído por ciência econômica
(economics) depois de 1870.

A publicação da obra A Riqueza das Nações de Adam Smith em


1776, tem sido descrita como o "efetivo nascimento da economia
como uma disciplina separada." O livro identificava o trabalho, a
terra e o capital como os três fatores de produção e maiores
contribuidores para a riqueza de uma nação. Para Smith, a
economia ideal seria um sistema de mercado auto-regulador que
automaticamente satisfaria as necessidades econômicas da
população. Ele descreveu o mecanismo de mercado como uma
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 23

"mão invisível" que leva todos os indivíduos, na busca de seus


próprios interesses, a produzir o maior benefício para a sociedade
como um todo. Smith incorporou algumas das idéias dos
fisiocratas, inclusive o laissez-faire, nas suas próprias teorias
econômicas, mas rejeitou a idéia de que somente a agricultura era
produtiva.

Na sua famosa analogia da mão invisível, Smith argumentou em


favor da noção, aparentemente paradoxal de que os mercados
competitivos tendem a satisfazer às necessidades sociais mais
amplas, apesar de ser guiado por interesses-próprios. A abordagem
geral que Smith ajudou a formular foi chamada do economia
política e mais tarde de economia clássica e incluiu nomes notáveis
como Thomas Malthus, David Ricardo e John Stuart Mill, que
escreveram de 1770 a 1870, aproximadamente.

Enquanto Adam Smith enfatizou a produção de renda, David


Ricardo na sua distribuição entre proprietários de terras,
trabalhadores e capitalistas. Ricardo enxergou um conflito inerente
entre proprietários de terras e capitalistas. Ele propôs que o
crescimento da população e do capital, ao pressionar um
suprimento fixo de terras, eleva os aluguéis e deprime os salários e
os lucros.

Thomas Robert Malthus usou a idéia dos retornos decrescentes


para explicar as baixa condições de vida na Inglaterra. De acordo
com ele, a população tendia a crescer geometricamente
sobrecarregando a produção de alimentos, que cresceria
aritmeticamente.

A pressão que uma população crescente exerceria sobre um estoque


fixo de terras significa produtividade decrescente do trabalho, uma
vez que terras cada vez menos produtivas seriam incorporadas à
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 24

atividade agrícola para suprir a demanda. O resultado seria salários


cronicamente baixos, que impediriam que o padrão de vida da
maioria da população se elevasse acima do nível de subsistência.
Malthus também questionou a automaticidade da economia de
mercado para produzir o pleno emprego. Ele culpou a tendência da
economia de limitar o gasto por causa do excesso de poupança pelo
desemprego, um tema que ficou esquecido por muitos anos até que
John Maynard Keynes a reviveu nos anos 1930.

No final da tradição clássica, John Stuart Mill divergiu dos autores


anteriores quanto a inevitabilidade da distribuição de renda pelos
mecanismos de mercado. Mill apontou uma diferença dois papéis
do mercado: alocação de recursos e distribuição de renda. O
mercado pode ser eficiente na alocação de recursos mas não na
distribuição de renda, ele escreveu, de forma que seria necessário
que a sociedade intervenha.

A teoria do valor foi importante na teoria clássica. Smith escreveu


que "o preço real de qualquer coisa… é o esforço e o trabalho de
adquiri-la" o que é influenciado pela sua escassez. Smith dizia que
os aluguéis e os salários também entravam na composição do preço
de uma mercadoria. Outros economistas clássicos apresentaram
variações das idéias de Smith, chamada 'Teoria do valor-trabalho'.
Economistas clássicos se focaram na tendência do mercado de
atingir o equilíbrio no longo prazo.

Economia marxiana

A economia marxista, mais tarde chamada marxiana, descende da


economia clássica, em particular da obra de Karl Marx. O primeiro
volume da obra-prima de Marx, O Capital, foi publicada em
alemão em 1867. Nela, Marx foca na teoria do valor-trabalho e o
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 25

que ele considera a exploração do trabalho pelo capital. Assim, a


teoria do valor-trabalho, além de ser uma simples teoria dos preços,
se transformou em um método para medir a exploração do trabalho
num sistema capitalista, apesar de disfarçadas pela economia
política "vulgar".

Economia neoclássica

Um corpo teórico mais tarde chamado de 'economia neoclássica' ou


'economia marginalista' se formou entre 1870 e 1910. A expressão
economics foi popularizada na língua inglesa por economistas
neoclássicos como Alfred Marshall, como substituto para
'economia política'.

A economia neoclássica sistematizou a oferta e demanda como


determinantes conjuntos do preço e da quantidade transacionada
em um equilíbrio de mercado, afetando tanto a alocação da
produção quanto a distribuição de renda. Ela dispensou a teoria do
valor-trabalho em favor da teoria do valor-utilidade marginal no
lado da demanda e uma teoria mais geral de custos no lado da
oferta.

Na microeconomia, a economia neoclássica diz que os incentivos e


os custos tem um papel importante no processo de tomada de
decisão. Um exemplo imediato disso é a teoria do consumidor da
demanda individual, que isola como os preços (enquanto custos) e
a renda afetam a quantidade demandada. Na macroeconomia é
refletida numa antiga e duradoura síntese neoclássica com a
macroeconomia keynesiana.

A economia neoclássica é a base do que hoje é chamada economia


ortodoxa, tanto pelos críticos quanto pelos simpatizantes, mas com
muitos refinamentos que ou complementam ou generalizam as
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 26

análises anteriores , como a econometria, a teoria dos jogos, a


análise das falhas de mercado e da competição imperfeita, assim
como o modelo neoclássico do crescimento econômico para a
análise das variáveis de longo-prazo que afetam a renda nacional.

Economia keynesiana

A economia keynesiana deriva de John Maynard Keynes, em


particular do seu livro A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da
Moeda (1936), que deu início à macroeconomia como um campo
de estudo distinto. O livro foca nos determinantes da renda
nacional no curto prazo, em que os preços são relativamente
inflexíveis. Keynes tentou explicar com riqueza de detalhes
teóricos por que o alto desemprego poderia não ser auto-corrigido
devido a baixa "demanda efetiva" e por que mesmo a flexibilidade
dos preços e a política monetária pode não ser suficiente para
corrigir a situação. Expressão como "revolucionário" foram
aplicadas ao livro devido ao seu impacto na análise econômica.

A economia keynesiana teve dois sucessores. A economia pós-


keynesiana também se concentra na rigidez e nos processos de
ajustes macroeconômicos. Pesquisa a respeito dos
microfundamentos para os seus modelos é tida como baseada em
práticas da vida real e não simplesmente em modelos otimizadores.
é geralmente associada à Universidade de Cambridge e à obra de
Joan Robinson.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 27

3.4. Evolucao do pesamento economico

O pensamento econômico na Antiguidade remonta às civilizações


mesopotâmicas, Grega, Romana, Indiana, Chinesa, Persa e àrabe.
Dentro os autores mais notáveis estão Aristóteles, Chanakya, Qin
Shi Huang, Tomás de Aquino e Ibn Khaldun. Joseph Schumpeter
considerou inicialmente a escolástica tardia do período que vai do
século XIV ao XVII como a "que chega mais perto do que qualquer
outro grupo de ser os 'fundadores' da economia científica quanto às
teoria monetária, de juros e do valor dentro de uma perspectiva das
leis naturais.

Depois de descobrir a obra Muqaddimah de Ibn Khaldun, no


entanto, Schumpeter mais tarde considerou Ibn Khaldun o mais
próximo antecedente da economia moderna, uma vez que muitas
das suas teorias econômicas não eram conhecidas na Europa até
épocas modernas.

Dois outros grupos, mais tarde chamados de ' mercantilistas e


'fisiocratas', influenciaram mais diretamente o desenvolvimento
subsequente da disciplina. Ambos os grupos estavam associados
com a ascensão do nacionalismo econômico e do capitalismo
moderno na Europa.

O mercantilismo era uma doutrina econômica que floresceu do


século XVI ao XVIII através de uma prolífica literatura de panfleto
quer de autoria de mercantes ou estadistas. Defendiam a idéia de
que a riqueza de uma nação dependia da sua acumulação de ouro e
prata. Nação que não tinham acesso à minas poderiam obter ouro e
prata através do comércio internacional apenas se vendessem bens
ao exterior e restringissem as importações que não fossem de ouro
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 28

e prata. A doutrina advogava a importação de matérias-primas


baratas para serem transformadas em produtos manufaturados
destinados à exportação e também o intervencionismo estatal no
sentido de impor tarifas protecionistas à importação de produtos
manufaturados e a proibição de manufaturas nas colônias.

Os fisiocratas, um grupo de pensadores e escritores franceses do


século XVIII, desenvolveram a idéia da economia como um fluxo
circular. Adam Smith descreveu esse sistema com "todas as suas
imperfeições" como "talvez a mais pura aproximação da verdade
que já foi publicada" no assunto. Os fisiocratas acreditavam que
somente a produção agrícola gerava um claro excedente sobre o
custo, de forma que a agricultura constituía a base de toda riqueza.
Assim, eles se opunham às políticas mercantilistas de promoção
das manufaturas e do comércio em detrimento da agricultura,
inclusive tarifas de importação. Advogavam a substituição do
complexo e custoso sistema de arrecadação de tributos por um
único imposto sobre a renda dos proprietários de terra.

Variações sobre tal imposto fundiário foram retomadas por


economistas posteriores (inclusive Henry George um século mais
tarde) como uma fonte de receita que não distorcia tanto a
economia. Como reação ás copiosas regulamentações
mercantilistas, os fisiocratas defendiam uma política de laissez-
faire, que consistia numa intervenção estatal mínima na economia.

Sumário
Os modelos e técnicas atualmente usados em economia evoluíram
da economia política do final do século XIX, derivado da vontade
de usar métodos mais empíricos à semelhança das ciências naturais.
Pode representar, em sentido lato, a situação económica de um país
ou região; isto é, a sua situação conjuntural ou estrutural.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 29

Exercícios
1. Defina o conceito Economia
2. Descreve o processo de surgimento da ciência económica
3. Identificar os teoricos da ciência económica
4. Refira-se da economia marxiana

Resolva os exercícios indicados.


Auto-avaliação Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 31

Unidade IV
A Economia das Comunidades
ditas Rudimentares: -
Recolectores e Caçadores

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos
sobre a economia das chamadas comunidades rudimentares e tomar
um posicionamento particular, aprofundado, sobre as teses que
sustentam a existência ou não de exploração social nestas
Comunidades.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir Comunidade Primitiva;


Objectivos  Caracterizar o modus vivendi desta comunidade;

 Caracterizar a economia das comunidades de Recolectores e


caçadores;

 Identificar as Correntes ou Teorias sobre o Primitivo;

 Tomar um posicionamento científico, particular, sobre a


existência ou não de exploração social no Primitiivo.

4.1. Características dos Homens na Fase Primitiva


Na fase primitiva a situação do homem caracterizava-se da seguinte
maneira: não tinha uma língua; só muito lentamente ele foi inventando a
palavra, criando um código de comunicação e pensamento; apresentava-
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 32

se perante o universo como um bebé perdido na floresta. Não conhecia os


instrumentos de uso e de produção, embora com as mãos tenha começado
a recorrer a ossos, a pedras aguçadas, como instrumentos e como armas.

A natureza não estava dominada como hoje. A fauna e flora eram muito
diversas; o clima conheceu muitas mutações e obrigou o homem a muitas
obrigações. Só muito lentamente, ele se desliga de um viver que em nada
o distingue dos outros animais. O homem recolector-caçador vivia em
bandos em actividade de sobrevivência bem distinta da nossa.

Embora com características de organização idênticas, o povo primitivo


também tinha características próprias. O tamanho dos bandos, as relações
entre si, a solidariedade entre os seus membros; as guerras e as
rivalidades entre os bandos devido as terras ricas, etc.

Deste modo, as comunidades ditas rudimentares ou primitivas foram uma


formação económica e social que abrangeu o período paleolítico (pedra
antiga), onde o homem vivia em grupo, o trabalho era colectivo, dividido
em sexo e idade, e o produto era partilhado por igual. O que identifica de
facto, estas comunidades é a sua economia recolectora, nomadismo e
uso de instrumento de trabalho, a pedra.

4.2. As Relações Económicas entre os Homens na Fase Primitiva


Na fase primitiva não houve escravatura, mas não por as relações entre os
homens primitivos terem sido exemplares, de perfeita comunhão,
harmónicas, como defendem a corrente marxista. A guerra entre os
bandos era vulgar, como indicam as pinturas rupestres e a pesquisa
etnográfica sobre os primitivos actuais.

E, se nos primitivos não houve escravatura, como sublinha Eduardo J.


Costa Reizinho, tal se deve às condições concretas em que viviam os
homens de então, como por exemplo, o nomadismo, a instabilidade do
quotidiano, a extrema penúria, impediam-no. Dentro do grupo, ninguém
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 33

tinha meios materiais para escravizar os outros membros. As autoridades


tinham um poder delegado pelo grupo. Os chefes eram um fruto da
necessidade de o grupo ter um centro regulador e coordenador da sua
vida colectiva. Estas as razões objectivas da não existência de exploração
social.

Sumário
Nas comunidades ditas primitivas a natureza não estava dominada como
hoje. A fauna e flora eram muito diversas; o clima conheceu muitas
mutações e obrigou o homem a muitas obrigações. Só muito lentamente,
ele se desliga de um viver que em nada o distingue dos outros animais. O
homem recolector-caçador vivia em bandos em actividade de
sobrevivência bem distinta da nossa.

Exercícios
1. Caracterize a Comunidade Primitiva sob ponto de vista
económico.
2. Porquê afirmamos que nas Comunidades ditas Primitivas não
existia exploração social?
3. Apresente o seu posicionamento em relação a Tese Marxista e de
Costa Reizinho no que tange a ‘’Comunidade Primitiva’’ de
existência ou não de exploração social.
4. Concorda ou não de existência de exploração social Primitivo?
Fundamente a sua resposta.
5. Identifique as características-chaves do Primitivo e explique a
sua relevância

Resolva os exercícios acima indicados.


Faça um breve resumo desta unidade em três páginas.
Auto-avaliação
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 34

Unidade V
A O Advento, a Prática e o
Desenvolvimento da Agricultura e
da Pastorícia

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre o
processo que conduziu a passagem da comunidade de caçadores e
recolectores para agricultores e pastores. Como também saber que
existem inúmeras teorias que tratam da origem e desenvolvimento da
agriculura em várias regiões do globo.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar as diversas teorias sobre a origem da agricultura;


 Explicar a transição da economia recolectora para a economia
Objectivos
produtora;
 Mencionar as primeiras regiões a serem desenvolvidas a
agricultura e a pastorícia;
 Identificar o presumível mileneo de início da prática da
agricultura;
 Deferenciar a Economia Recolectora da Produtora;
 Mencionar as consequência da prática da agricultura.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 35

5.1. A origem da Agricultura: a Agricultura como um dom divino


O tema da origem da agricultura encontra-se em muitas antigas literaturas
e nas várias antigas tradições. Deve ter sido um tema de muitas
especulações durante milhares de anos antes do desenvolvimento da
escrita. Nas mitologias clássicas de todas as civiilizações, agricultura vem
como um dom divino. O deus e a deusa veio, não só para instruir o
ignorante na arte da cultivação ou da agricultura, mas para informar a ele
o repeito pela lei, religião e o próprio caminho da vida.

Na região de Mediterrâneo a instrução veio da deusa, no Egipto veio do


deus Isis, na Grécia do deus Demeter e em Roma do deus Ceres. Nas
tradições Incas contam que o homem vivia tipo selvagem sem lei nem
roupa para vestir até que o deus do Sol se sentiu vergonha por eles e
enviou para terra o seu filho e a sua filha vindos do céu para ensinar a
adorar e a reconhecer a ele como seu deus respeitando as suas leis,
cultivar plantas e a domesticar animais.

Nas tábuas cuneformes da região de Mesopotâmia lê-se que quem trouxe


a agricultura para essa região foi deus Oannes que veio a costa do Golfo
Pérsico e instruiu os habitantes desta costa como plantar os cereais e
doomesticar animais. Os elementos da mitologia tradicional são:

Havia altura antes da agricultura em que o homem recolectava a comida


selvagem;

A agricultura não é primitiva, selvagem, sem graça brutal, porque ela


vem de deuses;

Ninguém cultivava as plantas por causa da ignorância ou falata da


inteligência até instrução de deus;

O deus ou a deusa foi necessário para ensinar ao homem a prática da


agricultura assim como as leis, arte, religião e o comportamento
civilizado;

Os agricultores consideravam-se superiores em relação aos caçadores e


recolectores.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 36

5.2. As teorias da origem da agricultura


Os argumentos acima analisados em relação a origem da agricultura não
tiveram qualquer apoio arqueólogos, antropólogos, filósofos, botânicos e
noutros círculos intelectuais. O filósofo, francês, Condorcet, séc. XVIII,
vê a cultivação como resultado natural do uso das nossas rações. Ele
replicou os deuses com misteriioso factor humano ’’génio’’ talento e
descobriu que as plantas cresciam das sementes e é dai que se obttêm os
alimentos que a humanidade recolectava. Essa ideia teve muito apoio
entre investigadores nesta época.

Ora, o argumento apresentado por Condorcet, do talento humano,


progrediu para o séc. XX. Contudo, foi posto em causa por Arnold
Toynbee nos seus estudos da História, pesquisou e acreditou ter
descoberto a única causa da domesticação e da mudança cultural. As
evidentes transformações ocorridas na sociedade humana eram o
resultado do heroísmo individual “desafio e resposta’’ que criou a
agricultura e a subsequente a civilização.

Nas suas pesquisa, o mais importante era a linguagem descoberta nos


mitoos. Dada a iimportância que dava aos mitos, Toynbee rejeitou o uso
dos métodos científicos. Desobediência de Adam, Jacob e o Davil que se
oopuseram aos seus chefes; os heróis gregos e escandinavos que
desafiaram os seus deuses são alguns exemplos claros dos mitos. Esses
coflitos mitológicos que ocorreram na Pré-Historia humana, são as
ressonâncias dos actuais eventos. Segundoo ele, o homem sempre esteva
nas regiiões com boas condições naturais, exemplo, nos vales dos rios.

Partindo dessas indicações mitológicas, Tooynbee propôs que nas regiões


dos vales dos rios, teoria dos vales dos rios, eram centros onde a
domesticação primeiro tvera lugar. As glaciações criaram uma grande
deturpação do clima, diminuição das chuvas que criou o deserto no
Egipto, no Golfo Pérsico e na região da Ásia.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 37

O argumento de crise climática teve grande apoio do arqueólogo Gordon


Childe.

Segundo Toynbee, a volta dos rios Tigre, Eufrates e nas encostas


vertentes do Nilo, viveram caçadores-recolectores que se ergueram para
desafiar qualquer tipo de clima.

A estas teorias, propõem-nos a questionar o seguinte: Será que a


agricultura começou realmente nos vales dos rios? O que mais pode-se
dizer desses pontos de vista do passado?

Apesar de existir evidências que comprovam a domesticação nos vales


dos rios, a teoria pode ser dispensada visto que os dados serem mais
recentes que aqueles encontrados nas regiões longe dos rios.

Entre 10.000 à 14.000 a.C., no norte da China e sudeste da Ásia, no sul


do México e na Costa do Perú, a cultivação estava envolvida nas
mudanças da sociedade humana. Todas essas revoluções de domesticação
ocorreram ao mesmo tempo em diferentes partes do planeta, separadas
por milhares de milhas. Será que issoo não é nada mais que uma
coincidência?

A resposta possível é que os forrageiros de todo o planeta,


simultaneamente, desafiaram as mudanças climáticas duma ou da outra
maneira, mas um número limitado foi mais criativo para responder a
essas mudanças. Isto é, inventando a domesticação.

5.3. Gordon Childe e a teoria de explicação adaptativa


Childe concordara com o argumento, mudanças climáticas, levantado por
Toynbee, contudo, os seus entendimentos sobre a Pré-História divergiam.
O Childe tinha sabedoria da evolução cultural dos constrangimentos
impossados por tecnologia e ambente físico. Isto fez com que melhor
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 38

entendesse as transformações da Pré-História humana e comportamentos


que regulam essas partes do nosso passado.

A domesticação para Childe não era o trabalho do héroi. Este criou a


teoria dos oásis, segundo a qual a agricultura ter-se-ia desenvolvido nos
locais com boas condições, independentemente dos vales dos rios. Porém,
também não há evidências que suporte essa teoria. Mesmo assim, ela
introduziu a questão da importância da mudança do clima na evolução da
domesticação das plantas e animais.

5.4. Teoria Etnocentrista da origem da Agricultura


Gordon Childe nos seus estudos chegou a conclusão de que a Europa
mudou por causa dos colonizadores vindos do Médio Oriente, este é o
centro principal pelo qual expandiu a civilização que é conhecida hoje no
nosso planeta. Porém, a sua teoriia apresenta alguns aspectos negativos
como positivos. Aspectos positivos na medida em que tomarmos em
consideração a própria Europa que mudou graças a este povo que
expandiu a agricultura e a domesticação dos animais para este continente.

As teorias de Childe dominaram esta época. Contudo, ele não conseguiu


explicar as razões da origem da agricultura quase no mesmo tempo em
todo o planeta-teoria Policêntrica. Razão pela qual esta teoria não
conseguiu permanecer durante muito tempo.

As investigações recentes, como as de Benford-Flannery, com sua


teoria de remuneração adaptativa, mostram que a agricultura surgiu
quase no mesmo tempo devido as mudanças climáticas.

Como pode se depreender, a “origem’’ da agricultura, no Neolïtico é uma


questão muito discutível, devido a não precisão dos dados apurados
arqueologicamente. Por um lado, alguns arqueólogos evocam que as
primeiras manifestações agrícolas surgiram no Próximo Oriente na região
do “Crescente Fértil’’ precisamente no norte de África, isto por volta do
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 39

V milénio a.n.e, que com o passar dos tempos foi se expandindo para
outras partes do planeta. Por outro lado, a gricultura, como indicam os
estudos actuais, começou provavelmente entre 12.000 a 11.000 anos atrás
no Médio Oriente, mais cedo que no norte da Aamérica.

Ora, a necessidade que o homem tinha de assegurar a sua subsistência fez


com que a agricultura surgisse, através da observação de raízes ou
sementes deitadas fora e que começaram a germinar e crescer; assim, o
homem experimentou a praticar os primeiros cultivos de cereais: trigo,
cevada, centeio.

Em simultâneo, enquanto o homem experimentava cultivar algumas


plantas, também experimentava domesticar alguns animais. Estes eram
obtidos através da caça. Presume-se que os primeiros animais a serem
domesticados foram o cão, a cabra, o carneiro e mais tarde o boi, o
cavalo, o camelo. Deste modo, a fase da pastorícia estava a acontecer.

A prática da agricultura e a criação do gado foi sem dúvida uma das fases
mais decisiva no desenvolvimento da história da humanidade, pois, o
homem deixou de ‘’explorar’’ ou depender intensamente a natureza,
economia recolectora, para passar a produzir os seus próprios alimentos,
economia produtora. Esta mudança técnico-económica foi apelidada por
‘’revolução neolítica’’, termo empregado por Gordon Childe em 1936.

Existem vários locais que testemunham a prática da economia produtora.


O Próximo Oriente na região do ‘’Crescente Fértil’’; perto do rio Eufrates
na Síria, situam-se duas importantes estações: Tell Abu Hureyyra e Tell
Mureybit, mostram evidênciias consideráveis da colheita dos cereais,
trigo, cevada e centeio, datando de 9.000 a 8.250 anos atrás; entre 9.000 a
8.000 anos atrás, tanto no Iraque como na Palestina, a importância
crescente adquirida pela colheita de gramíneas comestíveis é comprovada
por foices, tijelas, mós e pilões de pedra encontrados nalgumas partes
deste país; e existência de silos, neste país, nos mostra que o homem
passa a fixar o seu habitat. E na América Central constituem exemplo
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 40

típico desta prática. Nesta última região, o Mexico tem sido um exemplo
concreto, pois o método C14 (Carbono 14) dá resultado de cultivo de
algumas plantas, como por exemplo, feijão, abóbora, milho, neste país.

Como consequência da ‘’descoberta’’ e prática da agricultura e da criação


do gado, verifica-se a sedentarização; aumento da população; há
existência de excedente de produção e dá-se a divisão social de trabalho.

A divisão social do trabalho é o resultado da prática da economia


produtora. Neste contexto, alguns membros da comunidade dedicam-se a
tarefas distintas da agricultura, como por exemplo, a cerâmica, a olaria, a
produção da enxada e machado, a tecelagem, foi deste modo que surge a
separação de tarefas.

Sumário
A cultivação estava envolvida nas mudanças da sociedade humana. Todas
essas revoluções de domesticação ocorreram ao mesmo tempo em
diferentes partes do planeta, separadas por milhares de milhas. E os
forrageiros de todo o planeta, simultaneamente, desafiaram as mudanças
climáticas duma ou da outra maneira, mas um número limitado foi mais
criativo para responder a essas mudanças. Isto é, inventando a
domesticação.

Exercícios
1. Explique sucintamente a origem da Agricultura.
2. Porque razão a passagem da Economia Recolectora para Produra
foi apelidada de “Revolução Neolítica’’?
3. Uma das consequências da prática da agricultura foi a divisão de
trabalho.
a. Comente a afirmação.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 41

b. Mencione outras tarefas que alguma parte dos homens


passaram a dedicar depois de se abdicar da agricultura.
c. Explique o que é excedente de produção e qual é a sua
importância.
d. Relacione o excedente de produção e a divisão social de
trabalho.

Resolva os exercícios indicados.


Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.
Auto-avaliação
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 42

Unidade VI
O papel dos rios Nilo, Tigre e
Eufrates no desenvolvimento da
agricultura até a divisão do
trabalho

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos da
relevância económica dos recursos, em particular hídricos, que ditaram a
fixação de diversos povos na região do Próximo Oriente, composta por
Egipto, Caldeia e Assíria, Fenícia, Palestina e a Pérsia.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Localizar geograficamente a região do Próximo Oriente;


 Explicar a importância dos recursos hídricos para a fixação de
Objectivos
diferentes povos;
 Identificar as regiões que fazem parte do “Crescente Fértil’’;
 Identificar principais povos da Antiguidade Oriental.

6.1. O Próximo Oriente a sua importância


O Próximo Oriente tem grande importância à humanidade, pois, é dela
que encontramos as primeiras realizações que atingiram à uma civilização
humana elevada: a vida urbana, a escrita, a organização, estatal, o culto
religioso altamente desenvolvido, as actividades científicas, a vida
económica desenvolvida, etc. Por isto, herdou a nossa civilização
preciosos legados: o alfabeto e a religião cristã.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 43

6.1.1. Situação geográfica do Próximo Oriente.


A região do Próximo Oriente estende-se do Egipto e Ásia Menor no Vale
do rio Indo, do mar Negro e Cáspio ao deserto Arábico e Oceano Indico.
Também esta região compreende três grandes zonas encaixadas umas nas
outras:

zona dos desertos, ao sul,

zona do Crescente Fértil, ao centro; e a

zona dos planaltos e dos vales, montanhosos, que vai da Ásia Menor até o
Irão.

O ambiente geográfico-económico exerce sobre a vida dos povos uma


influência considerável. A zona dos desertos reúne as extensões arenosas
da Síria e da Arábia, não oferece ao homem, pelo clima e recursos
económicos, condições propicias de fixação. A zona dos planaltos e dos
vales montanhosos compreende as regiões da Ásia Menor e do planalto
do Irão. Nesta última região fixaram-se populações de raça ariana ou
indo-europeu, nomeadamente os Medos e os Persas.

A zona do Crescente Fértil, assim chamada pelas suas potencialidades


agrícolas, começa a norte de África com Egipto; prossegue através da
costa do Mediterrâneo, com a Palestina e Fenícia (corredor Sírio-
palestiniano); e desce para o golfo pérsico atravessando a planície da
Mesopotâmia. A riqueza desta zona despertou as ambições dos nómados
dos desertos vizinhos e das montanhas circundantes.

Nos vales do Nilo, Tigre e do Eufrates, regiões próprias para a prática e


desenvolvimento da agricultura, fixaram-se egípcios e caldeus,
respectivamente. A agricultura prendeu-os ao solo, fez deles povos
sedentários; os rios impuseram-lhes determinada actividades. Com a
prática da agricultura ao longo das margens dos rios supracitados, este
povo pode ser denominado de civilizações fluviais.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 44

Braudel nos seus estudos sobre a região do Próximo Oriente, no que


tange a pratica da agricultura, refere que esta região viu um autentica
revolução pois, verifica-se a invenção da agricultura devido a abundância
da água isto no Crescente Fértil.

Com a pratica da agricultura deu a sedentarização cujas evidências são as


aglomerações populacionais das cidades de Jericó e Catal Huyuk. Entre
estas cidades estabeleciam relações comerciais.

Entretanto, a baixa Mesopotâmia e o Egipto, tornaram-se importantes


civilizações de gestão, porque eram predominados pelos rios Eufrates,
Tigre e Nilo o que possibilitava a comunicação e permitiu o
desenvolvimento da indústria de transporte de barco. A indústria de
transporte por barcos desempenhou um papel fundamental no
crescimento e prosperidade da Mesopotâmia; também permitiu a
repartição económica dos diferentes recursos da montanha e da planície e
a interligação de cidades independentes.

O Nilo em particular, é uma base fundamental da unidade e da riqueza


egípcia porque permite o transporte de diversos materiais, isto, é a
transação fluvial como também favorece a prática da agricultura devido a
fertilidade dos solos.

A norte da Caldeia fica a Assíria, região áspera e montanhosa; este


ambiente tornou difícil a vida dos seus habitantes, os assírios. O meio
geográfico, negando-lhes condições de vida determinou-lhes a luta, ou
seja, a guerra e o roubo, foram meios de sobrevivência dos assírios.

A Palestina, constituída por planícies desoladas, através das quais corre o


rio Jordão, recebeu os hebreus que, vivendo da vida pastoril e agrícola, se
tornaram semi-sedentários.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 45

Os fenícios, habitantes de uma porção de terra reduzida e insuficiente de


recursos, fizeram-se marinheiros e comerciantes; foram nómados
marítimos.

São estes os principais povos (os assírios, os hebreus e os fenícios) que


constituem a chamada Antiguidade Oriental.

6.2. O Egipto: o vale do Nilo e a agricultura


Neste item, mostraremos a importância da localização de Egipto e
mostrar os potenciais recursos oferecidos por este País. O Egipto ocupa
uma região privilegiada entre dois continentes, África e Ásia. Situado a
nordeste de África, prende-se à Ásia pelo Canal de Suez; entra em
contacto com o Oriente pelo corredor Sírio-palestiniano; comunica-se
com as ilhas e países do Mediterrâneo através deste mar, a costa da
Arábia, a África Oriental e a Índia através do mar Vermelho, chamado
outrora pelos portugueses mar Roxo, com Sudão, a Núbia e a África
Central através do rio Nilo.

O Egipto pode considerar-se um deserto, cortado do Sul ao norte, por


bela fixa de terra muito fértil onde corre o rio Nilo. Este curso de água
tem a sua origem na região dos Grandes Lagos e vem, finalmente, lançar-
se no Mediterrâneo; depois de haver regado a planície e costeira do
Delta3 . Todos os anos, de Junho a Setembro, o Nilo aumenta o seu caudal
devido as chuvas. Com estas boas condições pluvisiométricas, possibilita
para a prática da agricultura; deste modo, o Egipto transforma-se num
verdadeiro celeiro e em paraíso de cereais e legumes.

As terras mais secas cobrem-se de vinhas, palmeiras. Junto dos pântanos


crescem plantas aquáticas, tais como o lótus, cujas raízes são comestíveis,
e o papiro, cujo caule os egípcios empregavam na preparação de papel.

3
Delta é assim chamada pelos gregos visto ter o aspecto de uma ilha limitada
pelo mar e pelos braços extremos do rio, ilha que, vista do oceano, se assemelha
ao desenho da letra grega delta, ∆.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 46

Nas águas do Nilo, movem-se peixes em profusão. Nas pastagens


retoiçoam bois, carneiros e cavalos. A agricultura causou a propriedade
dos egípcios que, tendo aprendido a regular a água, mediante a
construção de diques, canais e comportas, de maneira a não ser
demasiada em certos lugares e a poder chegar a outros, que ficavam mais
afastados do rio, conseguiram converter o país numa das regiões mais
prósperas do Crescente Fértil.

Tornaram-se ao mesmo tempo, comerciantes, industriais e artistas


notáveis. Dominara, durante séculos as relações entre o Oriente e o
Ocidente e deram vida a uma das mais brilhantes civilizações da
Antiguidade.

Os primeiros habitantes do Egipto foram caçadores nómados que,


receosos das inundações do Nilo se fixaram nos planaltos desérticos, nos
quais deixaram numerosos vestígios, machados, armas, utensílios de
pedra lascada.

Passados muitos anos, estes nómados deslocaram-se para o vale do Nilo e


aqui iniciaram a sua vida de lavradores e criadores de gado. O trabalho
em comum obrigou-os a organizarem-se em pequenos clãs, dirigidos por
chefes. Os recursos naturais egípcios, em particular o Nilo, obrigou os
egípcios a um esforço comum, impôs-lhes ordem rigorosa, forçou-os ao
aceitamento de uma direcção suprema na grande empresa. Levantar
diques, cavar canais, fazer comportas é trabalho duro, mas é trabalho
necessário, porque, sem ele, não é possível a existência do vale do Nilo.
A vida depende dos alimentos que os campos produzem.

Como consequência da prática da agricultura dá-se o excedente de


produção cuja mesma era necessário ser controladas; eram os mais
velhos, os anciãos, que controlava e distribuíam os bens.
Consequentemente do excedente de produção, as tarefas dos membros da
comunidade diversificam-se, alguns permaneceram na agricultura e
outros tornaram-se oleiros, ferreiros, em suma, artesãos. É deste modo
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 47

que surge a divisão social do trabalho como resultado da prática da


economia produtora. Neste contexto, alguns membros da comunidade
dedicam-se a tarefas distintas da agricultura, como por exemplo, a
cerâmica, a olaria, a produção da enxada e machado, a tecelagem, foi
deste modo que surge a separação de tarefas.

6.3. A Caldeia e a Assíria


Entre as montanhas da Arménia e o Golfo Pérsico, na extremidade
oriental do Crescente Fértil, encontra-se uma vasta planície, chamada
Mesopotâmia, nome que significa “território entre os rios’’ visto ser
banhado pelas águas dos rios Tigre e Eufrates. Muito produtiva na região
meridional, denominada Caldeia, avizinhava, pelo norte, com a Assíria,
montanhosa e deseloda, habitada por uma população de pastores
guerreiros e violentos.

A Mesopotâmia seguiu na sua vida social, económica e política, evolução


idêntica a do Egipto. As primeiras populações que se fixaram na ilhas da
foz do Tigre e do Eufrates, visto, a Caldeia estar então reduzida a um
pântano, abriram canais de drenagem, a fim de conquistarem novos
terrenos agrícolas, e dedicaram-se à cultura do solo.

Com o passar do tempo, as comunidades construíram cidades. A mais


importante foi Ur, sede do poderio dos Sumérios que aperfeiçoaram a
agricultura, estabeleceram relações comerciais através do mar, com povos
distantes, construíram monumentos, desenvolveram as artes, as ciências,
a indústria.

Por volta do ano 612 a.C., Nabopolassar, “imperador’’ da Babilónia,


utilizou estrategicamente o rio Eufrates, como por exemplo, construção
de portos nos quais embarcavam navios carregados de preciosidades da
Índia. A tracagem ou a passagem de navios nestes portos exigia-se o
pagamento de taxas aduaneiras, consequentemente engrandecia a
economia do “império’’.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 48

6.4. A Fenícia
Certas regiões do Crescente Fértil, como o Egipto e a Mesopotâmia,
produziam grandes quantidades de cereais, ao passo que lhes faltavam as
madeiras e minerais. Os recursos agrícolas da Fenícia eram
insignificantes para sustento da população. A sobrevivência da Fenícia
dependia em grande parte dos produtos proveniente do Egipto e da
Mesopotâmia.

Mais ainda, a principal sobrevivência da Fenícia era o comércio. As


relações comerciais dos fenícios aumentaram e puseram-nas em contacto
com os povos da bacia do Mediterrâneo e da costa atlântica da Europa.
Pelas suas mãos passavam as especiarias da Índia e o marfim da África.

Na verdade o que identifica os fenícios é o comércio que acabamos de


ver. Para manter este comércio, os fenícios viram-se na necessidade de
desenvolver a navegação, de forma a poderem chegar a todas as regiões
que ladeavam o Mediterrâneo.

Nas suas transações comerciais, os fenícios comerciavam a púrpura,


segredo deste povo, era uma tinta natural, tirada de certo molusco,
abundante nas costas de Síria. A púrpura era aplicada aos tecidos brancos,
dava-lhes, quando secavam, a cor violeta-pálida; o vidro. Como
consequência de intercâmbio comercial, os fenícios deixaram a sua
influência para outros povos e regiões. Como por exemplo, umas vezes
fundaram cidades, sempre que os locais/nativos o permitiam, alargavam,
a pouco e pouco, a influência, estabeleciam governo responsável e
assenhoreavam-se por completo da região, assim feito, eram
denominadas colónias. Outras vezes, levantavam edifícios, estabeleciam
armazéns e atraíam a estes lugares fornecedores e clientes, assim feito,
eram denominadas feitorias. A mais importante colónia foi Cartago,
fundada na Tunísia no norte de África.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 49

Sumário
Nos vales do Nilo, Tigre e do Eufrates, regiões próprias para a prática e
desenvolvimento da agricultura, fixaram-se egípcios e caldeus,
respectivamente. A agricultura prendeu-os ao solo, fez deles povos
sedentários; os rios impuseram-lhes determinada actividades. Com a
prática da agricultura ao longo das margens dos rios supracitados, este
povo pode ser denominado de civilizações fluviais.

Exercícios
1. A terra, o relevo e recursos hídricos foram factores relevantes na
origem e desenvolvimento das civilizações antigas. Explique a
influência destes elementos para o impulsionamento económico
nas respectivas regiões.
2. Diferencie Feitoria da Fortaleza. E dê exemplo destas com base
das existentes em Moçambique.
3. Fundamente a seguinte expressão: ’’ Nas suas transações
comerciais, os fenícios fundavam cidades, levantavam edifificios,
estabeleciam armazéns’’, tendo em conta a actual presença dos
chineses, indianos e Bangladesh em Moçambique.
4. Explique a base de sobrevivência dos fenícios.
5. Qual era a importância da púrpura e o que era?

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 50

Unidade VII
A Economia esclavagista em
Atenas e suas Consequências

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos suficientes
sobre o espaço territorial ocupado pela Grécia Antiga, os seus recursos, a
influência da escravatura no desenvolvimento da economia grega e por
fim a situação política, em particular de Atenas.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Localizar geograficamente a Grécia Antiga e actual;


 Identificar os recursos existentes na Grécia antiga;
Objectivos
 Explicar a influência da escravatura no desenvolvimento da
economia grega;
 Identificar nomes sonantes de políticos de Atenas e explicar a sua
influência até os dias de hoje.

7.1. A Grécia: a terra e o mar


A Grécia na Antiguidade ocupava o continente Europeu e o continente
Asiático. A Grécia europeia apresentava uma grande parte de terra
montanhosa, muitas baías e muitos golfos, o qual é fácil viajar pelo mar
que pela terra firme entre as duas Grécia. Os terrenos propícios à prática
agrícola eram raros e escassos.

Contudo, a videira e a oliveira davam aos gregos abundância de vinho e


de azeite; nas encostas criavam-se animais domésticos.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 51

O mar Egeu contribuiu bastante para despertar nos gregos ou helenos o


gosto pela navegação, pelo comércio exterior e pelas aventuras em
territórios longínquos.

7.1.1. A escravatura na Grécia


Nos seus estudos históricos, Diakov refere que o escravo para os gregos,
não era senão um ‘’corpo’’, um objecto, um simples instrumento de
produção. A proveniência dos escravos era diversa, mas a principal fonte
da escravatura era a importação de estrangeiros capturados, a pirataria e a
guerra. Os sírios, os líbios e egípcios eram os principais povos que a
Grécia apoderava para ser escravos.

Os escravos na Grécia em geral, e em Atenas em particular, estavam


sujeitos a trabalhos como nas lojas, artesanais, nas minas, na agricultura.
Em termos hierárquicos, surgiram escravos domésticos; estes
trabalhavam nas famílias abastadas e outros trabalhavam no Estado,
principalmente na parte de protecção, polícia. Os escravos
desempenharam um papel importante para o crescimento da economia
grega. Segundo alguns estudiosos, os escravos foram principais produtos
de troca na Europa em geral, e na Grécia em particular, pois, a
Antiguidade predominada por uma economia doméstica o escravo foi o
principal produto de troca.

7.1.2. A cidade de Atenas e a democracia.


Atenas depois de ter conhecido a realeza, adoptou o governo
democrático, no qual o povo participava directamente. Todos os poderes
pertenciam ao povo, isto é, ao conjunto dos cidadãos, que exerciam
directamente, reunidos em Assembleia popular, ao ar livre. Contudo, a
democracia ateniense não era uma democracia como a que hoje impera
nos Estados modernos. Por exemplo, a igualdade existia apenas em
relação a uma verdadeira aristocracia poderosa e dominadora. A
democracia ateniense só se transformou em realidade após um trabalho
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 52

de séculos, durante os quais as classes inferiores lutaram pela melhoria de


situação e pela conquista da igualdade perante a lei.

No séc. VII a.C, a Grécia começou a passar por transformações


económicas e sociais. A colonização, abrindo horizontes novos ao
comércio e à navegação, levaram ao desenvolvimento industrial; à
introdução da moeda, à exploração intensa da terra. Daqui resultou o
aparecimento de uma classe rica de armadores, industriais e mercadores,
que se juntaram aos descontentes, dispostos a banir o poder da
aristocracia e a tomar parte no governo da cidade.

É neste contexto em que o poder é confiado ao Drácon para pôr ordem na


cidade. A legislação draconiana, severa em demasia, traduziu-se na
criação de novos tribunais, destinados a proporcionar o castigo à falta
cometida. Ora, a economia esclavagista em Atenas em particular e na
Grécia em geral, conheceu muitas formas, muitos graus. Houve casos em
que a maioria da população era escrava, casos em que os escravos eram
minoritários no conjunto da população. Casos em que a organização
esclavagista estava associada ao sistema tribal. O meio geográfico, a
cultura, as várias situações do povo, explicam a diversidade assumida
pelo esclavagismo.

Sumário
Na Grécia em geral e em Atenas em particular, os escravos estavam
sujeitos a trabalhos em diversos sectores da económia. Em termos
hierárquicos, surgiram escravos domésticos; estes trabalhavam nas
famílias abastadas e outros trabalhavam no Estado, principalmente na
parte de protecção, polícia. Os escravos desempenharam um papel
importante para o crescimento da economia grega.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 53

Exercícios
1. Através do Mapa –mundo, localize a Grécia Antiga e actual.
2. Explique a importância do mar Egeu para os gregos.
3. A cidade de Atenas é tida como a ‘’mãe’’ da democracia.

- Comente a seguinte afirmação: Todos os habitantes atenienses


se beneficiavam do regime político instituído—democracia.

4. Mencione as coonsequências trazidas pela colonização grega.


5. No cenário político Ateniense soa o nome de Dracon que também
se faz sentir nos nossos dias.

- Explique claramente quando é que um Estado, Governo ou um


particular se atribui o nome de Dracon.

6. Os escravos desempenharam um papel importante para o


crescimento da economia grega.

- Comente a afirmação.

Resolva os exercícios acima indicados.


Faça um breve resumo da unidade em estudo em apenas três
Auto-avaliação
páginas.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 54

Unidade VIII
A Económia do Império Romano e
o seu Impacto no Processo de sua
Desagregação

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos de
fundação de Roma, o impacto da economia para o fim do Império e por
fim, saber que o fim do Império Romano do Ocidente marcou o fim da
Antiguidade e emerge o Feudalismo.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a fundação de Roma em duas perspectivas: mitológica e


histórica;
Objectivos  Explicar o impacto da economia para o fim do império;
 Demonstrar que o fim do Império Romano do Ocidente marca o
fim da Antiguidade e o início da Idade Média/Período
Feudal/Antigo Regime (séc. V-XV);
 Identificar a herança cultural romana para os nossos dias.

8.1. A Economia do Império Romano


A fundação da cidade de Roma é explicada em duas perspectivas, a
mitológica e a histórica. Começando pela mitológica, ela é contada
através de uma lenda, em que os próprios romanos a estoriam que a
origem da sua cidade através de Rómulo e Remo que eram irmãos
gémeos que escaparam da morte no rio Tibre, Itália, e foram resgatados
por uma loba que os amamentou, e criados por um casal de pastores. Já
crescidos, voltara a sua cidade natal de Alba Longa, e assim fundaram a
que seria Roma no presumível ano 753 a.n.e.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 55

A versão histórica, segundo historiadores, refere que a fundação de Roma


é o resultado da fusão de três povos que foram habitar a região da
península itálica: gregos, etruscos e italiotas. Estes povos desenvolveram
a agricultura e a pastorícia, sendo actividades básicas para o seu sustento.

8.2. O impacto da Economia do Império Romano


Em termos do impacto da economia do Império para o fim deste, temos a
sublinhar que é no Mediterrâneo, e em especial na Grécia e em Roma,
que o património técnico e cultural de outros povos ganha uma dimensão
especial. As actividades industriais e comerciais adquirem enorme peso e,
associadas a elas, surgem os embriões da nova classe dominante – a
burguesia. As trocas comerciais e a indústria intensificam-se; há
construção de infra-estruturas e de cidades. O capitalismo estava preste a
nascer, como afirma Mattoso.

No entanto, segundo Eduardo J. Costa Reizinho, o Império Romano foi


herdeiro de vários impérios esclavagistas da zona mediterrânica; a
organização técnica e económica do Império era amadurecida; a indústria
tinha certo peso, o comércio um peso enorme.

Mas no século II ele desmorona-se. As razões para tal são as de muitos


outros impérios. A sua grandeza e a sua fraqueza caminhavam lado a
lado. A formação de grandes impérios exigia grandes despesas com
exércitos, levava à proliferação de clientelas e de uma administração
parasitária e mesmo corrupta, provocava rivalidades entre as várias castas
dominantes.

Os camponeses e a população trabalhadora levavam uma existência


miserável para que os senhores e suas clientelas tivessem uma existência
relegada, o que era fonte de revoltas populares.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 56

As contradições, as revoltas populares, as lutas entre as camadas


dominantes, a intromissão de povos exteriores ao império, acabavam por
atingir os centros político-militares. Assim, desaparecia o comércio. Com
esta crise comercial dentro do Império, grande parte da população das
cidades tem de as abandonar.

Ora, foi no séc. III em que a crise económica de Roma atingia o seu
apogeu, as moedas perderam valor e os salários e os preços elevaram-se,
provocando o aumento da população marginalizada e maior exploração
da mão-de-obra escrava, responsável por revoltas sociais, exigindo a
constante intervenção militar. E estes, sem salário, deixavam suas
obrigações militares.

Decerto, a crise económica do Império determinada pela crise do modo


de produção esclavagista determinou um acentuado processo de
concentração da população rural, determinando novas formas de
organização sócio-económica, baseada no trabalho do colono e no
desenvolvimento das villae, grande propriedade que tendeu a auto-
suficiência e a uma economia natural. Quer dizer, a crise do esclavagismo
tornou-se com o tempo um problema estrutural, pois a produção romana
estava baseada na escravidão. Os proprietários arrendaram as suas terras a
camponeses, que se submetiam ao pagamento de tributos.

A crise económica resultou da desestruturação do modo de produção


escravagista e do déficit público gerado pela diminuição dos recursos a
partir da retracção das guerras de conquista.

As crises internas e externas tiveram como resultado o fim do Império


Romano do Ocidente no séc. V, concretamente no ano 476 e
consequentemente marca o fim da Antiguidade e inicia uma nova época
na história, a chamada Idade Média, que vai do séc. já mencionado a séc.
XV, predominado pelo Feudalismo ou Antigo Regime.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 57

Sumário
Com a queda deste Império, o esclavagismo não desapareceu. No seu
bordo sul, banhado pelo Mediterrâneo, ele mantém-se com as suas velhas
características. E nas suas zonas mais setentrionais formou-se o regime
acima referido, Feudalismo4. Dos romanos, herdámos grande parte da sua
cultura; o direito romano que influência até os dias de hoje; o latim, que
deu origem a língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola.

Exercícios
1. Explique as causas económicas do declínio do Império Romano
do Ocidente. Na sua dissertação faça o uso das ideias de F. Lot.
2. Explique a influência do Império Romano para os dias de hoje.
3. O fim deste império ficou muito bem marcado na história.
Comente a afirmação.

Resolva os exercícios indicados.


Em três páginas no minimo resuma a unidade em estudo.
Auto-avaliação

4
Alguns estudiosos, como Eduardo J. Costa Reizinho, negam em afirmar que o
Feudalismo foi uma grande fase histórica, pois esteve apena confinado nalgumas
regiões da Europa em pouco tempo, visto que o resto do globo era dominado
pelo esclavagismo, p.64.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 58

Unidade IX
Características Gerais das
Economias da Idade Média
Europeia e Asiática

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos de
conceptualização do Feudalismo e as suas principais características, tanto
no Ocidente como no Oriente.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conceitualizar a Idade Média e a sua periodização;

Objectivos  Identificar as três principais fases da Idade Média: Alta; Média e


Baixa;

 Definir o Feudalismo;

 Mencionar o tipo de economia predominante na Idade Média;

 Explicar o tipo de economia predominante na Idade Média;

 Identificar as Doutrinas Economias Medievais e seus principais


teóricos;

 Explicar o processo de surgimento dos bancos;

 Explicar a importância das Corporações e a sua influência para os dias


de hoje;

 Identificar as diferenças do feudalismo do Oriente latino e do


Ocidente.

HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 59

9.1. Epistemológia de Idade Média


A Idade Média também é designada por Idade da Fé; Idade das Trevas ou
Época Obscura. Esta designação, Idade Média, provém de uma que data
desde o séc. XIV; é uma designação em latim Médium Aevu, isto é,
período intermédio, que abarca os finais do séc. V até séc. XIII.

Este período é caracterizado, segundo alguns estudiosos, pela regressão


em todos os sectores, político, económico, cultural e social, o que não
constitui verdade, em comparação aos períodos anterior, Greco-romana e
posterior, Renascimento.

A designação da Idade Média como Idade da Fé é explicada nas seguintes


razões: a religião passa a ter um papel muito importante na direcção da
sociedade. Estamos a referir que a sociedade estava inteiramente ligada a
Igreja Católica Apostólica Romana.

9.2. Periodização de Idade Média


Em termos de periodização para a Idade Média, podemos tomar como as
seguintes balizas cronológicas:

476 – queda do Império Romano do Ocidente; (início);

1453 – tomada de Constantinopla ou Bizâncio, capital do Império


Romano do Oriente; final da Guerra dos Cem Anos; (fim).

O início e o fim da Idade Média é assim convencionalmente conhecido,


contudo, ele é posto em causa por muitos outros historiadores. Henri
Pirenne considera que a Idade Média inicia com a Expansão ou invasão
Árabe, que foi determinante na separação espacial da Europa, o Oriente e
o Ocidente. E o fim dessa Idade foi por volta do séc. XIII.

Para Marc Bloch, a Idade Média inicia no séc. IX e termina nas primeiras
décadas do séc. XIII. Neste período, o eixo central das actividades do
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 60

homem estavam viradas para o Mediterrâneo e no vasto espaço Europeu,


ocidental e central. Ainda para Bloch, a invasão germânica e a expansão
árabe, são outros fenómenos deste período responsáveis pela instabilidade
política da região.

9.3. As Fases da Idade Média

A Idade Média está dividida em três (3) fases, nomeadamente:

1ª. Alta Idade Média, finais do séc. V (476) a finais do séc. VIII.

Esta fase é caracterizada pela deposição do último imperador romano,


Romulo Augusto; queda do Império Romano do Ocidente.

2ª. Idade Média Central/Idade Média Clássica, séc. IX à séc. XIII.

Fase caracterizada, numa primeira etapa séc., pela formação da sociedade


Senhorial Vassálica, e, a segunda é caracterizada pela instituição da
ordem feudo-senhorial e consolidação das estruturas feudais.

3ª. Baixa Idade Média, séc. XIV à séc. XV (1453)

A característica básica deste período é a invasão do Império Romano do


Oriente pelos Turcos Otomanos, ou seja, dá-se queda do Império do
Oriente; dá-se a Guerra dos Cem Anos e centralização política e por fim,
em termos sócio-económico, inicia a desagregação das relações feudo-
vassálicas, por isso denomina-se por Baixa Idade Média.

9.4. A Economia predominante na Idade Média


Como referimos a cima que as crises internas e externas tiveram como
resultado o fim do Império Romano do Ocidente no séc. V,
concretamente no ano 476 e consequentemente marca o fim da
Antiguidade e inicia uma nova época na história, a chamada Idade
Média, que vai do séc. já mencionado a séc. XV, predominado pelo
Feudalismo ou Antigo Regime. Cabe agora definirmos este novo regime.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 61

É por consenso definir o Feudalismo como um modo de produção que


surgiu e se desenvolveu na Europa entre os sécs. V a XV, e estendendo-se
até ao séc. XVIII.

Para F.L. Ganshof, na sua obra Que é o Feudalismo?, define-o como um


tipo de sociedade cujos carácteres determinantes são: um
desenvolvimento dos laços de dependência de homem para homem, com
uma classe de guerreiros, uma hierarquia dos direitos sobre a terra (...).
Mais ainda, para este autor, o Feudalismo, sob ponto de vista económico,
é um sistema de dependência entre os homens, baseado na posse de terra.
A terra constituía o eixo principal da economia.

Feudalismo deriva da palavra Feudo, que originalmente significava


‘’benefício’’, algo concedido a outro, e que normalmente era terra. Outra
designação referente a feudo é latifúndio. Por sua vez, refere-se feudo
terra concedida por um Senhor, Suserano, a outro Senhor, Vassalo, em
recompensa de certos serviços.

Sob ponto de vista económico, a economia feudal ou da Idade Média


possuía base agrária5, ou seja, a agricultura era actividade responsável por
gerar riqueza social naquela época. A pecuária, a mineração, a produção
artesanal e o comércio eram actividades que existiam, de forma
secundária.

De grosso modo, podemos caracterizar a economia feudal de natural, de


subsistência e desmonetarizada. Isto é, natural por que baseava-se em
trocas directas, produto por produto e directamente entre os produtores,
não havendo um grupo de intermediários – comerciantes; de subsistência
por que produzia-se em quantidade e variedade pequena; e

5
A agricultura na época medieval era a actividade mais importante, a terra era o
meio de produção fundamental. Ter terra significava a possibilidade de possuir
riquezas.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 62

desmonetarizada por não se utilizar de qualquer tipo de moeda, no


entanto, a circulação da moeda era muito reduzida senão com a
‘’revolução’’ do comércio devido as Cruzadas, a primeira.

De forma detalhada podemos referir seguintes aspectos sobre economia


feudal: verifica-se uma grande regressão económica, que conduz o
fenómeno da autarcização da economia e, consequentemente, a sua
ruralização, ou seja, verifica-se a predominância do sector agrícola. A
terra, o feudo constituiu o vector da economia daquele período. A
economia está baseada na posse de terra conhecida, como acima se
encontra escrito, feudo, também conhecido por latifúndio ou ainda por
domínio ou vila6 senhorial. E as relações económicas estavam
dependentes de relações socais como também dependentes do poder
sobre a terra. De reforma resumida, podemos dizer que a Idade Média foi
predominada por uma Economia Rural ou Fechada ou ainda de
subsistência e uma Economia pouco Monetária ou urbana.

Apesar da economia Medieval ser predominada por uma economia rural


ou fechada, ela não estava alheia a práticas comerciais. Neste aspecto
comercial, divulga-se o uso da moeda, protege-se o renascimento
industrial. Neste contexto, os antigos burgos convertem-se em cidades e
nascem muitas outras e a classe mercantil, uma burguesia de
comerciantes. E forma-se também outro grupo de profissionais, como
artistas. Foi nesta ampla dinâmica profissional a nível urbana que surge a
Economia Monetária ou urbana.

Ora, as grandes cidades da Europa, em particular do norte e


principalmente da Itália: Génova, Pisa, Florença7, Veneza, aguparam-se
em Ligas como forma de procurar uma autonomia financeira e
principalmente política. Nesta ordem, no séc. XIV formou-se uma grande

6
Villa, para o romano, era a casa de campo agrícola. Villa significa então
domínio, e pertencia a um senhor. A intensificação do povoamento das vllae deu
origem à cidades francesas e no continente europeu. Por isso, em francês,
cidadede diz-se ville.
7
A cidade de Florença é assim chamada por possuir nas suas artérias uma grande
quantidade de flores.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 63

Liga que englobava várias cidades. Foi chamada Hansa Teutónica ou


Liga Hanseatica.

A vida dos comerciantes medievais era tão aventurosa como a dos


cavaleiros8. Para evitar os perigos a que estavam sujeitos, exemplo
guerras, recorreram às feiras (festas): Champanha, França.

Os pleitos entre comerciantes eram julgados por tribunais especiais. Os


juizes eram os consules dos mercadores; também exerciam a justiça nos
portos muçulmanos do Egipto e da Síria. Ainda hoje os cônsules dos
nossos dias têm o mesmo nome e algumas funções semelhantes.

Mais ainda, o Feudalismo, permitindo ao senhor cunhar moeda9, alterou o


valor intrínseco da mesma, estabelecendo grande confusão quanto à
garantia do metal empregado no seu fabrico. Com a centralização do
poder e com o incremento do comércio, houve necessidade de resolver
problema tão grave. Daí o aparecimento de técnicos de análise empírica
da qualidade metálica da moeda, os cambistas que tornavam as moedas
capazes para circulação oficial da cidade. Os cambistas, detentores de
prata, faziam empréstimo aos reis. Normalmente eram judeus, pois o
Cristianismo proibia a usura10. Também os italianos conseguiram dos
reis da França o direito de cambiar. E para se distinguirem dos judeus,
passaram a chamar-se banqueiros, da banca onde prensavam o dinheiro
ao bater a moeda. Um dos grandes banqueiros na Itália foram os Médicis
que se converteram em capitalistas poderosos.

Nos finais do séc. XIII alguns dos banqueiros italianos possuíam mais de
uma banca em cidades diferentes. Um cliente que depositasse em

8
Cavaleiros eram principalmente homens de guerra, embora o jovem dos
castelos tenha sido educado a respeitar a mulher e defender a fé cristã; afinal o
que caracteriza, de grosso modo, a Idade Média é (i) a Fé, Igreja cristã; (ii)
terra/feudo na economia e (iii) a cavaleria na política—guerra.
9
Fase de Economia Monetária em que Mattoso a afirma como os primórdios do
Capitalismo, p.240.
10
Usura é uma espécie de empréstimo a juros.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 64

Florença o seu dinheiro podia recebê-lo em Paris, bastava uma carta


escrita pelo banqueiro florentino ao seu delegado em Paris e confiada ao
depositante. Foi assim que nasceram as letras comerciais, que impediam
os ricos do transporte individual de dinheiro. Deste modo, nos fianais do
séc. XIII começam a organizar-se os bancos.

Ora, na Idade Média assiste-se um grande movimento comunal11, uma


proliferação de feiras e um restabelecimento do comércio com o Oriente e
assim deu-se um grande florescimento comercial. Tal facto traduziu-se
numa maior preocupação com os problemas económicos, nomeadamente
por parte dos teólogos, São Tomás de Aquino e Nicolau Oresme
tornaram-se os mais importantes teorizadores, tendo por base o Direito
Canónico, daí o chamarem-lhes Canonistas.

O justo preço, o justo salário, a legitimidade do empréstimo a juros e os


direitos da propriedade privada foram os tema mais tratados pelos
canonistas.

Nas trocas, São Tomás defendia o princípio da igualdade de prestações,


ou seja,: ‘’cada parte deve fornecer o equivalente ao que recebe e receber
o equivalente ao que fornece’’. O justo preço é uma aplicação deste
princípio. É preciso que as mercadorias sejam vendidas pelo justo valor,
que é aquele que corresponde ao trabalho do artesão, ao transporte e
demais custos do produto.

O justo salário, baseado ainda no princípio da igualdade de prestação


deve permitir ao obreiro uma vida decente bem como à sua família. Os
primeiros canonistas condenavam o juro, pois, o consideravam como uma
prestação unilateral.

11
Movimento comunal é o movimento de emancipação das cidades.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 65

Através da Idade Média subsistiram alguns problemas como o da


escravatura e o da servidão. Grandes doutores da Igreja toleraram a
escravatura que, embora considerada injusta de direito natural, era justo
como consequência do pecado.

A este aspecto, Santo Agostinho diz o seguinte: ‘’ foi com justiça que o
jugo da servidão foi imposto ao pecador. A escravatura é, portanto, uma
pena’’12, e ainda mais, ‘’a missão da Igreja não é tornar livres os
escravos, mas fazê-los bons’’. O movimento comunal, já referido, e as
Cruzadas foram o golpe de morte para a servidão, transformando-a em
colonatos livres.

Temos ainda a referir, neste aspecto económico, que na Idade Média


surge as Corporações, instituição bastante importante na vida
económica, cultural e moral naquele período. Esse corporativismo
distingue-se do actual na sua estrutura jurídica, embora haja certas
afinidades quanto às funções.

Indivíduos com uma profissão ou exercendo um mesmo ramo de


actividade, associavam-se para defender os seus interesses económicos ou
realizar melhor a sua finalidade. Dentro das corporações económicas, a
principal função residia em manter os mercados locais e defender a boa
qualidade dos produtos, evitando a concorrência desleal.

Sumário
A economia Medieval era predominantemente uma economia rural ou
fechada, ela não estava alheia a práticas comerciais. Neste aspecto
comercial, divulga-se o uso da moeda, protege-se o renascimento
industrial. Neste contexto, os antigos burgos convertem-se em cidades e
nascem muitas outras e a classe mercantil, uma burguesia de
comerciantes. E forma-se também outro grupo de profissionais, como

12
Santo Agostinho, in: Cidade de Deus, I-XIX-14-15.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 66

artistas. Foi nesta ampla dinâmica profissional a nível urbana que surge a
Economia Monetária ou urbana.

Exercícios
1. Descreva o processo de surgimento dos primeiros bancos no
mundo, em particular na Europa.
2. A Economia Medieval foi caracterizada exclusivamente pelo
desenvolvimento do sector primário.

a ) Faça comentário desta afirmação.

b) Indique outros principias sectores deste período.

3. a) Quando e onde vigorou o FEUDALISMO?

b) Defina Feudalismo segundo Ganshof.

4. Em termos de periodização, caracterize de forma geral a Baixa


Idade Média.
5. Comente o posicionamento da ‘’tese tradicional’’ sobre a origem
da Idade Média.
6. Porque é que a Economia Medieval era também designada de
autárquica?
7. Apesar da economia Medieval ser predominada por uma
economia rural ou fechada, ela não estava alheia a práticas
comerciais.
- Como surge a economia monetária ou urbana?
8. Interprete a seguinte expressão: Os primeiros canonistas
condenavam o juro, pois, o consideravam como uma prestação
unilateral’’, tendo em conta o crescimento económico de um
sector ou mesmo País.

Resolver os exercícios indicados.


Elabora um berve resumo desta unidade em quatro páginas.
Auto-avaliação
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 67

Unidade X
Características Económicas do
Feudalismo no Reino Franco

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve ser capaz de distingir a economia
natural da monetária que vigoram neste reino e explicar o papel
desempenhado por Carlos Magno, nas vertentes económica e
administrativa.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Localização geográfica e figuras políticas que impulsionaram o


crescimento económico no Reino Franco;
Objectivos
 Transição do Reino Franco para Império Carolíngio;
 Reformas económicas adoptadas por Carlos Magno;
 Distinção entre Economia Natural ou de Subsistência, ou ainda
Fechada e Economia Monetária ou Urbana.

10.1. Localização geográfica e figuras políticas do Reino Franco


O reino Franco desenvolveu-se nos actuais territórios franceses, até então
Gália, e Bélgica. Os francos prosperaram rapidamente devido os recursos
energéticos que o território possuía. Em termos políticos, os francos
adoptaram o sistema monárquico e confiaram o poder a rei Clóvis. A
cidade capital era Paris, a que se tornou uma das mais importantes do
Ocidente.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 68

A destruição do domínio mundial dos Romanos manifestou-se nas


chamadas invasões bárbaras. No Império Romano do Ocidente
estabeleceram-se algumas nações germânicas orientais, mais ou menos
controladas pelo Bizânciao – o Império Romano do Oriente, a partir de
395. O Império Bizantino ou Império Romano do Oriente dispunha-se a
recuperar em todas a área do Mediterrâneo a sua preponderância. No
entanto, opunha-se a estas pretensões o Papado e os Francos. Porém, por
volta do ano 500, os francos tornaram-se o único povo germânico que
realizou a expansão, entrando em contacto permanente com as áreas
germânicas ocidentais.

Os francos foram empurrados para o Ocidente no decurso do séc. IV e em


meados do seguinte, tinham atingido a Gália, actual França. A infiltração
dos francos na zona onde actualmente se situam a Bélgica e o norte da
França fez surgir uma população gelo-românico-germânica, com a sua
respectiva cultura. Os francos adoptaram a sua primeira capital, a
ocidente, primeiro Doornik e em seguida, no reinado de Clodoveu, Paris.

Ora, o que se pretende perceber aqui são as transformações económicas e


políticas neste reino que concorreram para o desequilíbrio da Europa
Ocidental.

Assim, podemos dizer que a Europa Ocidental, depois da invasão dos


bárbaros, e encontrava em depressão económica, tendo-se verificado
mudanças fundamentais na estrutura social. A Economia Monetária
romana deu lugar à Economia Natural germânica. Interessa aqui
fazermos a distinção dos conceitos acima destacados. Entende-se por
Economia Monetária quando o mercado de circulação de moeda, compra
e venda de produtos é feita via moeda, ao passo que Economia Natural é
a troca directa de produtos.

Com esta crise económica, as unidades rurais básicas encaminhavam-se


no sentido da auto-suficiência. O comércio interno enfraqueceu
consideravelmente.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 69

As cidades romanas tomaram um carácter rural: cultivavam-se campos e


apascentava-se gado. Os comerciantes e artistas viram-se obrigados a
dedicarem-se a actividades agrícolas para o seu sustento. A agricultura
era a actividade do solo a mais frequente forma fundiária conhecida.

10.2. Transição do Reino Franco para Império Carolíngio


O reino Franco que posteriormente ficou conhecido por Império
Carolíngio, designação derivada de Carlos Magno (754). Com este
imperador, a política do reino franco atingiu a sua maior amplitude.
Carlos Magno levou a cabo acções políticas cujas repercussões se
mantiveram, durante séculos, na vida política, cultural e económica do
Ocidente.

É sobre este último aspecto, económico, que aqui se pretende tratar. A


este aspecto, a política económica, social e interna, Carlos Magno não
pôde alterar o curso das mudanças gerais, já verificadas na época
merovíngia, embora, em todo o caso, tivesse conseguido introduzir
algumas melhorias. Uma economia quase de auto-bastecimento constituía
a base principal de todas as camadas sociais. O padrão ouro, que os
antigos aceitavam universalmente representava algo de inatingível no
seio do reino dos francos, guardando-se o ouro para raras trocas
sumptuárias.

10.3. Reformas económicas adoptadas por Carlos Magno


Em termos de reformas económicas, Carlos Magno aplicou de maneira
coerente uma reforma monetária, que partia da moeda de prata: uma libra
de prata equivalia a 240 penins de prata, cada um dos quais continha dois
gramas de prata pura (denários). Com esta reforma, Carlos Magno só
atendeu à procura do mercado interno. E o mesmo fez quando
empreendeu a unidade dos pesos e medidas. Mediante a concessão de
privilégios mercantis, Carlos Magno melhorou também as receitas da
Coroa. A conservação das estradas tinha, antes de mais, objectivos
militares.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 70

O reino dos francos não realizava um comércio muito activo com países
longínquos. Manteve-se a tendência, iniciada na época dos Merovíngios
(450-550, representada por Clodoveu I, rei de 482 a 511), para acumular
extensões cada vez maiores de terra nas mãos dos dignitários políticos e
religiosos.

Perante a vasta superfície de terreno cultivável e o escasso número de


habitantes, ninguém pensava na racionalização e na exploração intensiva
da agricultura; manteve-se a ‘’Economia das Três Folhas’’, isto é, em ano
cultivava-se cereal de inverno, outro ano o cereal de verão e num terceiro
ano a terra ficava em pousio.

Para o controle das actividades económicas neste reino, estavam os


monges, pessoas que se dedicavam apenas nos estudos, ou seja, sabiam
ler e escrever, que faziam registos da produção e contas e controlavam
receitas e despesas, conseguindo mais receitas que despesas.

No que toca à gastos com a manutenção da corte e ao pagamento dos


funcionários, Carlos Magno tinha o cuidado de fiscalizar minuciosamente
os bens da sua casa e da sua coroa. Os rendimentos das valiosas
propriedades dispersas pelo império eram empregues nas viagens ou
campanhas bélicas.

No âmbito político-administrativo, inclusive económico, Carlos Magno


impediu a autonomia do sector administrativo. Para o efeito, adoptou
diversas medidas. Assim, por exemplo, não autorizava que fossem
hereditários os cargos dos funcionários e do respectivo feudo. Dividiu os
Condados demasiado grandes. Para a inspecção do desempenho das
funções dos condes, enviava duas vezes por ano ‘’mensageiros reais
itinerantes’’ denominados missi dominici, que nunca eram os mesmos.
Deste modo, Carlos Magno conseguiu manter em permanente contacto
sobre os seus condes.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 71

Sumário
Os francos foram empurrados para o Ocidente no decurso do séc. IV e em
meados do seguinte, tinham atingido a Gália, actual França. A infiltração
dos francos na zona onde actualmente se situam a Bélgica e o norte da
França fez surgir uma população gelo-românico-germânica, com a sua
respectiva cultura. Os francos adoptaram a sua primeira capital, a
ocidente, primeiro Doornik e em seguida, no reinado de Clodoveu, Paris.

Ora, o que se pretende perceber aqui são as transformações económicas e


políticas neste reino que concorreram para o desequilíbrio da Europa
Ocidental.

Exercícios
1. Explique a transição do Reino Franco para Império Carolíngio.
2. Indique as reformas económicas adoptadas por Carlos Magno.
3. Faça distinção entre Economia Natural ou de Subsistência, ou
ainda Fechada e Economia Monetária ou Urbana.

Fazer os exercícios indicados.


Em um minimo de quatro páginas elabore um breve resumo sobre
Auto-avaliação
a unidade em estudo.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 72

Unidade XI
O Império Romano do Oriente e o
Desenvolvimento das Relações
Esclavagistas

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos suficientes
que explicam as razões da queda do Império Bizantino e o papel
desempenhado por Justiniano.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar que Império Romano do Oriente é o mesmo que dizer


Império Bizantino;
Objectivos
 Explicar as razões da edificação da capital Bizantina na antiga
colónia Grega;
 Explicar as causas da decadência do Bizâncio;
 Explicar as consequências da queda do Bizâncio na história da
humanidade.

11.1. O Império Romano do Oriente/Império Bizantino


No final da Antiguidade, a cidade de Constantinopla, hoje Istambul na
Turquia, transformou-se no principal centro económico e político do que
restou do Império Romano. Edificada no mesmo local em que existira a
antiga colónia grega de Bizâncio, entre os mares Egeu e Negro, o
imperador Constantino a construiu, motivado por razões de ordem
estratégica e económica, com a intenção de transformá-la na nova capital
do império.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 73

Com uma localização privilegiada, entre o Ocidente e o Oriente,


desenvolvia um activo comércio com as cidades vizinhas, além de possuir
uma promissora produção agrícola, o que tornava um centro rico e forte,
em contraste com o restante do império, estagnado e em crise. Após a
divisão do império, Constantinopla passou a ser a capital da parte
oriental, concretizando-se a completa autonomia do que resta do grande
império latino.

Em termos políticos, o Império Romano do Oriente tinha um poder


centralizado e despótico. O mais célebre governante do Império foi
Justiniano (527-65), que ampliou as fronteiras do império, empreendendo
expedições que chegaram às Península Itálica e Ibérica e ao norte de
África.

A obra de Justiniano, no entanto, é muito mais importante no plano


interno do que no externo. Entre 533 e 565, por sua iniciativa, realizou-se
a compilação do Direito Romano, que resultou num dos maiores legados
do mundo romano: o Corpo do Direito Civil, que serviu de base aos
códigos civis de diversas nações nos séculos seguintes. Essas leis
definiam os poderes quase ilimitados do imperador e protegiam os
privilegiados da Igreja e dos proprietários, marginalizando a grande
massa de colonos e escravos.

Outra distinção que se atribui a Justiniano, no campo cultural, é a


construção da Igreja de Santa Sofia, cuja monumentalidade simbolizava o
poder do Estado associado à força da Igreja Cristã13 .

13
A IdadeMédia ou período da fé cristã foi caracterizada pela interligação muito
forte entre a Igreja Cristã e o Estado, neste contexto, segundo a doutrina
Católica, referente no Império Romano do Ocidente, a Igreja tinha de estar
sempre presente no Estado, mas nunca se podia confundir com ele. Importa
sublinhar que o Cristianismo no Império Oriental teve características próprias e
muito diferentes das do Cristianismo Ocidental. Exemplo, os cristãos bizantinos,
mistura dos gregos e asiáticos, despresavam o culto a imagens—idolatria;
negavam o dogma ocidental da Santíssima Trindade de (Pai, Filho e Espírito
Santo) representando Deus.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 74

11.2. Decadência económica do império


Romano
Após o auge do governo de Justiniano, o império entra em lenta
decadência, essencialmente urbana. Bizâncio foi alvo das ambições
comerciais das cidades italianas, como Veneza. No final da Idade
Média, por sua posição estratégica, foi o ponto mais ambicionado
pelos turcos otomanos, que em 1453 derrubaram as muralhas de
Bizâncio e pondo fim à existência do Império Romano do Oriente.
Assim, a queda de Constantinopla serviria como marco para o fim
do Mundo Medieval Ocidental e o início da Idade Moderna.

Sumário
Retomando a aspectos económico de referir que no império verificou-se
um intenso desenvolvimento do comércio, por meio do qual foi possível
obter recursos, para resistir às invasões bárbaras. A produção agrícola,
por sua vez, desenvolvia-se em grandes extensões de terra, utilizando o
trabalho de colonos livres e de escravos, situação inversa do que ocorria
no Ocidente. Neste último, na produção agrícola, eram os senhores e os
servos que faziam parte de relação de produção.

Exercícios
1. Explique as razões que levaram o imperador Constantino a
edificar a capital do Império em Bizâncio.
2. A queda do Império Romano do Ocidente foi suplantado por um
outro Império. Identifique-o.
3. Mencione as razões da queda deste Império.
4. A queda do Império Romano do Oriente marca uma nova fase da
história. Mencione-a.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 75

Resolva os exercícios acima indicados.


Em um minimo de quatro páginas elabore um breve resumo sobre
Auto-avaliação
a unidade em estudo.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 76

Unidade XII
O Carácter Económico da
Expansão Islâmica e o Bloqueio
Medterrâneo Ocidental

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos do
processo de “formação’’ do Islamismo e as consequências da expansão
económica dos árabes no entrave mediterrâneo ocidental.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Localizar geograficamente a Arábia;


 Identificar os recursos da Arábia;
Objectivos
 A origem do Islamismo;
 Caracterizar as actividades económicas - o comércio;
 Explicar a influência do mundo árabe em termos de troca
comercial, para o mundo Europeu;
 Explicar a proveniência de receitas para o crescimento económico;
 Explicar o impacto do comércio árabe para o mundo Ocidental,
Europa;
 O impacto do comércio para o surgimento da Economia Monetária.

12.1. Localização geografica da Arábia


A Arábia é uma península ocupada por uma grande porção terra
desértica, onde, na Antiguidade, viveu uma população semi-nomada,
dedicava-se à pastorícia e à pilhagem. Entre o Egipto e a Mesopotâmia, a
Arábia, possui terra e clima inóspito para fixação populacional. Somente
nas encostas vizinhas do mar foi possível a sedentarização das tribos, que
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 77

se tornaram mais pacíficas e religiosa, mas nunca tiveram a unidade. A


civilização atingiu primeiro a Arábia do sudoeste, habitada por
agricultores e mercadores, praticavam trocas comercias com o Egipto e
Israel. Mais tarde, com as conquistas de Alexandre Magno, a Arábia
tornou-se conhecida como via comercial, entre o Mediterrâneo e o
Oriente.

Nos séculos seguintes, através dos contactos com os Abissínios, que


colocados sob a protecção de Bizâncio, adoptaram a religião cristã, e de
colónias hebraicas, os árabes do sul sofreram a influência do catolicismo
e do judaísmo.

12.2. Características Económicas


Em termos económicos, o vasto império dos Abássidas permitiu um
florescimento económico notável nas grandes regiões mercantis do
mundo antigo, particularmente na Mesopotâmia. Deu-se o restauro do
sistema antigo de irrigação, o aproveitamento agrário, a introdução de
novas culturas arborícolas, como a do algodão, e a sua consequente
industrialização.

Os árabes desenvolveram a tecelagem e o fabrico de tecidos finos. A


cidade de Damasco tornou-se um centro artesanal de grande fama pelos
seus tecidos. Ainda hoje se usam no comércio termos que ali tiveram seu
nascimento, como é o caso de Demasco e da Musseline, cidade de
Mossul, perto do Tigre. Fabricaram no Iémen e em Toledo, espadas. Em
Espanha foram os precursores das industrias do couro, e refinaram
açúcar.

As receitas árabes provinham de diversos sectores económicos, como, por


exemplo, reservas de ouro obtidas com a violação de antigos túmulos
egípcios e mesopotâmicos, com contribuições e impostos lançados sobre
os vencidos e ainda com exploração de minas no Cáucaso e no Sudão.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 78

Os árabes foram essencialmente mercadores, mas também foram


agricultores e artesãos. Foi em contacto com eles que os europeus
introduziram na sociedade medieval artigos de luxo. Com o
desenvolvimento do comércio, os árabes fizeram a cunhagem da moeda.
Inicialmente, serviram-se da unificação monetária romana do Oriente, o
numisma.

Através das caravanas por terra ligavam o Ocidente e o Oriente. A


expansão marítima muçulmana, usando embarcações à vela, foi
precursora da expansão marítima portuguesa.

Serviram-se da bússola, de origem chinesa, e elaboraram cartas e roteiros


marítimos. Em termos de produtos, os árabes comerciavam produtos
artesanais, peles, âmbar, artigos de luxo, cereais, frutos e escravos. Foram
grandes fabricantes de armas brancas e excelentes produtores de aço fino.
Também foram os árabes que introduziram na Europa o papel chinês.

Como acabamos de ver, que os árabes foram essencialmente


comerciantes, praticavam esta actividade comercial com a Europa e
outros povos também do Oriente; na verdade, a partir do séc. IX,
Bizâncio, o grande fornecedor da Europa deixou de suprir as
necessidades dos seus consumidores ocidentais, em parte, devido ao
desmembramento do Império Romano do Oriente e do bloqueio
muçulmano em torno de Constantinopla. A invasão normanda obrigou ao
despovoamemento das cidades e a procura nos campos a sobrevivência.
Foi assim que surgiu uma economia essencialmente rural/fechada que
possibilitou o nascimento das cidades.

Com esta invasão muçulmana e o domínio dos Corsários árabes no


Mediterrâneo, o comércio europeu com o Império Romano do Oriente
teve de procurar outras vias. Antes de as encontrar, houve que recorrer à
agricultura, o que deu a uma Economia fechada, ou seja, a uma economia
senhorial.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 79

As economias faziam-se dentro de um mundo de um mundo limitado com


os recursos que a terra oferecia.

Ora, os muçulmanos monopolizaram por completo o comércio no seu


tempo devido as facilidades geográficas, ou seja, os muçulmanos eram
intermediários entre o Oriente e o Ocidente. Os seus navios sulcavam o
Mediterrâneo e frequentavam os portos do mar vermelho, anteriormente
denominado mar Roxo, do golfo Pérsico, do oceano Índico. Graças a esta
actividade os produtos orientais espalharam-se por toda a Europa, aonde
chegavam em abundância sedas, tapete, estofos do Levante, especiarias,
perfumes, medicamentos, jóias e outros produtos acima mencionados.

A indústria muçulmana teve um desenvolvimento considerável,


especialmente na produção de artigos de luxo: Damasco fabricava tapete,
veludos, sedas e outros.

A agricultura, que fizemos a sua alusão, fez entre os muçulmanos,


enormes progressos, sobretudo na Espanha, onde se consideravam
famosa as hortas de Valência e Granada. Foram eles ainda que deram a
conhecer ao Ocidente numerosas árvores de fruto, o arroz, a cana-de-
açúcar, etc.

Sumário
Os árabes desenvolveram a tecelagem e o fabrico de tecidos finos. A
cidade de Damasco tornou-se um centro artesanal de grande fama pelos
seus tecidos. Ainda hoje se usam no comércio termos que ali tiveram seu
nascimento, como é o caso de Demasco e da Musseline, cidade de
Mossul, perto do Tigre. Fabricaram no Iémen e em Toledo, espadas. Em
Espanha foram os precursores das industrias do couro, e refinaram
açúcar. As receitas árabes provinham de diversos sectores económicos,
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 80

como, por exemplo, reservas de ouro obtidas com a violação de antigos


túmulos egípcios e mesopotâmicos, com contribuições e impostos
lançados sobre os vencidos e ainda com exploração de minas no Cáucaso
e no Sudão.

Exercícios
1. Explique o processo de surgimento do Islamismo.
2. Identifique a ciência que se dedica ao estudo da moeda.
3. Qual é o legado linguístico do árabe para português.
4. Mencione as consequências da expansão económica dos árabes
no entrave bloqueio mediterrâneo ocidental.
5. Que alternativas os europeus tiveram para fazer face a invasão do
comércio árabe?
6. A proveniência de receitas árabe era diversa.

- Mencione donde vinham as receitas árabes.

Resolva os exercícios acima indicados.


Em quatro páginas elabore um breve resumo sobre a unidade em
Auto-avaliação
estudo.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 81

Unidade XIII
A Formação do Sistema
Capitalista Mundial: séc. XVI-XVIII

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos de
conceptualização do Capitalismo, as causas da sua formação e as fases
que o compõe.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Analisar restropectivamente a Idade Média para entender a


formação do sistema capitalista;
Objectivos
 Explicar o processo da formação do sistema capitalista;
 Identificar e caracterizar as principais etapas ou fases do
Capitalismo;
 Identificar o tipo de capitalismo vigente em Moçambique.

13.1. Antecedentes do Processo da Formação do Capitalista


Antes de entrarmos em detalhe desta unidade, merece, primeiro, fazer
uma retrospectiva daquilo que tratamos sobre a Idade Média,
principalmente a sua crise, para entendermos a Idade Moderna em
questão, predominada pelo sistema capitalista.

A Idade Média fora dominada por instituições políticas que retalharam os


Estados em números governos locais, ora aristocráticos, ora populares,
ora burgueses. Daqui resultara a fragmentação do poder central, o
predomínio dos interesses particulares e a falta de soluções para os
problemas de alcance nacional. Isto é, o poder medieval já não coadunava
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 82

com a nova realidade, era o primórdio do capitalismo. Contudo, nos séc.


XIV e XV verificam-se uma transformação política e social que conduz
ao nascimento dos governos centralizado, à emancipação individual e ao
prestígio social da classe burguesa, afinal estas são características
fundamentais da Idade Moderna, com esta nova realidade, a Europa
Ocidental liberta-se da Idade Média e ultrapassa-a, é a chegada da Idade
Moderna.

A crescente actividade do comércio e da indústria impõe a economia


urbana e anula a hierarquia rígida da Idade Média. Dá-se o
desaparecimento da servidão e a solidariedade entre os camponeses e os
senhores feudais. A nobreza territorial perde a sua missão na sociedade,
extingue-se o regime senhorial. O nobre fica apenas proprietário.

13.2. O Processo da Formação do Sistema Capitalista


O que nos interessa nesta unidade é analisarmos o Capitalismo que por
definição é um sistema político, económico e social que surgiu na
Europa, em particular Inglaterra, no séc. XV e XVI, substituindo o
Feudalismo.

A Inglaterra constitui exemplo típico no surgimento do Capitalismo na


Europa por ter sido aquele país onde se desenvolveu pela primeira vez
uma sociedade capitalista caracterizada por profundas transformações das
antigas estruturas sócio-económicas feudais em novas estruturas
capitalistas.

13.3. Aspectos Económicos do Sistema Capitalista


A agricultura desenvolvia-se em moldes capitalistas, levando a que os
Lordes perdessem as suas terras a favor de novos proprietários, a
burguesia rural.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 83

Um dos factores fundamentais, para além do já mencionado


anteriormente, para a emergência do capitalismo na Inglaterra foi a
acumulação primitiva do capital. Isto é, a terra, neste período, torna-se
propriedade privada e sujeita a operação compra e venda. Neste aspecto
sobre privatização de terras, verifica-se na Inglaterra o sistema de
açambarcamento, ou seja, encloser. A agricultura é mecanizada e o
produto é destinado para o mercado interno e externo.

Paralelamente a agricultura, desenvolvia-se a indústria, também em


moldes capitalistas; agrupando mestres e aprendizes, operários e artífices,
consequentemente surge a especialização de trabalho. Com passar de
tempo, esta indústria foi se alargando surgindo assim novas, como
siderúrgica, de vidro, de construção naval, etc. Estamos perante a
Revolução Industrial, séc. XVIII, que também emergiu na Inglaterra.

De grosso modo, o capitalismo formou-se nas sociedades mercantis e


monetárias da Europa Ocidental na decomposição de ordem feudal como
também influenciado pelas riquezas de África, a troca desigual dos
produtos (mercantilismo); a desvalorização da moeda e subida de preços
permitiu à burguesia acumular capitais e introduzir novas formas
capitalistas de produção.

Os investimentos de capitais em companhias comerciais e em bancos


intensificam-se, e com eles, também a obtenção de lucros. O tráfico de
escravos converteu-se no negócio lucrativo, servindo-os nas grandes
plantações, nas colónias inglesas, espanholas, holandesas e portuguesas.

13.3.1. Fases do Capitalismo


Segundo Valentin Vásquez de Prada, na sua obra História Económica
Mundial I, o primeiro período da Idade Moderna inicia nos fianais do séc.
XV e termina nos finais do séc. XVIII, predominado pelo Capitalismo
Comercial ou Mercantil, pois o capital foi principal eixo da expansão
económica.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 84

Neste primeiro período da Idade Moderna predominado pelo capitalismo


comercial, o comércio colonial foi a base do enriquecimento geral e nele
assentou o progresso económico da época, cujas consequências foram o
surgimento da Revolução industrial e consequentemente era a fase de
capitalismo industrial. E com o passar do tempo, a grande circulação de
metais preciosos, ouro e prata, e a activação das trocas lançaram bases
para o surgimento capitalismo financeiro.

Ora, o desenvolvimento da agricultura e o da indústria em moldes


capitalistas levaram ao surgimento de Capitalismo como modo de
produção dos séculos XVI e XVIII a ocorrer em três fase, como atrás
mencionamos:

- Capitalismo Manufactureiro

- Capitalismo Industrial e

- Capitalismo Financeiro.

Sumário
O capitalismo formou-se nas sociedades mercantis e monetárias da
Europa Ocidental na decomposição de ordem feudal como também
influenciado pelas riquezas de África, a troca desigual dos produtos
(mercantilismo); a desvalorização da moeda e subida de preços permitiu à
burguesia acumular capitais e introduzir novas formas capitalistas de
produção.

Exercícios
1. Explique sucintamente a formação do Sistema Capitalista.
2. Mencione as balizas cronológicas do capitalismo.
3. Caracterize as duas últimas fases do Capitalismo.
4. Caracterize as três fases do capitalismo
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 85

Resolva os exercícios acima indicados.


Em um minimo de quatro páginas sintetize a unidade em estudo.
Auto-avaliação
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 86

Unidade XIV
O Mercantilismo e o seu Papel na
Pilhagem das Colónias e a
Acumulação de Capitais da
Europa

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos de
conceptualização de Mercantilismo, identificar os seus principais teóricos
e praticantes e, por fim, saber as suas consequências para acumulação de
Capital na Europa.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir Mercantilismo;
 Identificar os preceitos vincados por bulionistas;
Objectivos
 Mencionar os teóricos e praticantes do Mercantilismo;
 Explicar a importância da Lei de Nevegação de 1651 na
Inglaterra.

14.1. O Mercantilismo
Evidenciando a íntima relação entre Estado e economia, o mercantilismo
caracterizou-se por ser uma política de controle e incentivo, por meio da
qual o estado buscava garantir o seu desenvolvimento comercial e
financeiro, fortalecendo ao mesmo tempo o próprio poder. Não chegou a
constituir uma doutrina, um sistema de ideias, um conjunto coerente de
práticas e acções; foi, na verdade, um conjunto de medidas variadas,
adoptadas por diversos Estados modernos, visando à obtenção de
recursos e riquezas necessários à manutenção do poder absoluto.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 87

Cada estado procurou as medidas que mais se ajustavam às suas


peculiaridades: alguns concentraram-se na exploração colonial, na
obtenção de metais preciosos (ouro e prata); outros, nas actividades
marítima e comercial; e outros, ainda, optaram por incentivar a produção
manufactureira.

Apesar das variações entre os estados e de época para época, houve uma
série de princípios comuns que orientaram a política mercantilista. Um
deles foi o metaismo – concepção que identifica a riqueza e o poder de
um estado à quantidade de metais preciosos por ele acumulados e a
manutenção de uma balança comercial favorável (o nível das exportações
devia ser superior ao das importações).

Neste quadro, o estado restringia as importações impondo pesadas taxas


alfandegárias aos produtos estrangeiros, ou até mesmo proibindo que
certos artigos fossem importados. Essas medidas visavam não apenas
diminuir as importações, mas igualmente proteger, a produção nacional
da concorrência estrangeira; por esse motivo, são chamadas de medidas
proteccionistas.

Dessa forma, o mercantilismo quase sempre esteve ligado ao trinômio


metalismo, balança comercial favorável e proteccionismo.

Saiba Mais: Alguns exemplos de aplicações diversas desses

Na Espanha, o estado adoptou medidas para a obtenção de metais por


meio da exploração colonial americana; e para a restrição das
importações, priorizando o metalismo. Devido à estocagem de lingotes de
ouro e prata (bullion, em inglês), o mercantilismo espanhol recebeu o
nome de bulionismo.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 88

Na França (séc. XVII), o governo procurou limitar as importações e, ao


mesmo tempo, aumentar o valor das exportações, estimulando as
manufacturas, especialmente aquelas voltadas para a produção de artigos
de luxo, criando ainda diversas companhias de comércio. Em alusão a seu
maior defensor, Colbert14, ministro de Luís XIV, o mercantilismo
desenvolvido na França foi chamado de colbertismo; como essa política
económica priorizava a indústria, o colbertismo era também conhecido
como industrialismo.

Na Inglaterra, cuja política mercantilista foi chamada de comercialista e


depois industrialista, o governo favoreceu o desenvolvimento da frota
naval e da marinha mercante, essenciais para a expansão do seu comércio
externo. Paralelamente, incentivou a produção manufactureira,
protegendo-a da concorrência estrangeira por meio de uma rígida política
alfandegária.

14.2. O mercantilismo no século XVI


No final do século XV, e especialmente no séc. XVI, Portugal e Espanha,
comandaram as transformações da economia europeia, pois foram os
pioneiros no processo de expansão ultramarina, e igualmente os primeiros
a se beneficiar com as riquezas das terras descobertas. A exploração de
suas colónias foi orientada por políticas mercantilistas semelhantes, que
se traduziam na exploração intensa dos recursos naturais – especialmente
no caso da Espanha, cujas colónias eram riquíssimas em metais preciosos
– e na defesa do monopólio de comércio, o chamado exclusivo colonial.
Entretanto, o enorme afluxo de metais preciosos provocou, a longo prazo,
efeitos negativos sobre a economia espanhola ao desestimular as
actividades agrícolas e manufactureiras. Tornando-se cada vez mais
dependente de importações, a Espanha não conseguiu manter ao longo do
tempo saldos positivos em sua balança comercial.

14
Colbert incentivou a tecelagem, a marinha e as companhias de comércio
francês.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 89

Além disso, a abundância de ouro e prata, aumentando o volume


monetário, provocou, no séc. XVI e principalmente no XVII, uma
extraordinária elevação nos preços, que se generalizou por toda Europa,
favorecendo os estados produtores, como França, Inglaterra e Holanda e
respectivas burguesias comerciais e manufactureiras, que ampliavam seu
processo de entesouramento e capitalização.

Assim, já no final do século XVII, quem liderava economicamente a


Europa não eram mais os países Ibéricos (Portugal e Espanha), mas as
nações que se voltaram para o comércio e para a produção com meio de
entesouramento.

14.3. O mercantilismo dos séculos XVII e XVIII


Ainda no século XVI, França e Inglaterra criaram medidas
proteccionistas e subvenções às manufacturas que lhes permitiram
assumir, nos dois séculos seguintes, uma posição de liderança na
economia europeia, adoptado medidas mercantilistas peculiares.

Na França dos Bourbons à Richelieu, de Luís XIII (1610-1643), o estado


incentivou a produção e o comércio, bem como a construção naval.
Entretanto, foi no reinado de Luís XIV (1661-1715), sob a orientação do
ministro das finanças, Colbert, que a intervenção estatal foi severa e
sistemática. Estimulo-se a produção manufactureira especialmente de
artigos de luxo (jóias, móveis, porcelanas, rendas, sedas, etc.), muitos
deles produzidos pelas manufacturas reais, de propriedade do estado.
Nessa época, a França tornou-se famosa pela excelente qualidade de seus
produtos, conquistando o mercado externo.

Na Inglaterra, desde a dinastia dos Tudor até os Stuart, o estado adoptou


diversas medidas de protecção ao comércio marítimo, como o estímulo à
construção naval e a criação de leis proibindo que navios estrangeiros
realizassem o transporte de produtos da metrópole e das colónias
inglesas. Dessa forma, além de evitar os enormes gastos com os fretes
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 90

pagos aos estrangeiros, impedia-se a evasão de moeda para o exterior,


permanecendo todo o lucro do comércio no país.

Esses Actos de Navegação, como eram chamados, foram decisivos para o


desenvolvimento comercial da Inglaterra, que assim pode desbancar seus
concorrentes, especialmente os Holandeses, que até então dominavam o
transporte marítimo europeu e colonial.

Sumário
A necessidade de proteger as forças económicas do Estado e incentivá-
los, como base da sua defesa e expansão traduziu-se numa política
económica que se chamou mercantilismo, por assentar no comércio.

Mercantilismo como teoria, começa nas obras dos chamados bulionistas,


que consideravam a riqueza do Estado consistia na posse de metais
preciosos, ouro e prata, e foi-se elaborando mais por políticos, como
Richelieu ou Colbert, do que por próprios economistas, entendidos na
matéria.

Os bulionistas do séc. XVI acreditavam que o dinheiro constituía o


fundamento da riqueza nacional. Este argumento foi severamente
criticado por Adam Smith.

Segundo Prada, o italiano António Serra é considerado o primeiro teórico


do mercantilismo, seguido do francês Antoine de Montchréstien. Neste
contexto, o mercantilismo foi interpretado de diversas maneiras. Porém, o
melhor conhecedor desta doutrina foi o sueco E.F. Heckscher; estudou o
mercantilismo nas suas diversas manifestações:

Como sistema de unificação e de poder;

Como sistema proteccionista;

Como sistema monetário; e


HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 91

Como concepção particular da sociedade.

O mercantilismo foi considerado como um sistema de poder na medida


em que procurou o engrandecimento do Estado. Neste sentido, a tese
mercantilista consistia no seguinte: um Estado será forte quando for
economicamente poderoso.

Ora, as potências como Inglaterra e França, a política mercantilista foi


empreendida de forma mais sistemática e completa que noutras potências
(Holanda, Portugal, Espanha), devido às suas grandes possibilidades
económicas; a Inglaterra em particular, na segunda metade do séc. XVII
introduziu variadissímos regulamentos com vista a fortalecimento da sua
economia. O Acto de Navegação de 1651 e sucessivos até 1673 proibiam
a introdução na Inglaterra de qualquer mercadoria colonial ou europeia,
salvo nos barcos do país de origem ou ingleses ou naqueles em que pelo
menos, o capitão e a maior parte da tripulação o fossem.

Este sistemático plano de fomento do comércio nacional, representado


pelas Leis de Navegação, produziu resultados positivos para a Inglaterra,
como por exemplo, no séc. XVIII a Inglaterra teve a primazia marítima
depois de uma forte luta contra os holandeses.

Exercícios
1. Define o que é Mercantilismo.
2. Explique as razões do fracasso dos mercantilistas no processo da
criação de riqueza.
3. Explique os preceitos preconizados no Acto de Navegação de
1651 no que tange a embargo económico.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 92

Resolva os exercícios acima indicados.


Em quatro páginas elabore um breve resumo desta unidade.
Auto-avaliação
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 93

Unidade XV
As Consequências da Primeira
Expansão Marítima Europeia

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos de
impactos e o significado da Primeira Expansão Marítima Europeia para
os povos da América, Ásia e África.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar os principais protagonistas desta expansão;


 Mencionar principais consequências desta expansão para África,
Objectivos
América, Ásia e para a própria Europa;
 Explicar o significado desta expansão para os povos da América,
Ásia e África;
 Explicar o papel de África no contexto da expansão.

15.1. Consequências da Primeira Expansão Europeia


A expansão europeia teve o seu início no séc. XV, sendo Portugal e
Espanha pioneiros desta ambição de conhecer o Outro. E no séc.
seguinte, a expansão maximiza-se com a participação de outros países
europeus.

Como consequências desta Primeira expansão, podemos ter várias,


agrupando-as em política, cultural, social e económica. Para o nosso
estudo, privilegiamos consequências económicas. Neste aspecto, temos a
destacar o fluxo de metais preciosos (ouro e prata); subida de custo de
vida e consequentemente, o salário já não era compatível com os custos
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 94

de vida e os envolvidos na expansão foram os mais beneficiados; abriu-se


novos canais como de Suez e de Panamá; verifica-se, com esta expansão,
o desenvolvimento bancário, adoptação de números arábicos e a
manifestação do liberalismo económico (mercado livre; livre
concorrência), cujas aspirações se projectavam no laissez faire, laissez
passer, o que permitiu para o desenvolvimento da indústria. Surge o
mercantilismo, bulionismo na Espanha para a defesa da economia
nacional; tendência de um mundo mais uno-globalização – o comércio
para além fronteira.

Com a expansão verifica-se pelo todo globo, principalmente na Ásia,


África e América, a difusão de plantas e animais e técnicas de produção,
o que levou à modificação de hábitos alimentares das populações. A
difusão de plantas e animais foi um aspecto muito significante, pois a sua
influência se verifica até os dias de hoje. Exemplo, a mandioca e a
galinha que temos são originárias da América; o arroz, a cana-sacarina,
açafrão, mangueira são originárias da Ásia; a África, nosso continente,
providenciava a malagueta, inhame, cafezeiro.

15.2. O nascimento da economia-mundo


Com a expansão, verifica-se a acumulação de capitais pela parte da
Europa e o desenvolvimento do capitalismo; acumulação de bens a custa
das colónias. Para os povos das colónias, a expansão europeia significou
pilhagem das suas riquezas, destruição político-administrativa, e, em
alguns casos, eliminação quase total. A exploração colonial consistiu em
saques de riquezas nas colónias, principalmente em metais preciosos -
ouro e prata.

Em termos comerciais, passou a ser praticado a nível mundial, integrando


vários domínios. Com esta expansão, a Europa, a África e América
ficaram cada vez mais próximos através de intercâmbio comercial,
bastante desigual, que resultou no chamado Comércio Triangular. Assim,
a Europa passou a ser o centro da economia mundo15 Para além deste
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 95

famoso triângulo, surgiram outros, como o de Londres-América-


Miditerrâneo.

A Inglaterra, com seus acidentes geográficos, precisamente marítimos,


desenvolveu o comércio marítimo, tornando-se a grande potência
marítima entre os séculos XVII e XIX, e assim monopolizara todas rotas.

Com a expansão europeia, as cidades italianas, potencialmente


comerciais, como Veneza e Génova e outras localizadas ao longo do
Mediterrâneo viram o seu monopólio comercial a estar nas mãos das
cidades localizadas ao longo do Atlântico, como Lisboa (Portugal),
Sevilha (Espanha), Amsterdão (Holanda ou Países Baixos). Em suma, dá-
se uma mudança do eixo do comércio mundial, do Mediterrâneo para
Atlântico.

Sumário
A Expansão Europeia que acima acabamos de ver, teve o seu início no
séc. XV, sendo Portugal e Espanha pioneiros desta ambição de conhecer
o Outro. E no séc. seguinte, a expansão maximiza-se com a participação
de outros países europeus.

Como consequências desta Primeira expansão, podemos ter várias,


agrupando-as em política, cultural, social e económica. Para o nosso
estudo, privilegiamos consequências económicas em que se destacou o
fluxo de metais preciosos (ouro e prata); a subida de custo de vida e
consequentemente, o salário já não era compatível com os custos de vida
e os envolvidos na expansão foram os mais beneficiados; abriu-se novos
canais como de Suez e de Panamá; verifica-se, com esta expansão, o
desenvolvimento bancário, adoptação de números arábicos e a
manifestação do liberalismo económico (mercado livre; livre
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 96

concorrência), cujas aspirações se projectavam no laissez faire, laissez


passer, o que permitiu para o desenvolvimento da indústria.

Exercícios
1. Qual era o papel da Europa, América e da África no Comércio
Triangular?
2. Mencione 5 (cinco) consequências económicas da expansão
marítima europeia.
3. Explique o contributo científico dos seguintes navegadores:
Bartolomeu Dias; Fernão Magalhães.
4. Estabeleça a relação entre Economia-Mundo e a expansão.
5. Refira-se aos 5 factores económicos que contribuíram para a
expansão.
6. Explique o impacto do grande fluxo de metais preciosos para a
Europa.

Resolva os exercícios acima indicados.


Em um minimo de quatro páginas elabore uma breve síntese da
Auto-avaliação
unidade em estudo.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 97

Unidade XVI
O A Revolução Burguesa na
Inglaterra

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos de
conceptualização da Revolução Burguesa, identificar principais aspectos
que a provocaram e, por fim, saber o significado histórico da Revolução
Inglesa.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir Revolução Burguesa;


 Identificar os protagonistas destas revoluções;
Objectivos
 Explicar o significado histórico das revoluções, em particular
francesa.

16.1. A Revolução Burguesa na Inglaterra


“Quando se instrui alguém (...), começa-se por lhe dar uma introdução
geral’’ S. Tomás de Aquino.

S.Tomás de Aquino tem razão ao dar importância à introdução, pois com


ela temos o panorama ou visão geral e teremos de seguida, conclusões do
fenómeno. Assim, comecemos por definir Revolução Burguesa.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 98

Define-se Revolução Burguesa como uma revolução político-social


dirigida pela burguesia, que pretendia defender os interesses sociais,
políticos e económicos.

Particularmente, revolução burguesa inglesa foi uma grande


transformação dentro da sociedade inglesa. Entretanto, foi um movimento
de luta que se verificou no séc. XVII (1640) na monarquia dos Stuarts.
Foi a primeira revolução burguesa ocidental, dando origem a uma nova
página a história do mundo, daí o seu significado, marcando assim o
início da história moderna.

Ora, a génese desta revolução encontra-se resumida em três pilares:

- Político: quando Jaime I, da dinastia Stuart, simultaneamente rei da


Escócia, tomou posse em 1603, não passou a respeitar o parlamento e
absorveu-o;

- Económico-administrativo: o desenvolvimento rápido marítimo e


mercantilista que já não coadunava com as monarquias absolutistas; a
forte intervenção do rei nos assuntos comerciais que impedia o avanço
deste e da indústria; a transformação de terras colectivas em propriedades
privadas. Outro factor económico está relacionado com o shipmoney, foi
um imposto instituído às cidades costeiras como as do interior. Esta
última contestaram neste imposto porque não eram detentores de barcos
como os citadinos da zona costeira.

- Religioso: a Igreja Anglicana obrigava os camponeses a pagarem rendas


onerosas, o que provocava descontentamento no seio da sociedade em
geral.

De forma geral, todas as revoluções burguesas, Inglesa, Francesa e


América, lutavam contra o regime absolutista em vigor, cujo seus
preceitos já não ia com a nova realidade, para estabelecer um regime
constitucional e sistema capitalista.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 99

No caso Inglês, a eclosão da revolução foi motivada por vários factores,


para além dos indicados acima. A tirania dos senhores feudais dificultava
o progresso agrícola em algumas regiões da Inglaterra. O rei apoiava
estes proprietários atrasados, assim como apoiava a igreja, que impedia
qualquer ideia ou tendência renovadora. Os monopólios e o sistema
corporativo impediam a ampliação da rede industrial. O parlamento
deixara de ser convocado; a burguesia já não gozava de qualquer direito
político. O desenvolvimento da indústria manufactureira era dificultado
com a monarquia absoluta e Igreja Anglicana.

Esta revolução burguesa da Inglaterra consistiu na tomada do poder pela


burguesia que, unida à nova nobreza, se pusera à cabeça da insurreição
popular contra a nobreza feudal e a autocracia. Destronado o rei absoluto
e vencidos os senhores feudais, a burguesia tomou o poder e criou-se
condições necessárias para o desenvolvimento rápido do comércio, da
indústria e da agricultura capitalista.

Durante a revolução, a burguesia aliou-se à nova nobreza, lutou contra a


monarquia, contra a nobreza feudal e contra a omnipotente Igreja
Anglicana. Todavia, as massas populares haviam sido a força motriz
desta revolução. A revolução triunfou graças à intervenção dos
camponeses, os yeomen, e dos artesãos que combatiam nas cidades e nas
aldeias contra os partidários do rei. Chamaram-se de revoluções
burguesas porque quem estava em frente destas eram os burgueses,
senhores detentores de poder económico e menosprezados no poder
político.

16.1.1 Consequências da revolução burguesa na Inglaterra


A revolução determinou a abolição da monarquia absoluta, da autoridade
dos senhores feudais e da Igreja directamente dependente do rei. Os
obstáculos ao desenvolvimento do capitalismo tinham sido afastados.
Após a revolução, verificou-se um rápido progresso da agricultura e da
indústria com mão-de-obra assalariada. As cidades prosperavam. Os
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 100

camponeses que haviam tornado possível a vitória da burguesia, em vez


de receberem novas terras, foram expropriados das que anteriormente
possuíam.

Apoiados pelo parlamento, as autoridades locais levaram a cabo a


demarcação forçada de todas as terras comunais. Reduzidos à miséria,
partiram para as cidades em busca de trabalho ou para as colónias
inglesas da América.

Graças ao Acto de Navegação de 1651, o comércio inglês nas colónias


tomou proporções cada vez mais importantes. A pilhagem das colónias e
tráfico de escravos negros – permitiam à burguesia inglesa a
concentração de muitas riquezas.

16.1.2. Significado histórico da Revolução Burguesa Inglesa


A revolução inglesa caracteriza um dos acontecimentos mais importantes
da história europeia e até do mundo. Fez triunfar na Inglaterra o regime
capitalista e, devido a ela, principiou a história dos novos tempos, ou
seja, a História Moderna; dentro da Inglaterra, verificou-se o avanço do
capitalismo; criou-se bases para o desenvolvimento da indústria; triunfo
do parlamento e adopta-se um regime de monarquia constitucional
consequentemente há separação de poderes.

Sumário
Define-se Revolução Burguesa como uma revolução político-social
dirigida pela burguesia, que pretendia defender os interesses sociais,
políticos e económicos.

Particularmente, revolução burguesa inglesa foi uma grande


transformação dentro da sociedade inglesa. sendo a primeira revolução
burguesa ocidental, dando origem a uma nova página a história do
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 101

mundo, daí o seu significado, marcando assim o início da história


moderna.

Exercícios
1. Identifique os grupos sociais envolvidos na Revolução Inglesa.
2. Quem é que liderava as Revoluções?
3. Porque razão estas Revoluções se denomiram de Burguesas?
4. Refira-se as causas fundamentais da Revolução.

Resolva os exercícios acima indicados.


Em um minimo de quatro páginas elabore um breve resumo sobre
Auto-avaliação
a unidade em estudo.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 102

Unidade XVII
A Revolução Burguesa na França

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos de
conceptualização da Revolução Burguesa, identificar principais aspectos
que a provocaram e, por fim, saber o significado histórico da Revolução
Francesa.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir Revolução Francesa;


 Identificar os protagonistas destas revoluções;
Objectivos
 Identificar as causas economicas desta revolucao
 Explicar o significado histórico da revolução francesa.

17.1. Revolução Francesa 1789-1795

Na França, os camponeses (servos) estavam sujeitos a pesados e


múltiplos impostos de origem feudal: a dízima paga à Igreja, a renda (em
géneros e mais tarde em dinheiro) as corveias (prestação de vários
serviços a favor dos senhores feudais) e as banalidades (obrigações
adicionais ).

A burguesia activa e empreendedora procurava o dominio politico e que


havia de reforçar a sua influência economica: do controle da banca
queria passar para o controle do Estado.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 103

17.2. Causas económicas da Revolução


Francesa
A crise ecológica que nos anos 1787 e 1788 se abateu sobre a França,
tevem sérias repercussões sobre a agricultura: más colheitas, fomes
generalizadas. Consequentemente o mercado de trigo, em crise até 1790,
provocou um desiquilibrio em todo o aparelho económico: especulava-se
com o pão, com o vinho e com os legumes etc. A este respeito Albert
Soboul citado por Carlos Mota afirma: "A crise de víveres desata, nessa
economia ainda arcaica, um processo em que se encadeiam miséria,
subconsumo, contracção do mercado da mão-de-obra, subemprego,
mendicância e vagabundagem".

Por outro lado regista-se, igualmente, o declínio da produção industrial


devido à falta de matérias-primas para a indústria têxtil motivada
principalmente pela excassez do algodão proveniente das colónias
americanas. Esta situação reflectiu-se imediatamente a nível da redução
de empregos e dos salários que passaram a ser cada vez mais baixos. A
baixa produtividade aumentou importações e diminuiu as exportações
facto que incentivou a inflação.

Adicionalmente regista-se um alto défice financeiro manifestado pela


falta de dinheiro nos cofres do Estado face ao aumento de despesas
públicas. Este problema foi aravado pelo aumento de dívidas contraídas
pela França devido à sua participação na guerra da independência dos
EUA e gastos em produtos de luxo, e em pensões para a nobreza. Como
solução a corte real optou pela multiplicação de taxas que recairam sobre
diversas mercadorias. Os encargos fiscais esgotavam os contribuintes
porque recaíam fundamentalmente sobre o Terceiro Estado.

CAUSAS IDEOLÓGICAS:

Introdução de uma nova ideologia o iluminismo (veja o cap4itulo sobre


as Causas Gerais das Revoluções Burguesas)
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 104

1a FASE 1789-1791/2 FORMAÇÃO DA ASSEMBLEIA


CONSTITUINTE E O ESTABELECIMENTO DA MONARQUIA
CONSTITUCIONAL

Em Maio de 1879 o rei Luís XVI convoca os Estados Gerais que não se
reuniam desde 1614.

Este encontro ocorria numa atmosfera extremamente conturbada :


"Desempregados aos milhares; concorrência de tecidos ingleses no
mercado têxtil; tumultos; más colheitas; subida crescente do preço do
pão, tudo isso empurrava a França para uma etapa de conflitos e de
reformas e para a revolução".

Foi assim que, numa primeira fase, o Terceiro Estado reevindicava uma
paridade na composição dos represenrtantes à Asssembleia de Notáveis,
uma vez aceite esta proposta alguns membros do 3° Estado sugerem a
supressão do antigo forma de deliberação e a introdução do voto por
cabeça.

Esta proposta foi mal acolhida pelo rei e pelos seus aliados (nobres e o
alto clero). Como reacção ao posicionamento das camadas aristocráticas
em Junho de1879 o Terceiro estado abandonou os Estados gerais,
autoproclamou-se Assembleia Nacional e decretou que nenhum imposto
seria lançado sem o seu consentimento. Posteriormente a Assembleia
Nacional transformou-se em Assembleia Nacional Constituinte.

A situação política deteriorara-se a ponto de o poder real ser contestado


de forma generalizada. É assim que no dia 14 de Julho uma multidão
enfurecida toma de assalto Bastilha, símbolo do regime absolutista, que
funcionava simultâneamente como prisão e arsenal.

No dia 4 de Agosto do mesmo ano a Assembleia Nacional Constituinte


decretou as medidas seguintes:

- suprimiu os privilégios feudais: banimento dos direitos senhoriais


(corveias, banalidades, justiças privadas e a dízima)

- todos os cidadãos, sem distinção de nascimento, podiam ser admitidos a


todos empregos e dignidades eclesiásticas e civis,

- nacionalizaçao e posterior venda dos bens da Igreja


HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 105

Mais tarde, a 26 de Agosto, a Assembleia Constituinte proclama a


"Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão" um documento
revolucionário e de onde destacamos 2 ideias fundamentais: " Os homens
nascem e permanecem livres e iguais em direitos" e " 0 princípio de toda
a soberania reside essencialmente na nação". Em suma o novo
documento continha aquilo que era o lema básico desta revolução:
"liberdade, igualdade, fraternidade".

Em 1791 foi proclamada a monarquia constitucional, através da qual ao


rei foi reservado o direito de veto suspensivo; segundo Mota este novo
regime passou a ser caracterizado pelos seguintes aspectos:

- Princípio censitário (os eleitos eram seleccionados de acordo com suas


posses)

- Supressão das ordens e dos privilégios dos senhores

- Todos os indivíduos deveriam ser considerados iguais perante a lei

- Defendia a manutenção da escravidão nas colónias

- Propunha a descentralização administrativa

- Obrigava a nacionalização dos bens do clero.

Apesar das mudanças revolucionárias já avançadas, parte dos jacobinos


não concordavam que o rei continuasse a deter o poder, facto que criou
rotura no seio da Assembleia Nacional Constituinte. Os receios deste
grupo avolumavam-se porque neste preciso momento estava a formar-se
uma coligação externa que pretendia invadir a França e repor a ordem
monárquica. Foi neste âmbito que o duque de Brunschvick (chefe do
exército invasor) informa aos dirigentes da revolução que Paris seria
totalmente subvertida, se qualquer desacato fosse praticado contra a
pessoa do rei. Devido ao conluio entre a corte real e os invasores o povo
liderado pelos secessionistas jacobinos rebelou-se, aprisionou o rei e
suspendeu-o de todas as suas funções. Assim foi proclamada a República
em 1792, iniciando deste modo a fase da Democracia Social
implementada pela facção dos jacobinos.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 106

2a FASE 1792-1795 GOVERNO DA CONVENÇÃO JACOBINA -


FASE DO MEDO OU DO TERROR, INSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA E DA DEMOCRACIA SOCIAL

A Convençao Jacobina ( 1792-95 ) foi caracterizada pelo medo ou do


terror devido à introdução da guilhotina e por ter introduzido reformas
profundas que beneficiavam. A Assembleia Constituinte foi substituida
pela Convenção Nacional. Em Janeiro de 1793 numa tentativa de fuga
mal sucedida Luis XVI e sua esposa Maria Antonieta foram capturados,
julgados e guilhotinados. A partir deste momento é intaurada a
República.

O novo governo liderado por Robespierre, contava também com a


participação de outras personalidades como Danton, Saint-Just e Marat
era apoiado por uma larga camada dos sans-cullotes adoptaram medidas
com um cunho de democracia social.

Quais foram então as medidas tomadas pelos Jacobinos?

De uma forma geral os revolucionários enfretavam dois inimigos (o


primeiro, interno, constituído pelos monarquistas e pelos girondinos e o
segundo, externo, que aparecia sob o signo de coligação anti-
revolucionária e pró-monarquista) e uma situação crítica manifestada
pela falta de víveres e pela existência de salários baixos. É neste ambiente
que o novo governo decide adoptar medidas excepcionais das quais se
salientam:

- A Lei do máximo (tabelamento de salários e de preços)

- Fixação dos preços dos artigos de primeira necessidade

- Supressão definitiva dos direitos senhoriais

- Unificação do sistema de pesos e de medidas

- Introdução da assistência social aos pobres, às viuvas, aos velhos e às


crianças

- Introdução do sufrágio universal masculino

- Introdução de escolaridade primária obrigatória, gratuita e laica


HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 107

(proposta por Condorcet)

Outra medidas foram: a introdução do sufrágio universal masculino em


substituição do anterior censitário, a separação completa entre a Igreja e o
Estado, a abolição da escravatura nas colónias francesas e a revogação
do princípio da primogenitura (para as questões de herança).

Para fazer frente aos seus adversários acérrimos (girondinos e


monarquistas) Robespierre introduz em 1793 a Lei dos Suspeitos que
conduziu vários indivíduos à guilhotina. Instalava-se assim o grande
medo/terror. Apesar de o governo jacobino ter tentado beneficiar a
maioria de indivíduos necessitados caiu no descrédito, principalmente,
devido à rigidez das suas medidas e à instabilidade económica
caracterizada por uma inflação cada vez mais galopante.

Porque razão a Convenção Jacobina fracassou?

O excesso de zelo que conduziu à deliberações e mortes injustificadas.


Após a derrota da coligação externa, pelas tropas francesas, a "caça às
bruxas" continuou e muitos adeptos dos jacobinos não percebiam porque
razão a guilhotina tinha que continuar a ser aplicada.

O poder era monopolizado por uma minoria de indivíduos que


compunham os órgãos fundamentais da República Comité de Salvação
Pública, o Comité de Segurança GeraI, e o Tribunal Revolucionário.

A rebelião estava circunscrita à Paris e não abarcou outros


departamentos, apesar de haver mais pessoas, fora de Paris, e forças
interessadas nas mudanças.

No meio destas dificuldades e sem apoios, ROBESPIERRE e seus


seguidores mais próximos são presos pelos girondinos e mortos por
guilhotina no dia 28 de Julho de 1794. Assim termina o ensaio da
introdução da democracia social e inicia-se o predomínio da república
burguesa
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 108

3a FASE 1795-1799 CONVENÇÃO GIRONDINA (DIRECTÓRIO)


INSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA BURGUESA

A Democracia Burguesa sob a direcção do Directório ( composto por


girondinos ), aprovou uma nova Constituição que restringia as liberdades
e consolidou a hegemonia política dos proprietários.

O poder executivo passou a pertencer ao Directório (um órgão composto


por 5 directores), uma Conselho dos 500 (que redige e propõe leis) e o
Conselho dos anciãos (que aprova as leis).

Que medidas toma o Directorio?

- Abolição dos orgãos da convenção jacobina

- Abolição da lei do máximo

- Repressão e perseguição de todos os lideres jacobinos e dos seus


simpatizantes os sans-culottes

- Manutenção da propriedade privada e da liberdade económica

- Abolição da servidão e das feudalidades

- Restabelecimento da escravidão nas colónias

- Descentralização do poder

- Defesa das liberdades individuais

- Defesa dos direitos do homem, da propriedade privada e da liberdade


económica.

Desta forma consolida-se o poder da burguesia que desde então dirige os


destinos deste país - a França- inspirado nos ideais da igualdade,
liberdade e fraternidade . Contudo, ante as ameaças de intervenção das
potências europeias, Napoleão Bonaparte tomou o poder à força
assumindo poderes ditatoriais em 1799 (o Consulado) e desestabilizando
a república burguesa. Contudo, os ideais do constitucionalismo e das
liberdades será retomado na primeira década do séc. XIX durante as
chamadas revoluções liberais de 1830 à 1848.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 109

Sumário
A revolução burguesa Francesa foi uma grande transformação dentro da
sociedade, dando origem a uma nova página a história do mundo, daí o
seu significado, marcando assim o início da história moderna. A
revolução burguesa na França iniciada em 1789 e terminada, tal como a
inglesa constituíram uma etapa fundamental na história da humanidade.
pois a revolução francesa, pôs fim o absolutismo e feudalismo e fez
triunfar a sociedade burguesa e o regime constitucional e o capitalismo.

Exercícios
5. Identifique os grupos sociais envolvidos na Revolução Francesa.
6. Quem é que liderava as Revoluções?
7. Porque razão estas Revoluções se denomiram de Burguesas?
8. Refira-se as causas fundamentais da Revolução.
9. A Revolução Francesa é, por vezes, apelidada de Filosófica.
Comente a afirmação.
10. Mostre as diferenças e semelhanças entre a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão, proclamados na Revolução
Francesa, e os Direitos Universais do Homem da Organização
das Nações Unidas.

Resolva os exercícios acima indicados.


Em um minimo de quatro páginas elabore um breve resumo sobre
Auto-avaliação
a unidade em estudo.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 110

Unidade XVIII
A Transição para o Capitalismo

Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre o
periodo de transicao para o capitalismo, identificar principais factores que
contribuiram para o efeito.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir os conceitos Antigo Regime e Capitalismo;


 Identificar os factores que contribuiram para a transicão para o
Objectivos
Capitalismo;
 Identificar os factores que contribuiram para a acumulucão
primitiva de capitais;

18. 1 O Antigo regime – a economia

A aristocracia do Antigo Regime perdeu seus privilégios, libertando os


camponeses dos laços que os prendiam ao nobre e ao clero. Nas cidades
desapareceram os valores feudais como o corporativismo, que limitavam
as actividades da burguesia, e criou-se um mercado de dimensão
nacional. A revolução francesa foi para a França a alavanca que a levou
do estágio feudal para o capitalista.

Em pormenores, podemos dizer que a revolução francesa foi a mais que


trouxe elementos novos na história. Na sua fase de Convenção, sob
poderio dos Jacobinos, verificou-se um abalo no seio da Igreja Católica,
como a separação desta com o Estado; os colégios dos missionários
foram nacionalizados, isto é, passaram a ser escolas públicas. Ainda sobre
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 111

a fase da Convenção, esta é tida como fase de ‘’terror’’ pois verifica-se


uma chacina nas Guilhotinas, dá-se descentralização de poder; defende-se
propriedade privada. Com o fim da revolução, a França segundo Eric J.
Hobsbawm na sua obra A Era das Revoluções, deu a todo o mundo o
vocabulário e as questões da política liberal e radical-democrática. A
França ofereceu o conceito e o vocabulário do nacionalismo.

18.2 A acumulação primitiva de capitais

Todas as vezes que os processos de acumulação de capital em


escala mundial, tal como instituídos numa dada época, atingiram
seus limites, seguiram-se longos períodos de luta interestatal,
durante as quais o Estado que controlava ou passou a controlar as
fontes mais abundantes de excedentes de capital tendeu também a
adquirir a capacidade organizacional necessária para promover,
organizar e regular uma nova fase de expansão capitalista de
escala e alcance maiores do que o anterior.

Arrighi (1996) defende a tese de que existiram quatro ciclos


sistêmicos de acumulação de capital durante a evolução do
capitalismo como sistema mundial: um ciclo genovês, do Século
XV ao início do Século XVII; um ciclo holandês, do fim do Século
XVI até decorrida a maior parte do Século XVIII; um ciclo
britânico, da segunda metade do Século XVIIII até o início do
Século XX; um ciclo norte-americano, iniciado no fim do Século
XIX e que prossegue na atual fase de expansão financeira (Arrighi,
1996). Ainda segundo o autor, o regime genovês durou 160 anos, o
holandês 140 anos, o britânico 160 anos e o norteamericano 100
anos.

Para Wallerstein (1997) existe um moderno sistema-mundo que se


originou no Século XVI, o “longo século XVI” no dizer de
Braudel, isto é, de 1450 a 1640, denominado capitalismo.
Capitalismo e economia-mundo são, pois, as faces de uma mesma
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 112

moeda. Considera que o capitalismo foi, desde o início, um assunto


da economia-mundo e não de estados-nações e que se trata de um
equívoco afirmar que é somente no Século XX que o capitalismo se
tornou mundial.

Afirma ainda que foi apenas com a emergência da moderna


economia-mundo na Europa do Século XVI que se viu o pleno
desenvolvimento e a predominância econômica do comércio. O
desenvolvimento do capitalismo histórico como sistema mundial
baseou-se na formação de blocos cosmopolitas-imperialistas (ou
corporativos-nacionalistas) cada vez maispoderosos de
organizações governamentais e empresariais, dotados da
capacidade de ampliar (ou aprofundar) o raio de ação da economia
mundial capitalista, seja do ponto de vista funcional, seja espacial.

Para Arrighi (1996), em cada um dos ciclos de acumulação do


capital a expansão comercial e da produção ocorrida no início deu
lugar no final a uma especialização mais concentrada nas altas
finanças, isto é, na especulação e na intermediação financeira. Essa
mudança de orientação aconteceu devido à queda nas taxas de lucro
na expansão comercial e na produção.

Wallerstein (1984) defende a tese de que a economia capitalista


mundial que passou a existir na Europa no Século XVI é uma rede
de processos de produção integrados, unificados em uma simples
divisão do trabalho. Seu imperativo básico é a incessante
acumulação de capital que é centralizada via acumulação-primitiva,
a concentração de capital e os mecanismos de troca desiguais. Sua
superestrutura política é o sistema interestatal composto por
“estados”, alguns soberanos, outros coloniais.

As zonas sob a jurisdição desses estados no sistema interestatal não


têm sido economicamente autônomas, desde que elas têm sido
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 113

sempre integradas em uma grande divisão do trabalho da economia


mundial. Acrescenta ainda Wallerstein (1984) que o sistema
econômico mundial tem se expandido historicamente em
conseqüência de suas necessidades internas e tem incorporado
novas zonas dentro da divisão de trabalho da economia mundial.
Essas zonas que foram incorporadas tinham naturalmente muitos
diferentes tipos de estruturas políticas no momento da incorporação
e esses tipos de estruturas variaram do auto-suficiente império
mundial com poderosa administração centralizada e longa herança
histórica até as tribos de caçadores e lavradores sem Estado.

Wallerstein (1984) deixa evidenciado que quando grandes e


relativamente poderosas estruturas como a do Império Russo,
Império Otomano, Pérsia e China foram incorporadas, as forças
externas buscaram enfraquecer os poderes dessas estruturas estatais
e fazer acordos nos seus limites. Eventualmente, essas estruturas
estatais recentemente incorporadas tornaram-se o que Lênin e
outros denominaram de “semicolônias”. Em zonas como o Caribe,
América do Norte ou Austrália, as estruturas de poder dos nativos e
grande parte de sua população foram destruídas e incorporadas e
novos estados coloniais foram estabelecidos freqüentemente com
a ajuda de colonos europeus. Houve um grande número de zonas
como no subcontinente indiano e em muitas partes do sudeste da
Ásia e África onde foram estabelecidas poderosas estruturas
políticas circundadas por outras mais fracas. Tipicamente, essas
áreas foram invadidas e reduzidas ao status colonial, mas sem a
intrusão de colonos europeus. Essas colônias foram governadas por
uma mistura de dirigentes locais e estrangeiros.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 114

Sumário
Os processos de acumulação de capital em escala mundial, tal
como instituídos numa dada época, atingiram seus limites,
seguiram-se longos períodos de luta interestatal, durante as quais o
Estado que controlava ou passou a controlar as fontes mais
abundantes de excedentes de capital tendeu também a adquirir a
capacidade organizacional necessária para promover, organizar e
regular uma nova fase de expansão capitalista de escala e alcance
maiores do que o anterior.

Exercícios
1. Defina os conceitos Antigo Regime e Capitalismo;
2. Identifique os factores que contribuiram para a transicão para o
Capitalismo;

3. Identifique os factores que contribuiram para a acumulucão


primitiva de capitais

Resolva os exercícios acima indicados.


Em um minimo de quatro páginas elabore um breve resumo sobre
Auto-avaliação
a unidade em estudo.
HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 115

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HO166-HISTÓRIA ECONÓMICA I Introdução à História Económica 117

♦ Os dados estão incompletos, pois a obra temo-la parcialmente (cópias)

♦Ao longo da lista bibliográfica, verifica-se algumas referências que


apresentam ponto de interrogação e outras estão incompletas pois, o autor
da presente Brocura tem a obra parcialmente.

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